Weverton e Brandão querem o apoio de Lula, mas o líder petista quer mesmo é Dino no Senado

 

Weverton Rocha e Carlos Brandão se movem pelo apoio de Lula da Silva, que por sua vez quer mesmo é Flávio Dino e outros atuais governadores no Senado

O braço maranhense do PT está sendo colocado numa espécie de encruzilhada no que diz respeito à disputa pelo Palácio dos Leões no ano que vem. Em princípio, uma banda do partido está comprometida com vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que assumirá o Governo em abril e pleiteará a reeleição, enquanto outra se movimenta em apoio ao projeto de candidatura do senador Weverton Rocha (PDT). Majoritária e liderada pelo presidente regional do partido, Augusto Lobato, a banda que apoia Carlos Brandão justifica o apoio com om argumento de que o vice-governador tem o apoio do governador Flávio Dino (PSB), candidato ao Senado, e certa de que terá ainda o aval do ex-presidente Lula da Silva, certa de que a candidatura dele ao Planalto são favas contadas. Já a banda que se mostra alinhada ao senador Weverton Rocha argumenta que o PDT é aliado preferencial e que o senador está cada vez mais próximo do líder petista – com quem, aliás, esteve ontem -, ainda que o seu partido tenha o ex-governador Ciro Gomes como candidato a presidente e com um discurso hostil à Lula.

Tais manifestações sugerem que Lula tem um grande abacaxi para descascar no Maranhão. Primeiro porque é difícil imaginá-lo afastado do governador Flávio Dino para apoiar a candidatura de Weverton Rocha deixando de lado a do vice-governador Carlos Brandão. Por outro lado, o senador Weverton Rocha tem feito movimentos ostensivos para obter o apoio do ex-presidente à sua candidatura a governador, dando a entender, nos últimos dias, que o acordo sairá. Nesse ambiente de pressões e incertezas, Lula terá de se posicionar, mesmo sabendo que qualquer posição que tomar ferirá o outro grupo, o que não é aceitável por muitos dentro dos dois grupos.

Em busca do apoio de Lula, os dois grupos apresentam argumentos os mais diversos. Apoiadores de Weverton Rocha jogam pesado lembrando que Carlos Brandão é do PSDB, partido que foi carro-chefe, juntamente com o MDB, na pressão pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), mesmo sabendo que na época do processo Carlos Brandão já era vice-governador, não tendo qualquer participação no processo de derrubada do governo do PT. Aliados de Carlos Brandão contra-atacam lembrando que nenhum político, salvo aqueles do núcleo duro do PT, foi tão ativo em defesa do ex-presidente quanto o governador Flávio Dino, com total apoio do seu vice. Além do mais, aliados do vice criticam o senador por tentar fazer o líder petista apoiá-lo, mesmo o partido dele tendo candidato a presidente.

Em meio a esse cabo de guerra entre Carlos Brandão e Weverton Rocha pelo apoio do PT, uma informação que circulou ontem nacionalmente deslocou o eixo das atenções para o governador Flávio Dino. De acordo com reportagem publicada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo e pelo portal UOL, Lula não está muito interessado nas disputas para Governo estaduais, ou seja, nem por Weverton Rocha nem por Carlos Brandão. Sua estratégia é eleger fortes bancadas para a Câmara Federal e para o Senado, de modo a que, se eleito, venha a contar com suporte parlamentar sólido, reduzindo a dependência de anomalias parlamentares como o Centrão, por exemplo.

Em conversas informais, Lula diz torcer pela eleição do maranhense Flávio Dino (PSB), do cearense Camilo Santana (PT), do pernambucano Paulo Câmara (PSB) e do piauiense Wellington Dias (PT) para o Senado, avaliando que esse grupo tem consistência e preparo político e parlamentar para dar suporte a um eventual governo por ele comandado. De acordo com a reportagem da Folha, amargando a tutela do Centrão, o presidente Jair Bolsonaro se movimenta com a mesma perspectiva.

