Conversa iminente de Lula com Brandão gera expectativas e muitas especulações sobre a corrida aos Leões

Carlos Brandão e Lula da Silva em Imperatriz:
muitos torcem para que seja esse o clima
da conversa que ocorrerá sobre sucessão

As declarações do presidente Lula da Silva (PT) sobre a corrida sucessória no Maranhão confirmaram, com clareza solar, que nada está decidido sobre alianças e candidaturas, e que, se depender dele, haverá um grande entendiento na sua base aliada, recompondo brandonistas e dinistas, o que poderá resultar na escolha de um candidato de consenso, que pode ser o vice-governador Felipe Camarão (PT), o secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão (MDB) ou nenhum dos dois, podendo resultar num tercio mas um tercio, que possa, pelo menos, dar a ideia de consenso. O cenário definitivo da disputa pelo Palácio dos Leões começará a ser desenhado na conversa que ocorrerá nos próximos dias entre o presidente Lula da Silva e o governador Carlos Brandão (ainda no PSB).

Um dos pontos já definido, mas delicado, da pauta que será tratada entre o presidente e o governador é que Lula da Silva quer Carlos Brandão no Senado. Para tanto, o governador teria de renunciar ao Governo em abril do ano que vem, e é exatamente aí que começa o nó cego da operação. Se renunciar, Carlos Brandão terá de passar o comando do estado para o vice-governador Felipe Camarão que, até onde se sabe, não abrirá mão de tentar a reeleição no cargo, o que lhe dará uma chance monumental de renovar o mandato. Essa equação mudaria radicalmente os planos traçados para Orleans Brandão, que poderia ser candidato a deputado federal ou a vice-governador.

O aperto do nó está no fato de que até as pedras que sustentam o Palácio dos Leões sabem que governador Carlos Brandão dificilmente aceitará passar o bastão governamental para o vice Felipe Camarão. As diferenças entre os dois se aprofundaram de tal maneira que a possibilidade de diálogo político entre os dois foi evaporada. O governador e o vice convivem institucionalmente, numa relação em que o chefe do Executivo viaja e o vice assume, por exemplo, rendo sido registrado qualquer tensão nesse convívio. Mass quando se trata de política e de sucessão, a possibilidade de diálogo é, no momento, rigorosamente zero.

Nesse complicado xadrez, alguns brandonistas e dinistas mais otimistas especulam que o governador Carlos Brandão pode aceitar ser candidato ao Senado, desde que o candidato da aliança à sua sucessão não seja Felipe Camarão. No mesmo ambiente, dinistas contra-atacam afirmando que não existe nenhuma chance de acordo em torno de Orleans Brandão. Nesse contexto de vetos, poderia surgir a possibilidade de um tercio. Nesse caso, dois nomes surgem com força, a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (ainda no PSB), e o senador Weverton Rocha (PDT). Nada há de concreto nesse sentido, mas as especulações nos bastidores chegaram a essa fórmula.

O problema é que o presidente Lula da Silva está desenhando o seu projeto de reeleição, no qual os palanques estaduais são decisivos. No caso do Maranhão, ele quer a reedição da fórmula de 2022, quando a base da sua candidatura foi a aliança que juntava brandonistas e dinistas. Para o líder petista, não faz sentido fazer campanha no Maranhão em dois palanques. Daí sua determinação de convencer os líderes das duas correntes a de reagruparam numa aliança pacificada, que na sua opinião, venceria as eleições em todos os níveis. O mais curioso é que vozes mais pragmáticas dos dois lados concordam plenamente com as preocupações do presidente da República.

Pelo menos num ponto todo estão de acordo: é preciso conversar. O governador Carlos Brandão tem dito que a situação é complicada, mas que está disposto a dialogar, por entender que não existe outro caminho para a construção de qualquer relação política. Dinistas dizem mais ou menos a mesma coisa. O problema é que, pelo menos até esse momento ninguém está disposto a fazer concessões, o que leva à pergunta: o presidente Lula da Silva conseguirá mudar isso?

PONTO & CONTRAPONTO

Após desafiar o comando do PP, André Fufuca é afastado da função de vice e outras sanções

André Fufuca foi punido pelo PP depois da
decisão de apoiar Lula da Silva em Imperatriz

O comando do PP reagiu duramente à decisão do ministro André Fufuca de permanecer n0o cargo e declarar apoio à reeleição do presidente Lula da Silva, o que fez enfaticamente segunda-feira, em Imperatriz. Na manhã desta quarta-feira, o PP anunciou, em nota, que ele foi afastado da vice-presidência do partido e de todas as atividades partidárias. Com a decisão, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), cumpre a ameaça que vinha fazendo após o parlamentar permanecer no comando do Ministério do Esporte.

A decisão do PP  

André Fufuca, mesmo sob pressão, vinha jogando pesado, declarando apoio total ao presidente Lula da Silva, que por sua vez elogiou o desempenho do maranhense no comando da pasta do Esporte, declarando que não tem interessa na saída do parlamentar, porque não quer mexer no que está dando certo. Lula da Silva criticou a postura do PP, avaliando que suas lideranças cometem erro som esse tipo de atitude.

Pré-candidato ao Senado num contexto ainda indefinido por conta da corrida ao Palácio dos Leões, o ministro André Fufuca está determinado a permanecer no cargo, pelo menos até abril do ano que vem, quando ministros que vão disputar as eleições devem deixar os cargos. Pelo que aconteceu nesta quarta-feira, a sua situação fica politicamente complicada, mesmo com o aval do presidente Lula da Silva.

Nos bastidores da política nacional, a informação corrente é que o senador Ciro Nogueira, que já foi Lula roxo, e virou bolsonarista laranja, anda tenso porque corre o sério risco de não se reeleger no Piauí, e está querendo agradar bolha bolsonarista no seu estado e está usando o ministro maranhense como escada.

Resta aguarda a reação de André Fufuca, que pode permanecer no cargo ou cumprir a determinação partidária saindo do Governo.

Iracema Vale ganha estatura durante a visita de Lula a Imperatriz

Iracema Vale abraçada por Lula da Silva e liderando
a comitiva de deputados que foi a Imperatriz

A presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, deixou Imperatriz com a sensação de que marcara vários gols durante a visita do presidente Lula da Silva à Princesa do Tocantins.

Primeiro, liderou uma comitiva de oito deputados – Antônio Pereira (PSB), Florêncio Neto (PSB), Catulé Júnior (PP), Glalbert Cutrim (PDT), João Batista Segundo (PL), Adelmo Soares (PSB), Ricardo Arruda (PL), Ana do Gás (PCdoB), Janaina Ramos (Republicanos) e Abgail Cunha (PSDB) -, que foram a Imperatriz para recepcionar o chefe da Nação.

Durante o ato, a presidente do parlamento estadual recebeu afagos do presidente da República, que a reconheceu com uma líder no estado.

E, finalmente, após a visita, acompanhou o governador Carlos Brandão em contatos com lideranças políticas da região. Num desses encontros, Iracema Vale se reuniu com presidentes de Câmaras Municipais de vários municípios, acompanhada do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB).

(Em Tempo: os deputados estaduais Carlos Lula (PSB), Rodrigo Lago (PCdoB), Leandro Bello (Podemos), Júlio Mendonça (PCdoB) e Ricardo Rios (PCdoB), hoje na oposição, também foram a Imperatriz, acompanhando o vice-governador Felipe Camarão (PT)).

Nos bastidores do poder, Iracema Vale vem ganhando estatura, com poder para sentar nas principais mesas de negociação.

São Luís, 08 de Outubro de 2025.

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