O Globo “revela” “afastamento” de Brandão em relação a Dino, mas sem ouvir nenhum deles

Imagem publicada por O Globo: observado por Carlos Brandão, Flávio Dino exibe comenda

O mundo político do Maranhão começou a segunda-feira assanhado pelo disse-me-disse causado por uma matéria de O Globo, na qual o repórter Bernardo Mello afirma que o governador Carlos Brandão (PSB) estaria se afastando do ministro Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública) e estreitando relações com a família Sarney. O texto mostra uma sucessão de fatos e situações – montagem do Governo e escolha de candidato à Prefeitura de São Luís, passando pela filiação do irmão do governador, Marcus Brandão, ao MDB -, que estariam levando o chefe do Executivo estadual a “acumular atritos” com o aliado. Tudo o que está dito na matéria de O Globo já foi dito à exaustão nos mais diversos canais de comunicação do Maranhão, a começar pela blogosfera. O autor do texto só teve o trabalho de pincelar informações e montar um roteiro, que peca por falta de consistência e, mais grave ainda, por não ter ouvido o governador Carlos Brandão nem o ministro Flávio Dino.

É verdade que a relação entre o governador Carlos Brandão e o ministro Flávio Dino não é a mesma de outros tempos, já tendo sofrido algum desgaste. Mas ainda não produziu nenhum sinal que possa ser interpretado como o início de uma ruptura. E a explicação para isso é simples e se baseia na obviedade: Carlos Brandão e Flávio continuam aliados, conversam, discutem, divergem sobre isso ou aquilo, e cada um vai seguindo o rumo que traçou para si e seus aliados. O primeiro segue governando o Estado, dando continuidade aos principais programas que recebeu quando assumiu em abril de 2922. O segundo comanda a pasta mais delicada e sensível do Governo Lula da Silva, com a tarefa gigantesca de combater, ao mesmo tempo, os focos golpistas montados pela extrema direita golpista, o crime organizado nas mais diversas esferas, o controle de armas, as plataformas digitais, entre outros itens igualmente desafiadores.

Carlos Brandão e Flávio Dino são filiados ao PSB, e não há sinais de que um ou outro esteja interessado em deixar o partido. É natural o governador Carlos Brandão tenha montado uma aliança para dar sustentação ao seu Governo, ampliando o leque abrindo novas frentes de articulações, como a que o reaproximou da família Sarney, que tem o controle do MDB e é adversária do ministro Flávio Dino. O mesmo acontece com sua estratégia de manter a Assembleia Legislativa como aliada, o que está acontecendo sob o comando da deputada Iracema Vale (PSB), reunindo na base todos os deputados mais ligados ao ministro da Justiça. Hoje, a maioria dos deputados estaduais está alinhada ao governador Carlos Brandão, como esteve alinhada ao Palácio dos Leões nos dois períodos de Governo Flávio Dino. Estranho seria se fosse o contrário.

Sobre a disputa para a Prefeitura de São Luís, os movimentos do governador Carlos Brandão e do ministro Flávio Dino são no sentido de encontrar um candidato com cacife para enfrentar e derrotar o prefeito Eduardo Braide, que não é adversário fácil, tem o controle da máquina municipal e já é apontado como favorito em todas as pesquisas feitas até aqui. É verdade que o governador vem estimulando projetos de candidatura, como o do presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor, em processo de migração do PCdoB para o PSDB, quando o seu partido, o PSB, tem o nome potencialmente mais forte para enfrentar o prefeito, o deputado federal Duarte Jr.. Não será surpresa, portanto, se surgir novos nomes e a base governista lançar pelo menos dois candidatos, para levar a disputa para o segundo turno, quando a base governista se mobilizará em torno de um candidato.

E o detalhe crucial de toda essa situação de “ouvi dizer” é que nem o governador Carlos Brandão nem o ministro Flávio Dino fez qualquer declaração colocando em jogo a aliança que nos une. Ao contrário, sempre que falam na aliança defendem a unidade e pregam a eliminação das diferenças.

PONTO & CONTRAPONTO

Esvaziamento da CPMI dos Atos Golpistas deixa Eliziane em situação incômoda

Eliziane Gama é relatora da CPMI dos Atos Golpistas,
que pode ser esvaziada e até encerrada

Não é confortável a situação da senadora Eliziane Gama (PSD) como relatora da CPMI dos Atos Golpistas, que investiga os acontecimentos antidemocráticos ocorridos em Brasília nos estertores do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o início do governo do presidente Lula da Silva (PT), em especial os ataques à democracia em 8 de Janeiro.

O problema é que, conforme previram observadores experimentados de dentro e de fora do Congresso Nacional, a instalação da Comissão foi uma iniciativa precipitada, armada pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de reverter a situação e tentar incriminar a base governista. Sem refletir muito, o governo Lula da Silva decidiu comprar a briga.

Os críticos da CPMI avaliam que os bolsonaristas quebraram a cara e os governistas embarcaram numa canoa furada, que não vai levar a nada. E argumentam a uma ampla investigação policial em curso, que vai colocar toda a trama em pratos limpos. E que nesse contexto a investigação do Congresso Nacional está meio sem sentido, situação agravada pela decisão de personagens centrais decidirem nada dizer nos seus depoimentos.

Não será surpresa se a CPMI for interrompida.

André Fufuca diz que PP não tem ainda decisão em São Luís

André Fufuca nega, mas não descarta,
aliança com Duarte Jr. em São Luís

Circulou ontem a informação segundo a qual o deputado federal Duarte Jr. (PSB) teria firmado aliança com o deputado federal André Fufuca e garantido o apoio do PP à sua candidatura à Prefeitura de São Luís.

No início da noite, porém, essa versão deixou de existir, pelo menos para a Coluna, que entrou em contado com o deputado André Fufuca, que negou o acordo, mas não o descartou. “No momento, estou observando as pré-candidaturas”, disse o parlamentar informando que ele e seu partido se posicionarão na hora certa.

O presidente do PP no Maranhão disse que não é ainda momento de decisão, e não descartou que o acordo possa vir a ser feito.

São Luís, 25 de Julho de 2023.

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