Brandão declara que vai permanecer no cargo e afirma: “Nós vamos eleger o nosso sucessor”

Entre Orleans Brandão e Roberto Costa, no Castelinho,
Carlos Brandão declara que vai ficar
no cargo e que elegerá seu sucessor

“Eles estão dizendo aí quando assumir vão acabar o programa Maranhão Livre da Fome. Eu quero garantir que, enquanto eu for governador, eu vou ser governador até o último dia do meu mandato, dia ninguém acaba o programa até dezembro de 2026. E não vai acabar para a frente, porque nós vamos eleger o nosso sucessor, e o nosso sucessor vai continuar o programa. Enquanto os cães ladram, a carruagem passa. E a carruagem passa mostrando trabalho”. Com essa declaração, feita em tom enfático em discurso feito segunda-feira no Ginásio Castelinho, no ato em que entregou novas viaturas ao Sistema de Segurança Pública, o governador Carlos Brandão confirmou seu arrojado projeto de permanecer no Governo e eleger Orleans Brandão (MDB), secretário de Assuntos Municipalistas.

E a confirmação do roteiro da decisão política mais importante tomada no Maranhão nos últimos tempos foi feita como uma espécie de declaração de guerra aos adversários. Ao defender o Programa Maranhão Livre da Fome, que segundo denunciou, estaria sendo ameaçado de suspensão por adversários, o governador Carlos Brandão declarou, finalmente, que permanecerá no Governo até o final do seu mandato, o que garantirá a existência do Programa.

E fechou o anúncio da sua permanência e a manutenção do programa Maranhão Livre da Fome, manifestando convicção de que elegerá o seu sucessor, cujo nome não citou, mas não deixou dúvida tratar-se do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão, que estava ao seu lado e o aplaudiu entusiasticamente. Ele confirmara sua pré-candidatura ao Governo na última sexta-feira, no ato em que recebeu o apoio da Federação União Progressista, mas manteve sobre o assunto. Carlos Brandão também recebeu aplausos efusivos do prefeito de Bacabal e presidente da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), Roberto Costa, que é um dos líderes do MDB estadual e apoiador de primeira hora do projeto de candidatura do seu colega de partido ao Palácio dos Leões.

Com a manifestação confirmadora do mais arrojado e desafiador projeto político do Maranhão desde a volta das eleições diretas para governador, em 1982, o governador Carlos Brandão comunicou ao mundo a impossibilidade de recompor a aliança com as forças ligadas ao ex-senador Flávio Dino, atual ministro da Suprema Corte. Conformou também que não abrirá caminho para a ascensão do vice-governador Felipe Camarão (PT) ao Governo em abril do ano que vem, impossibilitando-o de disputar a sucessão concorrendo à reeleição. E justificou sua decisão confirmando o que dissera a aliados em conversas fechadas: não existiu acordo firmado com o grupo dinista com a promessa de apoiar a candidatura de Felipe Camarão ara o Governo do Estado, contrariando as vozes dinistas que aqui e ali falam do tal acordo.

Não há dúvida, no meio político e fora dele, que o governador Carlos Brandão joga a mais importante e ousada cartada política no Maranhão em meio século. A decisão de permanecer no Governo e lançar a candidatura do sobrinho e principal auxiliar para sucedê-lo não tem paralelo na história recente da política maranhense. Ao formular essa equação, o governador dá uma forte demonstração de que está muito seguro da viabilidade do seu projeto. Afinal, ele está trocando uma eleição certa para o Senado, onde permaneceria com grande poder de fogo no tabuleiro política estadual e com influência no epicentro do poder nacional.

Na sua fala, Caros Brandão deu uma pequena mostra de que está preparado para comandar o processo que, na sua avaliação, levará à eleição de Orleans Brandão. Informou que tem 2.300 projetos para serem realizados em todo o estado, sendo necessária a contratação de 70 engenheiros para tirar essas ações do papel. Ou seja, além da articulação política, que tem nos prefeitos o suporte principal, ele guarda balas na agulha para mostrar a força do Governo que espera ser continuado por seu sucessor.

PONTO & CONTRAPONTO

Lahesio Bonfim e Roberto Rocha: direita dura tentando se articular

Lahesio Bonfim e Roberto Rocha: conversa
sem acordo, mas que pode ser retomada

Provavelmente empurrados pelo turbilhão causado pela indicação de que o governador Carlos Brandão (PSB) vai mesmo permanecer no cargo e comandar as forças governistas em torno da candidatura, já assumida, do secretário de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (Novo), e o ex-senador Roberto Rocha (sem partido) tentam articular uma aliança que, se concretizada, poderá representar as forças da direita mais dura na corrida ao Governo do Estado e ao Senado nas eleições do ano que vem. Ambos estão de pé, têm exibido poder de fogo nas pesquisas feitas até aqui para garimpar as intenções do eleitorado, podendo reunir cacife para alterar, ainda que parcialmente, qualquer cenário da ciranda sucessória de agora por diante.

