São Luís tem dois grupos de candidaturas, as que disputam para valer e as que lutam para disputar

 

Sob o olhar de La Ravardière: Eduardo Braide, Duarte Júnior, Neto Evangelista, Bira do Pindaré e Rubens Júnior estão na disputa; Adriano Sarney, Carlos Madeira, Jeisael Marx, Yglésio Moises, Franklin Douglas e Hertz Dias se movem para entrar na disputa pela Prefeitura de SL

Falta apenas o PT oficializar o “sim” ao PCdoB em apoio a Rubens Júnior para que o quadro de candidatos à Prefeitura de São Luís e as alianças possíveis sejam confirmados para o que será uma disputa que produzirá outros desdobramentos além da eleição do novo prefeito da Capital. O que foi montado pelos partidos criou dois cenários na arena eleitoral ludovicense. O primeiro é formado por candidatos que vão realmente disputar a sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) – Eduardo Braide (Podemos/PSC/PDS), Duarte Júnior (Republicanos/PL/Avante/Patriotas), Neto Evangelista (DEM/PDT/PSL/MDB), Bira do Pindaré (PSB) e Rubens Júnior (PCdoB/PT/Cidadania/PMB/DC). No outro estão os candidatos que fazem força para entrar no primeiro cenário – Adriano Sarney (PV), Carlos Madeira (Solidariedade), Jeisael Marx (Rede), Yglésio Moises (PROS), Franklin Douglas (PSOL) e Hertz Dias (PSTU). Esse desenho dificilmente sofrerá mudanças, mas como toda situação política guarda uma dose de imprevisibilidade, a prudência recomenda cautela nos prognósticos, principalmente no que diz respeito ao primeiro time.

Eduardo Braide continua líder na preferência do eleitorado, mas a julgar pelo que cantaram as pesquisas até aqui e pelo poder de fogo político e partidário dos outros candidatos do primeiro cenário, faz sentido arriscar a previsão de que essa será uma eleição de dois turnos. Nos bastidores, analistas experientes se mostram convencidos desse roteiro e fazem esforços para identificar o oponente de Eduardo Braide para a rodada final. Os quatro do primeiro cenário estão distanciados por alguns percentuais, mas há diferenças importantes.

Duarte Júnior, por exemplo, tem sua faixa eleitoral, é inteligente, usa bem as redes sociais e tem potencial para crescer, mas lhe falta base política e partidária para fortalecer o seu projeto. O Republicanos tem força mediana, e o peso político do vice-governador Carlos Brandão, somado à estrutura do PL de Josimar de Maranhãozinho – que arquivou o projeto de candidatura da mulher, a deputada Detinha para apoiá-lo – podem lhe embalar a candidatura. Mas esse suporte se mostra limitado quando se avalia o poder de fogo dos demais. O futuro na sua candidatura dependerá basicamente do desempenho do próprio candidato.

Até agora, o candidato mais turbinado política e partidariamente é Neto Evangelista. Além do DEM, sua base conta com o PDT, que é o maior, mais influente mais ramificado partido de São Luís, comandado pelo senador Weverton Rocha, com o PSL, que também tem força na seara ludovicense, e agora com o MDB, que tem poder de fogo na Capital. Não bastasse isso, Neto Evangelista terá, de longe, o maior tempo no rádio e na TV, garantido pela soma dos tempos dos partidos que o apoiam. Essa soma de ingredientes o torna um candidato que pode deslanchar.

No mesmo patamar, Rubens Júnior irá para a campanha com um suporte partidário poderoso: o PCdoB que tem a marca do governador Flávio Dino, o PT que lhe dará o discurso do ex-presidente Lula da Silva e seus programas, o Cidadania que lhe assegurará a militância da senadora Eliziane Gama e seu grupo. A soma dos tempos dos três partidos e mais os segundos do PMB e do DC lhe garantirão espaço expressivo para uma campanha bem animada no rádio e na TV, combustível que também o torna um candidato altamente competitivo.

Bira do Pindaré é um candidato importante, que conhece as entranhas eleitorais de São Luís. Falta-lhe, a exemplo de Duarte Júnior, uma estrutura partidária que lhe assegure explorar a ramificação eleitoral do município. Seu partido, o PSB, vai com chapa pura, tempo de rádio e TV tímido, além de outras limitações de natureza política. Sem deixar de considerá-lo um candidato forte, que conta com uma militância fiel e aguerrida, parte dela do PT, Bira do Pindaré tem a estrutura mais tímida entre os candidatos, o que exigirá dele um desempenho excepcional.

