Aluísio Mendes ganha o controle do Republicanos com a fragilização política de Cléber Verde

Mudança radical no cenário partidário: Aluísio Mendes assumirá o comando do Republicanos no lugar de Cleber Verde

O resultado das eleições de outubro para a Câmara Federal produziu ontem mais uma mexida importante no painel partidário maranhense. Num movimento forte, o deputado federal reeleito Aluísio Mendes, que comandava o PSC – partido que perdeu a razão de existir por não ultrapassar a cláusula de barreira e foi incorporado pelo Podemos -, filiou-se ao Republicanos. Pelo acordo firmado com a cúpula nacional, o parlamentar vai presidir o Republicanos no Maranhão, encerrando o longo “reinado” do deputado federal Cleber Verde no comando do braço maranhense do partido. Integrante da base bolsonarista na Câmara Federal, sendo um dos vice-líderes da bancada governista, Aluísio Mendes apostou alto na sobrevivência do PSC, mas errou no cálculo e perdeu a aposta, à medida que a sigla sucumbiu nas urnas, não elegendo o mínimo necessário de deputados federais para continuar existindo. O Republicanos, que Aluísio Mendes vai comandar a partir do ano que vem, terá dois deputados federais – ele e Cléber Verde, um deputado estadual (Janaína Ramos), cerca de 25 prefeitos – entre eles Fábio Gentil, de Caxias – e uma penca de vereadores em todas as regiões do estado.

O movimento feito pelo deputado Aluísio Mendes produziu duas situações no cenário político estadual. A primeira foi a sua própria guinada, ao se reeleger com 126 mil votos, para o comando de um partido mais forte do que o que ele comandava, aumentando expressivamente o seu cacife – um exemplo desse peso é a presença no Republicanos do prefeito de Caxias, Fábio Gentil, uma das grandes lideranças do Maranhão nos dias atuais. A outra foi a derrocada do deputado federal Cleber Verde, que o preside desde que a agremiação se chamava Partido Republicano Brasileiro (PRB), e pelo qual venceu três eleições boas votações, mas que em outubro saiu das urnas reeleito com módicos 70 mil votos, o que fragilizou fortemente sua posição na legenda. Tanto que recebeu a conformado a decisão da cúpula do partido de tirá-lo do comando da agremiação.

Agente federal por profissão, Aluísio Mendes chegou ao Maranhão como um dos ajudantes de ordem a que o ex-presidente José Sarney (MDB) tem direito. Sua formação policial avançada o levou a criar e comandar grupos diferenciados na Polícia Militar do Estado, como o Grupo de Operações Especiais (GOE) e o Grupo Tático Aéreo (GTA), saltando em seguida para o cargo de secretário de Segurança Pública do Maranhão, posto em que permaneceu até abril de 2014, quando o deixou para candidatar-se a eleger-se deputado federal, reelegendo-se em 2018 e agora, com votações crescentes. No campo partidário, foi do PRTB, teve o Podemos nas mãos, mas abriu mão em favor de Eduardo Braide, e ficou com o comando do PSC, que perdeu força com a cassação do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzer, cassado por corrupção, e a prisão do seu presidente, o Pastor Everardo, por comandar falcatruas na Prefeitura do Rio de Janeiro, na gestão de Crivella. Sua chegada ao comando estadual do PSC mudou o curso do partido, mas não evitou a derrocada.

O deputado Cléber Verde, por sua vez, deu estatura ao Republicanos, mas jogou o partido no mar da incerteza quando decidiu abraçar o projeto de poder do senador Weverton Rocha (PDT), tendo sido alcançado pelo desastre nas urnas. Cléber Verde mergulhou em crise no campo pessoal, por causa do brutal assassinato dos seus pais, numa fazenda na região do Médio Mearim, em 2021. O impacto da tragédia familiar e o equivocado movimento do líder pedetista em 2022. O resultado é que sua votação desabou e sua reeleição aconteceu por um triz. A perda do comando para Aluísio Mendes é o desdobramento natural na sua fragilização política, que na avaliação de alguns é temporária, com possibilidade de ele dar a volta por cima. Tanto que não saiu do partido.

