Imagens e declarações do “monstro moral” do Ceará complicam José Sarney e podem tirar Sarney Filho do ministério

 

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José Sarney, Roseana Sarney e Sarney Filho têm carreira política ameaçada

Se os áudios com as conversas gravadas pelo ex-senador cearense Sérgio Machado com o ex-presidente José Sarney (PMDB) sobre problemas relacionados com a Operação Lava Jato causaram grande impacto no meio político e fora dele e fizeram o ex-chefe da Nação mergulhar forte constrangimento, os vídeos mostrados ontem para milhões e milhões de brasileiros certamente agravaram o seu ânimo e abalou de vez a solidez política da família dele. A afirmação feita pelo “monstro moral” cearense de que repassou, em ao longo de alguns anos, R$ 18,2 milhões em propina ao ex-presidente da República, incluindo no pacote R$ 1,2 milhão ao deputado federal Sarney Filho (PV), atual ministro do Meio Ambiente, agravou ainda mais o quadro. E o tornou devastador quando afirmou, sem meias palavras, que todos sabiam que se tratava de dinheiro sujo captado junto a empresas que tinham contratos com a Transpetro.

As declarações de Sérgio Machadas mostradas ontem pela Rede Globo em horário nobre em nenhum momento passou a impressão de que ele estava mentindo. Ao contrário, as imagens exibem um homem que parece ter absoluta convicção do que está falando, com respostas claras e sem titubear ao citar nomes, cifra e circunstâncias em que as propinas foram repassadas. As reações, por sua vez, por meio de notas e declarações também passam a impressão de que os acusados estão indignados por serem vítimas de uma trama, transformando assim o ex-presidente da Transpetro num psicopata que resolveu manchar a imagem de expressões políticas que com ele conviveram por décadas numa relação de amizade. E sugerem a indagação fatal: porque Sérgio Machado conceberia tamanha infâmia, se no histórico das suas relações não aparece nada que justifique tal atitude? A situação desenha um impasse.

A delação de Sérgio Machado pode funcionar como o fato que poderá encerrar a atuação política do ex-presidente José Sarney, da ex-governadora Roseana Sarney, do deputado Sarney Filho, restando o deputado estadual Adriano Sarney o único nome em condições levar á frente o nome da família. Para que isso não aconteça, José Sarney terá de provar por A mais B que Sérgio Machado inventou essa peça politicamente dramática para atingi-lo sem motivo, e torcer para que o “mostro moral” cearense não tenha guardado no seu baú de maldades algum dado material que confirme suas declarações. Roseana Sarney, por sua vez, continua desafiada a provar que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, é um corrupto que tenta se livrar inventando que lhe repassou dinheiro sujo do esquema de corrupção da Petrobras em 2010.

Nesse contexto de “fez-não fiz”, a situação mais delicada agora é a do deputado Sarney Filho, hoje ministro de Meio Ambiente. As declarações de Sérgio machado o colocaram na mira da caneta do presidente interino Michel Temer, que pelo mesmo motivo já transformou em ex-ministro pemedebistas de proa como o senador Romero Jucá (Planejamento) e o ex-deputado Henrique Alves (Turismo). E tudo indica que continuará demitindo os que forem citados como beneficiários de qualquer malfeito, a começar por dinheiro sujo de algum esquema de corrupção. É bem verdade que ao longo de 10 mandatos – um de deputado estadual e nove de deputado federal -, Sarney Filho tem se mantido à margem de esquemas subterrâneos de financiamento de campanha. Mas se o “monstro moral” do Ceará comprovar o que disse na delação premiada, dificilmente Sarney Filho permanecerá despachado na Esplanada dos Ministérios.

O impacto das declarações em Sarney Filho é mais forte porque, além de colocar em risco sua permanência no Ministério do Meio Ambiente, poderá desmontar o projeto por ele anunciado de ser candidato ao Senado da República nas eleições de 2018. E para complicar ainda mais o quadro envolvendo o ministro, as afirmações de Sérgio Machado podem criar embaraços nas suas relações com o PV, que atua com um forte viés ético. E pode atingir, por tabela, qualquer projeto eleitoral da ex-governadora Roseana Sarney para aquele ano.

