Arquivos mensais: março 2022

Confirmado no Podemos, Braide começa a se movimentar no complicado xadrez sucessório

 

Eduardo Braide ao lado do vereador Raimundo Penha (PDT), novo líder do Governo

Com a confirmação de que permanece no comando do braço do Podemos no Maranhão, encerrando rumores de que teria perdido o controle do partido, o prefeito Eduardo Braide começou a dar sinais indiretos de que vai mesmo apoiar a candidatura do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) à presidência da República e que tende a apoiar a candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado. Balizado na discrição e na cautela que sempre orientaram seus passos na política, ele próprio não deu ainda nenhuma declaração sobre a corrida eleitoral em curso. No entanto, o seu envolvimento direto, por exemplo, na disputa pelo comando da Câmara Municipal, que é vital para o futuro da sua gestão, e os fatos que vêm ocorrendo em torno do Palácio de la Ravardière, são indicativos fortes de que ele caminha para entrar no jogo, se posicionando com clareza em relação à disputa para a presidência da República e o Governo do Estado, podendo ainda se manifestar, ou não, em relação à disputa para o Senado.

A confirmação de que é o manda-chuva do Podemos no Maranhão o vincula partidária e politicamente à pré-candidatura do ex-juiz Sérgio Moro. Se esse projeto se consolidar – o que não aconteceu até aqui -, o prefeito de São Luís não terá outro caminho a não ser apoiar Sérgio Moro, como também montar palanque e assumir o comando da campanha do ex-ministro da Justiça e hoje ferrenho inimigo do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Não será uma tarefa política fácil, uma vez que o prefeito ficará no meio do fogo cruzado das campanhas do ex-presidente Lula da Silva (PT), que tem muita força em São Luís, do atual presidente, que conta com uma turma pequena e barulhenta, e do ex-governador Ciro Gomes (PDT), que, pelo menos em tese, deve ser apoiado pela militância pedetista da Capital. Um cenário complicado e de difícil posicionamento sem correr o risco de entrar na “linha de tiro” de adversários.

Com relação à corrida ao Palácio dos Leões, o prefeito Eduardo Braide tem sido mais cauteloso ainda, mas os fatos – como a disputa para o comando da Câmara Municipal – estão indicando que ele se movimenta para apoiar, não se sabe ainda em que grau, o projeto de candidatura do senador Weverton Rocha. Os indicativos são o apoio que o senador e seu grupo lhe deram no segundo turno da eleição de 2020, e o segundo tem sido a relação próxima dele com o PDT, materializada na indicação do vereador pedetista Raimundo Penha, um dos mais ativos apoiadores de Weverton Rocha, para o posto de líder do Governo na Câmara Municipal, substituindo o vereador Marcial Arruda, do seu partido, o Podemos, que poderia ser tranquilamente confirmado no posto. Além disso, Podemos e PDT estão empenhados no apoio à candidatura do vereador Gutemberg Araújo (PSC), que disputa a presidência da Câmara com o vereador Paulo Victor (PCdoB), apoiado por aliados do vice-governador Carlos Brandão.

No que diz respeito à disputa para o Governo do Estado, o prefeito Eduardo Braide enfrenta uma situação delicada. Pelo menos nove entre dez observadores da política estadual o veem reelegendo-se em 2024 e renunciando em 2026 para ser candidato a governador. O problema é que, se Weverton Rocha, que ele tende a apoiar, for eleito, fatalmente será candidato à reeleição em 2026, o que reduzirá drasticamente suas chances de chegar aos Leões naquela eleição. A vitória de Carlos Brandão, ao contrário, zerará o jogo, uma vez que ele não poderá disputar a reeleição. Como é possível perceber, o posicionamento do prefeito Eduardo Braide na sucessão estadual não é tão simples como muitos imaginam.

