“Vou para a reeleição, porque a Assembleia Legislativa é o meu foco político. Mas não abro mão de lutar para mudar as coisas em Bacabal, porque a Prefeitura de lá está sendo loteada por um grupo que só pensa em sugar as finanças do Município”. Os dois eixos, e mais São Luís, onde tem forte atuação, são a base que mantém a ação política do deputado Roberto Costa (PMDB), o mais ativo e independente quadro da corrente liderada pelo senador João Alberto (PMDB) dentro do Grupo Sarney. Depois de mais de um ano na guerra judicial que mantém aberto o processo eleitoral em Bacabal, como candidato a prefeito, Roberto Costa decidiu priorizar o seu mandato parlamentar, convicto de que a situação será revertida, com o afastamento definitivo do prefeito José Vieira (PR) e a posse do presidente da Câmara, vereador Edvan Brandão, seu aliado, “que será o prefeito por um bom tempo, até que a situação se resolva em definitivo”.
Nesse contexto, o deputado se programou para intensificar sua ação no parlamento, manter a ação independente da bancada pemedebista, dar suporte parlamentar ao presidente Othelino Neto (PCdoB), e acelerar a corrida pela renovação do mandato. Ao mesmo tempo, contribuir para que o partido defina suas prioridades e o quadro de alianças em torno da provável candidatura da ex-governadora Roseana Sarney ao Governo.
Aos 43 anos e reconhecido como um dos quadros mais destacados da geração forjada no movimento estudantil dos anos 80/90 e que está chegando ao poder, o deputado Roberto Costa tem como mentor político o senador João Alberto, cm quem discute e planeja seus passos e traça o futuro do PMDB. Na Assembleia Legislativa, atua com independência e com um pragmatismo inteligente, operando como um dos principais articuladores da Casa. Atuou forte na gestão do presidente Humberto Coutinho (PDT), com quem mantinha um sólido elo de amizade e identificação política, mesmo estando em campos opostos. Em meio à comoção pela morte de Humberto Coutinho, foi o autor do projeto de lei que, aprovado, garantiu que o então 1º vice-presidente Othelino Neto ascendesse automaticamente à presidência, sem necessidade de nova eleição, que poderia quebrar o equilíbrio no parlamento. Como operador político, construiu um amplo leque de relações dentro e fora da Casa e mantém com o Governo uma convivência pragmática e produtiva, às vezes ajudando na solução de pendências complicadas, às vezes se posicionando contra medidas propostas pelo Palácio dos Leões, mas usar o radicalismo como método de ação. Mesmo distante e sem contato direto, alinhavou uma convivência respeitosa com o governador Flávio Dino (PCdoB).
– É uma relação de respeito mútuo entre adversários – explica, lembrando que essa convivência vem de um “pacto” de geração forjada no movimento estudantil, de onde saíram políticos ele é vários nomes que estão assumindo o poder no Maranhão.
O deputado Roberto Costa defende que agora o PMDB deve começar a definir suas ações para as eleições, a começar pelas candidaturas para o Governo do Estado e para o Senado, cuidando também das chapas para a Câmara Federal e Assembleia Legislativa. “O partido é forte, tem muitos quadros bons. Podemos fazer um arco de aliança forte e entrar para disputar a eleição para valer em todos os níveis”, avalia, enfatizando que a ex-governadora Roseana Sarney pode liderar o partido e o grupo para uma campanha de bons resultados. Avalia que o governador Flávio Dino é forte, se o deputado Eduardo Braide (PMN) se lançar candidato, a disputa irá para um segundo turno. “O resultado será imprevisível”, avalia.
Roberto Costa assinala também que a arrancada do PMDB para as eleições depende de uma definição de como irá para o pleito presidencial. “Quem será o candidato do partido? O presidente Michel Temer? O presidente (da Câmara Federal) Rodrigo Maia (DEM)? Revela que tem discutido esse cenário com o senador João Alberto, que acredita que esse cenário será definido até abril. “Quanto antes melhor”, diz.
PONTO & CONTRAPONTO
José Reinaldo pode mesmo ingressar no DEM e fazer dobradinha com Roberto Rocha
Todos movimentos feitos até agora pelo ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares indicam que ele se filiará ao DEM e assumirá o controle do partido no Maranhão, assegurando assim legenda forte para levar à frente o seu projeto de disputar uma cadeira no Senado da República. As tratativas que vem mantendo em Brasília mostram quer o ex-governador é nome de prestígio na cúpula do partido, que na verdade é o seu ninho partidário de origem. Sua movimentação ganhou peso depois que ele agregou o apoio da deputada Luana Alves, que também está saindo do PSB e deverá ingressar no DEM junto com o ex-governador. Se essa articulação for consumada, não será surpresa se José Reinaldo levar o DEM para aliança com o PSDB em torno da candidatura do senador Roberto Rocha ao Governo do Estado, dando-lhe o impulso que faltava para colocar sua pré-campanha nas ruas.
Nesse cenário, a situação se complica para o deputado Juscelino Filho, que perdeu força para permanecer no controle do DEM depois que seu tio, o deputado Stênio Rezende foi condenado em segunda instância e, segundo advogados experientes, entrou para a lista dos ficha suja e nessa condição não poderá se candidatar ao sexto mandato na Assembleia Legislativa.
Confronto de Adriano Sarney com Rogério Cafeteira reflete a tensão pré-eleitoral
Não surpreendeu o grau de agressividade que marcou o confronto verbal entre os deputados Adriano Sarney (PV) e Rogério Cafeteira (PSB), no plenário da Assembleia Legislativa, no final da tarde de segunda-feira. O que deveria ser um bate-rebate entre Oposição e Situação em torno da acusação, feita por Adriano Sarney, segundo a qual a gestão do governador Flávio Dino (PCdoB) produziu um déficit de R$ 1,1 bilhão, o que é enfaticamente contestado pelos porta-vozes, degringolou para troca de acusações pessoais e, sem controle, evoluiu para agressões a familiares, quase chegando ao embate físico. A relação dos deputados oposicionistas com a bancada situacionista sempre foi de ataque e defesa, às vezes num grau elevado de acidez e aspereza. Mas o episódio de segunda-feira surpreendeu pelo tom e conteúdo das acusações e das reações. Conhecido pela sua posição implacável, mas civilizado, dos seus ataques ao Governo, o deputado Adriano Sarney discursou para contraditar a defesa governista, avançando o limite e batendo forte no governador e no líder Rogério Cafeteira, que rebateu acreditando que o bateu-levou terminaria ali. Não terminou. Adriano Sarney avançou e acusou Rogério cafeteira de haver desviado dinheiro no Governo do tio dele, o ex-governador Epitácio Cafeteira. A partir daí, os dois abandonaram a linha de tolerância e, aos gritos e xingamentos, quase foram às vias de fato. Ontem, depois da forte repercussão e de muitas críticas aos dois parlamentares, principalmente por serem eles referências nas suas bancadas, Eles foram à tribuna pedir desculpas um ao outro, aos seus pares e “ao povo do Maranhão”. Analisado por qualquer ângulo, o episódio confirma inteiramente previsão feita pela Coluna, há duas semanas, de que a proximidade da corrida às urnas fatalmente elevaria a temperatura dos debates, com sérios riscos de baixar o nível das acusações nos confrontos em plenário. O mais grave é que esse clima tende a se manter e, pior, se agravar, produzindo situações que exigirão firmeza e habilidade por parte do presidente Othelino Neto (PCdoB), que tem o enorme desafio de assegurar, por meio de ações conciliatórias, o espaço e as prerrogativas dos deputados.
O surpreendente e traumático rompimento dos laços políticos que ligavam ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares (sem partido) e o governador Flávio Dino (PCdoB) está, de fato, consumado, e tudo indica que não haverá retorno, pelo menos no que diz respeito ao processo eleitoral em curso. A iniciativa de romper partiu do ex-governador, insatisfeito por não ter já sido escolhido para uma das duas vagas de candidato a senador na chapa a ser liderada pelo governador. Foi o resultado de meses de “disse-me-disse”, “vai, não vai”, “será ou não será?”, numa maratona desgastante, que acabou drenando o que havia de politicamente saudável nas relações dos dois aliados, e levando o primeiro a jogar a toalha e chutar o balde, e o segundo a aceitar o desfecho, mas decidido a não mudar o modus operandi para a escolha de candidato acertado dentro da aliança.
O Palácio dos Leões já aguardava esse desfecho, mas o governador Flávio Dino acreditava que o ex-governador José Reinaldo, mesmo insatisfeito, cuidaria para definir sua posição partidária e, sem esse problema, buscar apoio dentro dos partidos da aliança governista, o que certamente o levaria à outra vaga. Um assessor político governista argumenta que a escolha do deputado federal Weverton Rocha (PDT) para uma das vagas não foi um ato isolado do governador Flávio Dino. Ao contrário, ele foi escolhido porque criou as condições políticas e partidárias para tornar sua escolha irreversível, e quando isso aconteceu, o governador referendou-a. O ex-governador José Reinaldo, por sua vez, não cuidou de criar essas condições, mesmo tendo sido alertado para isso. Tinha todas as condições de criar um movimento político-partidário para viabilizar seu pleito, mas chegou a sete meses das eleições sem filiação partidária, travando uma queda de braço com a direção local do DEM, podendo ou não ingressar no partido, uma situação complicada para um candidato a pleito majoritário.