Em resumo: as declarações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, do ex-diretor da Área Internacional Nestor Cerveró e agira do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado estão dando à Operação Lava Jato poder de fogo para colocar ponto final na carreira da família política liderada pelo mais célebre político maranhense de todos os tempos.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Lobão leva pancada forte e revê projeto de pedir licença
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Lobão não vai abrir vaga agora para Lobão Filho

As afirmações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado em delação premiada atingiu em cheio o senador Edison Lobão (PMDB), ex-ministro de Minas e Energia. Além afirmar que ele recebia dinheiro sujo do seu esquema, Lobão exigia boladas mais gordas sob o argumento de que era o ministro, controlava as estatais assaltadas e por isso tinha direito a mais que os outros. Foi a pancada mais forte que Lobão recebeu em toda a pancadaria que vem enfrentando desde que foi acusado por um dos chefes do esquema de corrupção na petroleira, Paulo Roberto Costa, de ter recebido e também mandado dar dinheiro sujo para a campanha da então governadora Roseana Sarney na corrida eleitoral de 2010, que culminou com a vitória dela sobre Jackson Lago (PDT) e Flávio Dino (PCdoB) no primeiro turno. E mais do que isso: o dinheiro da propina era entregue ao seu filho, Márcio Lobão, atingindo aí também a família, mais gravemente a ex-deputada Nice Lobão Os trechos de vídeos da delação de Sérgio Machado divulgados ontem pela Rede Globo já teriam levado Lobão a suspender a operação de sair de licença para que Lobão Filho assumisse temporariamente. A licença deveria ser iniciada em Julho, mas diante das novas acusações, o senador avaliou que não é momento para deixar o Senado, mesmo por apenas quatro meses. Faz todo sentido.

 

Conversa franca suspende greve da Policia Civil
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Jefferson Portela: greve suspensa pelo diálogo com policiais civis

A disposição para o diálogo evitou ontem que policiais civis entrassem em greve no Maranhão. Representantes do Governo se reuniram com membros do Sindicato dos Policiais Civis do Maranhão (Sinpol-MA) para firmar acordo pelo prosseguimento das atividades da categoria. Durante a reunião o Governo propôs para melhorias à categoria, principalmente em relação a gratificações. O sindicato chegou a anunciar paralisação, mas diante da pronta disposição do Governo em dialogar, decidiu suspender o movimento. O secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela esclareceu: “Os policiais decidiram pela suspensão do início da greve e aguardar uma informação maior em relação ao processo de conversas com a comissão técnica de governo. Isso é importante, porque é uma categoria de fundamental relevância para o país”. E acrescentou que “essa negociação está aberta e o nosso prazo é exatamente o mês de junho, para finalizarmos algo sobre isso”. Jefferson Portela lembrou que o governador Flávio Dino (PCdoB) e toda a gestão da Segurança estão comprometidos com a melhoria de condições de trabalho e de mais qualidade de vida para o policial, seja Civil ou Militar. “A prova deste compromisso são as medidas de efeito direto que o governador vem implantando nesta área. A gestão trabalha para alcançar condições melhores e mudar uma realidade que se arrasta por anos”, pontuou o secretário. Na reunião foi apresentada a proposta do Governo que contempla uma recomposição remuneratória a ser implementada a partir de acordo judicial. A proposta oferece ainda a incorporação de Gratificação de Dedicação Exclusiva. “Nós estamos fora das condições ideais e isso não é uma coisa isolada. A sociedade tem conhecimento do conjunto de problemas políticos e econômicos do país. Hoje você tem 11 estados pagando salários parcelados, o que é muito ruim para a economia, para a sobrevivência do cidadão. Aqui no Maranhão há um controle, o governo faz uma economia com o gasto controlado e justo do dinheiro público para afastar as consequências dessa crise. Os policiais deram uma demonstração importante de que compreendem isso e suspenderam o início do movimento grevista para continuarem à mesa de negociações”, assinalou o secretário de Segurança Pública. Em tempo: a Polícia Civil recebeu novos e modernos armamentos, coletes e aparelhos de radiocomunicação digitais. Somado a este, o Governo do Estado concedeu promoção para mais de 2,3 mil policiais, além de capacitação em cursos na área de segurança.

 

São Luís, 16 de Junho de 2016.

 

 

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