Fábio Gentil mostra que tem jogo político e que enxerga além dos limites da guerra paroquial de Caxias

 

Fábio Gentil entre os representantes caxienses Cleide Coutinho, Adelmo Soares e Zé Gentil(seu pai): desenvoltura política no centro nervoso da Assembleia Legislativa

A sessão de reabertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa, segunda-feira (5), aconteceu rigorosamente dentro dos padrões: mais de 30 dos 42 deputados compareceram e se relacionaram em clima de confraternização, num ambiente descontraído. Um dado, no entanto, funcionou como diferencial: a desenvolta, animada e bem-sucedida incursão que o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (PRB), fez no plenário do Parlamento. Ali, acompanhado pelo pai, o igualmente animado deputado Zé Gentil (PRB), ele cumprimentou efusivamente a todos os deputados presentes, saudou a Mesa Diretora, trocou informações em pequenas rodas, concedeu inúmeras entrevistas, registrou, ele próprio, momentos da ação no celular, foi festejado pela esquerda, pelo centro e pela direita, e igualmente tratado por situacionistas e oposicionista. Ao sair do plenário, cerca de uma hora mais tarde – após conferir se todos os deputados receberam um DVD com informações sobre a Caxias -, deixou em todos a impressão de que está em campanha aberta pela reeleição, mas vislumbrando um horizonte político muito mais amplo.

Não é comum prefeitos incursionarem no plenário da Assembleia Legislativa durante sessões. Vez por outra o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), que comanda a Capital, comparece ali para algum compromisso, mas raramente se registra a presença de um Assis Ramos (DEM), que dá as cartas em Imperatriz, ou de um Luciano Leitoa, de Timon e preside o PSB no estado. E quando um ou outro aparece, o faz de maneira discreta, como o prefeito de Pinheiro, Luciano Genésio (PP), que esteve ali algumas vezes, mas apenas para visitar discretamente a mulher, deputada Thaíza Hortegal (PP). Isso acontece por razões diversas, a começar pelas diferenças políticas. A incursão do prefeito de Caxias, na sessão inaugural, quebrou esse paradigma. Ele adentrou ao plenário com a autoridade de quem comanda o município que abriga a quarta maior população do Maranhão, que tem um peso diferenciado no cenário político estadual e que é respeitado pela sua tradição de independência política. E o fez motivado pelos ecos da festa do fim de semana, quando os caxienses comemoraram o aniversário da cidade (1º de Agosto) e os 196 anos da Adesão de Caxias à Independência, (7 de Agosto), e que levou à cidade um expressivo número de convidados, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB), e o vice-governador Carlos Brandão (PRB).

Pela maneira como circulou no centro nervoso do Palácio Manoel Beckman, o prefeito de Caxias demonstrou ser politicamente bem maior do que muitos imaginavam. Isso ficou claro pela maneira cordial com que tratou, por exemplo, a deputada Cleide Coutinho (PDT), que comanda o legado político do ex-deputado Humberto Coutinho e encarna o papel de arqui-adversária na política caxiense, com quem deve disputar a Prefeitura no ano que vem. Dispensou tratamento de político maduro e tarimbado a deputados governistas, incluindo os mais ligados ao Palácio dos Leões, que por força partidária apoiarão o projeto do Grupo Coutinho, fazendo o mesmo com parlamentares independentes e de Oposição. Deu uma demonstração de que sua visão política vai bem além das amarras grupais que travam movimentos mais ambiciosos. Comportou-se, enfim, como um político pragmática, que não se submete às fronteiras imposta pela guerra paroquial.

