Troca-troca na Câmara de São Luís fortaleceu PCdoB, PDT, Podemos e DEM e eliminou PSDB e MDB

 

Boa parte dos membros da Câmara de São Luís mudou de partido para as eleições

Num jogo explícito de conveniência política em busca de sobrevivência nas urnas, nada menos que 15 dos 31 vereadores de São Luís trocaram de partido aproveitando a janela legal que lhes garantiu migrar sem risco de perder o mandato, e que se fechou na sexta-feira (04). Esta foi uma das maiores migrações partidárias já ocorridas na Câmara Municipal de São Luís em ano eleitoral, confirmando a inconsistência dos partidos políticos no Brasil, cuja maioria continua sendo formada por legendas de aluguel. A maioria dos vereadores-migrantes procurou abrigo em partidos com candidatos fortes à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), como o Podemos, que terá o deputado federal Eduardo Braide como candidato, o DEM, que disputará a Prefeitura de São Luís com o deputado estadual Neto Evangelista, e ainda o PCdoB, cujo candidato ao Palácio de la Ravardière será o deputado federal licenciado e atual secretário de Estado das Cidades Rubens Júnior. O PDT ganhou apenas dois novos, mas se tornou a maior força da Câmara Municipal. Outros partidos de menor peso na Capital ganharam apenas um migrante, cada, enquanto alguns, como o MDB, perderam o que tinham.

Turbinado pela pré-candidatura do deputado federal Eduardo Braide, até aqui liderando a preferência dos eleitores, segundo as pesquisas já divulgadas, o Podemos ganhou nada menos que três vereadores: Sá Marques (que deixou o PHS), Chaguinhas (que abandonou o Progressistas) e Marcial Lima (que se elegeu pelo PEN). Por sua vez, o DEM, focado a candidatura do deputado estadual Neto Evangelista, foi reforçado por quatro vereadores: Edison Gaguinho (que se elegeu pelo PHS), Josué Pinheiro (que abandona as hostes do PSDB), Ricardo Diniz (que deu uma guinada à direita ao deixar o PCdoB) e Estevão Aragão (que também migrou para a direita ao deixar o PPS, hoje Cidadania). O PCdoB ganhou dois vereadores de peso: o ex-presidente e atual vice-presidente da Câmara Municipal, Astro de Ogum (que deixou o PP), e Paulo Vitor (suplente no exercício do mandato), formando uma bancada poderosa, que inclui ainda os vereadores Ricardo Diniz, Fátima Araújo e Marcelo Poeta, o que representa um cacife forte para a pré-candidatura de Rubens Júnior.

Ao contrário de Podemos e DEM, que fizeram bancadas fortes, o PDT ganhou apenas um vereador nesse movimento migratório, Nato Júnior (que saiu dos quadros do PP), mas sua filiação foi suficiente para dar ao partido maior bancada no Legislativo da Capital, onde já conta com Osmar Filho, Ivaldo Rodrigues, Pavão Filho e Raimundo Penha. E no jogo de fortalecimento das pré-candidaturas, essa movimentação poderá beneficiar largamente a Neto Evangelista, a se confirmar a aliança DEM/PDT. Isso porque as duas bancadas vão se bater nas urnas na corrida pela reeleição, mas informalmente caminharão juntas em torno do nome de Neto Evangelista, já que a legislação não permite coligação na disputa para as vagas na Câmara Municipal.

Se alguns partidos se fortaleceram, outros perderam tudo o que tinham na Câmara Municipal de São Luís. O PSDB, que já foi forte na Capital, perdeu os dois vereadores que elegeu em 2016: Dr. Gutemberg, que foi homem de proa do grupo do ex-governador e ex-prefeito João Castelo, abandonou o ninho dos tucanos e migrou para o PSC, um dos braços do Grupo Sarney e que apoiará Eduardo Braide, e Josué Pinheiro, que mudou para o DEM, mirando a candidatura de Neto Evangelista. A migração também destruiu a base do nanico PRTB, que perdeu os vereadores Genival Alves, que pulou para o Republicanos, e Silvino Abreu, que se transferiu para o PMB.

No tufão migratório que redesenhou o plenário da Câmara Municipal de São Luís, a situação mais dura atingiu o MDB. O partido, que já foi muito forte na Capital, amargou derrota em 2016, elegendo apenas um vereador, Afonso Manoel Ferreira, que já tinha sido deputado estadual pelo partido sem nunca ter sido um militante emedebista. Para se eleger para a Assembleia Legislativa, a ex-vereadora Helena Duailibe, sua mulher, concorreu pelo Solidariedade, levando Afonso Manoel agora a deixar o MDB e migrar para o SD, apagando de vez a presença emedebista no Palácio Pedro Neiva de Santana.

Partidos como PSDB e MDB, triturados nos últimos tempos, terão de jogar tudo nas eleições de outubro para continuar existindo na Capital.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Grupo Sarney quer avaliar poder de fogo da candidatura de Adriano Sarney

Adriano Sarney 

Em curso nas entranhas do Grupo Sarney uma articulação discreta e cuidadosa com o objetivo de convencer o deputado estadual Adriano Sarney (PV) a avaliar seu projeto de candidatura à Prefeitura de São Luís. A preocupação da cúpula do sarneysismo é que, ao invés de conquistar um bom espaço no tabuleiro político da Capital, a candidatura do parlamentar possa desgastar ainda mais o nome da família, podendo respingar na imagem política da ex-governadora Roseana Sarney, que não quer ser candidata a prefeita porque mira o Palácio dos Leões em 2022. Se a avaliação concluir que ele pode ter uma boa votação – ninguém acredita na sua eleição -, a família e seus aliados poderão abraçar o projeto e entrar na briga apoiando sua candidatura. Nesse caso, o ex-senador José Sarney e a ex-governadora Roseana Sarney juntarão suas forças para convencer a cúpula do MDB, principalmente o deputado estadual Roberto Costa, que lidera a ala jovem do partido, que prefere lançar uma candidatura própria do MDB. Não houve ainda conversas formais sobre o assunto, mas o deputado Adriano Sarney esteve no MDB para uma conversa com o ex-senador João Alberto, mas a tsunami do coronavírus interrompeu a aproximação, que poderá ser retomada quando a onda passar.

Se a avaliação for negativa, a família tentará convencer o parlamentar a desistir da empreitada e investir num sólido projeto de reeleição.

 

Wilson Witzel acompanha a luta de Aluísio Mendes contra o coronavírus

Aluísio Mendes (D) com Wilson Witzel, que veio a São Luís para prestigiar o ingresso dele no PSC 

A evolução do quadro de saúde do deputado federal Aluísio Mendes (PSC), que se encontra internado em hospital particular em Brasília enfrentando o coronavírus, está sendo acompanhado atentamente o Palácio Guanabara, sede do Governo do Rio de Janeiro. Explica-se: o governador fluminense Wilson Witzel tem o parlamentar maranhense como um forte aliado no seu projeto presidencial. Aluísio Mendes se tornou peça importante no xadrez do governador do Rio de Janeiro quando ele rompeu com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Tanto que fez questão de vir a São Luís para participar do ato de filiação do deputado no PSC, depois que ele abriu mão do Podemos em favor do deputado Eduardo Braide. Assessores de Wilson Witzel se informam diariamente sobre o estado de saúde de Aluísio Mendes e repassam as informações ao governador.

São Luís, 07 de Abril de 2020.

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