O deputado federal e presidente estadual e nacional do PP André Fufuca deu ontem uma surpreendente demonstração de força política no ato em que formalizou o apoio do seu partido à candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB a caminho do PSB) ao Palácio dos Leões. O grande salão da casa de eventos Villa Reale, no Calhau, não foi suficiente para acomodar partidários e convidados do parlamentar, que em discurso direto disse a Carlos Brandão que o partido está mobilizado em torno da sua candidatura e que vai participar efetivamente da campanha eleitoral. A festa em que o PP turbinou a candidatura de Carlos Brandão aconteceu num dia de revezes para o pré-candidato do PDT, senador Weverton Rocha, que viu partidos da sua base de apoio se dividirem por profundas fissuras internas, como o União Brasil e o PROS.
O deputado federal André Fufuca se movimentou como um político profissional, centrado, pragmático, que não toma decisões precipitadas e só posicionando quando tem um cenário bem definido à sua frente. Há pouco mais de um ano, quando os partidos começaram a se movimentar de olho na corrida sucessória, foi procurado pelo senador Weverton Rocha, que lhe propôs uma aliança. O parlamentar respondeu que naquele momento apoiaria o líder pedetista, mas com uma ressalva clara e enfática: ainda era cedo e sua posição poderia mudar. Foi o que aconteceu. Meses depois, ao analisar as peças e os movimentos do xadrez sucessório, André Fufuca sinalizou que havia decidido apoiar o vice-governador Carlos Brandão.
A posição do braço maranhense do PP foi tomada sem pressões nem precipitações. Houve conversas iniciais, definição de compromissos e a da parceria política e eleitoral, que foi firmada e mantida durante os dois períodos do Governo Flávio Dino. Há cerca de dois meses, em um evento de inaugurações em Pindaré, o governador Flávio Dino (PSB) destacou em discurso a correção e a movimentação política de André Fufuca, prevendo que ele está se cacifando politicamente para chegar ao Governo do Estado. E a julgar pela demonstração de força política que deu ontem no ato pró-Carlos Brandão, a previsão do governador tem fundamento.
Carlos Brandão foi ovacionado pelos partidários de André Fufuca, como que corroborando integralmente a escolha feita pelo presidente do PP. E não deixou por menos, não só agradecendo a aliança com os progressistas, mas afirmando que, se eleito, o PP terá participação efetiva no seu governo, como acontece no Governo Flávio Dino. Carlos Brandão pediu o engajamento de todos os militantes aliados de André Fufuca na sua campanha, assumindo com eles o compromisso de fazer um Governo correto e eficiente. Disse que está preparado, que conhece a fundo a máquina e os programas em curso, e que, alcançando a eleição, fará o possível para concretizar o seu programa de governo, que tem como base a continuidade dos programas do Governo Flávio Dino.
O ato do PP foi turbinado pela presença de vários prefeitos e lideranças de outros partidos, como o prefeito de Santa Inês, Felipe dos Pneus (Republicanos), e o deputado Arnaldo Melo (MDB). De acordo com um dos organizadores, o evento reuniu aliados (prefeitos, ex-prefeitos e vereadores) de todas as regiões do Maranhão, já que o parlamentar, mesmo tendo base em Alto Alegre do Pindaré, é votado em todas as regiões do Maranhão. Entre eles um número expressivo de pré-candidatos a deputado estadual.
O fato é que Carlos Brandão entrou no grande salão do Villa Reale confiante e saiu de lá entusiasmado com a festa preparada pelo deputado federal André Fufuca para marcar a entrada oficial do PP na base partidária da sua candidatura. Com a entrada do PP, a base partidária da pré-candidatura de Carlos Brandão já conta formalmente com PSB – ao qual ele se filiará -, PCdoB, PT e deve receber o apoio formal do MDB e outros partidos menores.