E nesse contexto de razoável complexidade no que lhe diz respeito, o prefeito Eduardo Braide vem se movimentando com cautela e pragmatismos extremos. Sabe que no ambiente político de São Luís, entrar de cabeça na campanha de Sérgio Moro para presidente pode resultar num desastre político. E tem plena consciência de que não pode ficar isento em relação à disputa pelo Governo, e que a escolha errada pode lhe valer um adversário incômodo no Palácio dos Leões.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PSTU reaparece e lança Hertz ao Governo e Arcangeli ao Senado

Hertz Dias e Saulo Arcangeli defenderão as cores do PSTU

O PSTU, velho de guerra, reapareceu no cenário político do Maranhão e lançou o professor de História da rede pública estadual Hertz Dias candidato a governador e o professor de Matemática da Uema e servidor federal Saulo Arcangeli candidato a senador nas eleições deste ano. Os dois foram candidatos nas eleições estaduais de 2018 e nas eleições de São Luís em 2020. São, portanto, veteranos, que conhecem o caminho das pedras, têm clareza das dificuldades que enfrentarão, mas parecem ter imensa dificuldade de interpretar o sempre eloquente recado das urnas a cada eleição: o eleitorado não quer conversa com a esquerda radical.

O professor Hertz Dias mantém inalterado o seu discurso, que prega a emancipação do proletariado e a abolição da propriedade privada, assegurando que se for eleito implantará no Maranhão um estado marxista, com processo revolucionário e tudo o mais, conforme pregou em 2018. Saulo Arcangeli tem uma visão bem mais avançada de esquerda, apesar do seu discurso aqui e ali recheado de conhecidos postulados marxistas.

O problema é que o PSTU só existe como partido no Maranhão, exatamente por inteiramente fora de cena. Mas a sua participação na corrida eleitoral é saudável, à medida que amplia o leque de visões para o grande debate a ser travado sobre a realidade social e política do Maranhão.

 

Filiação de Adelmo Soares e Florêncio Neto tem reflexo na Assembleia Legislativa

Adelmo Soares, Ricardo Capelli e Florêncio Neto

A migração do deputado Adelmo Soares do PCdoB para o PSB, após 12 anos de militância no “Partidão”, e a filiação de Florêncio Neto, acertadas com o secretário de Comunicação e Articulação Política, Ricardo Capelli, revelaram duas situações diretamente relacionadas com a corrida à Assembleia Legislativa. A primeira é que, com a saída de Adelmo Soares, o PCdoB ficará resumido ao deputado Carlinhos Florêncio e à deputada licenciada Ana do Gás, atual secretária da Mulher, já que o presidente do Legislativo, deputado Othelino Neto, também está de saída do “Partidão. Há quem diga que Adelmo Soares poderá assumir o comando do PSB em Caxias, para fazer frente ao poder dos Leitoa sobre o partido na vizinha Timon.

A outra situação é que o deputado Carlinhos Florêncio não será candidato à reeleição, devendo entrar na briga pela eleição do seu filho, Florêncio Neto, ex-vice-prefeito de Bacabal, que perdeu o cargo com a cassação da chapa liderada pelo prefeito Zé Vieira (PP). No meio político, corre que Carlinhos Florêncio espera passar o bastão de deputado estadual a Florêncio Neto, para então voltar às atividades empresariais e – quem sabe? -, disputar a Prefeitura de Bacabal em 2024, numa situação de jogo zerado, já que o prefeito Edvan Brandão não será candidato à reeleição.

São Luís, 06 de Março de 2022.

Sem Flávio Dino e outros líderes, PCdoB sofre mais um golpe ao perder Rubens Pereira Jr.

