Extremamente grave, ética e politicamente, o afastamento da prefeita de Paço do Lumiar, Paula Azevedo (PCdoB), por 50 dias, por causa da suspeita de envolvimento em suposta falcatrua em contrato no valor de R$ 6 milhões para a compra de aparelhos de ar condicionado para Unidade Básica de Saúde e escolas da rede municipal de ensino. Determinado pela desembargadora Maria das Graças Amorim, o afastamento foi determinado a pedido do Gaeco – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado. O Gaeco, na verdade, pediu a prisão da prefeita, mas a magistrada, saída do Ministério Público e recém-chegada ao colégio de desembargadores, preferiu afastá-la e proibi-la de frequentar qualquer órgão da Prefeitura de Paço do Lumiar nesse período, durante o qual a Prefeitura será comandada pelo vice-prefeito Ivaldo Pereira, que não tem qualquer participação na suspeita de desvio.
Não existe uma escala de importância para crime de corrupção no serviço público. Mas não há como ignorar a dimensão que ganha o afastamento da prefeita de um município como Paço do Lumiar. Com quase 130 mil habitantes e integrante destacado da região metropolitana de São Luís, Paço do Lumiar tem papel importante na composição política, social e econômica da Ilha de Upaon Açu. Ao mesmo tempo, é um município marcado por gestões desastrosas e por afastamentos de prefeitos, especialmente nas últimas décadas. Foi o caso de Mábenes Fonseca (PDT), cassado por suspeita de desvio em 2003, e Bia Venâncio, também eleita pelo PDT, que foi afastada em 2012 por corrupção e passou pelo menos dois anos usando tornozeleira eletrônica. O prefeito Domingos Dutra (PCdoB) foi afastado em 2019 por problemas de saúde, mas também em meio a uma grande confusão política, envolvendo especialmente a primeira-dama Núbia Dutra (PDT), por conta da sua influência na gestão do marido.
Paula Azevedo, que entrou na política lumiense pela Câmara Municipal com o nome de Paula da Pindoba, tem sua expressão política no interior do município, foi escolhida para ser vice de Domingos Dutra (PCdoB) no pleito de 2016. Doente, Domingos Dutra se afastou do cargo em 2019, passando-lhe o comando do município. Apoiada pelo governador Flávio Dino como um dos destaques do PCdoB, ela se reelegeu em 2020, fez um governo convincente por um tempo, mas em 2023 começaram a surgir indícios de desvios na sua gestão. Antes, em dezembro passado, sua gestão fora alvo da Operação Mustache, da Polícia federal, que identificou indícios de fraude e direcionamento nas contratações em benefício de um grupo de empresas vencedoras de licitações.
O caso mais grave e que causou seu afastamento é a suspeita de fraude no contrato de R$ 6 milhões com as empresas VE Rocha Ferreira e T & V Comércio para o fornecimento de aparelhos de ar condicionado e ventiladores para Unidades Básicas de Saúde e escolas da rede municipal de ensino. A informação é do bem informado blog do jornalista Glauco Ericeira. De acordo com o blog, os investigadores do Gaeco encontraram suspeita de fraude nos contratos com as empresas VE Rocha Ferreira e T & V Comércio. Além da prefeita Paula Azevedo, a secretária municipal de Administração, Flávia Virginia Pereira, também foi afastada pela desembargadora Maria das Graças Amorim. E como a prefeita, a secretária está proibida de frequentar prédios públicos municipais e de manter qualquer contato com membros da gestão.
Ontem, a prefeita afastada Paula Azevedo se manifestou sobre o afastamento e a investigação. Se declarou inocente, invocou sua condição de mulher, disse que terá “serenidade”, “humildade” e “transparência” no período em que aguarda o desfecho da operação. Curiosamente, a prefeita nada esclareceu sobre o assunto em si nem como pretende se defender das acusações. Outra curiosidade é que o seu partido, o (PCdoB), que é diligente nesses casos, não se manifestou sobre a suspeita de fraude nem sobre o afastamento da prefeita de Paço do Lumiar.
PONTO & CONTRAPONTO
Ministro apoia candidatos de oposição, mas evita entrar em rota de colisão como governador
O ministro Juscelino Filho (Comunicações), que controla uma parte do União Brasil no Maranhão, está na contramão do Palácio dos Leões em vários municípios importantes, onde apoia os candidatos adversários do governador Carlos Brandão (PSB). Dois casos são emblemáticos, o de Vitorino Freire e o de Timon.
No caso de Vitorino Freire, que é sua principal base eleitoral, Juscelino Filho e a irmã, a prefeita reeleita Luanna Rezende (UB), já lançaram um candidato, Ademar Magalhães (UB), conhecido como Fogoió, ex-assessor parlamentar. Ele vai enfrentar o tio do ministro, o ex-deputado Stênio Rezende (PSB), agora seu arqui-inimigo político, que é do PSB e tem o apoio da mulher, a deputada estadual Andreia Rezende (PSB), e com quem rompeu numa guerra política familiar. O governador Carlos Brandão avaliza a candidatura de Stênio Rezende, mas não vai entrar de cabeça na guerra dos Rezende.
Em Timon, o ministro das Comunicações desceu do muro e decidiu apoiar a prefeita Dinair Veloso (PDT), apoiada pelos Leitoa e pelo senador Weverton Rocha (PDT). Ali, ele será adversário do deputado estadual Rafael Brito (PSB), ex-líder do Governo apoiado aberta e ostensivamente pelo governador Carlos Brandão.
Assim como em Timon e outros municípios onde está em posição contrária ao Palácio dos Leões, o ministro Juscelino Filho tem sido leal com seus aliados, mas tem sido cuidadoso em relação ao Governo do Estado. Ele tem uma boa relação institucional com o governador Carlos Brandão e não quer permitir que a disputa eleitoral coloque essa convivência em risco.
Iracema acompanha com atenção máxima o desenrolar da disputa em Barreirinhas
A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB), melhora a cada dia o seu estado de ânimo em relação à corrida do engenheiro Vinícius Vale (MDB) à Prefeitura de Barreirinhas. E o motivo do bem-estar é que, segundo todas as pesquisas feitas até aqui sobre a disputa pelo comando do Portal dos Lençóis Maranhenses, Vinícius Vale lidera a corrida contra o prefeito Almicar Rocha (PCdoB) e o ex-prefeito Léo Costa (PDT).
Política experiente em matéria de eleição municipal – foi prefeita eleita e reeleita de Urbano Santos -, a deputada Iracema Vale sabe que os dois adversários podem se juntar e tornar complicada do projeto eleitoral emedebista. Por conta dessa possibilidade, a presidente do Poder Legislativo monitora atentamente o cenário eleitoral de Barreirinhas.
A parlamentar também acompanha com atenção a corrida eleitoral em Urbano Santos, sua principal base eleitoral, onde além de prefeita foi vereadora por quatro mandatos. Ali, o prefeito Clemilton Barros (PSB), seu aliado, concorre à reeleição com boas chances de renovar o mandato.
São Luís, 31 de Maio de 2024.