Como Trump, Braide tem traços de outsider, mas é mesmo candidato a liderar uma corrente política se souber se movimentar

 

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Donald Trump e Eduardo Braide: outsiders políticos com traços bastante diferentes

 

A eleição do magnata Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos da América, pelo Partido Republicano, além causar perplexidade no mundo inteiro, elevou ao mais alto patamar a atualidade do termo outsider, que visto pela ótica politica, significa “intruso”, “forasteiro” e “competidor com pouca chance de vitória”, o que, traduzido para o idioma popular brasileiro, quer dizer “azarão”. Motivados pelo impacto das eleições norte-americanas, comentaristas políticos brasileiros estão avaliando a toda hora que a figura do outsider deitou e rolou nas eleições municipais, lembrando o tucano João Dória (PSDB), que se tornou prefeito eleito de São Paulo, e Alexandre Kalil (PHS), de Belo Horizonte contrariando todas as expectativas, mas ambos com discurso antipolítico. E nesse contexto, alguns acham que o deputado estadual Eduardo Braide (PMN) e seu colega Wellington do Curso (PP) atuaram como outsider na corrida para a Prefeitura de São Luís.

Nas avaliações que apontam Eduardo Braide como outsider, ele foi incluído nesse universo de políticos principalmente pelo fato de que no 2º turno ele deu declarações afirmando que não faria qualquer acordo que incluísse concessões do tipo entregar a secretaria tal para partido tal em troca de apoio. Ou seja, quem quisesse apoiá-lo, seria bem recebido no seu movimento de campanha. E em seguida, respondendo a uma pergunta específica sobre se é sarneysista, ele respondeu que não é sarneysista. Tais declarações geraram uma onda de mal-estar nos bastidores dos partidos políticos contra o candidato do PMN, com tal força  que levou, por exemplo, o deputado Adriano Sarney (PV) a discursar na Assembleia Legislativa afirmando que Braide procurou, sim, a família Sarney em busca de apoio, produzindo, assim, um factóide chinfrim, recebido com aplausos verbais por deputados aliados do prefeito Edivaldo Jr. (PDT).

A verdade: Eduardo Braide em nenhum momento disse que não procurou o Grupo Sarney. Procurou, sim, antes das convenções partidárias para formalizar as candidaturas ao Palácio de la Ravardière. Procurou o senador João Alberto, presidente estadual do PMDB, para pedir o apoio do PMDB, e ouviu um “não”. Foi à casa da ex-governadora Roseana Sarney, pediu-lhe apoio, e ela respondeu com um “não”. Conversou com o próprio Adriano Sarney e com o ministro Sarney Filho para obter o apoio do PV, e deles ouviu “não”. João Alberto justificou a recusa lembrando que o PMDB já tinha candidato, o vereador Fábio Câmara. E como os líderes maiores do Grupo Sarney o esnobaram no 1º turno, não o vendo nem como azarão, o candidato do PMN simplesmente lavou as mãos em relação ao PMDB e ao PV, reforçando sua decisão de caminhar no 2º turno somente com os políticos que lhe declararam apoio de graça, como a vereadora Rose Sales (PMB) e, mais tarde, Wellington do Curso.

A interpretação dada aos fatos pelo deputado Adriano Sarney foi a de que Eduardo Braide teria dito que não buscou e nem queria o apoio dos Sarney, o que não é verdade, mas foi “vendida” como tal pelo deputado verde num contexto em que seus adversários, que sempre o contraditaram, sendo até agressivos em determinados momentos, o aplaudiram. A repercussão favoreceu claramente o prefeito Edivaldo Jr., mas nos meios mais antenados o factóide foi tão evidente que o controlador do PV voltou à tribuna no dia seguinte para remendar o seu pronunciamento, agora sob o silêncio e a visível má vontade dos adversários que o aplaudiram no dia anterior. Mesmo atingido pelo factóide, o candidato do PMN saiu das urnas embalado por 240 mil votos.

Eduardo Braide pode ser considerado um outsider? Em certo sentido, sim. Porque foi a grande novidade das eleições em São Luís e, pode-se dizer, no Maranhão. E também pelo fato de não ter tido nenhum peso pesado partidário ao seu lado, o que valorizou às alturas o seu cacife político, credenciando-o  para continuar no jogo político, agora como  um nome de peso no cenário político maranhense.  Candidato, portanto, a liderar uma corrente, se souber se movimentar.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Leões querem Braide de volta

É sutil, mas é visível que o Palácio dos Leões está se movimentando no sentido de quebrar eventuais arestas que afastaram o deputado Eduardo Braide do Governo na disputa para a Prefeitura de São Luís. A lógica palaciana é simples: Braide não é adversário do governador Flávio Dino (PCdoB), acusou a máquina do Estado de atuar em favor do prefeito Edivaldo Jr., mas não fez nenhuma acusação direta ao governador, e, finalmente, o parlamentar é quadro de rara qualificação, como já demonstrou quando liderou o bloco governista em 2015. Além do mais, a disputa na Capital permitiu ao deputado mostrar seus talentos à massa eleitoral, que lhe deu status de quadro de futuro na política estadual. Em resumo: o governador Flávio Dino quer de volta o quadro que se sobressaiu na condução das questões governistas na Assembleia Legislativa. Não foi sem razão, por exemplo, que o presidente do Legislativo, deputado Humberto Coutinho (PDT), apoiou discretamente o candidato do PMN no 2º turno.

“Olha eu aqui!”

Um grupo de estudantes, entre sete e 10 anos, de uma escola de São Luís, fez uma visita à Assembleia Legislativa, nesta semana. Ao chegarem ao plenário, que é o ponto culminante do roteiro de visitas estudantis ao Palácio Manoel Beckman, um deles identificou o assento do deputado Eduardo Braide. Entusiasmado, comunicou aos colegas. Resultado: pelo menos metade da turma fez questão de ser fotografado sentado na poltrona do ex-candidato a prefeito de São Luís.

São Luís, 10 de Novembro de 2016.

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