O rompimento, claro, terá desdobramentos. Isso porque, por mais distante que esteja nos campos ideológico e programático, José Reinaldo Tavares é um quadro diferenciado, com enorme cacife, por ter feito um governo com forte conotação política, por ter respaldado a arrancada política e eleitoral de Flávio Dino e, principalmente, por ter sido o avalista-mor do movimento que tirou o Grupo Sarney do poder em 2006, com a eleição de Jackson Lago (PDT) e em 2014, com a eleição do atual governador. Sua saída abre um rombo considerável na aliança liderada pelo governador Flávio Dino, e levará para o grupo que o acolher a possibilidade concreta de se eleger senador. No contrapeso, abre caminho para que a escolha do segundo nome na chapa do governador Flávio Dino seja feita sem maiores problemas, podendo recair sobre a deputada federal Eliziane Gama (PPS, mas podendo migrar para o DEM), que tem se destacado nas pesquisas.
No campo pessoal, o rompimento está causando estragos nos dois lados. Mesmo dono de um temperamento forte, corre entre seus amigos que ele está emocionalmente abalado por se afastar do grupo, mas ao mesmo tempo mais decidido do que nunca a não votar atrás. Já o governador Flávio Dino está agastado com o episódio e pelo afastamento de um amigo que muito considera, independente das diferenças políticas, que são abissais. Os dois, no entanto, acostumados com duros reveses, estão determinados a seguir em frente, tornando praticamente impossível uma eventual reconciliação.
Agora sem compromisso com o governador, José Reinaldo Tavares inicia uma frenética série de articulações para definir o partido ao qual vai se filiar até o dia 7 de março, quando termina a janela partidária para as eleições de outubro. Rumores fortes indicam que seu destino mais provável é mesmo o DEM, hoje controlado no estado pelo deputado federal Juscelino Filho e pelo tio dele, deputado estadual Stênio Rezende. Se esse ingresso se confirmar, será na verdade um retorno do ex-governador à suas origens partidárias. Nesse caso, o DEM deve sair da aliança governista, o que será uma perda respeitável para o governador Flávio Dino em matéria de tempo no rádio e na TV durante a campanha.
PONTO & CONTRAPONTO
Othelino Neto diz a presidente da Fiema que manterá Legislativo em diálogo permanente com setores produtivos
Sempre que tiver em pauta matéria que envolva o setor produtivo, a Assembleia Legislativa estará aberta a ter como interlocutora a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), por entender que a indústria, além ser braço chave do setor produtivo, tem na Fiema um interlocutor credenciado para dialogar com o Poder Legislativo. Trata-se de entendimento firmado pelo presidente da Assemblei Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), externado ontem, durante a visita da cúpula da Fiema, liderada pelo presidente Edilson Baldez, ao Poder Legislativo. Os dirigentes do segmento industrial, a começar pelo presidente da Fiema, não esconderam seu entusiasmo para com o presidente da Assembleia Legislativa, principalmente por se tratar de um político jovem e militante de esquerda.
Na conversa com os líderes do setor terciário maranhense, o presidente Othelino Neto foi enfático ao destacar a importância da manutenção do diálogo permanente da classe empresarial com o Poder Legislativo. “Para nós, é um prazer receber aqui a visita da diretoria da Fiema, liderada por Edilson Baldez. Tivemos uma conversa produtiva sobre o cenário econômico do país, mais especialmente sobre a conjuntura de nosso Estado, de modo que pudemos trocar informações sobre problemas e desafios do Maranhão, em face das mudanças que estão ocorrendo na vida econômica do Brasil”, assinalou o presidente do Poder Legislativo.
Othelino Neto foi mais longe ao acrescentar que é da importância capital para a economia do estado seja fundada em bases sólidas, entendendo ser da maior relevância que os projetos que afetam diretamente o setor produtivo sejam discutidos e analisados na Casa mediante essa interlocução com a Fiema e seus sindicatos. E concluiu: “Quem ganha com isso é o Maranhão”.
O posicionamento lúcido e propositivo do presidente da Assembleia Legislativa impressionou o presidente Edilson Baldez, que reafirmou ser fundamental a uma parceria inteligente e madura entre a Fiema e o Legislativo Estadual. “Foi muito importante esta visita de cortesia, porque tivemos a oportunidade de reafirmar o nosso interesse em manter o diálogo com a Assembleia Legislativa de nosso Estado e dizer da nossa disposição em contribuir para a discussão e o debate dos temas de interesse maior do setor produtivo do Maranhão”, afirmou Edilson Baldez.
O presidente da entidade que congrega o setor industrial do Maranhão destacou que o empresariado, mesmo com todas as dificuldades, busca sempre avançar na luta por melhores indicadores econômicos, que se refletem, também, na melhoria dos indicadores sociais.
– Os empresários dedicam-se à implementação de seus negócios, que são iniciativas que promovem a geração de mais renda e mais emprego para a nossa população. Daí o empenho para que possamos diminuir o nível de importação em nosso Estado. A nossa luta é para que os nossos produtos sejam cada vez mais competitivos e o Maranhão, cada vez mais, possa importar menos e exportar mais”, frisou o presidente da Fiema.
Em Tempo: Edilson Baldez estava acompanhado do empresário Luiz Fernando Renner, membro do Conselho Consultivo da Fiema; os presidentes do Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa do Maranhão, Cláudio Donizete Azevedo; do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de São Luís, Pedro Robson Holanda da Costa; e do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Óleos Vegetais e de Produtos Químicos e Farmacêuticos do Maranhão, Raimundo Nonato Pinheiro Gaspar, e do diretor de Relações Institucionais da Fiema, Roberto Bastos.
Ministério da Segurança de Michel Temer foi projeto de proa da pré-candidata presidencial Roseana Sarney em 2001/2.
É provável que a decisão do presidente Michel Temer (MDB) de criar o Ministério Extraordinário da Segurança Pública tenha passado pelo crivo do ex-presidente José Sarney (MDB) e até mesmo da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), ambos muito influentes no Palácio do Planalto. Explica-se: em 2001, quando pontificou na etapa prévia como nome forte na corrida presidencial, a então governadora Roseana Sarney chegou a liderar pesquisas, aparecendo à frente de Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB). E seu prestígio de pré-candidata chegou ao auge quando ela anunciou que um dos seus projetos prioritários seria a criação do Ministério da Segurança Pública. A ideia ganhou tanto apoio que a pré-candidata pemedebista definiu logo o ministro para a pasta: o cearense Morone Torgan, delegado da Polícia Federal, conhecido pelos seus feitos policiais e que acabara de entrar na vida política como deputado federal pelo PFL. Moroni Torgan chegou a acompanhar Roseana Sarney em vários programas de entrevista, ganhando em todos eles espaço para explicar como funcionaria o futuro ministério. Mas o projeto de candidatura presidencial, e com ele o plano ministerial, foram levados pelo tsunami causado pela Operação Lunus, obrigando-a a disputar uma cadeira no Senado.
Pode ter sido apenas um desabafo, fruto de tensão momentânea provocada pelo angustiante compasso de espera, passível, portanto, de ser relevado, mas as declarações do ex-governador e deputado federal José Reinaldo Tavares (sem partido), publicadas ontem no jornal O Imparcial, causaram forte impacto no meio político e indicaram claramente que ele chegou ao limite no que diz respeito à escolha do segundo candidato a senador na chapa a ser liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). “Se o governador Flávio Dino não me quer, tem quem queira”, disparou o ex-governador, acrescentando que será candidato a senador de qualquer maneira, ou seja, dentro ou fora da aliança à frente da qual o chefe do Poder Executivo tentará a reeleição. Na leitura de aliados e adversários, as palavras de José Reinaldo poderão desatar o nó que segura a definição do segundo nome na chapa palaciana, como podem também consumar o rompimento do ex-governador com o governador, o que, está claro, não seria bom para nenhum dos dois.
Essa crise estava se desenhando há tempos e com traços cada vez mais fortes. O deputado federal José Reinaldo foi um dos primeiros quadros do grupo a anunciar o projeto de ser um dos candidatos a senador na chapa do governador Flávio Dino, de quem foi aliado desde quando o chefe do Poder Executivo disputou vaga na Camara federal em 2006. Acreditava que a escolha do seu nome seria líquida e certa. Esqueceu-se, porém, que em política a roda gira, e no caso do Maranhão, gira velozmente, e que, para se manter em posições destacadas, não basta o currículo e a carga de serviços prestados, precisa demonstrar alinhamento. Ele é a prova viva dessa exigência da dinâmica implacável da vida político-partidária, mas na relação com o governador Flávio Dino, foi pouco além de declarações de apoio, do tipo “Nada vai me afastar do governador”.
Essa postura de aliado firme deveria ser confirmada em decisões no Congresso Nacional, mas ali, salvo no apoio a pleitos do Governo do Estado na esplanada dos Ministérios, o deputado federal José Reinaldo decidiu votar de acordo com as suas convicções doutrinárias e ideológicas, exibindo integralmente o seu perfil de direita liberal e, assim, produzindo um choque violento com a linha de pensamento político do governador Flávio Dino e seu Governo. Ignorando todos os apelos saídos do Palácio dos Leões e das instâncias superiores do seu partido, José Reinaldo votou pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, atuou fortemente pela Reforma Trabalhista, votou contra a autorização da Câmara para a abertura de investigação contra o presidente Michel Temer e tem posição assumida a favor da reforma da Previdência. Ou seja, demonstrou com toda clareza que nas questões maiores se aliaria sempre às correntes mais identificadas com a sua origem política e partidária.
