Flávio Dino será candidato à reeleição ou a uma vaga no Senado? Essa pergunta já domina o cenário político maranhense

 

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Flávio Dino discursa no Palácio do Planalto em nome de personalidades que levaram apoio à presidente Dilma Rousseff, ato que ampliou sua presença no cenário político nacional

Algumas avaliações do cenário político do Maranhão para as decisivas eleições de 2018 sugerem dois caminhos para o governador Flávio Dino (PCdoB). O primeiro é o rumo natural da busca da reeleição, mais motivado pela construção de um legado como gestor que nos discursos como candidato, e mesmo depois de eleito, assumiu e repicou o compromisso de transformar social, econômica e politicamente o Maranhão. E o segundo será lustrar suas credenciais políticas e seguir para o Senado da República, de onde tem as condições necessárias para ocupar um espaço de liderança e de comando na seara da esquerda, hoje sem rumo com o trucidamento moral e político das suas principais referências. Entre assessores e interlocutores não há dúvida de que as duas possibilidades balançam o governador, que trabalha na construção da via que lhe dará mais um mandato, por considerar que três anos e meio é pouco tempo para operar as mudanças que tem em mente. Mas nenhum deles duvida de que Flávio Dino se mantém atento às marchas e contramarchas da política nacional e atua para fortalecer seu link com segmentos e movimentos que enxergam nele um político com estatura para representá-lo.

As mesmas avaliações indicam que, passadas as eleições municipais e deflagrada a corrida para as urnas de 2018, Flávio Dino começa a se deparar com os dois caminhos e a avaliar qual dos dois se encaixa mais na sua realidade de governador compromissado. Só que, de acordo com informações alcançadas pela Coluna, ele tem sido pressionado por líderes intermediários no sentido de que se lance no cenário nacional como uma referência capaz de aglutinar forças de esquerda hoje solta após dispersadas pela desconstrução impiedosa do PT, que alcança também o seu partido, o PCdoB. O influente secretário Márcio Jerry, que preside o PCdoB e cuida da Comunicação e Articulação Política, é firme quando afirma que o governador é candidato à reeleição, mesmo sabendo em política não cabem decisões tão fechadas com tanta antecedência num cenário em que a incerteza está no ar.

Do ponto de vista eleitoral, o governador Flávio Dino não terá maiores problemas na corrida às urnas em 2018. Se optar mesmo por concorrer à reeleição e der continuidade ao seu projeto transformador, dificilmente surgirá um candidato capaz de atropelá-lo. O nome mais reluzente da oposição é a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), mas mesmo entre os seus aliados mais fiéis é dominante a impressão de que ela não correrá o risco de entrar num embate direto com o seu sucessor. O segundo nome seria o senador Roberto Rocha (PSB), que tem se movimentado procurando o seu próprio caminho, é quase unânime entre os políticos que ele ainda não terá condições para um confronto direto com o ex-aliado, devendo se preparar para 2022, quando certamente terá chances reais de chegar ao gabinete principal e a ala residencial do Palácio dos Leões. Fala-se ainda no senador João Alberto, mas o ex-governador tem as credenciais, é respeitado, mas tem os pés muito fincados no chão para encerrar sua carreira com um passo de tamanho risco. Ou seja, a menos que aconteça algo excepcional ou ele dê um tropeço monumental, o que é rigorosamente improvável, Flávio Dino tem cacife para se reeleger com facilidade.

Se a sua opção for pelo Senado, e assim ocupar espaço político nacional, Flávio Dino não terá maiores dificuldades de se eleger. Para começar, serão duas vagas, o que facilita muito a viabilização da sua eleição. E se continuar como prestígio que tem agora, poderá até emplacar o segundo candidato na sua conta política. Nesse caso, a pergunta que se faz é: entregaria o governo ao vice Carlos Brandão, presidente estadual do PSDB? É dominante a impressão de que não entregaria, menos por Carlos Brandão, mais pelo PSDB, que certamente daria uma guinada radical no Governo do PCdoB/PDT, algo na mesma proporção do que está fazendo Michel Temer (PMDB) com o Governo de Dilma Rousseff (PT). A solução mais lógica nesse caso seria mandar Caros Brandão para a Câmara Federal e entregar o Governo para o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT), com quem é muito afinado. Mas, ao contrário do projeto de reeleição, a opção senatorial é remota.

