Eleição na Famem será um confronto entre forças da situação e da oposição no atual cenário político do Maranhão

 

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Cleomar tema e Irlahi Moraes lideram chapas que disputarão o comando da Famem no pleito do dia 16

Prevista inicialmente para ser um processo sucessório sem maior repercussão, a eleição para o comando da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem) ganhou a conotação de uma disputa entre aliados do Governo Flávio Dino e integrantes da oposição capitaneados pelo comando estadual do PMDB. A disputa se dará entre duas chapas, a “Prefeito Humberto Coutinho”, liderada pelo prefeito reeleito de Tuntum, Cleomar Tema Cunha (PSB), e a “Famem para todos”, que tem na cabeça a prefeita reeleita de Rosário, Irlahi Moraes (PMDB). A primeira reúne líderes municipais alinhados ao Palácio dos Leões, embora abrigue na sua formação prefeitos pemedebistas; a segunda expressa forças de oposição, mesclada também com prefeitos de partidos governistas, como o PCdoB e PSDB. A vitória da chapa comandada por Cleomar Tema garantirá uma convivência normal, que muitos preveem como produtiva, da entidade com o Palácio dos Leões, enquanto a vitória da chapa presidida por Irlahi Moraes prenuncia uma convivência, se não de confronto, de reivindicações e cobranças. Os dois grupos têm um ponto comum: querem tirar a Famem da inexpressividade em que ela foi mergulhada nos últimos anos e devolver-lhe o importante papel corporativo e político sempre teve na vida estadual.

Criada nos anos 80 do século passado por um grupo de jovens prefeitos liderados pelo então prefeito de Lago da Pedra, Waldir Jorge – irmão da ex-prefeita Maura Jorge -, a Famem se tornou a voz do municipalismo, tendo também sido um espaço importante de articulações políticas. À sua frente estiveram nomes importantes, como, por exemplo, o ex-governador Luiz Rocha, então prefeito de Balsas. Nas suas três décadas de existência, a entidade viveu altos e baixos, mas sempre exercendo um papel importante na vida dos municípios maranhenses.

Todas as avaliações indicam que a chapa “Prefeito Humberto Coutinho” – uma homenagem ao ex-prefeito de Caxias e hoje presidente da Assembleia Legislativa, deputado Humberto Coutinho (PDT) – é favorita. Cleomar Tema começou a trabalhar no dia seguinte ao resultado das eleições municipais, abrindo diálogo com prefeitos eleitos e reeleitos das mais diversas regiões do estado. Seu discurso é simples e direto, baseado principalmente na sua experiência de prefeito que inicia nada menos que o seu quinto mandato, o que lhe confere o status de especialista em assuntos municipais, incluídos aí problemas e soluções. Político experiente e traquejado na seara municipalista, Tema conhece o “caminho das pedras”, sabe por onde transitar, e mostrou isso ao reunir até agora uma ampla rede de apoio, a começar por vários prefeitos que haviam manifestado interesse em se candidatar à presidências da entidade. Em todas as avaliações ele é apontado como futuro presidente.

A chapa “Prefeito Humberto Coutinho” tem a seguinte composição:

Presidente: Cleomar Tema (PSB – Tuntum), 1º Vice: Djalma Melo (PTB – Arari), 2º Vice: Miltinho Aragão (PSB – São Mateus), Secretário Geral: Juran Carvalho (PP – Presidente Dutra), 1º Secretário: Emanuel Aroso Neto (Alto Alegre do Maranhão), 2º Secretário: Gerânio  Xavier (PDT – Igarapé Grande), Tesoureiro Geral: Henrique Salgado (PCdoB – Pindaré-Mirim), 1º Tesoureiro: Eric Costa (PCdoB – Barra do Corda), 2º Tesoureiro: Luciano Genésio (PP – Pinheiro), Diretor de Educação: Valmir Miranda (PDT – Colinas), Diretor de Saúde: Romildo Damasceno (PSDB – Tutóia), Diretor de Assistência Social: Valéria Castro (PSDB – Presidente Sarney), Diretor de Meio Ambiente: Carlinhos Barros (PCdoB – Vargem Grande), Diretor de Cultura: Conceição Castro (PP – São Vicente Ferrer), Diretor de Orçamento e Finanças: Gleydson Resende: (PCdoB – Barão de Grajaú), Diretor de Segurança: Fufuca Dantas (PMDB – Alto Alegre do Pindaré), Diretor Jurídico: Tiago Ribeiro (PCdoB – Feira Nova do Maranhão), Diretor de Infraestrutura: Arquimedes Bacelar (PTB – Afonso Cunha), Representação em Brasília: Padre Domingos (PSB – Matões do Norte). Conselho Fiscal: Efetivos: Rodrigues da Iara (PDT – Nina Rodrigues), José Martins (PMDB – Bequimão), Luis Filho (PT – Coroatá), Conselho Fiscal: Suplentes:  Lahésio Bonfim ( PSDB – São Pedro dos Crentes), Adelbarto Santos (PCdoB – São Francisco do Maranhão) e Laércio Arruda (PSDB – Lago da Pedra).

A prefeita e candidata a presidente Irlahi Moraes é também uma política experiente, pois vem de uma militância forte no PMDB, onde conviveu com raposas como Epitácio Cafeteira, Mauro Bezerra, Cid Carvalho e Renato Archer, estando hoje articulada com o senador João Alberto, o deputado federal João Marcelo e com o deputado estadual Roberto Costa. Ao se reeleger prefeita de Rosário, um município importante, mas que vinha sendo vitimado por gestões desastrosas e corruptas, a pemedebista se impôs como líder “em casa” e em toda a região do Munim. E foi com base nesse cacife e na experiência que acumulou como vereadora e prefeita, que ela decidiu tentar a presidência da Famem, incentivada também pela cúpula do PMDB, que é a base do Grupo Sarney. Nas conversas sobre o futuro da Famem, a chapa liderada por Irlahi Moraes não é apontada como favorita, mas vem gerando forte expectativa.