Aos 76 anos e dono de personalidade forte e convicções inabaláveis, José Reinaldo acreditou que poderia “conciliar” a visão de direita liberal com a linha de esquerda e oposicionista do governador Flávio Dino. E seus argumentos: entrou foi o principal baluarte do movimento que elegeu Jackson Lago (PDT) em 2006, quando decidiu ficar no Governo para dar suporte indispensável na guerra contra o Grupo Sarney; foi atropelado por Roberto Rocha (PSB) na disputa para o Senado em 2010, tendo sido também nome de proa o movimento que levou Flávio Dino ao poder em 2014. E não aceita que as suas posições sejam empecilhos à sua escolha como o segundo nome da chapa da Situação, que já tem o deputado federal Weverton Rocha, integralmente apoiado por seu partido, o PDT, como candidato a uma das vagas.
Agora sem partido e quase certo de que não será o segundo candidato da chapa palaciana, José Reinaldo resolveu jogar uma espécie de “última cartada”. Pelo que disse a O Imparcial, deu passo largo para se ajustar ao grupo governista ou romper com o governador Flávio Dino. Sabe que, se entrar na chapa, poderá chegar ao Senado, mas se romper, poderá até chegar lá, mas nesse caso as suas dificuldades serão imensas. Os próximos lances dessa peleja definirão o futuro do ex-governador, que, vale dizer, tem lastro suficiente para tomar o rumo que desejar.
PONTO & CONTRAPONTO
Carlos Brandão dá a volta por cima, entra no PRB e deve continuar como vice
O ato da sua filiação ao PRB, realizado no sábado, mostrou que, ao contrário do muitos previram – a Coluna inclusive, em alguns momentos -, o vice-governador Carlos Brandão deu a volta por cima e superou seu traumático desembarque do PSDB, do qual, além de perder a presidência regional, foi obrigado a se desfiliar. A migração para o PRB – que demandou uma série de negociações -, acompanhado de um número ainda indefinido de prefeitos – fala-se entre 12 e 16 dos 29 eleitos pelo PSDB -, deu ao vice-governador, não uma sobrevida, mas um largo horizonte político, que começa por enfáticas declarações feitas recentemente pelo governador Flávio Dino indicando que pretende mantê-lo como companheiro de chapa. Esse horizonte ganha ponto alto com a possibilidade de reeleição do governador e, nesse caso, sua desincompatibilização em 2022 para ser candidato a senador, a vice-presidente ou a presidente da República, o que levará o vice a assumir o Governo do Estado e – quem sabe? – concorrer à reeleição. Carlos Brandão não terá o comando do partido, mas será seu filiado mais influente, junto com o deputado federal Cléber Verde, um dos mais ativos e bem situados membros da bancada federal do Maranhão. E se o PRB for turbinado com pelo menos uma quinzena de prefeitos, saltará para a condição de segundo maior partido em número de mandatários municipais, o que reforçará imensamente o seu cacife no quadro partidário do Maranhão, consolidando e ampliando ainda mais o seu cacife para continuar como vice na chapa situacionista. Essa posição deve-se confirmar também porque, ao contrário de muitos vices, que se dedicam mais à conspiração contra o chefe, Carlos Brandão tem sido uma espécie de vice dos sonhos de qualquer governador: leal, ativo, cumpridor de tarefas e representante dedicado do Governo em missões as mais diversas e que faz de tudo para contribuir para o fortalecimento político e econômico do Governo. E de quebra está assistindo a um momento de absoluta inanição do seu ex-partido, o PSDB, que travou sob o comando senador Roberto Rocha, cujo maior feito até agora foi ganha a filiação do economista Léo Costa, ex-prefeito de Barreirinhas e um dos fundadores e mais importantes quadros do PDT. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), que participou ao ato ao lado do governador Flávio Dino e dos principais líderes da aliança governista, definiu com precisão o ingresso do vice-governador Carlos Brandão no PRB: “A filiação é do vice-governador no PRB é um momento político importante, que fortalece ainda mais o arco de alianças do governador Flávio Dino”.
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Registro
Repórter Tempocompleta três anos mantendo os princípios da sua linha primordial
A Coluna Repórter Tempo completa três anos neste 25 de Fevereiro. Nesses 1.095 dias, publicou 903 posts, cada um com três fatos interpretados – salvo raríssimos casos em que a edição foi monotemática – como a anterior a esta – ou com apenas dois temas, todos focados na política e, quando foi o caso, na cultura maranhense. Nesse período, recebeu várias centenas de milhares de acessos e quase 1.500 comentários, a esmagadora maioria concordado com as abordagens, registrando também os que não concordaram ou fizeram críticas leves e ácidas a um ou outro enfoque. Cumprindo o propósito inicial, manteve a linha primordial de fazer um jornalismo interpretativo, com apuração rigorosa dos fatos, e quando possível, relacionar os fatos abordados com outros acontecimentos da história recente da política do Maranhão. Os mais de 2.700 registros mostram que o princípio básico da isenção foi mantido, sem a tomada de posição a favor ou contra esse ou aquele grupo político. Ao mesmo tempo, a Coluna destacou ações políticas relevantes, reconheceu os méritos de líderes, elogiando-os quando julgou justo. E vai continuar nessa linha, certa de que, ao contrário do que muitos pregam, motivados pelos atos dos que confundem política com banditismo, a atividade política méritos e traduz a essência da sociedade.
Ao transferir o seu domicílio eleitoral de Macapá para São Luís, na semana passada, o ex-presidente José Sarney (MDB) encerrou seu vitorioso “exílio” no Amapá e juntou a peça que faltava para voltar integralmente à vida política do Maranhão, de novo com direito a votar e ser votado. Esse direito sempre foi a base da ação política de José Sarney, que construiu toda sua vencedora carreira com todos os mandatos – exceto o de vice-presidente da República, que obteve no Colégio Eleitoral – conquistados nas urnas, enfrentando sempre situações difíceis e adversários duros, o que lhe dá o direito de ser definido como um democrata, de viés à direita e liberal, mas um democrata, incontestavelmente. Seu retorno eleitoral ao Maranhão, depois de 28 anos e três mandatos senatoriais pelo Amapá, encerra mais um ciclo na vida desse gigante da política brasileira – visto por uns como um modelo e por outros com o um oligarca -, iniciado exatamente quando terminou, em março de 1990, o seu mandato presidencial de cinco anos e que, após algumas semanas de “descanso” na Ilha de Curupu, decidiu repensar a aposentadoria política e candidatar-se a senador pelo Maranhão. Perseguido pelo sucessor Fernando Collor de Mello (PRN), que o queria distante da cena política, para isso apoiando abertamente a candidatura do senador João Castelo (PRN) ao Governo do Estado, Sarney foi surpreendido pela decisão do PMDB, que numa conjunção de interesses, ranços políticos e pessoais, negou-lhe a legenda e o obrigou a migrar politicamente e eleitoralmente para o Amapá, estado por ele criado quando presidente. Se de um lado a migração teve um gosto amargo de exílio, de outro deu ao ex-presidente o sabor de conquistar três mandatos consecutivos no Senado Federal.
Os fatos e os seus desdobramentos produzidos pela estratégia de rifar José Sarney da vida pública, tiveram como articuladores três grandes nomes da política do Maranhão, todos raposas experimentadas: o então governador Epitácio Cafeteira (PTB), o então deputado federal Cid Carvalho, à época presidente do PMDB no estado, e o ex-deputado federal Renato Archer, que foi ministro de Ciência e Tecnologia do Governo Sarney por pertencer à cúpula do PMDB e ao núcleo íntimo do então poderoso chefe supremo do partido, deputado federal Ulisses Guimarães (SP). Cafeteira montou forte esquema político e eleitoral para concorrer à única vaga de senador naquelas eleições. Experiente, sabia que ao deixar a presidência, Sarney tinha o Senado como caminho natural. E como avaliava que se disputasse a vaga com o ex-presidente correria sério risco de sofrer sua primeira derrota nas urnas, articulou-se com Cid Carvalho e Renato Archer e obteve o apoio de Ulisses Guimarães, que pretendiam a todo custo ver Sarney fora da política.
Sempre com faro bem apurado, muito bem informado, e com “livre docência” em artimanhas políticas maranhenses – que aprendeu nos duros embates com inimigos implacáveis como Vitorino Freire, e aperfeiçoou ao longo da carreira -, o ainda presidente José Sarney sabia que seus adversários no Maranhão tentariam liquidá-lo politicamente. O projeto incluía o apoio de Cafeteira – que flertara com Collor durante a campanha presidencial de 1989 -, Carvalho e Archer à candidatura de João Castelo, que inicialmente disputaria o Governo com o deputado federal Sarney Filho (PFL) e inviabilizar a candidatura de Sarney a senador. O presidente começou a se movimentar, tomando providências para “quebrar” qualquer “imprevisto” destinado atingi-lo. Estava decidido a se aposentar e dedicar-se à literatura, sua segunda paixão, mas deixaria um “Plano B”, no caso o Amapá, pronto para ser ativado em caso de reviravolta. Esse preparativo veio à tona quando, convencido por amigos – estes alarmados com a instabilidade que se desenhou já nas primeiras semanas do Governo Collor – a voltar às lutas políticas, tendo recebido convites para ser candidato por vários estados, entre eles Goiás e Rio de Janeiro, preferindo o pequeno e distante Amapá, então governado pelo seu amigo e fiel escudeiro, o maranhense Jorge Nova da Costa, que viria a ser primeiro suplente de senador.
Movidos pelo projeto de tirar Sarney do caminho e apostando que a literatura o manteria politicamente inerte no casarão do Calhau, Epitácio Cafeteira, Cid Carvalho e Renato Archer foram apanhados de surpresa quando, sem legenda no Maranhão, o ex-presidente anunciou que se mudaria política e eleitoralmente para o Amapá e substituiu Sarney Filho pelo senador Edison Lobão (PFL) como candidato a governador. E para completar a virada, depois de uma animada peleja judicial e uma frenética guerra política, Sarney conseguiu consolidar João Alberto, então no PFL, no Governo do Estado, tirando todo o poder de fogo dos adversários, que jogaram alto na certeza de que o sucessor de Cafeteira no Palácio dos Leões seria o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ivar Saldanha (PDS), então presidente da Assembleia Legislativa, apoiador da candidatura de João Castelo.
