Equações complexas: Flávio Dino e Roseana Sarney ainda não definiram seus candidatos a presidente da República

 

Flávio Dino e Roseana Sarney não sabem ainda quem serão os seus candidatoa a presidente
Flávio Dino e Roseana Sarney não sabem ainda quem serão os seus candidato a presidente da República nas eleições de outubro

Quem serão os candidatos do governador Flávio Dino (PCdoB) e da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) a presidente da República? Por mais incrível que possa parecer, faltando menos de 100 dias, ou seja, 2.400 horas, essas respostas ainda estão sendo construídas no âmbito da esquerda democrática e nas entranhas do MDB, o mais influente e controverso partido político brasileiro. Os dois mais candidatos mais importante do cenário sucessório do Maranhão encontram-se ainda mergulhados em dúvidas, à medida que os seus campos políticos e ideológicos vivem ainda uma guerra interna que não permitiu até aqui a definição de candidatos definitivos ao Palácio do Planalto. Flávio Dino é partidário da candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT), mesmo estando ele preso, mas também trabalha no sentido de conversar os partidos de esquerda a se juntar em torno de um “Plano B”, que poderá ser o ex-ministro Ciro Gomes, já candidato do PDT, ou o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, já apontado pelo próprio Lula como o nome ideal a ser lançado pelo PT na impossibilidade da sua candidatura. Roseana ainda não deu seu aval público à candidatura do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meireles (MDB), lançado pelo presidente Michel Temer, sinalizando que ele ainda n.ao foi assimilado pelo Grupo Sarney.

As eleições deste ano serão “casadas”, com ligação direta entre candidatos a governador e a presidente da República. Não é exatamente uma regra, mas é a lógica num processo eleitoral em que a base são os partidos políticos. É difícil – mas pode acontecer – imaginar Flávio Dino fazendo campanha para outro candidato a presidente se a deputada gaúcha Manuela D`Ávila se mantiver na corrida e tiver sua candidatura formalizada pelo PCdoB. Como também parecerá absurdo que Roseana Sarney venha a apoiar, por exemplo, o presidenciável tucano Geraldo Alckmin se o MDB confirmar á candidatura de Henrique Meireles. Mas falta de líderes fortes disputando a presidência é tão clara, que não ser surpresa se situações como as duas relacionadas acima venham a ocorrer na corrida eleitoral deste ano.

Com a experiência de 2014, quando concorreu ao Governo do Estado sem um candidato presidencial definido, situação que o levou a manter na sua campanha janelas abertas para Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos – até sua morte trágica -, o governador Flávio Dino encontra-se numa situação diferente na essência, mas parecida na definição. Ele defende a, libertação e a candidatura de Luka da Silva, seu partido tem um candidato Manuela D`Ávila, e na impossibilidade, cada vez mais clara, de que Lula n.ao será candidato, aposta suas fichas na união da esquerda moderada em torno da candidatura do pedetista Ciro Gomes. Trata-se, como se vê, de uma equação complexa, mas de desfecho possível óbvio. Se de um lado esse cenário o tem como um dos protagonistas em busca de uma solução que evite a pulverização da esquerda, de outro o coloca na situação de um governador candidato á reeleição que pode caminhar para as urnas sem depender do suporte de um candidato a presidente. Nesse cenário, a posição de favorito do governador Flávio Dino atrai candidatos presidenciais.

A situação da ex-governadora Roseana Sarney é rigorosamente diferente. Ela tem um partido poderoso, mas muito fragilizado pelas acusações de corrupção, com parte dos seus líderes mais expressivos colocados na mira da Justiça. Além disse, o partido comanda um governo fraco, impopular e cujos dirigentes, a começar pelo presidente da República, o “emedebista histórico” Michel Temer, encontram-se com a Polícia Federal no seu encalço. Sem opções mais viáveis, o presidente Michel Temer lançou o seu ministro da Fazenda, Henrique Meireles, que é ficha limpa, mas carrega o peso de ser o porta-voz do grande capital, a começar pelos bancos, podendo nem deslanchar. Essa dúvida em relação a Henrique Meireles fez com que até agora a candidata do MDB tenha vindo a público comentar sua escolha, e muito menos declarar-lhe apoio. Ao mesmo tempo, Roseana Sarney trabalha com três hipóteses: aposta numa aliança do MDB com o PSDB no plano nacional, mas que no local apoiaria também a candidatura do tucano Geraldo Alckmin, e torce também pelo projeto de candidatura do deputado-presidente da Câmara Federal Rodrigo Maia (DEM), mesmo que no maranhão o partido dele integre a aliança liderada pelo governador Flávio Dino.

