Se a eleição para o Palácio dos Leões fosse por esses dias, a maioria dos 160 mil eleitores de Imperatriz, o segundo maior colégio eleitoral do Maranhão, votaria no governador Flávio Dino (PCdoB). Essa tendência foi encontrada em pesquisa realizada pelo Instituto Interpreta, publicada na edição de sexta-feira (16) do Jornal Correio, daquela cidade. A pesquisa ouviu 600 eleitores e os números registrados no TSE, sob o protocolo MA-03198/2018, são os seguintes: 73,11% votariam em Flávio Dino (PCdoB), 18,06% se alinhariam à ex-governadora Roseana Sarney (MDB), 6,72% dariam votos ao senador Roberto Rocha (PSDB), 1,48% marchariam com a ex-prefeita Maura Jorge (Podemos) e 0,63% apoiariam o ex-deputado Ricardo Murad (PTN). A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. O instituto incluiu o deputado Eduardo Braide (PMN), mas informa que ele não foi votado.
As preferências encontradas pelo Instituto Interpreta referendam tendência que vem há tempos sendo propagada a boca miúda nos bastidores da corrida sucessória. Todas as avaliações formais e informais indicam o governador Flávio Dino como o franco favorito do eleitorado de Imperatriz, tendo a ex-governadora Roseana Sarney como o concorrente mais próximo. Qualquer político ou jornalista tocantino indagado sobre o tema confirmará esse cenário, com maior ou menor ênfase. Os dois deram atenção ao município, mas avaliações saídas das mais diversas fontes sempre indicaram o atual chefe do Executivo à frente, com muita folga, de modo que a pesquisa publicada pelo Jornal Correio só está confirmando uma tendência.
A ex-governadora não foi feliz nas duas últimas eleições que disputou em Imperatriz (2006 e 2010). A tendência natural seria ela ter um cacife um pouco maior, mas ao longo do tempo seu grupo ali foi se desagregando, tendo o Grupo Sarney perdido, por exemplo, o apoio do ex-prefeito Ildon Marques, por exemplo, hoje na base de apoio do governador Flávio Dino, o processo de emagrecimento estancou com a eleição do prefeito Assis Ramos (MDB), que é um fenômeno isolado, pessoal, sem qualquer associação com Roseana Sarney. Há quem avalie que se Assis ramis estiver bem poderá injetar algum gás na campanha da emedebista, mas, mesmo levando em conta as peças que a política pode pregar, ninguém aposta na mais remota possibilidade de a ex-governadora reverter o jogo na Princesa do Tocantins.
Surpreende na pesquisa a baixa preferência pelo senador Roberto Rocha. A começar pelo fato de ele tem uma relação muito próxima com Imperatriz e com a região como um todo. Foi ali, por exemplo, que ele instalou um escritório para funcionar como a extensão do seu gabinete de senador, iniciativa que ele apresentou como uma iniciativa para prestigiar as regiões Sul e Tocantina. E, mais importante, de ele como aliado de proa ninguém menos que ex-prefeito Sebastião Madeira, de longe o mais importante e influente líder político da cidade e da região. Rocha já teve o apoio de outro peso pesado da Vila do Frei, o empresário e ex-prefeito Ildon Marques, que tirou da direita liberal e levou para o PSB. Esses dados deveriam embalar sua candidatura, mas a julgar pelo que diz o Interpreta, não estão funcionando.
Difícil avaliar o desempenho da ex-prefeita Maura Jorge e do ex-deputado Ricardo Murad nessa pesquisa. Somados, os dois têm pouco mais de 2% de intenções de voto, o que equivale a dizer que ambos não vislumbram qualquer possibilidade de obter um resultado melhor na campanha para valer. Ao mesmo tempo, chama a atenção o fato de que, mesmo não sendo candidato assumido, só existindo como aspirante a candidato nos meandros dos bastidores da corrida sucessória, nos quais se movimenta mesmo é para disputar uma vaga na Câmara Federal
Por maior que seja a possibilidade de erro involuntário ou induzido, a pesquisa do Instituto Interpreta existe formalmente e foi registrada, como manda o figurino, e por isso serve tecnicamente como parâmetro se identificar as preferências dos imperatrizenses na disputa pelo Governo do Estado. Se não reproduz integralmente a realidade do momento, revela pelo menos uma tendência, que é confirmada por experientes observadores políticos da Região Tocantina.