Qualquer que seja a decisão que vier a tomar com relação ao seu futuro político, o governador Flávio Dino terá de fazê-lo já no ano que vem, de modo a que possa viabilizar o projeto o quanto antes. Ele tem o controle do Governo e tem voz de comando no seu grupo, mas sabe que do lado de fora seus adversários farão de tudo para melar qualquer movimento que vise o seu avanço político.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. sofre pressões para mexer na equipe
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Edivaldo Jr.: sob pressão de aliados por cargos 

Desde o dia seguinte à votação do 2º turno da disputa pela Prefeitura de São Luís, na qual foi reeleito, o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) começou a sofrer uma forte pressão para fazer algumas mudanças na sua equipe de Governo. Os movimentos começaram com rumores leves nos bastidores, foram ganhando corpo e, ao que parece, já começaram a desembocar no gabinete do prefeito. Pelas conversas que se ouve aqui e ali, o alvo maior da cobiça de aliados é a Secretaria Municipal de Saúde, uma pasta-desafio, mergulhada em problemas, mas que nos últimos dois anos ganhou um rumo sob o comando da vereadora Helena Duailibe, uma médica experiente que, antes de ser convidada pelo prefeito Edivaldo Jr., já havia comandado a Secretaria de Estado da Saúde no Governo José Reinaldo Tavares, sido subsecretária no Governo Jackson Lago e secretária municipal da área no Governo João Castelo. Os rumores de que Helena Duailibe estaria de saída do comando da pasta vieram à tona depois da eleição do seu marido, o ex-deputado estadual Afonso Manoel Ferreira para a Câmara Municipal. As pressões estariam saindo do PDT e do PCdoB, os principais suportes políticos do Edivaldo Jr. na vitoriosa corrida pela reeleição. Na ciranda dos rumores, corre nos bastidores que Helena Duailibe deixaria a Saúde municipal para assumir na estadual como subsecretária do secretário Carlos Lula, o que abriria a vaga para a indicação do PDT ou do PCdoB. Há, porém, sinais fortes de que o prefeito estaria satisfeito com o trabalho de Helena Duailibe e dificilmente cederá a pressões, havendo também indicações de que, com o marido vereador-eleito, a ainda vereadora licenciada preferiria continuar no comando da Saúde de São Luís.

Imbróglio sobre desvios na Fazenda conta rendendo
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Roseana e seus advogados querem iuíza o acordo entre a juíza Cristiana Ferraz e o promotor Paulo Ramos

Continua rendendo nos bastidores da política e da Justiça o imbróglio causado pelas declarações do promotor Paulo Ramos, titular da 2º Promotoria de Defesa da Ordem Tributária e Econômica de São Luís, sobre um acordo que ele teria feito com a juíza Cristiana Ferraz, que responde pela 2ª Vara Criminal da Capital, sobre a denúncia atingindo uma suposta “organização criminosa” e por ele oferecida e por ela acatada sobre supostos desvios na Secretaria de Estado da Fazenda na gestão de Cláudio Trinchão na concessão de incentivos fiscais a empresas que se instalaram no estado durante o Governo de Roseana Sarney. O caldo engrossou ainda mais ao longo da semana com a revelação, feita por fontes ligadas à ex-governadora, de que a peça foi montada com base em documentos das Secretarias de Estado da Fazenda e de transparência e Controle e da procuradoria Geral do Estado e entregue quase pronta ao promotor Paulo Ramos, que apresentou-a à imprensa e protocolou-a na Justiça como sendo da sua lavra, segundo afirma densa reportagem do jornalista Gilberto Leda publicada na edição de fim de semana do jornal O Estado. Para lembrar: o promotor Paulo Ramos acusa a ex-governadora Roseana Sarney de liderar a “organização criminosa” que teria operado tais desvios, e pede que ela seja perca seus direitos políticos por oito anos e devolva cerca de 150 milhões aos cofres públicos. Seus advogados, que antes criticavam a peça de ser “vazia” e “sem substância”, depois das declarações das descuidadas declarações do promotor já acreditam que as declarações do promotor sobre o tal acordo com a juíza condenaram a denúncia ao arquivo morto da Justiça. O fato é que houve constrangimento, ditos e desmentidos no Ministério Público e no Tribunal de Justiça, mobilizou corporações e entidades sindicais e instituições como a OAB.

São Luís, 12 de Novembro de 2016.

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