São situações estranhas, diferenciada das vividas pela maioria dos candidatos a governador. E que, tudo indica, só serão definidas com as convenções partidárias a serem realizadas entre os dias 20 de julho e 5 de agosto, alguns dias antes do início da campanha eleitoral, no dia 17 de agosto.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

João Alberto sofre pressão para arquivar o seu projeto de aposentadoria eleitoral

João Alberto: "Nunca digo que esta água não beberei"
João Alberto: “Nunca digo que esta água não beberei”

O senador João Alberto (MDB) encontra-se mergulhado em reflexões sobre o seu futuro político. Ao contrário do que havia programado quando decidiu não concorrer à reeleição, o ex-governador foi apanhado por um redemoinho político que ameaça a obrigá-lo a fazer exatamente o que ele não pretendia mais: disputar votos. Viu-se, de repente, primeiro apontado como possível companheiro de chapa de Roseana Sarney como candidato a vice-governador, e depois, diante da reviravolta que se deu na eleição de Bacabal com a cassação, pelo TSE, do mandato do prefeito Zé Vieira (PR), determinando também a realização de uma nova eleição para o cargo, passou a ser apontado como provável candidato a prefeito, cargo que ocupou eleito em 1988. João Alberto tem dito à Coluna que não será candidato, mas lembra que é homem de partido e integrante de um grupo, situação que, num caso de “extrema”, a arquivar o seu projeto de aposentadoria para encarar as urnas mais uma vez. João Alberto tem um cacife de vencedor: já disputou 12 eleições – deputado estadual, deputado federal, prefeito de Bacabal, vice-governador de Epitácio Cafeteira, Prefeitura de São Luís, vice-governador de Roseana Sarney e senador. Só perdeu duas: para prefeito da Capital, em 1992, e para vice-governador de Roseana Sarney, em 2006, tendo assumiu esse mandato em 2009 com a derrubada de Jackson Lago (PDT).

 

Mudança: Maura Jorge da condição de factóide e ganha posição firme na política a estadual

Maura Jorge: aliança firme com Jair Bolsonaro no Maranhão
Maura Jorge: aliança firme com o candidato Jair Bolsonaro no Maranhão

Uma pergunta vem movimentando os bastidores políticos maranhenses: para onde irá Maura Jorge (PSL)? Há algumas semanas, ninguém levava esse projeto muito a sério, com todos os observadores interpretando os movimentos da ex-deputada estadual e ex-prefeita de Lago da Pedra em direção ao Palácio dos Leões como uma estratégia inteligente de se fortalecer para disputar uma cadeira na Câmara Federal ou, num projeto mais arrojado, se credenciar como nome de peso para a vaga de candidato a vice, de preferência na chapa da ex-governadora Roseana Sarney. Maura Jorge permaneceu nesse patamar até descobriu e tomar de assalto o filão político e eleitoral que poderá ser a campanha do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Maranhão. Antes vista como factóide, ideia alimentada pelo coronel José Pinheiro, que já havia se apresentado com o “homem forte” de Bolsonaro no Maranhão, a posição de Maura Jorge se definiu e ganhou força. De lá para cá, a posição da ex-prefeita de Lago da Pedra foi turbinada, mudou de patamar e chegou ao ápice quando da visita de Bolsonaro ao Maranhão, durante a qual ela esteve sempre ao seu lado e em diversas ocasiões ele confirmou-a como o seu braço político estado. Desde então, Maura Jorge passou a ser olhada com “outros olhos” no Grupo Sarney, que agora não sabe bem como tratá-la. O ex-presidente José Sarney e seu grupo sabem que se Jair Bolsonaro vencer a eleição presidencial, com ou sem mandato, Maura Jorge terá força. Se o candidato da direita não se eleger, ela terá conseguido um bom cacife para continuar viva na política e voltar à Prefeitura de Lago da Pedra em 2020.

 

São Luís, 24 de Junho de 2018.

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