Corrida às urnas: seis casos de sucesso, sobrevivência e fracasso de prefeitos com direito de pleitear reeleição

 

Fábio Gentil, Luciano Genésio e Hilton Gonçalo vão confiantes tentar a reeleição, enquanto Eudes Sampaio, Assis Ramos e Francisco Nagib vivem situações diferentes

As eleições deste ano mostrarão com nitidez sucesso e fracasso de administrações cujos comandantes estão em busca da reeleição. Seis casos relacionados com grandes municípios são exemplo do que estão sendo gestões bem-sucedidas, administrações colocadas em xeque e projeto político-administrativo que finda como fracasso retumbante. O dado mais curioso é que tais situações mostram que os bons e os maus resultados administrativos e, por desdobramento, os sucessos e os fracassos dos gestores, independem de partido, como também de grupo político. Os exemplos estão em Caxias, governada por Fábio Gentil (Republicanos); Pinheiro, que tem no comando Luciano Genésio (PP); Santa Rita, liderada por Hilton Gonçalo (Podemos), São José de Ribamar, que tem à frente Eudes Sampaio (PTB), Imperatriz, administrada por Assis Ramos (DEM), e Codó, gerida por Francisco Nagib (PDT). Todos surgidos da nova geração de políticos e eleitos em 2016 com expressivas votações e com a certeza dos eleitores de que eles fariam transformações que dariam novos rumos aos seus municípios.

Caxias é um exemplo de uma gestão de bons resultados. Comandada por Fábio Gentil (Republicanos), um político ainda jovem e com um histórico de vários mandatos de vereador, a cidade, que é a quarta maior do Maranhão, mas com um peso político diferenciado, ganhou forte impulso nos últimos 36 meses. É hoje uma cidade limpa, bem organizada, com áreas de lazer atraentes, uma rede escolar que funciona e uma estrutura de saúde adequada. A Prefeitura de Caxias vem cumprindo corretamente seus compromissos, por exemplo, pagando rigorosamente seus servidores em dia. E, pelo menos até aqui, não se tem notícia de atos de corrupção ou desvios administrativos. Sofreu a perda do pai e mentor, o deputado José Gentil (Republicanos), mas não perdeu o eixo. O resultado: todas as pesquisas feitas até aqui indicam que o prefeito Fábio Gentil caminha seguro para a reeleição.

Outro exemplo de gestão eficiente está em Pinheiro. Ali, depois de um período inicial de desconfiança de observadores, que temiam forte interferência do pai, o ex-prefeito José Genésio, o prefeito Luciano Genésio mostrou quem mandaria na sua administração, surpreendendo com um comando forte e livre de influências. Além disso, vem fazendo uma gestão eficiente, com todos os serviços funcionando a contento, e desde fevereiro do ano passado com o apoio da mulher, a deputada estadual Thaíza Hortegal (PP). Mesmo enfrentando adversários fortes, Luciano Genésio caminha com firmeza para a reeleição, segundo pesquisas divulgadas até agora.

Eleito em 2016 com maioria esmagadora de votos, o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Republicano), atendeu nesse mandato às expectativas dos seus eleitores. Fez uma gestão produtiva e eficiente, reafirmando a linha de ação de sua passagem anterior pelo comando da cidade. Todas as informações que circularam nos últimos tempos dão conta de que, apesar de alguns rumores de desvios – que não o envolvem diretamente -, sua popularidade no município é excepcional. Ninguém duvida da sua reeleição, tudo indicando que seu maior desafio será renovar o mandato da sua mulher, Fernanda Gonçalo (PMN), na vizinha Prefeitura de Bacabeira.

São José de Ribamar é palco de uma situação diferenciada. Catapultado para o cargo pela renúncia do então prefeito Luís Fernando Silva, de quem era vice, Eudes Sampaio (PTB) vem realizando uma gestão tida como ativa e correta, chegou a liderar a corrida sucessória, mas apesar dos bons resultados administrativos, corre o risco de ser atropelado. O diferencial da situação de Eudes Sampaio é que ele está atrelado a Luís Fernando Silva e sua reeleição parece depender do prestígio do ex-prefeito. É caso curioso que uma reeleição dependa de um complicado jogo de xadrez que envolve três ex-prefeitos, o próprio Luís Fernando Silva, o hoje deputado federal Gil Cutrim (PDT) e o médico Júlio Matos (PL).

