
Carlos Brandão como candidato ao Senado
“Sou pré-candidato ao Governo em 2026, pelo PT. Sou candidato do presidente Lula. Quero ser o candidato do Brandão e quero que o Brandão seja o meu candidato ao Senado. Quero que a gente caminhe unidos, em paz”.
Com essa declaração, dada em entrevista ao sítio “Enquanto isso, no Maranhão”, o vice-governador Felipe Camarão (PT), colocou as suas cartas na mesa em relação à corrida ao Palácio dos Leões no ano que vem. Acrescentou que “o Maranhão precisa disso, precisa de continuidade, para que a gente possa superar os desafios. Acho que o Maranhão merece ter um Governo do PT, com o presidente Lula”. Ele também se declarou seguidor incondicional da linha política praticada pelo ex-governador Flávio Dino, que na sua avaliação “encantou uma geração”, da qual ele faz parte.
Dadas ainda sob os ecos das declarações do governador Carlos Brandão (PSB), sábado, em Governador Luiz Rocha, onde afirmou que só vai tratar de sucessão no ano que vem e que quer como sucessor alguém que dê continuidade às obras do seu Governo e que não ataque nem persiga a ele e seus aliados, a entrevista do vice-governador Felipe Camarão repercutiu fortemente no meio político. Primeiro porque o tom e a ênfase das duas palavras deram à declaração a impressão de se tratar de uma posição definitiva, sem recuo, ao mesmo tempo em que contêm acenos para um grande entendimento, tendo a continuidade com o compromisso básico.
Em relação ao governador Carlos Brandão, o vice-governador acrescentou: “Acho que o Brandão merece ir para o Senado. Acho que a gente precisa do Brandão no Senado, para ajudar o presidente Lula”. E afirmou, com a mesma ênfase: “O Brandão é o meu candidato, é o único que já tenho escolhido, e tem meu voto declarado”. Em relação à segunda vaga, Felipe Camarão, ainda não se posicionou entre o senador Weverton Rocha (PDT), a senadora Eliziane Gama (PSD) e o ministro André Fufuca (PP), argumentando que os três são parceiros, e que por isso ainda não se posicionou.
Na sequência, Felipe Camarão disparou uma declaração que pode ser o fator decisivo para resolver a complexa equação que resultará na chapa o tendo como candidato a governador e Carlos Brandão como candidato ao Senado: a escolha do candidato a vice-governador. Ele deixou claro que não será uma escolha fácil, uma vez que ela terá de ser debatida dentro do grupo. Afinal, se Felipe Camarão chegar ao Governo e se reeleger em 2026, o seu vice será automaticamente pré-candidato a governador em 2030, dentro do mesmo processo que ele próprio está vivendo hoje.
Ainda que não tenha sido uma reposta formal e direta às declarações do governador Carlos Brandão, dadas sábado em Governador Luiz Rocha, quando remeteu o debate sucessório para 2026, as declarações do vice-governador Felipe Camarão ganharam essa interpretação. Carlos Brandão disse que quer como sucessor um parceiro confiável, que dê continuidade à sua obra de Governo e não persiga seu grupo, e Felipe Camarão se colocou como esse parceiro ao pregar o caminho da continuidade e defender a candidatura do governador ao Senado. Coincidência ou não, o fato é que os dois discursos convergiram integralmente.
Nas suas declarações, o vice-governador Felipe Camarão não cobrou do governador Carlos Brandão uma definição agora. Ele se limitou a se declarar pré-candidato, deixando claro que, pelo menos até aqui, esse projeto é irreversível na hipótese de o governador renunciar em abril para ser candidato ao Senado. Por seu turno, o governador Carlos Brandão não assumiu nenhum compromisso, mas também nada disse que comprometesse o projeto de candidatura de Felipe Camarão. Ou seja, os dois, cada um a seu modo, manifestaram o que pensam em relação à sucessão governamental no campo da aliança governista.
Com seus posicionamentos, o governador e o vice-governador produziram um forte clima de expectativa no meio político e fora dele.
PONTO & CONTRAPONTO
Deputados da base elogiam obras do Governo e avisam que seguirão Brandão sobre sucessão

Othelino Neto faz oposição
Em meio à repercussão da entrevista do vice-governador Felipe Camarão (PT), deputados da base governista ocuparam ontem a tribuna da Assembleia Legislativa para reafirmar seu apoio ao governador Carlos Brandão (PSB), concordando com a decisão dele de só tratar de eleições no ano que vem. Guilherme Paz (PRD), Florêncio Neto (PSB), Davi Brandão (PSB), Osmar Filho (PDT) e Adelmo Soares (PSB), tendo o deputado Othelino Neto (Solidariedade) se posicionado contrariamente, atacando o chefe do Executivo, elogiando a ação municipalista do Governo.
Os cinco governistas fizeram discursos na mesma linha. O deputado Florêncio Neto elogiou a maratona de entregas do governador, destacando o lançamento da ponte de 200 metros e a entrega de uma área de lazer revitalizada em Codó, um hospital de 100 leitos em Barra do Corda, e a Estrada do Leite, rodovia de 30 quilômetros que interliga municípios na região do Médio Mearim. O deputado Osmar Filho destacou a nomeação de 74 profissionais para a Polícia Civil – 40 delegados, 22 investigadores, três escrivães e nove peritos, além de novas viaturas e equipamentos, incluindo armamento. Davi Brandão (PSB) e Adelmo Soares (PSB) se manifestaram na mesma direção.
Os quatro manifestaram inteira concordância com o governador Carlos Brandão na decisão de focar na gestão ao longo deste ano e deixar para o próximo ano os movimentos visando as eleições. Mais do que isso, os quatro mandaram o mesmo recado: apoiarão o governador em qualquer que seja o rumo que ele definir para a corrida sucessória.
Os parlamentares também manifestaram o mesmo sentimento em relação à unidade do grupo liderado pelo governador Carlos Brandão. E também destacaram nos seus discursos a atuação do secretário de Assuntos Municipalistas Orleans Brandão.
O deputado Othelino Neto fez o contraponto na tribuna criticando o Governo e afirmando que a saúde, a educação e as rodovias estão “um caos”. Não detalhou, porém, o que definiu como caos.
Com apoio de Paulo Victor, Beto Castro está a um passo de se tornar presidente da Câmara
A sucessão na Câmara Municipal de São Luís pode transformar o seu atual presidente, vereador Paulo Victor (PSB), no mais influente dos seus dirigentes na história recente da política ludovicense. A quase certa eleição do vereador beto Castro (Avante) como seu sucessor é o ponto culminante do seu projeto de Poder, que poderá se cristalizar de vez se ele for eleito deputado estadual no ano que vem.
Lançado com seu apoio, o vereador Beto Castro foi aos poucos recebendo declarações de apoio, alcançando pito votos na semana passada. Esse poder de fogo foi duplicado no final da semana, quando ele reuniu nada menos que 17 vereadores – o suficiente para sua eleição, uma vez que o grupo representa maioria simples da Câmara, que tem 31 assentos.
O que chama a atenção é o fato de o vereador Marquinhos (União), que se lançou em fevereiro com um discurso de candidato irreversível, não ter conseguido nenhuma manifestação de apoio, dando a entender que arquivou o seu projeto presidencial sem tornar pública a sua decisão. Pode ser uma estratégia na qual ele esteja esperando o momento certo para anunciar o seu próximo passo, que pode ser a manutenção de sua candidatura “para o que der e vier” ou anunciar sua desistência diante do rolo-compressor em que se transformou a candidatura de Beto Castro apoiada por Paulo Victor.
São Luís, 07 de Maio de 2025.