O desdobramento dessa reviravolta no braço maranhense do Republicanos acontecerá nas eleições municiais de 2024, e o desfecho final, nas eleições gerais de 2026.

PONTO & CONTRAPONTO

Edivaldo Jr. convocado para explicar licitação dos transportes, uma das suas boas ações

Edivaldo Jr.: vai explicar licitação de transportes, uma das suas boas medidas

Ainda assimilando o desastre que foi sua participação na corrida ao Palácio dos Leões, principalmente no que respeita ao seu desempenho eleitoral em São Luís, o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (sem partido) foi convocado pela Promotoria da Probidade Administrativa para prestar esclarecimentos sobre supostas irregularidades na licitação do sistema de transporte público realizada em 2016, há seis anos, portanto.

Baseado em informações coletadas pela CPI dos Transportes, realizada pela Câmara Municipal, o inquérito conduzido pelo promotor Zanony Passos Filho levanta a possibilidade de que possa ter havido fraude em alguns aspectos da licitação.

Não se discute que quando se trata de serviço público, qualquer indício de irregularidade, fraude ou desvio deve ser rigorosamente apurado para, confirmada a ilegalidade, seus responsáveis sejam devidamente punidos com o rigor da lei. Mas no caso da licitação do transporte público de São Luís, mesmo que tenha sido imperfeita, ela foi uma das medidas mais sérias, corajosas e benéficas para a Capital nessa área. Ao licitar o serviço de transporte de massa, o então prefeito Edivaldo Holanda Jr. quebrou a espinha dorsal de um esquema velho, corrompido e danoso, controlado por empresas superadas e viciadas. E o que é mais grave: o velho esquema funcionava com a anuência da Câmara Municipal.

Se houve alguma irregularidade, que seja apurada e, se constatada, com a punição devida do responsável ou dos responsáveis. Mas cedo ou tarde a história vai reconhecer Edivaldo Holanda Jr. como o prefeito que teve a coragem de enfrentar a velha estrutura comandada pelo Sindicato das Empresas de Transporte (SET), dando um passo importante para modernizar o transporte de massa da Capital.

Porto Franco: prisão de secretária por corrupção atinge a imagem do prefeito Deoclídes Macedo

Deoclídes Macedo atingido por suposta falcatrua de Naara Duarte (direita) em \Porto Franco

O escandaloso caso de corrupção, que resultou em mandado de prisão preventiva contra a secretária de Infraestrutura e Mobilidade Urbana de Porto Franco colocou em xeque a trajetória política do prefeito Deoclídes Macedo (PDT), um dos líderes mais respeitados do Sul do Maranhão. Naara Pereira Duarte, alvo principal da Operação Cérbero, realizada pelo Grupo de Operação Especial no Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com o apoio da Polícia Civil, seria a chefe de um esquema de desvio de milhões de reais por meio de uma Operações Tapa Buraco no município. A falcatrua levantada pelo Gaeco está bem apurada e documentada, tanto que a secretária Naara Duarte foi presa por porte ilegal de armas e uma grande quantia em dinheiro vivo, fruto, segundo os investigadores, do esquema de corrupção.

Independentemente do desfecho que venha a ter a Operação Cérbero, o impacto maior é no prestígio do prefeito Deoclídes Macedo, que comanda o município pela quinta vez, ao longo de uma trajetória que o levou à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal, e mais recentemente à presidência da Gasmar. Respeitado pela sua correção pessoal e pela seriedade das suas gestões como prefeito, Deoclídes Macedo terá de se movimentar para evitar estragos irreversíveis na sua imagem política.

São Luís, 02 de Dezembro de 2022.

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