Iniciada em abril, pouco mais de um mês depois do término do mandato presidencial, a migração política e eleitoral de José Sarney para o Amapá não se deu fácil e tranquilamente e só se completou em julho, na época das convenções partidárias. No campo judicial, nada menos que ações seis tentaram barrar a transferência do seu domicílio eleitoral de São Luís para Macapá, enquanto no campo político seus adversários tentaram bombardeá-lo de todas as maneiras, a céu aberto e nos subterrâneos partidários. Nada funcionou. A Justiça Eleitoral mandou para o arquivo todas as representações contra a migração de Sarney para o Amapá, de modo que ele pôde, contando os dias e as horas, mas em tempo hábil, regularizar sua situação eleitoral naquele estado, ser indicado candidato a senador na convenção do PMDB e participar da corrida às urnas.
O desfecho dessa quadra da vida política do ex-presidente José Sarney, que se completou com a transferência domiciliar eleitoral na semana passada, foi o seguinte: elegeu-se senador pelo Amapá com 236.618 votos. Confirmada sua eleição, Sarney retornou a São Luís onde comandou a campanha na qual, contrariando todas as expectativas iniciais, Edison Lobão virou o jogo e bateu João Castelo nas urnas. De quebra, assistiu à reeleição de Sarney Filho e à eleição de Roseana Sarney para a Câmara Federal. Nos 24 anos em que representou consecutivamente o Amapá no Senado, Sarney renovou o mandato duas vezes e foi eleito três vezes presidente do Senado e do Congresso Nacional. Nas eleições de 2014, poderia ter renovado o mandato pela terceira vez, mas decidiu parar. Nos últimos meses, todas as pesquisas realizadas naquele estado disseram que se ele fosse candidato no pleito de 2018, uma das duas vagas seria dele. Mas o ciclo do Amapá foi fechado na semana passada, quando ele se despediu de lá em emocionada carta aberta à população, a quem manifestou gratidão pelo acolhimento e assegurou ter cumprido todos os compromissos assumidos.
É improvável que aos 88 anos, mesmo com a saúde em forma e mergulhado em articulações políticas locais e nacionais, José Sarney venha a enfrentar as urnas. Mas para quem passou quase 70 anos surpreendendo na seara política, sua eventual candidatura, se vier a acontecer, não será exatamente uma surpresa.
PONTO & CONTRAPONTO
Dos quatro quatro líderes que agiram para isolar Sarney em 1990, só Cafeteira se deu bem
Salvo Epitácio Cafeteira, que alcançou o objetivo de ser senador, os demais líderes que se articularam para afastar José Sarney da política maranhense em 1990 conseguiram o propósito básico, mas nada lucraram politicamente com o desfecho.
Epitácio Cafeteira cumpriu sem problemas o mandato que ganhou em 1990. Em 1994, disputou o Governo do Estado com Roseana Sarney e perdeu por uma diferença de 18 mil votos. Em 1998, disputou novamente o Governo do Estado, mas Roseana Sarney se reelegeu no 1º turno. Em 2006, fez as pazes com José Sarney e com seu apoio venceu a eleição para o Senado. Aos 94 anos, vive em Brasília sob cuidados médicos.
Um dos mais importantes personalidades maranhenses da segunda metade do século passado, o militar, diplomata, cientista, empresário e cardeal do PMDB, Renato Archer, que fora derrotado por Sarney para o Governo do Estado na eleição de 1965 e por Luís Rocha em 1982, ensaiou voltar à política maranhense com o “exílio” do ex-presidente no Amapá, mas acabou compreendendo que seu tempo havia passado e decidiu continuar cuidando de seus negócios – uma sólida empresa especializada em aerofotogrametria, que produz mapas por sequências fotográficas -, tendo se afastado definitivamente da política depois da morte de Ulisses Guimarães num acidente aéreo em Búzios. Faleceu no Rio de Janeiro em 1996 aos 73 anos.
Um dos mais importantes estrategistas políticos do Maranhão na última metade do século passado, Cid Carvalho, um advogado acreano que se radicou no Maranhão, teve seu mandato de deputado federal cassado pela ditadura e se tornou dos grandes nomes do PMDB nacional e chefe absoluto do partido no Maranhão, reelegeu-se para a Câmara Federal em 1990. Sua brilhante carreira, no entanto, foi enterrada quando ele foi identificado como um dos “anões do Orçamento”, uma quadrilha de deputados federais que desviava milhões do Orçamento da República em emendas parlamentares fajutas. Para não ser cassado, renunciou ao mandato, preservando os direitos políticos, mas o caso encerrou sua carreira, tendo ele passado o resto dos seus dias entre uma fazenda na Região Tocantina e um apartamento no Rio de Janeiro. Faleceu no Rio de Janeiro em 2004.
Mesmo apoiado ostensivamente pelo presidente Fernando Collor, João Castelo foi derrotado nas urnas por Edison Lobão no eletrizante processo eleitoral de 1990, depois de sair vitorioso no primeiro turno. Foi deputado federal varias vezes, elegeu-se prefeito de São Luís em 2008 e voltou à Câmara Federal em 2014. Faleceu em São Paulo, em 2017.
Em mensagem aos amapaenses, Sarney garante que não será mais candidato a nada
Mensagem ao povo do Amapá
José Sarney
Dirijo-me às minhas amigas e aos meus amigos do nosso querido Estado do Amapá, bem como a todo seu povo para lembrar que encerrei a minha vida política com a decisão tomada, desde a eleição passada, de não concorrer a mais nenhum cargo eletivo, em razão da minha idade e das dificuldades que tenho hoje para atender, plenamente, às obrigações para com o Estado do Amapá.
Como todos sabem, tenho residência em Brasília, no Maranhão e no Amapá. Pela lei, não tenho mais obrigatoriedade de votar. Assim, achei ser do meu dever transferir o meu título eleitoral para onde reside a minha família, que não é formada apenas por mim e minha mulher, mas também por filhos, netos, bisnetos, além de onze irmãos, dos quatorze que possuía.
Diante do fato de vivermos um ano eleitoral, de ter tido insistente apelo a uma possível candidatura minha e de aparecer em grande preferência nas pesquisas eleitorais no Amapá, não quero frustrar nem uns nem outros mantendo falsas expectativas, o que seria certa falta de consideração para com os que sempre estiveram comigo e me apoiaram, que têm o direito de novas oportunidades.
Assim, sem abandonar os meus vínculos e os meus deveres para com esse querido Estado, que me acolheu e me deu três mandatos de Senador, resolvi transferir o meu domicílio eleitoral para a cidade de São Luís, de onde saí.
Eu não digo “Adeus”, digo “Até logo”, pois meus vínculos com essa terra jamais se dissolverão, uma vez que a ela estou ligado por todos os laços, e não por domicílio eleitoral. Tenho a consciência de que o Amapá hoje tem um grande futuro e está preparado para ser um importante Estado, sobretudo com as portas abertas para a juventude, que, quando aí cheguei, não tinha horizontes.
Assim é que deixo, como parte do meu trabalho, toda a infraestrutura do Estado do Amapá apta para seguir seu grande caminho.
A Zona de Livre Comércio, que ajudei a construir, deu uma nova perspectiva ao Estado e é hoje sua maior fonte de empregos e de desenvolvimento, tendo definido a sua História em dois momentos: antes e depois de existir.
Encontrei o Amapá com motores a óleo diesel e racionamento de energia elétrica durante todo o dia. Hoje o Estado é um exportador de energia, com as Usinas do Caldeirão, de Ferreira Gomes e de Santo Antônio. Além de uma coisa que nem eu mesmo acreditava que pudesse conseguir: influir para que o Linhão do Tucuruícolocasse o Amapá no Sistema Elétrico Nacional.
Deixo também a Zona Franca Verde, cujos primeiros projetos já estão sendo aprovados, que será, sem dúvida nenhuma, a complementação para a economia industrial do Amapá. Consegui, por outro lado, salvar o Projeto Jari, uma das alavancas da economia de mercado de trabalho para o sul do Estado; que fizessem o Hospital Sarah Kubitschek, que tão grandes serviços tem prestado aos que mais precisam de ajuda, sobretudo às crianças – somente suas mães sabem o que isso significa para elas; em um Estado que não tinha terras, que fossem passadas terras da União para o Amapá; fundei a Universidade do Amapá, que sempre ajudei, e levei para o Estado as escolas profissionais de Porto Grande, de Macapá, de Santana, do Laranjal do Jari e do Oiapoque, com sua grande estrutura de ensino moderno, que se formaram com a criação de recursos humanos.
Foi importante a ajuda que dei ao prosseguimento dos estudos — que comecei ainda como Presidente da República, na época do Governo Nova da Costa — para a construção da ponte sobre o rio Araguari, a ponte sobre o rio Oiapoque e os recursos para a ponte sobre o rio Jari, que por três vezes foram mandados por mim e constitui uma grande frustração que ainda não tenha sido concluída.
Toda a minha atuação foi em obras estruturantes, que duram para sempre. É como dizia Rui Barbosa: “Plantar carvalho, que dura séculos, e não couve, que morre em 48 horas.” Em todos os momentos, impedi que se cometessem injustiças ao funcionalismo, civil e militar, que defendi com todas as forças. Nunca deixei de defender as causas dos servidores, que passaram a receber o décimo terceiro salário porque o criei quando exerci a Presidência da República.
