Como senador ou ministro, Flávio Dino será nome forte no cenário nacional dos próximos anos

Flávio Dino e Nicolau Dino: carreiras independentes na magistratura federal e no Ministério Público Federal

Adversários do senador eleito Flávio Dino (PSB) tentam reduzir o seu tamanho político sugerindo que ele está disputando vaga de ministro na equipe que o presidente eleito Lula da Silva (PT) vai montar para governar. A última provocação diz que o ex-governador do Maranhão estaria sendo rifado em favor de dois membros destacados do PSB, o ex-governador de São Paulo, Márcio França, e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Ambos estariam cotados para o ministério e, de acordo com as insinuações dos seus adversários, poderão ocupar cargos para os quais Flávio Dino foi lembrado. Não satisfeitos, dizem agora que a possível indicação do procurador da República Nicolau Dino, irmão de Flávio Dino, para comandar a Procuradoria Geral da República, pode inviabilizar o projeto do senador eleito de ser ministro. As provocações – que animam o meio político, diga-se – não levam em conta o fato de que tudo o que foi dito até agora sobre a composição do ministério está limitado ao campo da especulação, uma vez que o presidente eleito não soltou nenhuma pista nesse sentido.

Hoje uma das vozes políticas mais respeitadas do País – sem nenhum favor – o senador eleito Flávio Dino não deu até aqui nenhuma declaração que leve à conclusão de que ele está realmente interessado em ser ministro. Quem sinalizou nessa direção foi o próprio Lula da Silva, num discurso para milhares de pessoas em São Luís, no qual disse com todas as letras que, se eleito, queria o ex-governador do Maranhão como membro do seu ministério. Várias vezes indagado sobre o assunto, Flávio Dino agradeceu a lembrança, mas deixou claro que não queria estender a conversa sobre o assunto.

Desde o anúncio da vitória de Lula da Silva nas urnas, na noite de 30/09, veículos de comunicação, a começar pelos mais importantes, como os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo, por exemplo, montaram listas e mais listas com nomes cotados para o ministério, todas elas incluindo o senador eleito Flávio Dino, sendo a maioria apontando-o para o Ministério da Justiça, mas também para duas outras pastas: Casa Civil e Integração Nacional. Flávio Dino manteve absoluta coerência ao desconversar sobre esse tema.

Ontem, em meio à marola causada pela informação segundo a qual o procurador geral de Justiça adjunto Nicolau Dino seria candidato à sucessão do atual procurador geral, Augusto Aras, e que tal candidatura inviabilizaria eventual escolha de Flávio Dino para o Ministério da Justiça. Para começar, uma coisa não tem nada com a outra, uma vez que PGR e Ministério da Justiça não guardam qualquer ligação institucional. Flávio Dino foi juiz federal e Nicolau Dino entrou para o Ministério Público Federal, cada um seguindo o seu próprio caminho, sem nenhum choque. Dono de uma carreira impecável no Ministério Público Federal, Nicolau Dino é atualmente procurador-geral da República adjunto, estando, portanto, legitimamente credenciado para pleitear o cargo de procurador geral da República, independentemente de o seu irmão vir a ser ministro da Justiça.

Nos sete anos e três meses em que foi governador, o hoje senador eleito Flávio Dino enfrentou muitas batalhas jurídicas envolvendo a PGR, não tendo havido um só caso em que se aludiu a possibilidade de “cooperação” entre os dois irmãos. Ao contrário, houve situações em que o procurador da República Nicolau Dino se posicionou contrariamente à pretensão do Governo do Maranhão.

Finalmente, no que diz respeito à especulação envolvendo Márcio França e Paulo Câmara, vale assinalar que, embora representem estados economicamente mais fortes que o Maranhão, não alcançam a estatura política de Flávio Dino. O ex-governador paulista Márcio França perdeu a vaga de senador por São Paulo para o astronauta bolsonarista Marcos Ponte (PL), e o governador Paulo Câmara viu sua candidata ao Governo do de Pernambuco, Marília Arraes (Solidariedade), ser derrotada por Raquel Lyra (PSDB), que vai levar os caciques conservadores pernambucanos de volta ao comando daquele estado. Já o senador eleito pelo Maranhão comandou uma vitória em que fez cabelo, bigode e barba.

