Senado rejeita mudanças eleitorais propostas pela Câmara e impõe dura derrota a Weverton Rocha como relator

 

Weverton Rocha, ao lado de Davi Alcolumbre, viu seu relatório rejeitado no Senado

Estava escrito no cenário político de Brasília que o Senado não assumiria o ônus de confirmar o Projeto de Lei Nº 5.029/2019 aprovado de afogadilho na semana passada pela Câmara Federal e que afrouxaria grave e perigosamente as regras de financiamento das campanhas eleitorais. Estava claro também que o senador Weverton Rocha (PDT), ao assumir o desafio de relatar favoravelmente o monstrengo e tentar convencer seus colegas de que a cria dos deputados federais era uma boa, sairia arranhado do episódio. Não deu outra. Ontem, após uma frenética sucessão de reuniões e tentativas de acordo, realizadas sob forte pressão de dentro e de fora do Congresso Nacional, os senadores rejeitaram a proposta final do relator Weverton Rocha e fulminaram todas as regras polêmicas que o PL Nº 5.029/2019 trouxera da Câmara Federal, deixando apenas uma: a manutenção do Fundo Eleitoral, cujo valor deve ser de R$ 1,5 bilhão para as eleições do ano que vem.

Ao aceitar a relatoria do projeto aprovado pela Câmara Federal de maneira sorrateira, o senador Weverton Rocha assumiu conscientemente uma tarefa de alto risco, pois sabia que teria nas mãos uma bomba de elevado teor explosivo, e com pavio já aceso pela polêmica que causou ao ser encaminhada ao Senado. Com a experiência de três mandatos de deputado federal, tendo atuado como líder do PDT e da Minoria, o senador maranhense calculou que, caso conseguisse convencer a maioria dos seus colegas senadores, e o seu relatório e o PL fossem aprovados, seu ganho parlamentar e político seria enorme. E certamente tinha a mesma consciência de que uma derrota lhe custaria caro. Como relator, contava com o apoio de um grupo expressivo de senadores, a começar pelo presidente da Casa, o amapaense Davi Alcolumbre (DEM), mas também tinha no contraponto a oposição de muitos senadores, entre eles a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a mato-grossense Simone Tebet (MDB).

Inicialmente exibindo convicção de que alcançaria maioria favorável ao seu relatório, que admitia integralmente o PL aprovado pela Câmara federal, Weverton Rocha iniciou a segunda-feira mantendo o discurso. No entanto, à medida que o dia foi avançando e a pressão aumentando, o pedetista admitindo ajustes na sua proposta, acreditando que tudo se resolveria com “alguns ajustes de texto”. Já na noite de segunda-feira, a situação já lhe era totalmente   desfavorável. A programação definida para ontem, uma série de reuniões que poderiam resultar num grande acordo, foi bombardeada logo cedo, apesar dos esforços do relator, de alguns líderes e do presidente do Senado. No final da tarde, o Senado aprovou, por larga maioria, um projeto enxuto, sem nenhuma das regras polêmicas definidas pela Câmara Federal e defendida pelo relator, salvo a manutenção do Fundo Eleitoral. As demais foram mandadas para o espaço.

O senador Weverton Rocha, que aceitara o desafio de relatar um projeto-bomba, destinado a afrouxar as regras de controle de gastos de campanha, foi duramente atropelado pela forte reação que atingiu o Senado. Em pouco mais de 24 horas ele viu o desmonte da sua estratégia e assistiu, sem condições de reagir, as regras que defendia serem rejeitadas com o discurso segundo o qual, se fossem adotadas, abririam brechas para o uso de caixa 2,  para o uso indevido de dinheiro público, para a flexibilização na prestação de contas, para o perdão de erros, omissões e atrasos nas prestações, e até para o inacreditável uso, pelos partidos, de dinheiro público no pagamento de advogado para defender candidato acusado de corrupção durante a campanha, entre outras.

