Abalada pela derrota nas urnas, cúpula do MDB se reúne hoje para definir rumo e evitar crise

 

Roseana Sarney e Roberto Costa têm posições diferentes sobre a sucessão de João Alberto no MDB maranhense

Um mês e meio depois de ter sido triturado nas urnas, sofrendo uma das mais duras derrotas de toda a sua história eleitoral, o braço maranhense do MDB se mexe para sacudir a poeira e tentar dar a volta por cima. Com o objetivo de analisar o cenário político maranhense para se posicionar dentro dele e resolver algumas pendências internas, sendo a mais importante e decisiva delas a sucessão do senador João Alberto na presidência da agremiação, a cúpula do MDB maranhense se reúne hoje em São Luís. O item mais complicado e tenso da pauta será a sucessão na direção do partido, que  está sendo debatida por duas correntes nas entranhas emedebistas, uma liderada pela ex-governadora Roseana Sarney, que já sinalizou interesse em assumir a presidência do partido, e outra pelo deputado estadual Roberto Costa, que defende que o comando partidário seja entregue a um quadro da nova geração, como o deputado federal reeleito João Marcelo, o deputado federal Victor Mendes, e o secretário nacional da Juventude, Assis Filho.

Os líderes mais experientes do partido, como o próprio senador João Alberto, querem evitar um embate que possa resultar num “racha”, mas pelo que está sendo desenhado, nenhuma das correntes está disposta a abrir mão de comandar o MDB. No caso de impasse, a solução poderá surgir com um acordo que leve, por exemplo, o deputado federal reeleito Hildo Rocha ou o prefeito de Imperatriz, Assis Ramos, ao comando do partido.

O ponto de tensão dentro do MDB maranhense é, sem dúvida, o interesse  da ex-governadora Roseana Sarney no comando do partido, manifestado recentemente. Líder absoluta do grupo, com relações sólidas na cúpula nacional, e com um histórico de quem nunca foi contrariada na seara emedebista, Roseana Sarney abriu caminho para a ala jovem do partido se movimentar quando dissera várias vezes que estava se aposentando da política. Agora, quando as lideranças da nova geração se posicionavam para pleitear o comando com o objetivo de dar uma guinada radical na agremiação, a ex-governadora sai de novo da “aposentadoria” com o propósito de chefiá-la oficialmente, gerando um forte mal-estar e dando margem a um estremecimento que pode causar perdas ao partido.

De todos os partidos funcionando no Maranhão, o MDB é um dos mais bem organizados, com sede, estrutura e atividades permanentes de atendimento e de suporte aos filiados, além de ter as contas em dia e aplicação correta dos recursos que recebe do Fundo Partidário. Isso graças à ação eficiente e transparente do senador João Alberto, que como um executivo obcecado por lisura, comanda o partido desde o início dos anos 90, quando o então presidente e fundador, deputado federal Cid Carvalho, foi tragado pela CPI dos Anões do Orçamento, que sacudiu o Brasil naquele período. De lá para cá, como lastro principal do Grupo Sarney, o então PMDB deu as cartas no Maranhão com os Governos de Roseana Sarney e de Edison Lobão.

O partido sofreu fortes reveses em 2006, quando Roseana Sarney foi derrotada por Jackson Lago (PDT), em 2014, quando o candidato Lobão Filho foi derrotado por Flávio Dino (PCdoB), e afundou de vez com a fragorosa derrota de Roseana Sarney para Flávio Dino no pleito deste ano. E a reunião de hoje tem o objetivo de dizer ao mundo que, apesar dos tombos recentes, que lhe impuseram um perigoso emagrecimento, o MDB maranhense quer mostrar que está vivo. Nesse contexto, Roseana Sarney quer assumir a presidência da legenda para dar uma demonstração que está na cena política, ao mesmo tempo em que algumas vozes avaliam que o partido dará uma demonstração de que está de pé se as lideranças mais jovens assumirem o comando e lhe derem novo norte.

É provável que, para evitar uma crise que exponha uma divisão que fragilize ainda mais o partido, os líderes mais antenados com a realidade construam um entendimento que contemple todas as correntes. Mas se essa providência não for tomada, o MDB, velho de guerra, pode rachar de vez.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Gil Cutrim descarta disputar a Prefeitura de São José em 2020 e mantém oposição cerrada a Luís Fernando

Gil Cutrim descarta disputar a Prefeitura de São José de Ribamar, mas fará oposição a Luis Fernando Silva

O deputado federal eleito Gil Cutrim (PDT) disparou ontem uma ducha de água fria nas especulações segundo as quais ele estaria se preparando para disputar a Prefeitura de São José de Ribamar em 2020. Entrevistado pelo radialista Geraldo Castro, no seu programa vespertino na Rádio Mirante AM, Gil Cutrim foi enfático ao descartar a candidatura, justificando sua posição com o argumento de que está entusiasmado com a eleição para a Câmara Federal, onde pretende “realizar um bom trabalho”. Deixou claro, no entanto, que participará ativamente do processo sucessório em São José de Ribamar, mas realizando um trabalho político em apoio a uma candidatura do seu partido. Durante a entrevista, Gil Cutrim foi provocado várias vezes sobre a acusação, feita pelo seu sucessor, Luis Fernando Silva, que afirma ter recebido a Prefeitura com graves problemas administrativos e financeiros. Na versão do ex-prefeito e futuro deputado federal, tudo não passou de perseguição, que ele não conseguiu entender. “Entreguei tudo direito, inclusive com um bom dinheiro em caixa”, garantiu Gil Cutrim, acrescentando que na Câmara Federal vai continuar trabalhando por São José de Ribamar. E pelo tom das suas declarações, vai permanecer em guerra aberta contra Luis Fernando Silva, de quem falou muito e mal, mas cujo nome não pronunciou durante a entrevista.

 

Câmara ribamarense impõe dura derrota a Luis Fernando ao negar autorização para contratação de empréstimo

Luis Fernando sofre derrota na Câmara de São José provocada por vereador do PDT

Coincidência ou não, as declarações do ex-prefeito e deputado federal eleito Gil Cutrim à Rádio Mirante AM ocorreram no mesmo dia em que o prefeito de São José de Ribamar, Luis Fernando Silva, sofreu uma dura e surpreendente derrota na Câmara Municipal. O projeto no qual pediu aos vereadores autorização para contratar empréstimo no valor de R$ 60 milhões com a Caixa Econômica Federal, para serem investidos em obras de asfaltamento, foi reprovado por nove votos contra sete. A derrota sofrida por Luis Fernando Silva surpreendeu, por ser um indicador de que o prefeito de São José de Ribamar já não tem a força política do candidato que se elegeu quase que por unanimidade, cacife suficiente para manter a Câmara Municipal como aliada.  A maioria acompanhou o relatório do vereador Nonato Lima, 1º vice-presidente da Câmara, e não por acaso filiado ao PDT, partido do ex-prefeito Gil Cutrim. Ele emitiu parecer contrário ao pedido de autorização para a contratação do empréstimo, argumentando que não é prudente o município se endividar num momento de crise. Tecnicamente o argumento não  sustenta a rejeição da contratação de investimento em infraestrutura urbana, principalmente pavimentação asfáltica num município como São José de Ribamar, que precisa de todo e qualquer benefício que possa ampliar sua urbanização. A não aprovação do projeto foi mesmo uma ação política, que deixa o prefeito Luis Fernando Silva numa situação delicada.

São Luís, 22 de Novembro de 2018.

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