 

Márcio Jerry vai ficar sozinho no PCdoB com a saída de Rubens Jr., entre outros quadros

Depois de perder o governador Flávio Dino, que migrou para o PSB, e os deputados estaduais Duarte Jr., que passou pelo Republicanos e hoje está no PSB, Marco Aurélio, que também se filiou à legenda socialista, e o deputado Othelino Neto, presidente da Assembleia Legislativa, que está migrando para o PDT, o braço maranhense do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) sofreu ontem mais um duro golpe: perdeu o deputado federal Rubens Pereira Jr.. Com a saída do parlamentar, o PCdoB passa agora a contar apenas com o deputado federal Márcio Jerry, seu presidente estadual e integrante do comando nacional do partido, e dois deputados estaduais: Carlinhos Florêncio e Adelmo Soares, e também a deputada licenciada Ana do Gás. Além disso, o PCdoB conta ainda com a maioria dos 22 prefeitos e um expressivo número de vereadores que elegeu em 2020, entre eles quatro em São Luís (Paulo Victor, Astro de Ogum, Concita Pinto e Fátima Araújo). É possível que o partido sofra outras perdas ao longo deste mês, período em que a “janela partidária” permanecerá aberta. Agora, o PCdoB se encontra na rota do seu desaparecimento como organização política.

Fundado em 1922, o PCdoB corre o risco de ser varrido da vida partidária brasileira exatamente quando completa um século de existência, tempo em que viveu longos períodos na clandestinidade, sob o comando de Luiz Carlos Prestes. O período mais longo de subsistência clandestina ocorreu duramente a ditadura militar de 1964 a 1984. Com a volta da democracia, coube ao então presidente José Sarney (PMDB) assinar o decreto que tirou o PCdoB das sombras, para se tornar um partido ativo sob o comando do lendário líder comunista João Amazonas.

No Maranhão, depois de um período de “timidez” com a volta da democracia, o PCdoB ganhou força no início do novo século, tornando-se a base do projeto de poder liderado pelo então juiz federal Flávio Dino que, juntamente com o jornalista Márcio Jerry e outros militantes oriundos do Movimento Estudantil e com passagem pelo PT, colocou o “partidão” no tabuleiro da política estadual. Sob a liderança de Flávio Dino, que se elegeu deputado federal em 2006, participando ativamente da histórica vitória de Jackson Lago (PDT) para o Governo do Estado, o PCdoB ganhou força e espaço, tendo se tornado a base partidária por meio da qual Flávio Dino articulou o movimento que o levou ao poder em 2014. E nesse contexto, o PCdoB se tornou a mais forte e importante máquina partidária do Maranhão, condição que manteve até junho do ano passado, quando o governador Flávio Dino deixou o partido e se filiou ao PSB.

Nos últimos sete anos, o PCdoB viveu no Maranhão o auge do seu poder. Teve um governador forte, uma bancada estadual expressiva, uma bancada federal respeitável, elegeu 47 prefeitos e mais de uma centena de vereadores em 2016, tendo mantido o seu poder de fogo em 2018, com a reeleição de Flávio Dino. O resultado que obteve nas urnas em 2018 foi pífio no resto do País, situação que o colocou no plano dos partidos ameaçados de extinção. A saída do deputado federal Rubens Jr. agrava muito a situação do partido no Maranhão, e mais ainda no amplo tabuleiro partidário nacional. Todas as previsões feitas até aqui indicam que o “partidão” sairá das urnas sem condições de continuar existindo como uma agremiação política.

O PCdoB está, de fato, fora do contexto político nacional. Ao contrário de outras legendas de esquerda, que se reinventaram nos últimos tempos, o partido não se reciclou, não fez ajustes na sua ideologia, não repensou sua doutrina, não modernizou seu programa, não atualizou seu discurso e não mudou de nome e nem aposentou a foice e o martelo como marca, dois símbolos incompreensíveis para o eleitor atual. Ou seja, o partido não se preparou para os novos tempos. Sintonizados com a realidade, o governador Flávio Dino e o deputado Márcio Jerry bem que tentaram dar ao PCdoB uma identidade preservando sua essência, mas não conseguiram.