Independentemente do que venha a escolha de Lula para o Governo do Maranhão, o fato relevante para ele é apoiar Flávio Dino para o Senado, com quem ele poderás contar integralmente se for eleito presidente.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Desempenho em pesquisa e incursão tocantina de Edivaldo Jr. causam euforia no PSD

Edivaldo Holanda Jr. ladeado por Edilázio Jr., líder do PSD, e César Pires: euforia com a largada da pré-campanha em cidades tocantinas e com a pesquisa Escutec

O desempenho do ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. na pesquisa Escutec publicada na edição de fim de semana de O Estado e na qual apareceu em segundo lugar, ficando atrás do senador Weverton Rocha (PDT) no cenário sem a ex-governadora Roseana Sarney (MDB) injetou uma poderosa dose de ânimo no próprio pré-candidato ao Governo do Estado e no comando do seu partido, o PSD. O presidente da agremiação, deputado federal Edilázio Jr., que foi o principal articulador desse projeto junto ao comando nacional do partido, deixou de lado sua costumeira cautela para exibir rasgos de euforia com a informação. Ele acredita que o ex-prefeito de São Luís tem todas as condições de ganhar consistência e garantir lugar num segundo turno. “Estamos apenas começando”, declarou Edilázio Jr. a jornalistas, como que dando um recado aos demais candidatos e aos que inicialmente duvidaram do potencial político e eleitoral do pré-candidato do PSD. Tão ou mais animado com poder de fogo do ex-prefeito da Capital ficou o deputado César Pires, articulador político do projeto de candidatura, e para quem a pesquisa é uma “demonstração clara e inequívoca de que o caminho está certo”. A performance do pré-candidato do PSD na largada da pré-campanha acendeu o sinal de alerta nos QGs do senador Weverton Rocha e do vice-governador Carlos Brandão. Tanto que nos bastidores partidários Edivaldo Holanda Jr. já começa a ser apontado como a “terceira via” da corrida pelo Governo do Maranhão.

 

Chico Carvalho deixa o PSL após 18 anos no comando do partido no Maranhão

Chico Carvalho anuncia saída do PSL: adeus e mágoas

O vereador Chico Carvalho não mais faz parte dos quadros do PSL, partido que liderou ao longo de 18 anos, como presidente regional e vice-presidente nacional. Seu desligamento da agremiação foi anunciado ontem por ele próprio, numa conversa com jornalistas, durante a qual se mostrou decepcionado com os rumos que o partido tomou depois de ter nas suas fileiras o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos.

Com a saída de Chico Carvalho, o PSL perde um militante integral, de todas as horas, e com a experiência de nove mandatos de vereador de São Luís, com o exercício de dois períodos na presidência da Câmara Municipal. Raposa felpuda e conhecedor de todas as manhas da chamada “velha política”, Chico Carvalho resistiu bravamente ao cerco bolsonarista ao comando do PSL maranhense, usando sua habilidade para “chegar pra lá” figuras como o médico Alan Garcez e o coronel aposentado Ribamar Monteiro. Mantendo-se no comando do partido com o aval do fundador e presidente nacional, a quem apoiou na resistência à tentativa do presidente Jair Bolsonaro e sua turma de controlar a agremiação.

Mais recentemente, circunstâncias internas o fizeram passar o bastão de comando do braço maranhense do PSL ao deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que desembarcou no partido depois de perder o comando estadual do PTB e ter deixado o partido por pressão do presidente Roberto Jefferson. Chico Carvalho não opôs resistência ao desembarque inesperado de Pedro Lucas Fernandes no partido nem à ascensão ao comando partidário. Mas não ficou numa posição confortável, depois de tudo o que viveu à frente da legenda.

– Não tenho mais nada a dizer sobre o PSL. Para mim, não interessa mais. Vou seguir meu rumo e fazer a política que eu sempre fiz e que eu sempre mostrei que tenho capacidade de fazer com o partido no Maranhão – declarou Chico Carvalho, em tom de mágoa, anunciando, em seguida, que seguirá um novo caminho político e partidário.

São Luís, 06 de Outubro de 2021.

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