Nas conversas paralelas travadas durante e após a sessão, ouviu-se muito declarações do tipo “Esse cara é bom” e “Esse aí vai longe”, mas também indagações do tipo “Onde ele está querendo chegar?!”, e ainda estocada como “Está querendo se mostrar”. Mas o fato é que, com seu jeito meio despojado roqueiro cinquentão, apesar do terno bem composto que vestia, o prefeito de Caxias exibiu um forte apetite político, sinalizando com clareza que tem fôlego e desinibição suficientes para brigar pela reeleição e para dar passos mais audaciosos depois de concluir seu compromisso de gestor municipal. E tem os seus movimentos embalados por uma gestão que, segundo até mesmo alguns adversários, tem produzidos bons resultados: a cidade está bem cuidada, as escolas estão funcionando a contento, a rede de saúde presta bom atendimento, os servidores estão em dia e a Princesa do Sertão dá sinais de que vive, de fato, um bom momento.

Todas evidências sugerem que o prefeito Fábio Gentil ocupou na política caxiense um espaço muito maior do que muitos esperavam, e que o seu desempenho administrativo e sua desenvoltura política fizeram dele um adversário muito difícil de ser batido. Sua incursão na Assembleia Legislativa foi uma dessas evidências.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Posse da vice de Dutra é normal, mas ela deve ter cautela para evitar uma crise em Paço do Lumiar

Paula da Pindoba vive o desafio de substituir temporariamente o prefeito Domingos Dutra

Por mais que alguns partidários do prefeito Domingos Dutra (PCdoB) se sintam incomodados, a posse da vice-prefeita Paula Azevedo, também conhecida como Paula da Pindoba, é um fato da mais absoluta normalidade administrativa e institucional. Não poderia acontecer outra coisa. O prefeito Domingos Dutra sofreu um AVC violento, está internado, sua recuperação está em curso, mas é lenta, causando por isso uma forte tocar o barco lumience de acordo com a sua visão de gestora, garantindo a dinâmica que o prefeito Domingos Dutra vinha imprimindo à sua gestão, dando a Paço do Lumiar, que está entre os sete maiores municípios maranhenses, uma nova feição urbana. Certamente não está sendo fácil para ela substituir o prefeito Domingos Dutra, um político diferenciado, de esquerda, de personalidade forte, posições firmes e com uma visão de política que foge ao padrão, principalmente quando tem por perto a primeira-dama Núbia Dutra, uma advogada de personalidade muito forte e que não dispensa uma boa briga quando a posição do marido está em jogo. Paula da Pindoba terá de agir com firmeza, mas também com muita cautela, ciente de que não é titular do cargo e que o prefeito poderá retornar em algum tempo. Qualquer atitude precitada poderá desencadear uma crise política grave e de desfecho imprevisível. A cautela também serve para os partidários de Domingos Dutra, que nesse momento só têm de aguardar e torcer pela sua recuperação.

 

Josimar de Maranhãozinho “ganha” o Incra e reforça seu cacife político em Brasília e no Maranhão

Josimar de Maranhãozinho emplacou Mauro da Hidrale no comando regional do Incra

Não surpreendeu a nomeação do engenheiro e empresário Mauro Rogério Maranhão Pinto no cargo de Superintendente Regional do Incra no Maranhão por indicação do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL). Mais conhecido como Mauro da Hidrale – referência à Hidrale Projetos e serviços, empresa da qual é sócio -, o novo superintendente do Incra é engenheiro ambiental, engenheiro de segurança do trabalho e tecnólogo em saneamento ambiental. Empresário, ele é sócio da Hidrale Projetos e Serviços. A indicação é reveladora do poder de fogo que Josimar de Maranhãozinho conseguiu em Brasília com a “minibancada” federal do PL que controla, formada por ele próprio e os deputados Júnior Lourenço e Pastor Gildenemyr. Com ela, ele tem força dentro da bancada nacional do PL e, segundo um colega seu, criou um canal direto com o ministro-chefe da Casa Civil, Onix Lorezoni, com quem negociou e conseguiu vários pleitos, incluindo a nomeação de Mauro da Hidrale para o comando do Incra no estado. Com a nomeação, Josimar de Maranhãozinho cria o seu próprio “feudo”, a exemplo do senador Roberto Rocha (PSDB), que tem o controle do braço da Codevasf no estado. O controle do Incra dá ao parlamentar mais um reforço importante no seu projeto político.

São Luís, 07 de Agosto de 2019

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