Uma das maiores forças partidárias do Maranhão, situação que vive hoje depois de ter perdido posição hegemônica em 2014 e encolhido ainda mais nas eleições realizadas há menos de duas semanas, o PMDB assiste à corrida o 2º turno para a Prefeitura de São Luís isolado pelos dois candidatos, que esnobaram o apoio do partido por saberem que os votos dados ao candidato Fábio Câmara não lhe pertence. Edivaldo Jr. (PDT) e Eduardo Braide (PMN) mantêm posturas diferentes em relação apoio no 2º turno. O candidato do PDT tenta a reeleição embalado por uma base partidária gigantesca, mostrando que seu projeto é ação de um grupo com várias correntes, sendo a mais importante delas a liderada pelo Governador Flávio Dino, que tem o PCdoB como carro-chefe. E por isso descarta qualquer aproximação com o PMDB. O candidato do PMN avança fazendo exatamente o contrário, deixando claro que seu projeto é fruto das suas convicções e que nele não há lugar para segmentos como o PMDB, que no Maranhão é a expressão do sarneysismo, ou para qualquer outro partido interessado em fatiar o poder. E nesse contexto, o presidente do PMDB, senador João Alberto, bate martelo: o partido está fora da disputa em São Luís.
Nos dois casos, o PMDB paga o preço elevado por ter a cara e a alma do sarneysismo. Na avaliação de líderes políticos tarimbados, no caso de Edivaldo Jr., a rejeição ao PMDB é parte da sua ação política, pois não há como um candidato do PDT em São Luís compor com o a agremiação pemedebista quando ainda está fresca na memória coletiva a lembrança da deposição do governador Jackson Lago numa guerra judicial vencida pelo PMDB sob a liderança de José Sarney. Além do mais, o líder atual dessa corrente, Flávio Dino, chegou ao comando do Estado exatamente declarando e vencendo guerra contra as forças sarneysista expressadas no PMDB. E nesse caso, vale destacar que o prefeito Edivaldo Jr., mesmo não tendo um discurso radical, em nenhum momento sequer admitiu sequer a possibilidade de ter o PMDB na sua coligação; ao contrário, declarou várias vezes que não aceitaria essa aliança, enfatizando essa posição em meados de maio, quando vozes pemedebistas sinalizaram conversas para entrar na coligação.
Eduardo Braide construiu o seu projeto de candidatura dentro do seu próprio partido, sem depender do suporte de qualquer outra agremiação partidária. Compreendeu, desde logo, que faria uma marcha solitária e sustentada apenas pela sua capacidade de se comunicar como eleitorado. E como era um candidato solitário, não despertou também o interesse de partidos mais fortes, como o PMDB. Quando surpreendeu meio mundo e desembarcou no 2º com chances reais de ser eleito prefeito, alguns líderes partidários se assanharam para embarcar na sua campanha, mas foram pelo aviso enfático do candidato do PMN: não aceitará qualquer manifestação de apoio que estiver condicionada ao rateio de cargos em caso de eleição. É bem verdade que o PMDB não se açodou, mas também não recebeu qualquer sinalização de que poderia ser uma exceção. Além disso, declarou não ser sarneysista, o que funcionou também como um recado ao PMDB.
O fato é que, sem o poder de fogo de antes, o PMDB perdeu muito espaço no mapa político estadual, a começar por São Luís, onde lançou um candidato que não queria lançar, fez uma campanha equivocada e saiu das urnas em quinto lugar na disputa para a prefeitura e não elegeu nenhum vereador. E só ocupou esse espaço por conta da ação obstinada e diuturna do seu presidente, senador João Alberto, que mantém o partido como uma máquina azeitada e bem organizada, ainda que para isso não conte qualquer apoio de outros graúdos da cúpula da agremiação. Em resumo: a partir de janeiro de 2017, o PMDB não mais existirá em São Luís, pois perderá os dois atuais vereadores – Fábio Câmara e Helena Duailibe -, tendo o seu futuro depositado nos 21 prefeitos elegeu, entre eles Assis Ramos (Imperatriz), da decisão judicial sobrea situação do deputado Roberto Costa na disputa pela Prefeitura de Bacabal e na ação dos seus deputados e seus dois senadores, ambos em fim de mandato.
PONTO & CONTRAPONTO
Candidatos melhoram o nível da campanha na TV
O aviso estridente da pesquisa Escutec mostrando o candidato do PMN, Eduardo Braide, com quatro pontos na dianteira, fez com que o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) desse uma turbinada na sua campanha na TV, mostrando-se menos garoto propaganda e mais o gestor ativo explicando o que realizou. Ontem, o prefeito conseguiu fazer uma campanha de igual para igual com seu concorrente. Continuou na linha de mostrar obras, mas evoluiu para uma nova perspectiva e com um discurso politicamente bem mais forte do que o de mero apresentador que vinha usando. Por seu turno, Eduardo Braide manteve a linha de enfocar um tema específico – ontem foi saúde – e mostrar que as soluções estão previstas no seu plano de ação com 33 pontos programados para o primeiro ano da sua gestão, se eleito for. Não é precipitado prever que a partir de agora os dois candidatos aumentem o tom das suas manifestações na TV, podendo até mesmo antecipar o clima embate direto programado para o dia 29, na TV Mirante. Nos bastidores corre que tanto Edivaldo Jr. quanto Eduardo Braide estão municiados para reagir a eventuais ataques. Estariam, no entanto, sendo aconselhados a manter elevado nível da disputa, sob o argumento de que a fase de medir os candidatos pelo “critério” de limpeza e sujeira moral e ética já passou, e que agora o que vale é avaliá-los pelo que eles apresentarem de competência e capacidade de gestão para melhorar a vida numa cidade com 1,2 milhão de habitantes e com muitos problemas cobrando solução.
A volta eufórica do “Nota 10”
Poucos eleitos estão tão felizes e entusiasmados com o resultado das urnas como o ex-prefeito e ex-deputado estadual Magno Bacelar, vitorioso na disputa pela Prefeitura de Chapadinha. Um dos sete prefeitos eleitos pelo PV, partido que no Maranhão representa uma das novas correntes do Grupo Sarney, Magno Bacelar não se cansa de relatar os lances da campanha na qual conseguiu derrotar a prefeita Belezinha, candidata à reeleição. “Foi a campanha do tostão contra o milhão. Eu sem dinheiro e ela endinheirada, gastando milhões e com o apoio dos mais ricos da cidade. Mas eu fui para a luta, falei o que tinha de falar e o povo de Chapadinha entendeu e me elegeu”, diz, sempre em tom elevado pelo entusiasmo. Magno Bacelar, que quando governou Chapadinha se tornou conhecido como “Nota 10”, afirma que não apresentou um programa de governo especial para enfrentar a prefeita: “Eu só disse para o povo que faria tudo de novo se fosse eleito. Bastou, porque o povo se lembrou do meu trabalho e meu elegeu. Isso aconteceu porque eu fui um bom prefeito”. E garante que será muito melhor agora, que é mais experiente.
Em tempo: os demais prefeitos eleitos pelo PV foram Cláudio Cunha (Apicum Açu), Luciene Costa (Bom Lugar), Margarete Ribeiro (Guimarães), Iracy Weba (Nova Olinda do Maranhão), Dulcinha (Satubinha) e Umbelino Ribeiro (Turiaçu).
São Luís, 13 Outubro de 2016.