Agora sem Flávio Dino e parte do seu grupo, mas ainda sob o comando quase paladino do presidente Márcio Jerry, o PCdoB enfrentará o desafio quase invencível de viver mais um século de solidão.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Dino fez análise correta do que é hoje o Grupo Sarney

Flávio Dino acertou no diagnóstico

Tem toda razão o governador Flávio Dino quando diz que o Grupo Sarney já não existe. É verdade, e os fatos estão aí para mostrar. O MDB é a maior das fatias do que restou do grande grupo, mas o comando da ex-governadora Roseana Sarney não tem produzido situações que indiquem a retomada de pelo menos parte do poder de outros tempos. Isso está claro nesse processo de preparação para as eleições, a começar pelo fato de que partes do que foi o  Grupo Sarney tentam seguir seus próprios rumos.

É o caso, por exemplo, do PSD, liderado pelo deputado federal, Edilázio Jr. com o apoio do experiente deputado estadual César Pires, que tem o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. como pré-candidato a governador. E do PSC, comandado no estado pelo deputado federal Aluísio Mendes, nascido politicamente das entranhas do sarneysismo. A própria posição independente do deputado estadual Adriano Sarney, que comanda o braço maranhense do PV, é uma evidência incontestável de que o sarneysismo não mais existe como grupo.

Hoje, o que já foi o Grupo Sarney, dono de uma hegemonia avassaladora na vida política do Maranhão, está concentrado no MDB, com dois deputados federais, três deputados estaduais, e onde uma ala jovem, liderada pelo deputado estadual Roberto Costa, tenta usar o pragmatismo para fortalecer o partido, mas enfrenta forte resistência por parte de quadros mais conservadores. E essa resistência vem do próprio José Sarney, que é um liberal com mentalidade conservadora.

O governador Flávio Dino, portanto, fez a interpretação correta do que é hoje o que já foi o Grupo Sarney.

 

Lahesio confirma candidatura ao Palácio dos Leões

Lahesio Bonfim: disse “não!”

É grande a expectativa na pequena São Pedro dos Crentes com a iminência da renúncia do prefeito reeleito Lahesio Bonfim (Agir36), para levar em frente o seu projeto de disputar o Governo do Estado, baseado na convicção de que tem condições de vencer a eleição.

Ele teria sido sondado para retirar sua candidatura em favor de “um nome de consenso” na oposição, reagindo com um sonoro “Não!”. E teria sido enfático na argumentação: o projeto é dele, os esforços feitos até agora foram dele, o que lhe dá o direito e a escolha de recusar a sondagem e confirmar a candidatura.

Se renunciar, terá cumprido apenas um ano e três meses do novo mandato, reeleito que foi em 2020. Quando se lançou pré-candidato a governador, ele anunciou que renunciaria o mandato em março. E no meio político é geral a convicção de que ele não recuará.

São Luís, 04 de Março de 2022.

Weverton lidera com folga em Imperatriz; Brandão alcança o patamar de dois dígitos

 

Weverton Rocha lidera seguido de Roberto Rocha, Lahesio Bonfim e Carlos Brandão em Imperatriz

O senador Weverton Rocha (PDT), pré-candidato ao Governo do Estado, acordou na Quarta-Feira de Cinzas com uma boa notícia: levantamento do instituto Econométrica em Imperatriz revelou que ele mantém larga vantagem na corrida ao Palácio dos Leões. Os números são os seguintes: Weverton Rocha lidera com 40% das intenções de voto, seguido do senador Roberto Rocha (PSDB, mas em busca de outra legenda) com 23,2%, o prefeito Lahesio Bonfim (Agir36) com 13,8%, o vice-governador Carlos Brandão (PSDB a caminho do PSB) com 11,4%, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) com 2,5%, o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD), o suplente de deputado federal Simplício Araújo (SD) e Enilton Rodrigues (PSOL) com 0,7% cada. A pesquisa também encontrou 3,7% que anulariam o voto e 3% de indecisos. No cenário de agora, num confronto direto em eventual 2º turno, Weverton Rocha teria 60% contra 22% de Carlos Brandão.