É a seguinte a composição da chapa “Famem para Todos”:

Presidente: Irlahi Moraes (PMDB – Rosário), 1º Vice: Assis Ramos (PMDB – Imperatriz), 2º Vice: Maurício Fernandes (PCdoB – São Benedito do Rio Preto), Secretário Geral: João Piquiá (PRB – Sítio Novo), 1º Secretário: Albérico Ferreira (PMDB – Barreirinhas), 2º Secretário: Antonio Ataíde (PMDB – Cachoeira Grande), Tesoureiro Geral: Miguel Lauande (PRB- Itapecuru Mirim), 1º Tesoureiro: Vanderly Monteles (PSDB – Anapurus),  2º Tesoureiro: Thalita Dias (PMDB – Água Doce do Maranhão), Diretor de Educação: Luciene Duarte (PV – Bom Lugar), Diretor de Saúde: Magno Teixeira (PP – Presidente Juscelino), Diretor de Assistência Social: Dídima Coêlho (PMDB – Vitória do Mearim), Diretor de Meio Ambiente: Mercial Arruda (PMDB – Grajaú), Diretor de Cultura: Geraldo Amorim (PMDB – Peri Mirim), Diretor de Orçamento e Finanças: José Farias (PMDB – Brejo), Diretor de Segurança: Fred Maia (PMDB – Trizidela do Vale), Diretor Jurídico: Sidrack Feitosa (PMDB – Morros), Diretor de Infraestrutura: Roberto Maues (PP – Paulino Neves), Representação em Brasília: Osmar Fonseca (PT – Lago do Junco), Conselho Fiscal – efetivos: Fernando Teixeira (PMDB – Cidelândia), João Igor (PMDB – São Bernardo), Gilberto Braga (PSDB – Luis Domingues), Conselho Fiscal – suplentes: Lindomar Araújo (PROS – Marajá do Sena), Zé da Folha (PMDB – São Domingos do Maranhão) e Cláudia Silva (PSDB – Monção).

Em Tempo: A eleição para o comando da Famem está marcada para o dia 16.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Temer prestigia Sarney ao levá-lo aos funerais de Mário Soares
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O ex-presidente José Sarney e os presidentes Michel temer e Marcelo Rabelo de Sousa conversam no Palácio de Queluz, antes de seguirem para os funerais de Mário Soares

O presidente Michel Temer fez a gentileza de convidar o ex-presidente José Sarney para acompanhá-lo na viagem a Portugal, para os funerais do ex-presidente português Mário Soares, o mais importante líder do processo com a Revolução dos Cravos (1974), que livrou os portugueses de uma ditadura de quase meio século para abrir-lhes o caminho da democracia plena. O gesto de Michel Temer foi primeiro motivado pelo fato de que José Sarney e Mário Soares eram amigos e governaram no mesmo período (década de 1980). Por coincidência, o Brasil vivia os “anos de chumbo” da ditadura militar (década de 70) iniciada em 1964, Portugal naquele momento caminhava para se livrar da ditadura que sufocou os portugueses por décadas. Uma década (1985) depois, o Brasil se livraria da ditadura militar. Mário Soares liderou a democratização do seu país; José Sarney comandou a transição da ditadura para a democracia. Mário Soares fora primeiro-ministro duas vezes, mas sua relação com Sarney se consolidou quando foi presidente da República no mesmo período que o líder maranhense.

Um dos temas que os aproximou foi o projeto de criação de uma entidade que reunisse todos os países de língua portuguesa, que já vinha sendo discutido em encontros de representantes de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Cabo Verde. As negociações tiveram seu ponto alto em novembro de 1989 em São Luís, onde os chefes de Estado desses países se reuniram para a criação do Instituto Internacional de Língua Portuguesa e para lançar as bases do acordo ortográfico, que só seria consumado no primeiro dia de 2015.

José Sarney e Mário Soares mediram forças disputando a liderança do movimento, tendo o brasileiro levado a melhor quando conseguiu trazer o encontro de 1989 para o Maranhão contra a vontade do português, que o queria em Lisboa. Mário Soares chegou a São Luís insatisfeito, mas horas depois mudou seu humor e participou ativamente do encontro. Naquele momento, a amizade entre José Sarney e Mário Soares se consolidou. Os dois se encontraram inúmeras vezes, e em cada encontro travavam longa conversa sobre Brasil, Portugal, as relações entre os dois países, o cenário mundial outros temas, tendo o brasileiro lamentado muito a morte do português.

Viagem pode resolver diferenças entre Sarney e Temer

O convite de Michel Temer a José Sarney para acompanhá-lo nos funerais de Mário Soares tem também uma forte dose de pragmatismo do presidente da República. Corria nos bastidores que Sarney vinha alimentando insatisfação em relação ao Governo, pois algumas das suas sugestões teriam sido ignoradas. Na viagem a Portugal, o presidente aproveitou para colocar a com versa em dia com o ex-presidente, devendo os dois superar as diferenças. Michel Temer sabe agora que a experiência e a sabedoria política de José Sarney são importantes. E sabe também que abrir mão desse cacife seria um erro político injustificável.

São Luís, 10 de Janeiro de 2017.

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