Declaração do presidente mostra que o PT está sem rumo na corrida à Prefeitura de São Luís

 

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Raimundo Monteiro admite aliança do PT com Eliziane Gama em São Luís

Uma declaração do presidente do PT no Maranhão, Raimundo Monteiro, mostra que o braço estadual do partido de Lula e Dilma Rousseff  mergulhou de vez numa realidade, que se não é abstrata, parece distante do mundo político real. Monteiro admitiu que o seu partido poderá participar da corrida para a Prefeitura de São Luís numa aliança liderada pela deputada Eliziane Gama (Rede), fazendo a seguinte afirmação: “Existe possibilidade sim de o PT apoiar Eliziane Gama. Não vamos fechar porta para ninguém”. Publicada no blog do bem informado jornalista Diego Emir, a declaração de Monteiro ganhou eco em outras publicações virtuais – como o blog do jornalista marcos D`Eça, por exemplo – e repercutiu fortemente nos bastidores políticos e pode colocar o PT numa situação de desconforto.

A surpreendente incongruência começa com o fato de que o presidente do PT admite que seu partido poderá participar de uma aliança em apoio a uma das vozes de oposição mais atuantes no Congresso Nacional, a deputada Eliziane Gama. Pré-candidata à Prefeitura da Capital, a deputada tem sido dura com o governo da presidente Dilma e bate forte no governo municipal. Vem disparando fortes críticas contra os esforços do governo para superar a crise, já deu declarações incisivas de apoio à decisão do Tribunal de Contas da União de recomendar ao Congresso Nacional a rejeitar as contas do governo de 2014 por causa das pedaladas fiscais, bem como se declarou favorável à instalação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, proposto por seus adversários liderados pelos tucanos.

Além de fazer oposição ao governo petista, Eliziane Gama vai disputar a Prefeitura contra o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), de cujo governo o PT participa, já tendo seus líderes na Capital manifestado disposição de participar da aliança a ser liderada pelo chefe do Executivo. Além do mais, o PT faz parte da equipe do governador Flávio Dino (PCdoB), que trabalha para levar todos os partidos da base governista a apoiar o projeto de reeleição do prefeito de São Luís.

Se não foi apenas um factóide intencional, ou um rompante para animar o cenário, a declaração do presidente Raimundo Monteiro compromete seriamente a situação do PT, deixando a impressão de que o partido é uma nau sem rumo. O mais grave é que tal incongruência é manifestada no momento em que a legenda sofre um intenso processo perda de suporte político e de credibilidade, à medida que avançam a Operação Lava Jato e os processos contra o governo na Justiça comum e na Justiça Eleitoral. Admitir a possibilidade de apoiar uma adversária ativa num contexto em que o caminho para lógico é dar apoio a um aliado que tem sido correto com o partido.

A declaração do chefe petista Raimundo Monteiro revela que Eliziane Gama está articulando intensamente para minar as bases de apoio do prefeito Edivaldo Jr. e, claro, atrair essas forças para o seu projeto eleitoral. Agora com autonomia para negociar apoios e alianças como líder da Rede no Maranhão – ao contrário do que acontecia quando ela estava no PPS -, a parlamentar mira todas as frentes partidárias, buscando fortalecer a base da sua pré-candidatura, que ainda é frágil. Eliziane, que é movida por aguda sensibilidade, esta associada a uma vontade sem limites, não medirá esforços para ter o PT na aliança partidária e com ele mais de seis minutos de tempo de televisão. E também para mostrar que sua base politica é plural.

Já no que diz respeito ao PT, a mensagem que passa a declaração do presidente Raimundo Monteiro é a de que o partido de Lula e Dilma Rousseff está desnorteado no contexto da crise nacional que drena ferozmente a sua credibilidade e, por via se consequência, o seu poder de fogo, tornando-o um parceiro que inspira muitos cuidados. Provavelmente  o que Monteiro certamente quis evitar quando fez a declaração.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Se falou, sabe o que disse

sarney 7Grande e intensa a repercussão de informação publicada pela revista Veja segundo a qual, no contexto de uma reunião com o ex-presidente Lula (PT) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), o ex-presidente José Sarney (PMDB) teria dito que o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, havia “sequestrado” o Brasil, propondo em seguida uma forte reação judicial às acusações. Com a experiência que acumulou em muitos embates dessa natureza, o ex-presidente não faria uma proposta com esse teor se não tivesse convicção da sua viabilidade. Basta lembrar como exemplo o famoso Caso Lunus, uma espécie de Lava Java deflagrada em março de 2002 no âmbito da Sudam. De maneira açodada, procuradores federais acusaram a então governadora Roseana Sarney (PMDB) de corrupção na autarquia. Atropelaram as regras de investigação e, avançando no pote com sede demais, induziram a Polícia Federal a também cometer excessos. Depois de amargar a impiedosa pancadaria que ele e a ex-governadora sofreram da chamada grande imprensa, Sarney cuidou das feridas e partiu para a contra ofensiva, denunciando à Justiça exatamente os excessos e a falta de lastro da investigação. Resultado: depois de uma longa tramitação, em que a Justiça Federal avaliou a ação e os argumentos de procuradores e delegados federais e a contestação orientada pelo ex-presidente, o resultado foi devastador contra os investigadores. Por causa das falhas, incorreções e excessos, a investigação foi integramente anulada, tendo Roseana Sarney sido inocentada, recebendo de volta tudo o que lhe fora tirado, inclusive os quase R$ 1 milhão em espécie, nota sobre nota, sequestrado a um cofre na Lunus. Assim, se fez tal proposta, ninguém duvide, ele sabe exatamente o que está propondo. O juiz Sérgio Moro que se cuide.

 

Conselheiros federais

No posto sobre a disputa na OAB, a Coluna informou erroneamente que cada chapa lançará um candidato para o cargo de Conselheiro Federal. A informação correta é a seguinte: são três as vagas de conselheiro federal, portanto, cada chapa pode lançar três candidatos a titulares a três a suplentes. A Coluna mantém o comentário de que os cargos de conselheiro federal são o sonho cor de rosa de muitos advogados, o que torna dura e intensa a disputa pelas vagas nas chapas.

 

São Luís, 19 de Outubro de 2015.

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