Reviravolta de Weverton em relação a Dino foi estratégica e tem objetivo claro

Weverton Rocha: mudança com objetivo claro
de ocupar o espaço aberto por Flávio Dino

A política costuma dar voltas, umas mais longas, outras mais curtas, algumas previsíveis e outras inesperadas, mas todas elas desenham situações que surpreendem. A indicação e aprovação do senador licenciado e atual ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal funcionou como campo fértil para essas situações. A iniciativa do senador Sérgio Moro (UB-PR) de, durante a sabatina, sair da sua cadeira e se dirigir à mesa da CCJ para cumprimentar efusivamente o ministro Flávio Dino, tentando desmanchar, com um gesto de “urbanidade”, uma rivalidade política e doutrinária de décadas, constituiu um exemplo acabado de reviravolta. Mas, além da ascensão extraordinária do senador Flávio Dino (PSB), nada do que aconteceu nas duas últimas semanas no complicado campo das relações políticas chamou mais a atenção de observadores maranhenses do que a reviravolta do senador Weverton Rocha (PDT), que, como num passe de mágica, aposentou a fantasia de inimigo político para voltar a ser amigão do peito do ministro da Justiça e Segurança Pública, agora ministro da Suprema Corte.

Perplexos, observadores da cena política maranhense assistiram à mudança de postura do senador em relação ao ministro, de quem se tornou uma espécie de “sombra” de uns dias para cá. A surpresa maior foi quando o senador pedetista anunciou, ele próprio, que havia sido escolhido pelo presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (UB-AP), de quem é amigo muito próximo, para ser o relator da indicação do senador Flávio Dino na Comissão. A primeira reação na imprensa foi a de que a escolha foi armada por Flávio Dino, mas logo circularam informações de que o candidato a ministro do Supremo não influenciou na decisão. Ao contrário, teria externado inicialmente certa preocupação, mas diante do clima favorável, preferiu “deixar rolar para ver no que dá”. Numa atitude pouco adequada a um relator, Weverton Rocha anunciou sua posição favorável à indicação mesmo antes de elaborar o relatório – o que, de resto, faria qualquer senador isento diante do currículo e do peso do ministro na política nacional.

À medida que o tempo foi passando, a lembrança cuidou de trazer de volta o Weverton Rocha que no dia 29 de abril do ano passado, declarou em Caxias: “O nosso grupo já tomou a decisão política: não vamos votar no Flávio Dino”. Isso porque Flávio Dino (PSB), então candidato a senador, não rompeu com o vice-governador Carlos Brandão (PSB) para apoiar a candidatura do pedetista ao Governo do Estado. Até onde se sabe, Flávio Dino em nenhum momento anterior prometeu apoiar Weverton Rocha, já que era nítido e público o seu compromisso com o então vice-governador Carlos Brandão. Por conta do seu rompimento com Flávio Dino, Weverton Rocha atraiu para si a pecha de “traidor”, despencou nas pesquisas e acabou humilhado em terceiro lugar, perdendo para o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSC).

Ao longo deste ano, Weverton Rocha se manteve como opositor do governador Carlos Brandão (PSB), fazendo de conta que permanecia afastado de Flávio Dino. Só que a ascensão de Flávio Dino ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o seu desempenho na guerra contra o golpismo e os crescentes rumores de que ele iria para o Supremo mudaram o curso do senador Weverton Rocha. Como “quem nada quer”, se reaproximou do ministro, assumindo a condição de “cabo eleitoral” e fazendo de tudo para assumir um papel que ele próprio criou para si: ter participação ativa no processo que levaria o líder maranhense ao Supremo, deixando parecer que sem ele Flávio Dino teria mais dificuldades para ser aprovado.

Tão surpreendente quanto o começo foi o fim desse enredo paralelo. Na noite de quarta-feira, na rampa de acesso à Mesa do Senado, Flávio Dino acabara de passar para agradecer a atenção do presidente Rodrigo Pacheco (UC-MG), após o anúncio do resultado da votação que consagrou a indicação do presidente Lula da Silva (PT). Ali, o senador pedetista surgiu e declarou: “Quero agradecer a todos os senadores que aprovaram o nosso relatório”, chamando para si o mérito da aprovação de Flávio Dino para o Supremo.

A tradução desse incrível movimento é um recado direto do senador dizendo que está no páreo para assumir o legado político de Flávio Dino. Conseguirá? Difícil responder agora, porque há muitas, mas muitas mesmo, controvérsias.

PONTO & CONTRAPONTO

Voto contra de senador desmentiu declaração de líder do MDB de que Dino teria os 11 votos do partido

Baleia Rossi com Orleans e Marcus Brandão: autoridade
colocada em xeque por senador capixaba

Nos bastidores mais fechados continua repercutindo a posição do MDB na votação que levou o senador Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal. O voto do senador capixaba Alessandro Vieira (MDB), aberto e contrário a Flávio Dino, foi um disparo certeiro na autoridade do presidente nacional do partido, deputado federal Baleia Rossi (SP), que ao participar em São Luís, no dia 1º de dezembro, da convenção estadual do MDB, garantiu que os 11 votos do partido no Senado seriam para o ministro da Justiça e Segurança Pública.

Como o voto é secreto, e só alguns senadores o declararam, uns a favor, outros contra, a curiosidade se voltou para o MDB, principalmente pelo fato de que seu líder nacional e seus líderes locais deram, com certeza absoluta, a garantia de que a bancada emedebista no Senado votaria em bloco a favor do senador maranhense. Isso tudo num clima de paz e amor entre o presidente Lula e o MDB.

O voto do senador capixaba levou várias fontes de informação e especular que que dos 11 votos o MDB só teria dado oito a Flávio Dino, colocando em xeque a palavra do presidente Baleia Rossi.

Edivaldo Jr. mergulhou, mas ainda não está fora da disputa para a Prefeitura de São Luís

Edivaldo Jr. submergiu

O ex-prefeito Edivaldo Jr. (sem partido) mergulhou depois que percebeu que não teria a menor chance de ser candidato a voltar à Prefeitura de São Luís como candidato do PV. Antes disso, algumas sondagens que ele fez junto a partidos visando a possiblidade de filiação não foram bem-sucedidas.

Uma fonte com trânsito na família Holanda disse à Coluna que o ex-prefeito Edivaldo Jr. ainda não bateu martelo e permanece como pré-candidato a prefeito, mesmo sabendo que suas chances estão encolhendo a cada pesquisa.

Nesse contexto, não será surpresa se o ex-prefeito, numa hipótese remota, entre na disputa com o candidato a vice do prefeito Eduardo Braide (PSD) ou do deputado federal Duarte Jr.. Ou, numa hipótese mais remota ainda, participe do processo lançando sua esposa, Camila Holanda, como candidata a vice de uma dessas chapas.

E não está descartada também a possibilidade de Edivaldo Jr. venha a se candidatar a vereador, fazendo base para disputar a Câmaras Federal em 2026.

São Luís, 15 de Dezembro de 2023.

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