É complicada a situação do prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (DEM). Eleito em 2016 como um fenômeno, tendo deixado para trás poderosos como o ex-prefeito Ildon Marques, o delegado de Polícia Assis Ramos, um outsider que só havia gerido delegacias, encalacrou-se no comando da segunda maior cidade do Maranhão. Na avaliação de observadores isentos, sua gestão não é uma tragédia em andamento, mas também não pode ser considerada um exemplo de sucesso. Por conta da situação que ele próprio criou com o seu desempenho, Assis Ramos está no jogo, briga pela reeleição, mas enfrenta adversários muito fortes, como o deputado Marco Aurélio (PCdoB) e os ex-prefeitos Ildon Marques (PP) e Sebastião Madeira PSDB). Poucos apostam alto na sua reeleição.

De todos os prefeitos eleitos em 2016 e agora com direito de buscar a reeleição, o caso mais surpreendente é o do prefeito de Codó, Francisco Nagib (PDT), que simplesmente anunciou que não tentará renovar o mandato. Não se trata de saúde – ele é jovem e saudável -, nem de força maior no âmbito familiar ou coisa parecida. Sua desistência ocorre porque sua gestão, que tinha tudo para dar certo, foi um fracassou, produzindo a pior das consequências políticas, a rejeição. Provavelmente vítima da inexperiência, ficou sem condições de reverter o cenário desfavorável, sendo obrigado a passar o boné para uma raposa aliada, o ex-prefeito e atual deputado estadual Zito Rolim (PDT), que vai para a disputa com o argumento de duas gestões bem-sucedidas.

Vale lembrar que as eleições ocorrerão daqui a pouco mais de dois meses, tempo suficiente para muita coisa mudar. Afinal, nunca é demais lembrar que na política do Maranhão, aqui e ali boi ainda voa, às vezes de asa quebrada.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Aumento do números de policiais candidatos preocupa analistas

Cabo Campos, um caso de policial que não deu certo na política no Maranhão

Levantamento divulgado domingo pelo jornal O Globo mostra um expressivo aumento do número de policiais civis e militares que serão candidatos a prefeito e a vereador nas eleições municipais deste ano. No Maranhão, 31 se licenciaram dos quartéis e delegacias para enfrentar as urnas – número nada menos que quase 100% maior do que o do pleito de 2016, quando 16 de candidataram. Tanto quanto pelo crescimento da participação de policiais na política, o levantamento surpreendeu pela reação de líderes de entidades representativas de policiais, que não esconderam o fato de que tais segmentos estão estimulando tal participação com o objetivo de “empoderar” a categoria, reforçando meios de “lutar por seus direitos”.

Diante dos números de todo o País, analistas políticos importantes chamaram a atenção para o risco da politização da polícia, uma instituição de Estado que pode cometer distorções funcionais se motivada por estímulos políticos, partidários e ideológicos. Alguns observam que nenhum País do primeiro mundo, a começar pelos Estados Unidos, é permitida essa participação a policiais.

Por conta do crescente número de policiais envolvido em política já está sendo articulado no Congresso Nacional um movimento no sentido de estender a policiais a regra que hoje obriga juízes, desembargadores, ministros de tribunais superiores e membros do Ministério Público a se demitir para poder se candidatar, sem direito a readmissão sendo ou não eleito. O argumento é simples: se a membros de outras carreiras de Estado, como magistratura e Ministério Público, é imposta a demissão para permitir filiação partidária e candidatura, a regra tem de valer para policiais civis e militares.

No Maranhão, o caso mais recente de eleição de um policial foi o do Cabo Campos. Ele chegou à Assembleia Legislativa na esteira de uma ativa e barulhenta militância corporativa, tendo sido um dos líderes da greve da Polícia Militar que sacudiu o Brasil e agitou o Maranhão em 2013. Mas, como parlamentar, frustrou todas as expectativas e foi duramente reprovado nas urnas em 2018.

Continua a ciranda dos candidatos para definir companheiros de chapa em São Luís

Quase definido o quadro de candidatos a vice-prefeito em São Luís. Hoje, o candidato do DEM, Neto Evangelista, comandará um ato na sede do seu aliado PDT, para anunciar o seu companheiro de chapa, que será apontado pelo chefe pedetista senador Weverton Rocha. Já Rubens Júnior (PCdoB) deve apresentar o vereador Honorato Fernandes como seu vice, o que ocorrerá no dia seguinte à convenção do PT, marcada para o dia 13, Domingo, na qual o partido referendará a aliança e o seu representante na chapa. Restam ainda sem vice Eduardo Braide (Podemos), Bira do Pindaré (PSB), Yglésio Moises (PROS) e Hertz Dias (PSTU).

São Luís, 10 de Setembro de 2020.

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