Em encontro recente, o dois sentaram à mesa de um restaurante da Capital e colocaram as suas cartas na mesa. Mais experiente – cresceu aprendendo com o pai, o ex-governador Luiz Rocha, todos os truques da política -, o ex-senador Roberto Rocha teria proposto nada menos uma aliança na qual seja o candidato a governador, enquanto Lahesio Bonfim entraria como candidato a senador. Uma inversão das informações trazidas à tona pelas pesquisas, que apontam o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes com viabilidade na disputa pelos Leões, e o ex-senador com cacife para brigar por uma cadeira no Senado. E como era previsível, não chegaram a um acordo. Mas, até onde se sabe, não fecharam as portas para novas conversas, pois ainda há tempo folgado para outras tentativas de acerto.

Segundo colocado na eleição de 2022 para o Palácio dos Leões, Lahesio Bonfim, que está consolidado como o nome do partido Novo para a corrida de 2026, encontra-se em campanha aberta e intensa. E o resultado da sua investida sobre o eleitorado está sinalizado na pesquisa mais recente, feita pelo instituto Econométrica, na qual aparece em terceiro lugar, mas tecnicamente empatado com Orleans Brandão, que está em segundo, e bem à frente do vice-governador Felipe Camarão (PT). O ex-senador Roberto Rocha tem sido um político bem-sucedido no plano eleitoral quando não está disputando o Governo do Estado, menos nas disputas para o Governo do Estado – em 2018, por exemplo, amargou o quarto lugar. Nas pesquisas de agora, aparece melhor para o Senado do que para o Governo.

Diferentes em quase tudo, Lahesio Bonfim e Roberto Rocha não convergem em quase nada, a começar pelo essencial: ambos brigam para ser candidato ao Palácio dos Leões representando as forças da direita, especialmente os segmentos mais radicais, como o bolsonarismo, por exemplo. Ambos exibem confiança de que podem chegar ao Governo, deixando de lado a ideia de alcançar o Senado. E pelo fazem e dizem na seara política, travam uma dura guerra de egos, muito difícil de ser contida pela moderação. Suas declarações atestam isso com muita clareza.

O fato é que, mesmo não tendo sequer alinhavado as bases de um acordo, a reunião de Lahesio Bonfim e Roberto Rocha foi um evento que, sem resultado imediato, pode produzir desdobramentos futuros, que poderão, ou não, levar a uma aliança. Afinal, um é terceiro na corrida aos leões e o outro está bem situado na peleja pelo Senado.

Hilton Gonçalo se diz decidido a concorrer ao Senado

Hilton Gonçalo: aspirante
a vaga no Senado

O ex-prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (Mobiliza), reafirma sua disposição de concorrer a uma das vagas no Senado. A confirmação chega ao tabuleiro político no momento em que o governador Carlos Brandão bate martelo confirmando sua permanência no cargo, abrindo mão, portanto, de disputar vaga na Câmara Alta. Sem o governador no páreo, o bem avaliado ex-prefeito de Santa Rita enxerga um cenário mais promissor para o seu projeto de candidatura.

Político experiente, que lidera um grupo reconhecido no cenário político estadual, e carregando na bagagem quatro mandatos bem-sucedidos como prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo parece mesmo determinado a encarar uma disputa que já conta com os senadores Werverton Rocha, atual líder do PDT no Senado, e Eliziane Gama (PSD), candidatos à reeleição em campos diferentes. E os deputados federais André Fufuca (PP), atual ministro do Esporte, e Pedro Lucas Fernandes, atual líder do União na Câmara Federal, ambos pela Federação União Progressista.

Além dos quatro candidatos já assumidos, a corrida\ senatorial pode atrair o ex-senador Roberto Rocha (sem partido), que pretende ser candidato a governador, mas já teria admitido concorrer à senatória. E a deputada federal Roseana Sarney (MDB), que estimulada pelas pesquisas e pela candidatura do seu colega emedebista Orleans Brandão ao Governo do Estado, estaria pensando seriamente.

Se vier, de fato, a se confirmar, a entrada de Hilton Gonçalo no páreo senatorial pode alterar ainda mais o jogo, principalmente pelo que se convencionou chamar de segunda vaga.

São Luís, 23 de Julho de 2025.

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