Não quero fazer um relatório do que deixo, porque não deixarei nunca de trabalhar pelo Estado do Amapá, pelo qual lutarei até a morte.
Devo ressaltar que, do meu lado intelectual, também criei duas obras definitivas para o Estado: a primeira é a história do Amapá — “Amapá, a terra onde o Brasil começa” —, que escrevi e que hoje é a única obra à disposição de estudantes e intelectuais. E a segunda: no meu romance “Saraminda”, a ação se passa numa área do Amapá — esse livro hoje é referência na literatura brasileira e na mundial, para a qual foi traduzido em 12 línguas.
Trabalho ainda e, se Deus me permitir com alguns anos mais pela frente, entregarei um Guia Sentimental do Amapá, para o qual venho colhendo notas e trabalhando há tempos.
A todos que me apoiaram, que me deram três vitórias, a minha mais comovida gratidão.
Agora que estou desobrigado de votar, quero, simbolicamente, eleger o Estado do Amapá como grande destinatário do meu trabalho
Segundo maior colégio eleitoral do Maranhão, com quase 160 mil eleitores, Imperatriz, além de ser decisivo na disputa majoritária (governador e senadores), será campo de uma verdadeira guerra por cadeiras na Câmara Federal. Essa medição de força se dará entre os ex-prefeitos Sebastião Madeira (PSDB), e Ildon Marques (PSB) e o atual suplente de deputado federal Davi Alves Filho (PR), o Davizinho, herdeiro político do ex-prefeito Davi Alves Silva. Outros nomes, entre eles o secretário de Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry (PCdoB), o deputado federal João Marcelo Souza (MDB) e a ex-juíza Graça Carvalho (SD), poderão obter boas votações na Princesa do Tocantins, mas todas as situações e informações prévias indicam que o grande embate se dará entre o médico e líder tucano, o empresário neosocialista e o filho do ex-prefeito. Chama atenção fato de que esses vão travar uma disputa dura também no campo majoritário, por seus candidatos a governador.
Na avaliação de observadores da cena polpitica tocantina, o nome mais forte de Imperatriz na corrida à Câmara Federal é o ex-prefeito Sebastião Madeira. Com cacife de quatro mandatos federais e dois de prefeito, Sebastião Madeira é considerado o nome política e eleitoralmente mais forte de Imperatriz, sendo apontado com a sua maior liderança política na atualidade. Um dos articuladores da candidatura do senador Roberto Rocha (PSDB) ao Governo do Estado, vai enfrentar a máquina que comandou até dezembro de 2016, agora sob o comando do prefeito Assis (MDB) que deve fazer carga pela candidatura do deputado federal emedebista João Marcelo Souza à reeleição. O último teste de prestígio eleitoral a que foi submetido aconteceu em 2016, quando seu candidato a prefeito de Imperatriz, Ribinha Cunha, recebeu votação surpreendente. Difícil fazer uma previsão do desempenho eleitoral de candidatos às eleições proporcionais, mas há quem diga que Sebastião Madeira será o mais votado, com pelo menos 30% dos votos do eleitorado imperatrizense.
Ex-interventor, ex-prefeito de dois mandatos e ex-suplente de senador e suplente de deputado federal, o empresário Ildon Marques, capitão do Grupo Liliane, também vai para a disputa pelos votos de Imperatriz enfrentando a máquina. Depois de romper a aliança que firmara com o senador Roberto Rocha, quando este ainda estava no PSB, e de ficar em segundo lugar na corrida à Prefeitura de Imperatriz em 2016, Ildon Marques decidiu entrar na briga por uma vaga na Câmara Federal, incentivado por correligionários. A decisão só foi tomada depois que ele conversou com o governador Flávio Dino (PCdoB), a quem decidiu apoiar depois que rompeu com Roberto Rocha, quando este deixou o PSB para retornar ao PSDB. Antes de declarar apoio ao governador, o ex-prefeito foi sondado para retornar ao Grupo Sarney e apoiar a candidatura da ex-governadora Roseana Sarney ao Governo do Estado, mas recusou.
A terceira força eleitoral de Imperatriz para a Câmara Federal é o suplente de deputado federal Davi Alves Filho, herdeiro político do controvertido ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-prefeito Davi Alves Silva. Eleito em 2006 com boa votação na Cidade, Davizinho ficou na primeira suplência em 2010 e caiu ainda mais nas eleições de 2014. Mas todos os observadores avaliam que, mesmo com a influência do pai – assassinado em 1994, portanto há 22 anos – ele ainda sai de das urnas de Imperatriz com mais de 10% da votação para deputado federal. Vai para as urnas num partido que apoiará a candidatura do governador Flávio Dino à reeleição.
Numa previsão numérica concebida apenas pela lógica, portanto sem qualquer base científica – e com a qual a Coluna não concorda inteiramente -, um tarimbado observador do cenário pré-eleitoral de Imperatriz calcula que, grosso modo, dos quase 160 mil votos de lá, serão aproveitados 140 mil, que serão divididos assim: entre 50 e 60 mil para Sebastião Madeira, entre 20 e 25 mil para Ildon Marques, e entre 10 e 15 mil para Davizinho. Os cerca de 40 mil restantes serão divididos entre os demais candidatos, sendo que, devido ao apoio do prefeito Assis Ramos e à influência das forças ligadas ao governador Flávio Dino, Márcio Jerry e João Marcelo Souza poderão sair das urnas com cinco e sete mil cada um, sendo imprevisível a viação da ex-juíza Graça Carvalho.
Esse é um quadro de agora, a pouco mais de sete meses das eleições.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana Sarney irá a Imperatriz no inicio de março, depois do ato a favor de Flávio Dino
A ex-governadora Roseana Sarney (MDB) bateu martelo: vai incursionar na Região Tocantina e desembarcar em Imperatriz no dia 7 de Março. Será a largada de um movimento de pré-campanha com a qual ela pretende embalar a fase inicial da sua caminhada rumo ao Palácio dos Leões. Ela informou sobre sua viagem política a vários interlocutores, avisando-os de que essa incursão será, de fato, o seu primeiro passo como pré-candidata ao Governo, e tem o objetivo de comunicar seu projeto ao segundo maior colégio eleitoral do Maranhão. Coincidência ou não, ela ex-governadora chegará em Imperatriz cinco dias depois que o governador Flávio Dino tiver recebido um forte impulso na sua pré-campanha com o lançamento, ali, do movimento “Somos Flávio Dino de Novo”, anunciado quarta-feira na Assembleia Legislativa pelo deputado Marco Aurélio (PCdoB), um dos seus organizadores. Roseana Sarney terá como anfitrião o prefeito Assis e por lideranças do município que sempre a apoiaram. Bem informada em matéria de pesquisa de opinião, Roseana Sarney deve chegar a Imperatriz sabendo exatamente qual a sua posição na preferência do eleitorado. Se for desfavorável, vai jogar para reverter; se, ao contrário, estiver bem, aproveitará o momento para melhorar.
PT ainda alimenta crise interna que o rachou em 2006
Por maiores que sejam os esforços dos seus quadros mais sensatos para unificar o partido, o PT tem dado seguidas demonstrações de que, com maior ou menor dimensão, o racha que atingiu o partido em 2006, por conta da intervenção que o obrigou a se aliar ao Grupo Sarney, permanece em vigor. As declarações do deputado federal Zé Carlos (PT) dando apoio a um movimento interno que quer colocar o governador Flávio Dino contra a parede ameaçando lançar a candidatura do professor Raimundo Monteiro ao Governo do Estado, foram um sinal claro de que o partido está longe de encontrar o eixo. O presidente da agremiação, Augusto Lobato, que não lidera o partido integralmente, foi até o governador Flávio Dino para tranquilizá-lo, informando-o de que o PT – pelo menos a maioria dele – está do seu lado e que o movimento incorporado pelo deputado Zé Carlos é farofa sem qualquer futuro. O problema é que, como o nacional, o PT do Maranhão está vivendo uma espécie de crise de abstinência de poder, que o contaminou quando fez parte do Governo Roseana Sarney, numa extensão da aliança que o partido firmou com o então PMDB para garantir sustentabilidade ao Governo de Lula da Silva. A aliança foi feita na marra, e a maioria do partido, que queria a agremiação aliada a Flávio Dino, se conformou e aderiu à orientação do comando nacional, exceto um grupo liderado por Domingos Dutra, que deixou o partido e se filiou ao PCdoB, Bira do Pindaré, que fez o mesmo, e Márcio Jardim e Chico Gonçalves, que mantiveram o racha até que as bandas petistas se juntaram em torno do movimento liderado por Flávio Dino. Só que a cada dia vai ficando mais evidente que o racha não foi superado e que as estão alimentando as diferenças, gerando as tensões e as incertezas que agora voltam a sacudir o partido. E não há no ar sinais de que essa encrenca seja resolvida logo.
Quando, em discurso feito na terça-feira (20), acusou o governador Flávio Dino (PCdoB) de haver acumulado um déficit de R$ 1,1 bilhão no exercício financeiro de 2017, calculando ter sido 311% maior do que o de 2016, tendo, por isso, “quebrado o Estado”, e ainda avisando que a partir de agora mostrará a cada semana, com números, que o Maranhão “está falido”, segundo informações publicadas pelo jornal Valor Econômico, o deputado Adriano Sarney (PV) certamente calculou que enfrentaria rebordosa. E ela veio ontem (21), pela voz do líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Rogério Cafeteira (PSB), que rebateu cada uma das afirmações do parlamentar oposicionista mostrando números do Governo do Estado. A reação do líder governista estabeleceu que a guerra provocada por Adriano Sarney será um animado “bateu, levou”.
