Dividida em grupos, bancada maranhense dará maioria de votos contra impeachment de Dilma

 

Dino Sorriso-horz
Flávio Dino tem pouca força na bancada cuja maioria segue  José Sarney

 

Independente do que venha a acontecer com o futuro do governo – que está ameaçado no Legislativo e na Justiça -, a maioria da bancada maranhense no Congresso Nacional vai se posicionar ao lado da presidente Dilma Rousseff, mesmo que no fechar das contas, ela seja mandada para casa. Mas, ao contrário de outras, a representação maranhense nas duas Casas congressuais não seguirá uma direção única, pelo simples fato de que não segue a orientação de um líder maior. Deputados federais e senadores do Maranhão estão divididos em três grupos, sendo um deles ligado ao governador Flávio Dino (PCdoB), o outro é afinado com o ex-presidente José Sarney, e um terceiro, que se movimenta de maneira independente, ora alinhando-se ao primeiro grupo, ora se ombreando com o segundo, e ora divergindo entre si.

Na divisão da bancada, o governador Flávio Dino lidera a menor fatia. Sob sua orientação estão os deputados Rubens Jr. (PCdoB), Rosângela Curado (PDT), Waldir Maranhão (PP) e José Carlos da Caixa (PT). É esse cacife que faz com que o governador Flávio Dino se mantenha cuidadoso em relação ao tamanho do apoio que ele pode assegurar à presidente Dilma Rousseff na Câmara Federal. Vale destacar que o governador não pode assegurar votos à presidente da República no Senado, pois nenhum dos três senadores maranhenses segue a sua orientação.

O Grupo Sarney, ao contrário, dispõe de um cacife expressivo na Câmara Federal, à medida que os deputados federais João Marcelo (PMDB), Hildo Rocha (PMDB), Alberto Filho (PMDB), Sarney Filho (PV), Victor Mendes (PV), Juscelino Filho (PRB), André Fufuca (PEN), Júnior Marreca (PEN) e Aluísio Mendes (PSDC) seguem, com maior ou menor frequência, as orientações do grupo liderado pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB). Esse alinhamento não é exatamente automático, mas a menos que rompa com o grupo e migre para a bancada comandada pelo governador, esse grupo se posicionará de acordo com a orientação do ex-presidente José Sarney (PMDB), que até aqui será a favor da presidente Dilma Rousseff.

Em meio às duas correntes, quatro parlamentares se movimentam com independência, ainda que se mantenham em harmonia com os seus partidos: Eliziane Gama (PPS), José Reinaldo Tavares (PSB), Pedro Fernandes (PTB) e João Castelo (PSDB). Eliziane Gama segue a orientação do PPS, que é aliado do PSDB, e defende o impeachment, mas ela própria tem sido cuidadosa ao falar do assunto, demonstrando não ter ainda convicção a respeito do assunto. José Reinaldo tem se posicionado como crítico severo da presidente, prevendo que a situação dela está cada vez mais complicada, podendo resultar na sua deposição. Pedro Fernandes tem dado apoio ao governo e não torce pela saída da presidente. O mesmo acontece com João Castelo, embora seu partido esteja na linha de frente pelo impeachment presidencial.

A maioria da bancada maranhense no Senado apoia a presidente, pelo menos até quando o PMDB orientar nessa direção. O senador João Alberto (PMDB) tem operado como um dos articuladores do seu partido com o objetivo de manter a estabilidade política e salvar o mandato presidencial. O senador Edison Lobão (PMDB) trilha na mesma direção, principalmente pelo fato de ter sido ministro de Minas e Energia e de ter construído uma forte amizade com a presidente. Já o senador Roberto Rocha (PSB) não segue a orientação do Palácio dos Leões e trabalha abertamente contra o pacote fiscal e a favor da proposta de impeachment, numa posição mais ostensiva do que a do seu próprio partido.

Pesados os cacifes formados com a divisão da bancada federal, a conclusão indiscutível é a de que o grupo mais forte é mesmo o formado por deputados e senadores ligados ao ex-presidente José Sarney (PMDB), que assim mantém intacto o espaço que pavimentou na seara da presidente Dilma Rousseff. O governador Flávio Dino tem sido um aliado declarado e fiel da presidente, mas sem poder de fogo na Câmara Federal nem no Senado. E os quatro independentes não formam um bloco, pois cada um se posiciona de acordo com o assunto e as tendências do plenário.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Gesto maior

furtado 2O deputado Fernando Furtado (PCdoB) protagonizou ontem um gesto de correção. Ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa para pedir desculpas a índios e homossexuais pelas agressões verbais por ele disparadas contra esses grupos, tendo chamado até índios de “veados” e “veadinhos”. A divulgação de um áudio com as declarações, feitas em ato político no interior, causou indignação geral, levando até o partido do deputado a cobrar dele uma retratação. Além de distribuir a retratação para todos os órgãos de comunicação, o deputado fez um discurso pedindo desculpas, afirmando que falou fora do seu equilíbrio emocional. Fez o que todo “homem de bem” como se definiu, faria numa situação idêntica.

 

Equívoco

anildes 2Na semana passada, a Coluna registrou o alerta da 23corregedora do Tribunal de Justiça, desembargadora Nelma Sarney, para os problemas que afetam gravemente a Justiça de 1º grau, com destaque negativo para as Varas Cíveis da comarca de São Luís, onde a situação se aproxima do caos, segundo sua avaliação.  No registro, a coluna informou que, diante da gravidade, a presidente da sessão, desembargadora Anildes Cruz, propôs suspender a cessão de analistas judiciários para gabinetes de desembargadores, de modo a que eles voltem às suas funções normais e sejam deslocados para ajudar no trabalho se sanar a situação nas Varas Cíveis. Por meio de sua assessoria, a presidente procurou a Coluna para informar que houve um equívoco nessa informação, já que, afirma, tal decisão em relação aos analistas judiciários não foi tomada. Tudo bem, o reparo está feito. No mais, o registro da Coluna foi integralmente confirmado.

 

São Luís, 22 de Setembro de 2015.

 

 

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