PONTO & CONTRAPONTO
Eliziane faz política madura e ganha suporte político e partidário para concorrer ao Senado
Ao assumir o comando do PPS no Maranhão, participar de eventos do Governo do Estado e acompanhar o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) em atos e inaugurações na periferia de São Luís, a deputada federal Eliziane Gama emite todos os sinais de que está de fato se consolidando como o segundo nome para disputar o Senado na chapa do governador Flávio Dino. A viabilização política desse projeto elimina de vez qualquer possibilidade de uma recomposição do governador Flávio Dino com o ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares (sem partido), que agora terá de viabilizar o seu projeto senatorial em campo oposicionista, sendo o mais provável uma aliança por meio da qual sairá candidato na chapa do senador Roberto Rocha (PSDB). Ao contrário de outros momentos – como o que resultou na eleição do prefeito de São Luís, quando cometeu uma série de erro de estratégia -, Eliziane Gama agora articula de maneira centrada, com foco temático e mexendo com as peças com segurança, como um político que sabe exatamente o que está fazendo. A parlamentar soube conquistar o apoio do governador Flávio Dino por meio de uma ação política equilibrada e sem arroubos incoerentes. Moveu-se com precisão para despejar uma pá de cal sobre as rusgas que restaram da sua equivocada campanha para a Prefeitura de São Luís e com isso ganhar o apoio aberto e franco do PDT, expressado nas manifestações do deputado federal Weverton Rocha, seu iminente colega de chapa, e do prefeito Edivaldo Jr., e com eles a militância pedetista, que não tem a força de outrora, mas ainda é um diferencial na corrida ao voto no Maranhão, a começar por São Luís. Com esse cacife, Eliziane Gama deverá ser ungida à condição de candidata ao Senado ao lado de Weverton Rocha na chapa a ser liderada pelo governador Flávio Dino. E com uma vantagem a mais: as pesquisas a apontam como favorita a uma das duas vagas.
Roseana Sarney faz discurso agressivo e abre caminho para uma campanha agressiva
Surpreendeu, sob todos os aspectos, o destempero verbal da ex-governadora Roseana Sarney na sua incursão de pré-campanha por algumas dezenas de municípios. “Vou enfrentar a fera”, “Não tenho medo de cara feia”, “Não tenho medo de bucho grande”, disparou em discursos na Região Sul, na semana que passou. Se de um lado tais declarações endereçadas ao governador Flávio Dino arrancaram sorrisos e até alguns aplausos de partidários e simpatizantes que a ouviam, por outro demonstraram que Roseana Sarney ainda não encontrou um pacote de argumentos para justificar sua pré-candidatura. Sua fala mesclada de ataques pessoais ao governador passa a impressão de que a ex-governadora não ouviu ecos nas críticas às ações do atual Governo, levando, ao que parece, sua campanha para uma espécie de “vale tudo” no campo discursivo, abrindo assim a guarda para ser alvejada também com ataques verbais duros, que poderão tirá-la do eixo. Os sinais mais evidentes de que discurso agressivo pode ser um equívoco estão na repercussão negativa das suas declarações nas redes sociais. A ex-governadora Roseana Sarney sabe que enfrenta um adversário articulado, com discurso eficiente e que dificilmente mergulhará numa troca de ofensas, preferindo dizer o que fez e o que fará se reeleito for. Ela tem agora a oportunidade de mostrar que está de fato credenciada para a difícil desafio de virar o jogo.
São Luís, 18 de Março de 2018.