E para encerrar, vale outro registro: com o grande número de bolsonaristas eleitos para o Senado, pelo menos nesse primeiro momento, Flávio Dino já é visto por todos os analistas como peça fundamental na base governista no Poder Legislativo.      

PONTO & CONTRAPONTO

Bancada maranhense dará maioria a favor das mudanças no Orçamento propostas por Lula

Márcio Jerry e Aluísio Mendes: visões diferentes na tarefa de ajustar o Orçamento

Uma grande movimentação deve mobilizar a atual bancada federal para a aprovação, nas próximas semanas, do Orçamento da União para 2023 com as mudanças propostas pela equipe do presidente eleito Lula da Silva (PT), para desmontar as bombas de efeito retardado fabricadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). As alterações orçamentárias pedidas pelo futuro mandatário visam resolver problemas complicados, como garantir a continuidade do Auxílio Brasil, no valor de R$ 600,00, e a criação de mecanismos que permitirão ao novo Governo reajustar o salário mínimo com base no crescimento do PIB nos últimos cinco anos, além da inflação do ano anterior, o que significará a concessão de aumento real para o piso salarial do país.

Os articuladores designados pelo presidente eleito estão se desdobrando para fazer a mobilização, que conta com o aval do presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL) e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O governador reeleito Carlos Brandão (PSB) e o senador eleito Flávio Dino (PSB) participam desse esforço.

Mesmo abrigando bolsonaristas de proa – como o senador Roberto Rocha (PTB), que está em fim de mandato -, a fatia maranhense do Congresso Nacional não é majoritariamente hostil ao presidente eleito Lula da Silva. Os senadores Eliziane Gama (Cidadania) e Weverton Rochas (PDT), assim como os deputados federais Márcio Jerry (PCdoB), Rubens Jr. (PT), Pedro Lucas Fernandes (UB), André Fufuca (PP), Bira do Pindaré (PSB), Zé Carlos (PT), João Marcelo (MDB), Josimar de Maranhãozinho (PL), Júnior Lourenço (PL), Marreca Filho (Patriotas), Cléber Verde (Republicanos) e Gil Cutrim (Republicanos) devem apoiar as mudanças propostas pelo presidente eleito. Já os deputados Aluísio Mendes (PSC), Josivaldo JP (PSD), Pastor Gildenemyr (PL), Hildo Rocha (MDB), Juscelino Filho (UB) e Edilázio Jr. (PSD), bolsonaristas assumidos e militantes, poderão trabalhar em sentido contrário.

Começa o processo sucessório na Famem

Erlânio Xavier convoca a eleição que vai tirá-lo do poder na Famem

O presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), Erlânio Xavier (PDT) está convocando os prefeitos filiados para uma assembleia no final deste mês, quando serão formalizadas a data e as regras da eleição da nova Mesa Diretora da entidade municipalista. O atual presidente não pode mais ser candidato, e já existem dois candidatos declarados: Ivo Rezende (PSB), prefeito de São Mateus, e Bruno Silva (PP), prefeito de Coelho Neto. Outros nomes poderão surgir até o início de janeiro.

A eleição será realizada em janeiro, e deve marcar a derrubada da última coluna de sustentação política do projeto de poder do senador Weverton Rocha (PDT). Vice-presidente estadual do PDT e coordenador da campanha do chefe maior do seu partido ao Governo do Maranhão, posição reforçada com a presidência da entidade que congrega os prefeitos maranhenses, Erlânio Javier apostou alto que iniciaria 2023 como homem-forte do Governo do Maranhão. Não deu. Se tentar fazer o sucessor, é muito provável que venha a amargar outra derrota acachapante. Quando passar o cargo ao seu sucessor na Famem, voltará à planície como prefeito de Igarapé Grande.

São Luís, 04 de Novembro de 2022.

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