O senador Weverton Rocha repetiu o desempenho de outras pesquisas em Imperatriz, segundo maior colégio eleitoral do Maranhão, e onde tem um trabalho político forte, com apoiadores importantes, como o prefeito Assis Ramos (União Brasil), que foi reeleito com apenas 25% dos votos, mas tem peso político, e o ex-prefeito e empresário Ildon Marques, vereadores, entre outras forças. O pré-candidato pedetista tem feito incursões frequentes ao município-polo da Região Tocantina, como o da semana passada, quando ali desembarcou acompanhado do presidente do Senado e pré-candidato a presidente da República, Rodrigo Pacheco (MG), para anunciar a pavimentação de bairros com recursos de suas emendas. Os 40% de intenções de votos encontrados pela pesquisa Econométrica indicam com clareza que, pelo menos até aqui, sua posição é sólida na sua terra natal.

Por outro lado, o pré-candidato PDT tem plena consciência de que dificilmente manterá liderança tão folgada pelos próximos sete meses, embora reúna as condições para ser o mais votado na Princesa do Tocantins. Em uma pesquisa anterior, realizada, salvo engano, no segundo semestre do ano passado, o pré-candidato pedetista mostrou a mesma força, quando o vice-governador apareceu com magros três pontos percentuais nas intenções de voto, como nas primeiras pesquisas em todo o estado. O levantamento do Econométrica o encontrou agora no patamar dos dois dígitos, com 11,4% de intenções de voto, num claro movimento ascendente, já ameaçando Lahesio Bonfim, que já aparece no seu raio de alcance.

Além da liderança do senador, um dos dados mais importantes da pesquisa divulgada ontem são os 23,2% dados ao senador Roberto Rocha, que poderá ou não ser candidato a governador. Se ele for mesmo candidato ao Palácio dos Leões, ganhará robustez como fator complicador da disputa em Imperatriz. Mas se sua opção for pela busca da reeleição, seu cacife será dividido, podendo beneficiar o governador em busca da reeleição. Ali, Carlos Brandão tem o apoio do ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB), do deputado estadual Marco Aurélio (PSB), que recebeu 24% dos votos para prefeito em 2020, do deputado Rildo Amaral (SD) e de vários vereadores, entre outras forças.

Embora chame a atenção pela elevada margem de erro (4,8%, um percentual inédito até aqui), a pesquisa mostra que o senador Weverton Rocha permanece forte em Imperatriz, que não sai do seu roteiro de pré-campanha. Ao mesmo tempo, seria ingenuidade da sua parte acreditar que posição tão confortável será mantida até a eleição. Afinal, o Governo Flávio Dino tem trabalho amplo e sólido na Princesa do Tocantins, o que lhe autoriza a realizar uma campanha forte, que, pelo menos, equilibre a disputa no segundo maior e mais importante município do Maranhão.

Em Tempo: A pesquisa foi feita nos dias 20 e 22, ouviu 405 eleitores em todo o município, tem intervalo de confiança de 95%, margem de erro de 4,8% e está registrada na Justiça Eleitoral sob o nº MA-05277/2022.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Josimar de Maranhãozinho dificilmente manterá candidatura ao Governo

Josimar de Maranhãozinho: candidatura sem futuro

O deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) mantém o discurso de que é pré-candidato ao Governo do Estado, mas nos bastidores corre a especulação de que ele permanecerá nessa trincheira verbal até que o senador Roberto Rocha resolva sua situação partidária e defina se será candidato a senador ou a governador – desde que não seja pelo PL. Quem conhece seus movimentos garante que ele arquivará esse discurso no início de abril, quando deverá colocar em prática a candidatura da deputada Detinha (PL), sua mulher, à Câmara Federal, e a dele à Assembleia Legislativa, ou, numa segunda hipótese, tentar manter como é hoje, ela no parlamento estadual e ele na Câmara Baixa do Congresso Nacional. A propalada candidatura ao Governo é jogo de cena. Primeiro porque todas as avaliações indicam que não existe possibilidade de ele vir a ser eleito governador, e as pesquisas mais recentes mostram isso com clareza. E segundo, porque sem um mandato ele ficaria numa situação de extremo desconforto nos planos pessoal, político e empresarial. Josimar de Maranhãozinho tem duas prioridades nessas eleições: conquistar um mandato e garantir o controle do PL, do Avante e do Patriotas no Maranhão. Sabe que sem um mandato federal, ele dificilmente manterá o controle desses partidos, especialmente o PL, que é a base do seu poder político. Em resumo: a menos que haja uma reviravolta política avassaladora, Josimar de Maranhãozinho não alimentará a fantasia de ser candidato a governador. Nem a senador.