Conhecido por sua garra e ousadia, acentuadas pela experiência parlamentar que já acumulou, o senador Weverton Rocha fez uma aposta alta ao aceitar a relatoria de projeto tão polêmico, e foi mais longe quando decidiu admitir e defender integralmente as medidas aprovadas pela Câmara Federal. Calculou mal e perdeu na sua primeira grande cartada como articulador. Certamente vai usar a derrota como aprendizado.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Orlando Silva declara que o PCdoB lançará Flávio Dino candidato a presidente em 2022

Orlando Silva diz que o PCdoB vai lançar Flávio Dino candidato a presidente em 2022

Alguns dias depois de o próprio governador Flávio Dino haver declarado que só conversará sobre candidatura presidencial depois das eleições municipais do anjo que vem, um dos nomes mais destacados do PCdoB, o deputado federal paulista Orlando Silva, declarou que seu partido vai lançar o governante maranhense ao Palácio do Planalto em 2022. Orlando Silva, que foi presidente da UNE e depois comandou o Ministério dos Esportes no Governo de Lula da Silva (PT), deu a declaração em entrevista Rádio Jovem Pan, e não usou meias palavras nem rodeios para dar a informação.

– Flávio Dino é um extraordinário candidato a presidente. Nós vamos lançar ele candidato a presidente da República para fazer diferente. Lá no Maranhão ele tem feito uma revolução focando na educação. E é isso que nós queremos experimentar no Brasil – declarou, enfático, o parlamentar do PCdoB, que está cotado para ser candidato à prefeito de São Paulo.

Além de confirmar um projeto que o PCdoB vem alimentando há tempos, a declaração do deputado Orlando Silva alcança dois alvos. O primeiro é o reconhecimento de que Flávio Dino hoje é um dos principais nomes da esquerda brasileira e que pode ser entrar na corrida presidencial. O outro é a preocupação do PCdoB de evitar uma possível migração do governador maranhense para outro partido, como o PSB, por exemplo, que vem sondando-o há tempos, já tendo inclusive lhe feito um convite formal, assegurando-lhe a vaga de candidato a presidente da República. O PCdoB sabe que, apesar do seu lastro histórico, se perder Flávio Dino, seu futuro será marcado pela incerteza.

 

Pré-candidatos governistas a prefeito de São Luís marcam presença em evento do governador Flávio Dino

Duarte Jr., Dr. Yglésio (E)  e Neto Evangelista (entre Carlos Lula e Flávio Dino): pré-candidatos à prefeito têm sido presenças constantes nos eventos do Governo 

A inauguração, ontem, do Centro de Hemodiálise de São Luís, que pelos cálculos do governador Flávio Dino, colocará ponto final da fila dos que necessitam desse serviço, foi também um momento de medição de força dos pré-candidatos governistas à Prefeitura de São Luís. Desta vez, o deputado Neto Evangelista (DEM), ganhou impulso especial uma vez que foi designado pelo presidente Othelino Neto (PCdoB) para representar a Assembleia Legislativa. Nascido em berço político e já traquejado no jogo de poder, Neto Evangelista aproveitou a oportunidade com a habilidade raposa. Se manteve ao lado do governador Flávio Dino, a quem elogiou pela obra de Governo durante o discurso, conversou com secretários de peso como Carlos Lula (Saúde), o dono da festa, e Clayton Noleto, o responsável pelas obras físicas do Governo, aproveitando também para interagir com simpatizantes. Só que, mesmo em posição destacada pela condição de representante do Legislativo, Neto Evangelista não pontificou sozinho no evento. Ali estavam, firmes e fortes, e em clima de pré-campanha, dois concorrentes respeitáveis na corrida ao Palácio de la Ravardière, os deputados Duarte Jr. (PCdoB) e Dr. Yglésio (PDT). Os dois têm marcado presença em todos os eventos do Governo do Estado em São Luís, avisando que estão no jogo e que pretendem brigar até onde for possível pela condição de candidato. Com habilidade, o governador Flávio Dino não os aponta como candidatos, mas acompanha atentamente os movimentos de cada um, como que um deles poderá ser o nome a ser apoiado pelo Palácio dos Leões.

São Luís, 18 de Setembro de 2019.

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