O líder Rogério Cafeteira jogou duro para desmontar a acusação de que o governador Flávio Dino “quebrou” o Estado. Exibindo uma série de números e informações – algumas do próprio jornal Valor Econômico -, Cafeteira classificou de “factóide” a denúncia do parlamentar sarneysista. E concluiu afirmando que, apesar da crise que vem sufocando as finanças públicas em todos os níveis, a situação financeira do Maranhão “estão muito bem”, se comparadas com as de outros entes da Federação. Rogério Cafeteira mostrou que, com base em informações do próprio jornal Valor Econômico sobre os dados do resultado primário da economia dos estados e sua relação com os repasses feitos pela União por meio da repatriação, Adriano Sarney teria criado o factóide de que o Maranhão estaria quebrado e com um déficit de R$ 1,1 bilhão.
– O foco da reportagem, na verdade, não é era a saúde financeira dos estados. O foco foi a importância da repatriação para as economias dos municípios e dos estados do Brasil. É importante nós ressaltarmos a diferença de resultados primários, de saldo em caixa. E aqui eu queria dar um número: a disponibilidade de caixa do Maranhão colocado em relatório da gestão fiscal preliminar é de R$ 1,4 bilhão – assinalou Cafeteira, explicando esse valor que o Governo mantém em caixa cobre o déficit do resultado primário, que é preliminarmente de R$ 1,1 bilhão.
Decido a mostrar que o deputado oposicionista jogou errado, o líder governista explicou que, no que tange as despesas de pessoal, o Maranhão é o 2º Estado com melhor equilíbrio na relação entre receita líquida e com gastos com pessoal. “Se formos levar também outros indicadores, que não apenas o resultado primário na avaliação fiscal dos Estados, o Maranhão tem uma situação ainda extremamente confortável. Despesas com pessoal: Nós temos 42,39% sobre a receita corrente líquida. Dívida consolidada: 51,33% da receita corrente líquida. Limite para operações de crédito: 3,61%. E regra de ouro”, destacou.
No rebate ao ataque de Adriano Sarney, Rogério Cafeteira levantou m argumento consistente e incontestável: lembrou que o próprio Valor Econômico classificou, em matéria de outubro do ano passado, o Maranhão, proporcionalmente, como a segunda melhor situação entre todos os entes da Federação no que se refere às despesas com pessoal do Poder Executivo. E consolidou o argumento lembrando que também o jornal Folha de São Paulo registrou com destaque que, ao contrário da esmagadora maioria, Alagoas, Pará, Ceará, Maranhão e Piauí não tiveram suas contas deterioradas nos últimos três anos.
– Jornal O Globo já havia mostrado também que o Maranhão é o segundo Estado que melhor controla os gastos em todo o país – assinalou Rogério Cafeteira, acrescentando: “O Maranhão tem saúde fiscal mais sólida do que em 2014” – último ano de governo de Roseana Sarney (MDB).
Exibindo a convicção de que inviabilizou o primeiro ataque do deputado Adriano Sarney ao Governo na guerra que terá desfecho nas urnas, o líder Rogério Cafeteira criticou o parlamentar oposicionista por haver, segundo ele, usado uma parte da reportagem do jornal Valor Econômico para disseminar uma notícia que, garante, não é verdadeira. “Isso, graças a Deus, é constatado por toda a imprensa e pelos órgãos que têm por função fazer essas análises”, finalizou o líder do governo.
Com sua reação, o líder Rogério Cafeteira deixou no ar a impressão de que o Governo está preparado para rebater qualquer ataque que partir da metralha oposicionista de Adriano Sarney. Vale, portanto, aguardar o petardo prometido para a próxima semana pelo porta-voz sarneysista.
PONTO & CONTRAPONTO
Região Tocantina: aliados de Flávio Dino vão lançar movimento por sua reeleição
Aliados do governador Flávio Dino vão transformar Imperatriz, no dia 02 de Março, no ponto de partida da pré-campanha do chefe do Governo à reeleição. A largada será dada num ato público em que será lançado o movimento “Somos Flávio Dino de Novo”, que deverá reunir aliados imperatrizenses e de mais 22 municípios da Região Tocantina e será a base da campanha do governador á reeleição. A deflagração do movimento foi anunciada ontem pelo deputado Marco Aurélio (PCdoB) em contundente discurso na Assembleia Legislativa. “A nossa região Tocantina toda representada em um grande ato, reconhecendo o que o Governador tem feito para fortalecer a nossa região. O trabalho feito na saúde sendo reconhecido. O trabalho feito na educação, seja com Escola Digna, seja com a criação da Uemasul, sendo reconhecido. O trabalho feito na infraestrutura com que os municípios da nossa região Tocantina estão sendo todos contemplados pelo Programa Mais Asfalto. Além de tantos outros investimentos que reforçam esse âmbito de um governo municipalista que reforça e que ajuda os municípios, indistintamente de quem está sendo o gestor desse município”, justificou. Marco Aurélio garante que o ato “Somos Flávio Dino de Novo” reunirá deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores, lideranças políticas e cidadãos do povo. Marco Aurélio avalia que o ato reunirá os líderes que acompanharam Flávio Dino em 2014 e que a elas se juntarão muitas outras que hoje reconhecem o trabalho do governador pela Região Tocantina. O parlamentar do PCdoB garante que o movimento é espontâneo, sem qualquer tipo de pressão, exatamente por ser um ato de reconhecimento e de manifestação de apoio político.
Em Tempo: Coincidência ou não, o movimento “Somos Flávio Dino de Novo” será lançado no vácuo deixado pela ex-governadora Roseana Sarney, que havia programado fazer um movimento político em Imperatriz no final desta semana, mas desistiu.
Fora do PSDB, Sérgio Frota pode ingressar no PRB ou no PR
O deputado Sérgio Frota esta vivendo momentos de indefinição em relação ao seu futuro partidário. Decidido a não permanecer no PSDB hoje sob o comando do senador Roberto Rocha, o parlamentar está avaliando duas possibilidades. A primeira é ingressar no PRB, para onde devem migrar o vice-governador Carlos Brandão e pelo menos 15 dos 29 prefeitos decididos a romper com o PSDB, e onde acredita ter espaço para levar em frente o seu projeto de reeleição. A outra é desembarcar no PR, partido controlado no estado pelo deputado Josimar de Maranhãozinho, com quem mantém um relacionamento de amizade e parceria, como na gestão do Sampaio Corrêa. Sérgio Frota gostaria mesmo era de permanecer no PSDB, pelo qual se elegeu vereador de São Luís em 2012 e deputado estadual em 2014. Mas se diz tranquilo tendo as duas opções alinhavadas.
O Grupo Sarney fez ontem uma declaração de guerra ao governador Flávio Dino (PCdoB) e seu Governo, numa demonstração direta que disparará todos os cartuchos que conseguir reunir para desgastá-lo durante a campanha eleitoral. E o fez pela palavra do deputado estadual Adriano Sarney (PV), que num discurso inesperado, principalmente pela ênfase e pela agressividade, avaliou que “o Maranhão quebrou, está falido”. O parlamentar se referiu a um levantamento publicado pelo jornal Valor Econômico segundo o qual o Maranhão teria fechado o exercício fiscal de 2017 com um déficit financeiro de R$ 1,1 bilhão, 311% maior do que o de 2016, enquanto o vizinho Piauí, governado pelo PT, teria fechado as contas de 2017 conseguindo a proeza de reduzir um déficit de R$ 536 milhões para R$ 43 milhões. “O Maranhão teve a pior performance entre os estados entre 2016 e 2017”, afirmou.
Em meio às duras críticas que fazia, o deputado do PV fugiu ao seu estilo comedido e foi mais agressivo: “Isto tudo tendo o governador comunista e mentiroso aumentado impostos para fazer campanha e gastar o dinheiro de forma irresponsável porque, após ter torrado todo o dinheiro do BNDES em campanhas municipais, agora vai entregar o Estado do Maranhão para a próxima governadora plenamente falido”.
O deputado Adriano Sarney – que é o primogênito do deputado federal Sarney Filho (PV), candidato ao Senado, e representa a terceira geração de políticos da família comandada pelo ex-presidente José Sarney (MDB) – fechou seu discurso avisando que, a partir agora, a cada semana subirá à tribuna para mostrar dados numéricos que, segundo garante, demonstrarão que “o Maranhão está falido”, e que o sucesso do Governo Flávio Dino é fruto da “propaganda comunista”. E foi mais longe: “A farra de Flávio Dino acabou. Acabou porque agora ele vai encarar a Oposição que traz números a esta tribuna. A Oposição que presta serviços a esse estado e que traz a verdade e não a mentira. As mentiras que eles gostam de contar. E toda semana subirei a esta tribuna para desmentir. Hoje estou desmentindo o fato de dizer que o Estado do Maranhão está sanado. Não está”.
O deputado Adriano Sarney deixou claro que estava pondo em prática uma estratégia destinada a bombardear a credibilidade do governador Flávio Dino e sua gestão, pretendendo com isso comprometer o seu favoritismo na corrida eleitoral. Tanto que tentou produzir uma cizânia no plenário ao afirmar que, por causa da suposta falência do Estado, os deputados não terão suas emendas parlamentares liberadas. E nessa linha de ataque, o deputado do PV foi em frente, saindo do ringue político para disparar no campo pessoal.
