Em inserção do PV, Sarney Filho mostra que delação de Machado não o colocou na mira da caneta de Temer

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Sarney Filho passa impressão de que não foi alcançado por delação de Sérgio Machado

Citado pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado – adjetivado “monstro moral” pelo ex-presidente José Sarney (PMDB) – como beneficiário de recursos do esquema de dinheiro sujo para campanhas eleitorais, o ministro de Meio Ambiente, deputado federal licenciado Sarney Filho (PV), deu ontem uma demonstração pública de que não está perdendo o sono com o que disse o ex-senador pelo Ceará. Mandou colocar no ar, no espaço de TV destinado aos partidos políticos, inserção na qual avalia que o Brasil passa por um momento grave, mas que pode ser superado se todos se mobilizarem e colaborarem, de preferência assinando ficha no Partido Verde. Com a inserção, que circulou também numa versão protagonizada pelo deputado estadual Adriano Sarney, Sarney Filho exibiu a imagem de quem não se sentiu atingido pela informação do homem-bomba do PMDB na Lava Jato e que nem pensa na possibilidade de deixar o comando da pasta federal, a exemplo do que fizeram outros três ministros bombardeados na delação premiada de Sérgio Machado.

Na edição anterior, a Coluna embarcou na avaliação de vários colunistas e articulistas da chamada grande imprensa e registrou a impressão de que as declarações do ex-presidente da Transpetro poderia ter colocado o ministro Sarney Filho na mira da caneta do presidente interino Michel Temer, que parece disposto a mandar para casa todo membro do ministério que estiver encalacrado na Operação Lava Jato. Mas, ao contrário de outros colegas seus, que xingando a mãe do “monstro moral” do Ceará, dando toda pinta de quem tem culpa no cartório, o ministro do Meio Ambiente reagiu com maturidade e habilidade. Do alto dos seus 10 mandatos parlamentares e de uma bem sucedida passagem pelo mesmo ministério, Sarney Filho foi à TV dizer que ele e seu partido estão na briga, aparentemente sem dar a mínima para as palavras do delator Sérgio Machado.

A reação de Sarney Filho não encerra o assunto do suposto benefício por ele recebido de Sérgio Machado como ajuda para a campanha de 2010. A delação do “monstro moral” tem se revelado consistente e pode conter alguma informação que venha fragilizar a segurança passada pelo ministro do Meio Ambiente. Mas também a reação do ministro e chefe estadual do PV esteja sustentada numa certeza de que o ex-presidente da Transpetro estava blefando quando contou sua versão aos procuradores federais, afirmando, com planilhas e tudo o mais, que viabilizara mais de R$ 100 milhões para chefes do PMDB e PSDB, incluindo uma “raspinha” de R$ 1 milhão para o PV.

O fato, passado o primeiro impacto, não foi confirmado que a delação do ex-chefe da Transpetro colocou o ministro do Meio Ambiente na mira da caneta do presidente Michel Temer. Mas também não há como afirmar que o ministro esteja 100% seguro no cargo, como mostrou na inserção do PV.

 

PONTO & CONTRAPONTO

ESPECIAL
Humberto Coutinho mostra que cultiva raízes ao ser homenageado por colegas da Turma de Medicina de 1970 da UFBA

 

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Humberto e Cleide Coutinho: médicos que não perderam contato com seus colegas de turma de faculdade

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), é conhecido pela maneira despojada de fazer política, tratando seus interlocutores com afabilidade, em conversas francas, muito longe da formalidade, o que ele próprio identifica como “o meu feijão com arroz”. Um pouco da explicação desse estilo está em andamento desde quinta-feira (16), quando desembarcou em São Luís um grupo de médicos integrantes da Turma de Medicina de 1970 da Universidade Federal da Bahia, para mais um dos encontro que realizam periodicamente. O reencontro com seus colegas de faculdades, que após a diplomação se espalharam pelo Brasil, revelou um Humberto Coutinho mais descontraído, como se ainda estivesse no cotidiano universitário e se relacionando com parceiros num grau de amizade que os uniria para o resto das suas vidas.

Ao lado da esposa Cleide Coutinho, também médica da mesma turma e linha de frente do movimento que preserva a confraria que se mantém de pé há quase meio século, o deputado-presidente recebeu o grupo de quase setentões e setentonas num clima de alegria que surpreendeu os que sempre o viram como um político de gestos comedidos. E igualmente festivo foi o reencontro dos demais entre si.

As reuniões da Turma de 70 normalmente são realizadas em Salvador, onde tudo começou e produz sempre um clima no qual o grupo revive a trajetória universitária, relembram as reminiscências e os altos e baixos daqueles anos – “a gente lembra e ri sempre das mesmas piadas”, como disse uma médica porta-voz dos colegas. Mas como no encontro mais recente uma guerra contra um câncer não permitiu a ida do casal Coutinho a Salvador, os colegas decidiram realizar um encontro em São Luís, como espécie de homenagem aos colegas ilustres.

Num dos encontros, os visitantes se extasiaram com uma mixagem musical Maranhão/Bahia interpretada magistralmente pelo Coral de São João e pela encantadora cantora Cecília Leite, e se deliciaram com uma exibição do trio “Pão com ovo”, que hoje representa o melhor do humor maranhense.

Muitas turmas universitárias se reúnem periodicamente para reafirmar os laços de amizade e fraternidade entre os seus integrantes. Os médicos formados pela UFBA em 1970 alimentam esse compromisso, e, a julgar por seus gestos e declarações, levam para seus encontros muito mais do que a simples intenção de rever colegas de turma. Eles deixam no ar a impressão de que carregam uma forte dose de orgulho por serem profissionais que saíram da mais antiga e respeitada Escola de Medicina do País, circunstância que lhes impõe a obrigação de serem bons médicos e bons cidadãos. Essa vaidade é reforçada por que eles conseguiram sua formação no começo dos anos de chumbo, quando a ditadura se tornou cruenta, principalmente em relação ao muito universitário.

Os profissionais da Medicina preparados na UFBA via de regra se destacam nas suas trajetórias. É o caso de Humberto e Cleide Coutinho, que é sergipana. Eles se ligaram afetivamente durante o curso, se formaram juntos e se estabeleceram em Caxias, terra-natal de Coutinho. Ali, o casal, além de militar na Medicina, montou uma estrutura hospitalar de grande porte. Por sua história familiar e profissional, os dois foram irremediavelmente picados pelo vírus da política, que acabou se tornando mais uma paixão do “Doutor Humberto” e acabou por afastá-los dos consultórios e salas de cirurgia, empurrando-os cada vez mais para os palanques, os plenários, os gabinetes e os duros embates que marcam a atividade.  Coutinho foi deputado estadual por cinco mandatos, foi prefeito de Caxias duas vezes, voltou para a Assembleia Legislativa e se tornou seu presidente em janeiro de 2015, com reeleição já assegurada em 2017, e caminha agora para conquistar uma cadeira no Senado da República nas eleições de 2018. A médica Cleide Coutinho exerceu dois mandatos na Casa, mas sempre atuou como a companheira de todas as horas.

São situações assim que mostram a dedicação do deputado Humberto Coutinho à palavra compromisso, e o coloca entre os que têm a sabedoria de cultivar suas raízes e de fortalecer as suas relações. A reunião dos membros da Turma de Medicina da UFBA de 1970 em São Luís mostrou isso com muita clareza.

 

São Luís, 17 de Junho de 2016.

 

 

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