 

Candidatura à Assembleia Legislativa pode ser o maior e desafio político de Murad

Ricardo Murad quer voltar à Assembleia

Ricardo Murad decidiu tentar um mandato na Assembleia Legislativa. A julgar pelos resultados eleitorais desastrosos que amargou nos últimos tempos – a não reeleição da deputada estadual Andreia Murad em 2018 e a derrota dura que sofreu na corrida à Prefeitura de Coroatá em 2020 -, não há, atualmente, referências que indiquem o seu poder de fogo eleitoral. Se conseguir se eleger, será deputado estadual pela quarta vez, tendo comandado a Casa entre 1987 a 1989, com poder ilimitado garantido pelo Palácio do Planalto. Depois de tantos sucessos e fracassos eleitorais, esse provavelmente será o seu maior desafio político, uma vez que, segundo corre nos bastidores, entra na disputa sem poder e sem dinheiro.

São Luís, 03 de Março de 2022.

“Janela” para migração partidária sem risco de perder mandato será aberta nesta Quinta

 

Othelino Neto e Wendell Lages mudarão de partido usando a “janela”; Carlos Brandão e Roberto Rocha farão migração partidária fora  das exigências

Nesta quinta-feira, terceiro dia do mês de março e a exatos sete meses das eleições, começa o período da “janela partidária”, por meio da qual deputado estadual e deputado federal poderão mudar de partido sem correr o risco de perder o mandato para a agremiação partidária que vierem a abandonar. No meio político maranhense, a expectativa é que um expressivo número de parlamentares troque de partido, num amplo processo de ajuste e acomodação com o objetivo de melhorar o seu desempenho eleitoral. Quadros como o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto, que deverá migrar do PCdoB para o PDT, movimentarão o cenário político nos próximos dias. Fora da dos limites da “janela partidária”, outras mudanças estão previstas, no plano majoritário. As trocas partidárias proporcionarão os ajustes necessários para a composição das chapas proporcionais para as eleições de outubro. A “janela” permanecerá aberta até 1º de abril.

O sai-entra maior se dará na Assembleia Legislativa, onde vários deputados mudarão de partido. O exemplo mais expressivo será a mudança, já há tempos anunciada, presidente Othelino Neto. Ele se elegeu em 2014 e se reelegeu em 2018 pelo PCdoB, mas decidiu migrar para o PDT. A explicação é simples: o PCdoB é um dos pilares da pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão, enquanto que Othelino Neto é o mais importante apoiador da pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT), o que tornou inviável, política e eticamente, sua permanência na agremiação comunista. O PDT é o seu caminho natural, e a filiação deve ser formalizada nos próximos dias.

Além do presidente Othelino Neto, vários deputados deverão mudar de partido. É o caso, por exemplo, de Wendell Lages, hoje no PMN e que deve migrar para o PDT. O deputado Rafael Leitoa, um dos quadros mais destacados do chamado “PDT de raiz”, por causa do rompimento do o Grupo Leitoa, em Timon, o que o levou a apoiar Carlos Brandão, deverá deixar o partido, não estando ainda definido o seu destino partidário, que poderá ser o PCdoB ou até mesmo o PSB, apesar de o partido em Timon ser controlado pelo seu arqui-inimigo, o ex-prefeito Luciano Leitoa. Fala-se também nos bastidores que a deputada Betel Gomes pode deixar o PRTB e ingressar num partido que integre a base governista, como o PP, tendo declarado apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão.