PONTO & CONTRAPONTO
Candidato forte, Weverton monta sua base com partidos divididos
Alguma coisa não anda bem na base partidária da pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), a começar pelo seu próprio partido, que está sendo estremecido com a dissidência de várias lideranças, entre elas o ex-vereador Ivaldo Rodrigues, que há poucos dias reuniu centenas de militantes do partido, os quais, sob palavras de ordem como “O PDT não aceita chibata nem cabresto”, declarou apoio ao vice-governador Carlos Brandão.
O Republicanos, partido forte e cujo presidente, deputado federal Cléber Verde, integra o núcleo central da pré-candidatura do líder pedetista, está fortemente dividido, com pelo menos metade dos 25 prefeitos que elegeu apoiando Carlos Brandão. Os dois exemplos mais contundentes são os prefeitos de Caxias, Fábio Gentil, que integra a cúpula da campanha do vice-governador, e de Santa Inês, Felipe dos Pneus, que participou ontem da festa do PP para Carlos Brandão.
Os casos de divisão na base do pré-candidato do PDT vão mais longe. No início da semana, respondendo a rumores de que estaria revendo sua posição, o deputado federal Juscelino Filho (ex-DEM) declarou que o União Brasil apoiará a pré-candidatura do senador Weverton Rocha. Só que ontem, um dia após também se filiar ao União Brasil, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes (ex-PSL) declarou que apoiará o projeto eleitoral de Carlos Brandão. E pelo que se sabe, os dois têm peso igual no braço maranhense do partido.
Mas o caso mais contundente aconteceu no PROS. Inicialmente, sob o comando do experiente vereador Chico Carvalho, o PROS declarou apoio à pré-candidatura de Carlos Brandão. Na quarta-feira, numa articulação fechada em Brasília, o senador Weverton Rocha conseguiu convencer o presidente nacional do PROS a tirar o partido do controle do vereador Chico Carvalho e entregá-lo ao suplente de deputado estadual Marcos Caldas, um político sem muita densidade eleitoral. E ontem, numa reação surpreendente, todos os pré-candidatos do PROS a deputado estadual e federal, diga-se chapas de peso, decidiram se desfiliar do partido, causando um estrago monumental na base partidária do senador Weverton Rocha.
E todos os sinais indicam que o PSDB, que foi entregue à senadora Eliziane Gama, e o Cidadania, alinhados em federação, também enfrentarão dissidências.
O senador Weverton Rocha precisa fazer urgentemente ajustes nas articulações para a montagem da sua base partidária, sob pena de caminhar para as urnas com um suporte reduzido à metade.
Roberto Rocha em contagem regressiva para decidir partido e candidatura
O senador Roberto Rocha entra em contagem regressiva para decidir sobre sua situação partidária e sobre o mandato que disputará em outubro. Sobre o futuro partidário, as opções estão reduzidas, uma vez que, ao que tudo indica, ele não se filiará ao PL para evitar ficar sob a tutela do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que controla o partido com mão de ferro. Numa entrevista que deu há alguns dias ao jornalista Manoel dos Santos Neto, do Jornal Pequeno, ele disse que está “muito bem” no PSDB, mas a verdade é que o partido foi entregue à senadora Eliziane Gama, que indicou para a presidência o seu marido e conselheiro político, Inácio Melo, candidato a deputado federal, e que apoia a pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT). Logo, a conclusão óbvia é que não há espaço para ele no PSDB. Resta aguardar para saber em qual partido o senador desembarcará.
Com relação ao mandato que disputará, ele tem quatro possibilidades: senador, governador, vice-governador e deputado estadual – ele apoiará a candidatura do filho, ex-vereador Roberto Rocha Filho à Câmara Federal. Disse, várias vezes, que seu desejo é tentar a reeleição para o Senado – no caso, enfrentando o governador Flávio Dino (PSB) -, mas que “as circunstâncias”, ou seja, a candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL), o levam a tentar o Palácio dos Leões mais uma vez. Não é fácil enxergá-lo candidato a vice-governador ou a deputado estadual.
O senador Roberto Rocha tem até o dia 31 para resolver sua vida partidária e até as convenções de julho para decidir o mandato que disputará.
São Luís, 18 de Março de 2022.