– Eu quero dizer, Senhor Presidente, que o Carnaval acabou, que o governador nadou de braçada nesses últimos dias, falou sozinho, falou sem Oposição, pulou o seu Carnaval, levou sua claque para falar que amava ele. Cenas que pareciam mais uma caricatura. Aquele sujeito ali no meio da multidão, que nem gostava de Carnaval, dava para ver na cara dele, mas estava fazendo ali o seu papel de Rei Momo do Carnaval – atacou, surpreendendo pela agressividade das suas declarações.
Feito de afogadilho quase o final da sessão, o discurso do deputado Adriano Sarney causou maior impacto no plenário, mas foi ouvido com muita atenção por integrantes proeminentes da bancada governista. Um deles disse à Coluna que o pronunciamento foi “um grito de desespero”, porque eles estão perdidos. Pode ter sido, mas chamou atenção a coincidência de o parlamentar ter aberto suas baterias contra o governador exatamente no dia em que se notícia que o avô dele, José Sarney, deixou de vez a política do Amapá e voltou a ser eleitor do Maranhão, podendo votar e ser votado.
O discurso do deputado Adriano Sarney foi um sinal claro de que ele e o grupo que representa jogarão pesado para fragilizar o governador Flávio Dino. O fazem sabendo, por outro lado, que o governador também tem munição o pesada para devolver os ataques.
PONTO & CONTRAPONTO
Tema atua forte em Brasília no movimento que busca mais recursos para os municípios
Em Brasília desde segunda-feira (19), o presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem) e prefeito de Tuntum, Cleomar Tema, tem atuado como um dos principais porta-vozes dos prefeitos brasileiros no movimento que lideranças municipalistas realizam nesta semana em Brasília em busca de recursos para fortalecer a atuação das Prefeituras. Ele tem cintado com o apoio da bancada maranhense. Ontem, o presidente da Famem participou de um café da manhã com parlamentares que integram a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Municípios e com representantes da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) , na Câmara Federal. O tema dominante da reunião foram os esforços das entidades representativas dos municípios pela aprovação de projetos de Lei em favor dos municípios, em especial, o AFM que prevê a injeção de R$ 2 bilhões nos município. Nesse encontro, dirigentes das entidades municipalistas e os parlamentares discutiram a tramitação de vários outros projetos que estabelecem benefícios para os municípios, nas mais diversas áreas. “Estamos numa batalha sem trégua aqui em Brasília. Estamos vigilantes e todo tempo, buscando apoio de nossa bancada e da Frente Parlamentar em Defesa dos Municípios, uma vez que são vários projetos ora em tramitação e se não lutarmos, se não mostrarmos unidade, sairemos no prejuízo”, afirmou Cleomar Tema, que retorna hoje ao Maranhão. Em conversa com prefeitos e congressistas, o residente da Famem, que retorna hoje a São Luís, assinalou que o apoio da bancada maranhense está sendo muito importante nesta luta, enfatizando que independentemente de cores partidárias, todos os parlamentares estão focados na defesa dos municípios maranhenses.
Andrea Murad vai continuar na política, provavelmente como candidata a deputada federal
Errou quem prenunciou que a deputada Andrea Murad (MDB) abandonaria o caminho das urnas. Ao contrário, ela não esconde a animação com sua carreira política e está se preparando para a corrida eleitoral, devendo disputar uma cadeira na Câmara Federal. O projeto de se mudar para Brasília a partir de fevereiro do ano que vem ainda não está inteiramente amarrado, o que alimenta também a possibilidade, bem mais remota de ela tentar a renovação do mandato na Assembleia Legislativa. Ele parece animada com a ideia de atuar na Câmara Federal, mas também demonstra que gosta da Assembleia Legislativa, e principalmente da tarefa política de fazer oposição cerrada ao governador Flávio Dino e ao Governo do PCdoB. Tanto que ontem mais uma vez ela “pegou pesado” ao cobrar do Governo a publicação do de todos os valores que entraram nas cintas públicas como multa de trânsito, levantando suspeitas de “algo está muito errado nessa política”.
“Estamos preparados para vencer”. Dita pelo presidente do PCdoB, secretário de Estado de Comunicação e Articulação Política e principal porta-voz do governador Flávio Dino (PCdoB), jornalista Márcio Jerry, em entrevista publicada na edição de domingo (18) de O Imparcial, a frase repercutiu fortemente, ganhando força de recado direto à Oposição. Houve quem concordasse plenamente com a afirmação, por entendê-la como uma manifestação que traduz o estado de ânimo dentro do Governo; mas também houve quem enxergasse nela um caso de excesso de confiança por parte do secretário. A média das interpretações das palavras do articulador-mor revela que dentro do Governo é contagiante o otimismo em relação às eleições, principalmente por conta do desempenho do governador Flávio Dino na sua corrida em busca de mais um mandato no Palácio dos Leões. O fato é que, como sempre, declarações do secretário Márcio Jerry causam forte impacto no meio político e são interpretadas como a opinião que predomina na cúpula do Governo. Não fosse assim, dificilmente o secretário de Comunicação e Articulação Política, com um recall invejável de militância, não faria declarações desse naipe com tanta ênfase.
Quando diz que ele, o governador e seus aliados estão “preparados para vencer”, o articulador-mor se vale de uma série de situações que injetaram ânimo na base governista e acenderam o alerta vermelho nas forças adversárias, a começar pelo Grupo Sarney, que tem na ex-governadora Roseana Sarney (MDB) o seu único trunfo em condições de participar da disputa pelo Palácio dos Leões. Foram informações que colocaram o Maranhão na condição de estado melhor administrado nesse momento no País.
O governador do Maranhão fechou o ano apontado como responsável pelo segundo melhor equilíbrio fiscal entre os estados, e um dos poucos a fazer investimentos fortes, principalmente em educação, saúde e segurança. E começou 2018 sendo apontado pelo portal G1, do Sistema Globo, como o governador que mais cumpriu promessas de campanha (93%), e sendo reconhecido oficialmente pelo Ministério Público estadual pelo sem empenho na luta contra a corrupção, num país onde a maioria dos governadores enfrenta algum tipo de problema nessa área e onde ex-governadores estão na cadeia. E para completar, a mais recente pesquisa de opinião para medir a corrida sucessória no Maranhão, feita pelo instituto Data Ilha e registrada no TRE, informa que se a eleição fosse hoje, o chefe do Executivo estadual seria reeleito com 62% dos votos válidos contra 29% da ex-governadora Roseana Sarney.
Ao contrário do que podem supor adversários e críticos do Governo, o secretário de Comunicação e Articulação Política não fez na entrevista uma interpretação pretensiosa nem incoerente da situação. Experiente nesse jogo, e muito tarimbado em matéria de campanha eleitoral, e como o chefe do partido que domina atualmente o tabuleiro político maranhense, Márcio Jerry é, no momento, um dos políticos mais bem informados do estado. Quando faz esse tipo de declaração, se manifesta com base em pesquisas recentes e em informações que colhe junto aos mais diversos segmentos com os quais se relaciona. São dados, se não precisos, muito próximos da realidade, provavelmente os mesmos com que a ex-governadora Roseana Sarney, e que lhe desenham um quadro razoavelmente confiável. Portanto, o secretário de Comunicação e Articulação Política sabia o que estava dizendo quando respondeu a O Imparcial.
É importante observar que a declaração completa, publicada na capa do jornal, justifica o seu desfecho. Disse o secretário Márcio Jerry: “É necessário colocar sempre à frente a agenda da mudança que ocorre no Maranhão, tudo sem desmantelar a coalizão, formada até agora por 14 partidos. Estamos preparados para vencer”.
Quando fez tal declaração, o articulador-mor do Governo mandou um recado à Oposição, certo de que os adversários teriam muita dificuldade para contestá-lo.
PONTO & CONTRAPONTO
César Pires critica Governo pela situação das MAs que cortam o Baixo Parnaíba
O deputado César Pires (PEN) fez ontem uma contundente cobrança ao Palácio dos Leões: a recuperação das MAs que cortam o Baixo Parnaíba. Ele cobrou providências urgentes para que as vias sejam recuperadas. “A região está isolada pela ineficácia do Governo do Estado”, enfatizou. Afirmando que percorreu a região e documentou o quadro, o parlamentar lamentou que a MA-034 esteja cortada. “As obras que ligam os municípios de São Bernardo (MA) a Luzilânia (PI) estão paradas, assim como o recapeamento da estrada de Chapadinha ao Pirangi. Na rodovia entre São Bernardo e Magalhães de Almeida, os buracos são visíveis. E não é só por causa das chuvas, mas pela inoperância do Governo do Estado”, destacou.
César Pires chamou atenção para o fato de que o Governo do Piauí realizou os serviços necessários em seu território, mas dentro do Maranhão só existem placas anunciando a recuperação da MA-034. “A estrada está arrebentada, destruída, cortada. Deixaram no isolamento uma região produtiva. Para chegar àquelas cidades tem que ir por Teresina, passar pelo Pirangi e voltar, ou ir por uma estrada que está quase intrafegável que liga Paulino Neves a Barreirinhas”, informou.
E usando um tom de quem estava querendo o enfrentamento verbal, o deputado codoense desafiou a bancada governista a desmentir suas afirmações. “São fatos incontestáveis. Lamento que o Governo do Estado tenha deixado acontecer esse isolamento geográfico e faço um apelo para que não vejam as minhas ponderações com ódio, mas com a responsabilidade de reparar aquela triste situação para a população do Baixo Parnaíba”, ressaltou.
