Márcio Jerry agita meio político ao afirmar que “pode sim” ser candidato a prefeito de São Luís

Márcio Jerry na entrevista à jornalista Silvia Teresa, no programa Direto ao Ponto, da TV Assembleia

“Me sinto muito à vontade para, em sendo o caso, ser sim, candidato a prefeito de São Luís”. A declaração é do deputado federal reeleito Márcio Jerry (PCdoB), feita ontem em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da TV Assembleia, apresentado pela jornalista Silvia Tereza. O parlamentar explicou, porém, que não estava ali anunciando candidatura, mas apenas admitindo a possibilidade de, num amplo debate, dentro da aliança governista. “Eu conheço essa cidade, porque é aqui que eu vivo, convivo, interajo, estudo, pesquiso e milito politicamente”, acrescentou. E na justificativa de possível candidatura, disparou contra a gestão do prefeito Eduardo Braide (sem partido): “São Luís precisa de uma alternativa. Nós estamos cum uma experiência administrativa muito ruim, insípida”.

É verdade que a iniciativa de tratar do assunto não foi dele, mas da entrevistadora, que o provocou. Inicialmente o parlamentar avaliou que ainda é muito cedo para definições em relação às eleições municipais de 2024, mas suas declarações em seguida foram reveladoras de que ele está levando muito a sério a possibilidade de entrar na briga. Isso quer dizer que seu nome está posto e que ele tem disposição para participar efetivamente de um grande debate para a escolha de um nome. “Esse debate é inevitável. E, com toda modéstia, se fosse para ser um concurso público para, entre os candidatos, saber quem conhece mais São Luís, eu me candidataria e venceria esse concurso”, declarou o parlamentar, que é presidente do PCdoB no Maranhão.

Ainda que de maneira meio atravessada, e fazendo a ressalva de que “ainda é cedo”, o deputado federal Márcio Jerry entra na corrida à Prefeitura de São Luís num momento extremamente delicado da política nacional, o segundo turno da disputa presidencial, cujo desfecho, qualquer que seja ele, produzirá fortes repercussões no tabuleiro da política estadual. E também no momento em que o governador Carlos Brandão, que vai dar as cartas na seara governista, ainda depende da definição de domingo para, só depois, montar seu novo Governo. Portanto, nada será definido antes de fevereiro do ano que vem.

Nenhum interessado na Prefeitura de São Luís se movimenta sem levar em conta o fato de que o grande candidato a ser vencido será ninguém menos que o prefeito Eduardo Braide. Ele aguarda o desfecho da eleição nacional e a acomodação das forças vencedoras para, primeiro, resolver o seu destino partidário, após o que entrará no circuito como aspirante assumido à reeleição. Se o seu governo se mantiver como agora, sem delongas e causando em todos a impressão de que sua gestão está dando certo, ficará feio. Enfrentá-lo nas urnas será um desafio e tanto, até mesmo para um político forte e experiente como o deputado Márcio Jerry.

Com a tarimba das raposas felpudas, e com a experiência de quem coordenou a campanha do então deputado federal Edivaldo Holanda Jr. (PSD) à Prefeitura de São Luís, em 2012 e em 2016, e foi um dos chefes mais ativos guerra pelo voto na campanha do governador Flávio Dino em 2014 e em 2018, o deputado federal Márcio Jerry conhece como poucos o mapa político e eleitoral de São Luís. Ele sabe o que está fazendo quando aceita uma provocação feita pelo prefeito e responde revelando sua disposição de chegar ao Palácio de la Ravardière.

O deputado Márcio Jerry poderá entrar no jogo em 2024 enfrentando, além de Eduardo Braide, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. e o deputado federal Duarte Jr. (PSB), até aqui tido por muitos como o mais forte adversário do prefeito Eduardo Braide, com quem se bateu em 2020. Sua posição será sumariamente fortalecida se ele obtiver o aval do governador Carlos Brandão e o apoio do senador Flávio Dino.

PONTO & CONTRAPONTO

Debate: Lula mantém equilíbrio e consegue neutralizar as investidas de Bolsonaro

Lula da Silva pautou o debate e deixou Jair Bolsonaro desarmado

Quem assistiu ao debate de ontem na Rede Globo entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula da Silva (PT), com isenção jornalística, livre, portanto, do condicionamento imposto pela paixão de posicionado, foi dormir com a forte impressão de que o líder petista conseguir neutralizar as investidas do candidato do PL e foi para casa apontado como vencedor do confronto decisivo. Não foi uma vitória demolidora, com a força de um nocaute, mas foi obtida por pontos em cada round, o suficiente para desarmar o presidente Jair Bolsonaro e conduzir o enfrentamento de maneira propositiva e sob controle. Adotada de maneira eficiente pelo candidato do PT, a estratégia de não “bater boca” nem trocar insultos com o adversário funcionou a olhos vistos. Lula da Silva usou sua vasta experiência para mostrar a fragilidade de Jair Bolsonaro como gestor.

Lula da Silva não vacilou, não se deixou atingir pelas provocações de Jair Bolsonaro, conseguindo pautar o debate com o maior número de proposições. Mostrou-se um candidato equilibrado, cauteloso, mas muito seguro nas suas afirmações, principalmente em relação a temas polêmicos, como aborto e corrupção. Demonstrou conhecimento sobre todos os temas lhe foram propostos, recorreu pouco a papéis e não usou “colinha” escrita nas mãos. Conseguiu desviar-se da maioria das “cascas de banana” que o presidente atirou no seu caminho, ao mesmo tempo que deixou o candidato do PL sem respostas ou respondendo de maneira confusa. Usou o espaço com movimentos medidos, evitando ombrear-se com Jair Bolsonaro. Lula da Silva foi mais comedido e optou por falar direto com o telespectador, evitando o máximo possível se aproximar do presidente. Se movimentou sempre saindo da bancada, índice para a câmera e retornando à bancada. Se não dominou completamente a cena, fez o suficiente para neutralizar o adversário, que foi preparado para provocá-lo e desestabilizá-lo. Lula terminou sua participação com uma mensagem serena, mas firme, pedindo votos.

Jair Bolsonaro não conseguiu escondeu a tensão. Usou todo o seu arsenal de adjetivos depreciativos contra o ex-presidente, mas a maneira como falou e se movimentou no cenário tirou dele a serenidade que precisava para dar mais credibilidade às suas declarações. Pareceu ter cumprido o roteiro que lhe prepararam, mas a sua intensa movimentação, andando de pernas abertas e preocupando-se em atacar o adversário com munição recorrente – petrolão, aborto, relações com Cuba e Venezuela, etc.. Não conseguiu potencializar nenhum desses temas contra o adversário. Em alguns momentos pareceu perplexo ante investidas de Lula da Silva, como que apanhado de surpresa e sem a “colinha” para socorrê-lo. O presidente tentou várias vezes se aproximar do ex-presidente, mas foi por ele repreendido com um sonoro “Não quero você perto de mim”. O presidente Jair Bolsonaro terminou o debate com o seu bordão recorrendo ao “Deus acima de todos”.

Qualquer avaliação honesta do debate certamente chegou à conclusão de que o ex-presidente da República teve desempenho mais eficiente do que o atual presidente, sem tê-lo nocauteado.

São Luís, 29 de Outubro de 2022.

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