Outra especulação sugere que o deputado Ciro Neto, um dos apoiadores de proa do projeto de candidatura do senador Weverton Rocha, poderá deixar o PP para se filiar ao PDT ou ao União Brasil (fusão do DEM com o PSL), que também está alinhado ao pré-candidato pedetista. E ainda o deputado César Pires, que deve deixar o PV para se filiar ao PSD, no qual já está militando como um dos articuladores da pré-candidatura do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., ao Governo do Estado.

Com base no que a Coluna apurou até agora, pelo menos por enquanto, não há previsão de que algum deputado federal use a “janela partidária” para mudar de partido. Março é um mês longo e deverá ser um período de muitas decisões políticas importantes relacionadas com as eleições de outubro. Daí ser precipitado afirmar que não haverá mudança na atual bancada federal.

Fora da “janela”, uma vez que os migrantes não correm o risco de perder mandato, outras definições partidárias estão previstas. A primeira e já definida envolve o vice-governador e pré-candidato a governador Carlos Brandão, que deve deixar o liberalismo do PSDB para se converter ao socialismo democrático do PSB, num acerto já encaminhado e que, segundo o presidente estadual da agremiação, deputado federal Bira do Pindaré, deve ser concretizado nos próximos dias. E a outra movimentação partidária prevista envolve o senador Roberto Rocha, que está “balançando” entre tentar a reeleição e disputar o Governo do Estado. Ele está filiado ao PSDB, tentou ingressar no PL, seguindo o presidente Jair Bolsonaro, mas foi brecado pelo presidente estadual da legenda, deputado federal Josimar de Maranhãozinho. Recentemente, o senador insinuou que poderá permanecer no PSDB, com a saída do vice-governador Carlos Brandão.

As quatro semanas de março, portanto, serão decisivas para a definição das chapas proporcionais e majoritárias.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Posição de Mateus reforça apoio da classe empresarial a Brandão

Wilson Mateus reforçou apoio do empresariado a Carlos Brandão

Repercutiu bem no meio político e empresarial a declaração do empresário Wilson Mateus, dono do Grupo Mateus, manifestando apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão. Na sua declaração, Wilson Mateus, que hoje comanda o nono grupo supermercadista do País, avaliou que Carlos Brandão tem história como político e a experiência de sete anos como vice-governador, o que lhe autoriza a entrar na disputa. “Ele tem bons projetos para o Maranhão”, disse o empresário, exibindo convicção em relação ao que estava declarando.

Carlos Brandão, que assumirá o Governo daqui a exatamente um mês, tem ampla base de apoio na classe empresarial, posição que ficou demonstrada pelo presidente da Federação das Indústrias do Maranhão, Edilson Baldez, há algumas semanas, quando declarou, num evento da Fiema, que o pré-candidato “é quase uma unanimidade entre os empresários”. Segundo Edilson Baldez, Carlos Brandão tem sido um interlocutor importante do Governo Flávio Dino com a classe empresarial.

 

Weverton deve fazer ajustes no roteiro e no conteúdo da sua pré-campanha

Weverton Rocha

O senador Weverton Rocha aproveita o feriado momesco para revisar sua pré-campanha e tomar algumas decisões destinadas a dinamizá-la. Ele tem conversado com seus principais aliados, a começar pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto, avaliando cada passo da sua caminhada rumo às urnas. Líder em todas as pesquisas feitas sem a participação da ex-governadora Roseana Sarney, que decidiu mesmo disputar cadeira na Câmara Federal, Weverton Rocha tem sentido a ameaçadora aproximação do vice-governador Carlos Brandão. Esse cenário, no qual sua pré-candidatura parece estacionada, enquanto o seu principal concorrente avança, precisa ser avaliado, de modo que ajustes sejam feitos no roteiro e no conteúdo da pré-campanha. O senador tem dito que sua pré-candidatura não tem volta, usando a imagem de um foguete que “não dá marcha à ré”. Isso significa que ele está determinado a brigar agora pelo Palácio dos Leões, e para isso precisa fortes argumentos para dinamizar e alimentar sua campanha.

São Luís, 02 de Março de 2022.