Haroldo Saboia comunica ao PSOL que não será candidato neste ano
O ex-deputado federal Haroldo Saboia comunicou ao comando estadual do PSOL que não será candidato às eleições desta ano. O partido contava com a candidatura dele ao Senado ou à Câmara Federal como um trunfo para fazer uma campanha mais abrangente e aguerrida. Um dos nomes mais proeminentes da esquerda no Maranhão, nascido no antigo MDB, pelo qual se elegeu deputado estadual em 1978 e fez uma carreira política respeitável, apesar dos altos e baixos nas urnas, Haroldo Saboia peregrinou por vários partidos – sempre mais à esquerda –, se estabelecendo finamente no PSOL, pelo qual disputou vaga no Senado em 2014. Com a decisão de não se candidatar, Haroldo Saboia não encerra suas atividades políticas. Segundo o professor Odívio Neto, pré-candidato do PSOL ao Governo do Estado, o partido lamentou a decisão de Haroldo Saboia de não se candidatar, mas está certo de que contará com a experiência dele para orientar a agremiação durante a campanha. Militante político de tempo integral, com mandato ou sem mandato, o ex-deputado Haroldo Saboia certamente atenderá ao chamado do partido, motivado pela postura segundo a qual não faz política, faz história.
Por mais que a realidade seja diferente nesse ou naquele estado, não há a menor sombra de dúvida de que a corrida para a Presidência da República terá influência forte, em alguns casos, decisiva, na disputa pelos Governos estaduais. No Maranhão, o cenário é um pouco diferente da média dos estados. Essa diferença começa com o fato de que o governador Flávio Dino (PCdoB), não depende de um candidato presidencial para turbinar sua candidatura à reeleição, enquanto seu adversário mais forte, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), dependerá, de maneira quase decisiva, de um aliado forte na corrida ao Palácio do Planalto. Nesse contexto, há candidatos presidenciais fortes, que puxarão candidatos a governador sem cacife para fazer o inverso, assim como o páreo também será marcado por candidato a governador com o mesmo peso do candidato a presidente e vice versa. A Coluna examinou os casos possíveis e encontrou um cenário, se não exatamente conturbado, fortemente indefinido, mas com algumas situações que começam a ganhar forma.
O governador Flávio Dino deve caminhar para as urnas sem depender da força de candidato presidencial. E isso se explica pelo fato de que o seu partido, o PCdoB, deve lançar a deputada estadual gaúcha Manuela D`Ávila. No caso, ela dependerá do governador para obter algum resultado eleitoral no Maranhão. Se o ex-presidente Lula puder concorrer, fará uma dobradinha, ainda que informal, com Flávio Dino no Maranhão. Em caso contrário, a aliança poderá ser firmada com Ciro Gomes, candidato do PDT, que entrará na campanha maranhense para dar lastro político à candidatura senatorial de Weverton Rocha. E numa hipótese remota, mas possível, poderá compor com a candidata Marina Silva (Rede). É possível que venha até a fazer uma aliança informal com o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, caso ele ingresse no PSB e venha a ser lançado candidato a presidente. Flávio Dino poderá, finalmente, repetir a proeza de 2014, quando deixou a corrida presidencial em aberto na sua campanha.
A ex-governadora Roseana Sarney poderá fazer uma campanha sem candidato presidencial, mas todas as avaliações feitas até aqui seu projeto de voltar ao Palácio dos Leões terá, maior viabilidade se ela tiver como aliado um candidato presidencial alguém vinculado ao Palácio do Planalto, sendo ou não do MDB. Roseana, portanto, poderá ter como parceiro o próprio presidente Michel Temer (MDB), que na intimidade já admite concorrer à reeleição; e poderá fazer dobradinha com o atual ministro da Fazenda, Meirelles, que deve ingressar no PSD ou no MDB para disputar o Planalto. Numa hipótese remota, terá o apoio do senador Ronaldo Caiado, que deve ser candidato a presidente pelo DEM. Daí o rumor de que a ex-governadora só baterá o martelo sobre sua candidatura quando tiver definido o quadro de candidatos presidenciais do seu campo político.
A candidatura do senador Roberto Rocha (PSDB) a Governo será rigorosamente amarrada ao projeto do partido no âmbito nacional. Assim, Rocha fará dobradinha com o atual governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que será o candidato dos tucanos a presidente da República. E se, numa hipótese quase impossível, o PSDB não lançar candidato, Roberto Rocha disputará o Governo do Estado atrelado ao nome que o comando nacional definir. Roberto Rocha pensar numa aliança com o candidato do PPS, comandado no estado pela deputada federal Eliziane Gama. Há quem diga que esse nome poderá ser o apresentador Luciano Huck, que disse ao ex-presidente FHC que não será candidato, mas parece que não se livrou direito da mosca azul.
Se mantiver seu projeto de disputar o Governo do Estado, livrando-se da acusação de que está “abrindo estrada” para Roseana Sarney, a ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, terá como parceiro o senador paranaense Álvaro Dias, que até aqui está vem mantendo sua pré-candidatura a presidente pelo Podemos, tendo no estado apoio do deputado federal Aluísio Mendes.
O professor Odívio Neto, que deve ser confirmado candidato do PSOL ao Governo do Estado, ainda não sabe quem será o candidato do partido a presidente da República. Acredita que será o fluminense Guilherme Boulos, que disputa a indicação do partido com Plínio de Arruda Sampaio Jr.. Na sua avaliação, a julgar pelo andar na carruagem, Boulos será o candidato do partido, e se essa tendência se confirmar e ele, Ovídio Neto, for confirmado candidato a governador, os dois farão dobradinha firme no estado.
No mesmo cenário há candidatos presidenciais cujos partidos não lançaram nomes para o Governo do Estado. É o caso do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC). Seu apoiador no Maranhão é o coronel da reserva José Ribamar Monteiro Segundo, fundador e líder duma certa “União da Direita Maranhense”, que se mostra interessado em se candidatar ao Governo do Estado para fazer dobradinha com o coronel do Rio de Janeiro. Outro presidenciável que ainda não tem um suporte definido no Maranhão é Marina Silva (Rede). Seu quadro mais importante no estado era o ex-juiz Márlon Reis, um dos autores da Lei da Ficha Limpa, que migrou para Tocantins, onde será candidato a governador pela Rede. Ao que se sabe, o partido não tem ainda candidato a governador no Maranhão, o que abre caminho para uma aliança com Flávio Dino ou com o candidato tucano Roberto Rocha
O quadro é ainda marcado pela indefinição, devendo ganhar um desenho mais definido a partir de março, quando terminará o prazo para a troca de partido, quando, finalmente, todas as pendências partidárias serão resolvidas. Para o bem ou para o mal.
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Especial
Benedito Buzar chega aos 80 brindando o Maranhão com obra que resgata muito da sua memória política
Uma das personalidades mais destacados do universo cultural e político maranhense nas últimas décadas, o jornalista, pesquisador, professor universitário e ex-deputado estadual Benedito Buzar emplacou seu 80º aniversário, o equivalente a nada menos que 2.400 meses de uma existência rica e produtiva, apesar dos contratempos que teve de superar. Deputado estadual com pouco mais de 20 anos, Benedito Buzar teve sua incipiente, mas promissora, carreira política golpeada pela ditadura. Mas em vez de abatê-lo, o golpe deu força ao jornalista que marcaria época, e ao pesquisador dos fatos políticos, que ao longo de décadas resgataria e consolidaria parte da memória política do Maranhão. Buzar mergulhou nos imprecisos e desorganizados acervos documentais e conversou com os grandes nomes da segunda metade do século XX, reunindo material para remontar, por exemplo, a “Greve de 51”, que passou a ser a principal referência sobre o assunto. Nas suas incursões cada vez mais profundas nos registros espalhados dos fatos, Buzar os resgatou, alinhavou-os e presenteou a memória política do Maranhão como o denso e definitivo “Vitorinismo”. O seu faro de jornalista e sua disciplina de pesquisador incansável deram aos maranhenses “Os Prefeitos de São Luís no Século XX”, outro registro cabal da sua lavra. Outras obras em livros, reportagens alentadas e crônicas, todos ricos em informação e roteirizados por um sempre eficiente e honesto resgate dos fatos. Longe dos métodos acadêmicos amarrados às equações dialéticas, por isso arrogantes e fechados, que privilegiam contextos e desprezam fatos, Benedito Buzar produziu uma obra direta, de fácil assimilação, baseada no factual e que é fruto de perfeita simbiose na qual o jornalista investiga com faro de pesquisador e o pesquisador relata o resultado da investigação com a linguagem e a objetividade do jornalista. O saldo das suas décadas de trabalho está registrado em livros e em colunas de jornal, reconhecido por todos como uma contribuição maiúscula para a memória do Maranhão. O jornalista e pesquisador Benedito Buzar também contribuiu para a evolução do jornalismo político na TV com o célebre programa “Maré Alta”, na TV Ribamar, levado ao ar nos anos 80. E o hoje professor aposentado deixou uma marca na consolidação do Curso de Administração de Uema. Secretário de Estado da Cultura no Governo João Alberto (1990/1991), Buzar deflagrou o processo que resultou na reforma do Teatro Arthur Azevedo. Ultimamente, Benedito Buzar vem batalhando para manter de pé a mais importante associação cultural do Maranhão, a Academia Maranhense de Letras, que preside há três mandatos consecutivos. O melhor de tudo é registrar que este descendente de libaneses bem humorado – e bem casado com a igualmente bem sucedida professora Solange Buzar, com quem forma um casal apaixonado há mais de meio século – chegou aos 29.200 dias de existência saudável, e intelectualmente ativo, inquieto e curioso como sempre, dando todas as demonstrações de que o seu legado como jornalista-pesquisador ainda não está completo. E a mais eloquente demonstração disso é a sua coluna domingueira em O Estado do Maranhão – que, vale registrar, o homenageou com toda justiça, dedicando-lhe, com a ênfase devida, o caderno Alternativo deste fim de semana.