Adriano Sarney (PV), Carlos Madeira (Solidariedade), Jeisael Marx (Rede), Yglésio Moises (PROS), Franklin Douglas (PSOL) e Hertz Dias (PSTU) têm suas virtudes, bons argumentos, excelentes propósitos, e principalmente muita vontade de ganhar o gabinete principal do Palácio de la Ravardière. Mas, a eleição do prefeito de São Luís se dá por uma liderança muito forte, exemplo de Jackson Lago (PDT) e João Castelo (PSDB), ou pelo ajuntamento de forças políticas e partidárias em torno do candidato, como ocorreu com Edivaldo Holanda Júnior em 2012 e 2016. Fora disso, só uma grande surpresa.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Wellington do Curso baterá às portas da Justiça por vaga de candidato que não tinha

Emocionado, Wellington do Curso avisa que irá à Justiça contra cúpula tucana que lhe tirou a candidatura 

O deputado Wellington do Curso anunciou ontem, em discurso emocionado na Assembleia Legislativa, que baterá às portas da Justiça para obrigar o PSDB a devolver-lhe a vaga de candidato à Prefeitura de São Luís. O parlamentar, que perdeu a condição de pré-candidato há tempos, mas só se deu conta disso quando o senador Roberto Rocha, que manda no partido no estado, e outros tucanos emplumados do ninho maranhense passaram a declarar publicamente que a sua candidatura não existia, era fruto da sua imaginação, e que, por força de um acordo firmado em 2018, o partido apoiará a candidatura de Eduardo Braide (Podemos). O tiro de misericórdia veio na semana passada, quando os chefes tucanos anunciaram a decisão numa coletiva.

Se é, de fato, um político esclarecido, como sugere sua condição de professor, Wellington do Curso certamente sabe que não há como ele conseguir que a Justiça obrigue o partido a devolver-lhe uma coisa que não lhe foi oficialmente dada. Não há uma declaração pública enfática do senador Roberto Rocha apontando-o como candidato do PSDB à Prefeitura de São Luís, como também não há registro de qualquer ato do partido na mesma direção. Logo, dificilmente a Justiça lhe dará ouvidos.

O que aconteceu foi uma pancada do parlamentar. O PSDB poderia ter liquidado essa fatura num processo cuidadoso, que poderia até convencer o pretenso candidato a abrir a vaga para o aliado, que, pelo menos até aqui, tem chances reais de se eleger. O senador Roberto Rocha deixou o barco correr, apostando que Wellington do Curso cairia em si, mas perdeu o timing, deixando para dar a pancada já próximo das convenções. Violenta ou não, essa é uma decisão partidária, tomada com base na lógica segundo a qual o PSDB tem mais chances de se dar bem apoiando Eduardo Braide, indicando-lhe o vice, do que bancar a candidatura sem muito futuro de Wellington do Curso.

Sua indignação é justificada, mas a Justiça não é o caminho para resolver essa pendenga. Pendências partidárias se resolvem nas entranhas dos partidos e não no tapetão judicial.

 

Adriano Sarney vira candidato com chapa “puro sangue”

Adriano Sarney e Vall Nascimento na convenção do PV que formalizou candidatura

Adriano Sarney saiu na frente e oficializou sua candidatura à Prefeitura de São Luís, com chapa “puro sangue” do PV, tendo como vice a fisioterapeuta Vall Nascimento, militante verde que também é atleta praticante de judô e jiujitsu. Na convenção, realizada em ambiente aberto na sua sede, no Turu, na segunda-feira, o PV municipal formalizou também chapa com 40 candidatos a vereador.

Bem situado no segundo cenário das candidaturas à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), Adriano Sarney se jactou de comandar uma chapa “puro sangue”, quando, na verdade, essa decisão só foi tomada depois que ele foi descartado pelo MDB. O agora candidato do PV tentou obter o apoio emedebista, mas suas profundas diferenças com a ala jovem daquele partido inviabilizaram a aliança.

O candidato do PV sabe que, mesmo levando em conta a imprevisibilidade de uma guerra eleitoral, as suas chances de chegar ao Palácio de La Ravardière são remotas. Para ele – que conta com o apoio do pai, o ex-deputado federal Sarney Filho, hoje secretário do Meio Ambiente de Brasília -, no entanto, a corrida sucessória municipal é uma vitrine importante, que bem usada poderá, por exemplo, facilitar sua reeleição para a Assembleia Legislativa.

Para tanto, se esforça para ser convincente:  “Trago como diferencial o meu conhecimento como economista, administrador e quase 10 anos de carreira política independente. Faremos uma gestão sem amarrações políticas e com o olhar realmente voltado para resolver os problemas de São Luís ouvindo as pessoas estabelecendo prioridades e utilizando corretamente os recursos públicos”.

São Luís, 02 de Setembro de 2020.

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