Esquerda radical começa a se movimentar para participar das eleições em São Luís

Saulo Arcangeli será candidato de novo pelo PSTU,
enquanto a Federação PSOL/Rede está
entre Franklin Douglas e Janisselma Fernandes

Quem achava que a esquerda dura, resistente, que verga, mas não quebra, ficaria de fora da corrida à Prefeitura de São Luís, calculou mal. O anúncio de que o servidor público federal e professor da Uema Saulo Arcangeli será candidato ao Palácio de la Ravardière pelo PSTU abriu caminho para que outros partidos da esquerda que não fazem concessões deverão ser anunciados em seguida. É o caso da Federação PSOL/Rede, que deve definir e anunciar seu candidato em junho. E outras siglas, mais extremadas ainda, como o Partido Comunista Brasileiro (PCB), versão mais radical do comunismo no Brasil, e o ultraesquerdista Partido da Causa Operária (PCO), que aposta alto na “emancipação e revolução do proletariado”. Mesmo praticamente não existindo aos olhos da legislação partidária brasileira, essas duas últimas legendas teimam em sair do limbo político para pregar suas teses.

O professor Saulo Arcangeli é um fenômeno de teimosia sonhadora dos militantes da ultraesquerda. Dono de sólida formação política, ele se apresenta como candidato do PSTU à Prefeitura de São Luís chancelado por uma trajetória na qual já foi candidato a prefeito, governador e senador. Seu berço político foi o PT, de onde migrou para PSOL, e de onde saiu para se embrenhar mais à esquerda, tornando-se um quadro qualificado do PSTU, partido que teve como estrela maior o sindicalista Marcos Silva, que marcou um período como candidato da ultraesquerda a governador e a prefeito.

Saulo Arcangeli não alimenta ilusões quanto a desfecho eleitoral, pois sabe o que o espera nas urnas. Mas vê o período eleitoral como uma grande oportunidade para falar diretamente com o povo, denunciar as mazelas sociais, criticar as elites e propor soluções radicais para enquadrar o Brasil na sua visão de mundo. Para ele e o grupo que lidera no PSTU, o que vale mesmo é panfletar, conversar diretamente com o eleitor na Rua Grande, nas paradas de ônibus, nas feiras, e por aí vai. Alcançar resultados eleitorais expressivos, que lhe assegure mandato, são outros quinhentos. Para ele, o importante é disparar contra a polarização Eduardo Braide (PSD) e Duarte Jr. (PSB).

A Federação PSOL/Rede está se movimentando para definir uma chapa com candidatos a prefeito e vereador. Em meados de março a Rede saiu na frente apresentando Janisselma Fernandes como candidata da Federação. Só que, por falta de comunicação, a iniciativa não foi muito bem recebida pelo PSOL, cujos líderes alegam que não foram consultados. Em meio a um clima de incômodo, os dois partidos decidiram resolver em junho em reuniões que definirão quem será o representante da Federação PSOL/Rede na corrida à Prefeitura de São Luís. Pode até mesmo ser Janisselma Fernandes, que foi candidata a vice em 2020, ou o professor Franklin Douglas, que foi o candidato do PSOL a prefeito naquele mesmo ano. Para os dois partidos, o importante é que o candidato seja um nome de consenso.

Vale lembrar que essa esquerda dura e resistente vem marcando presença nas eleições para a Prefeitura de São Luís desde 2004. Naquele ano, o PSTU participou com o candidato Antônio Noleto. Em 2008, o PSTU participou com Welbson Barros e o PSOL foi representado por Paulo Rios. Já em 2012, o PSOL teve como candidato o ex-deputado federal Haroldo Sabóia, enquanto o PSTU concorreu com Marcos Silva. Em 2016, o PSTU participou de novo com Welbson Barros. E em 2020, Hertz Dias disputou a Prefeitura pelo PSTU e Franklin Douglas representou o PSOL. Todos tiveram bom desempenho político, mas saíram das urnas com resultados eleitorais muito abaixo do esperado.

A participação desses partidos reforça o ideal democrático, porque eles fazem o contrapeso que a política precisa para se movimentar.

PONTO & CONTRAPONTO

Hildo Rocha assume na Câmara Federal com licença de Roseana

Hildo Rocha assume mandato federal
com licença de Roseana Sarney

O suplente Hildo Rocha (MDB) assumiu mandato temporário na Câmara Federal com a licença médica tirada pela titular, deputada federal Roseana Sarney (MDB). Ele passará quatro meses na Câmara Baixa.

Tendo perdido a reeleição para Roseana Sarney por uma diferença de apenas 700 votos, Hildo Rocha ficou sem mandato e passou a ser uma fonte de preocupação para a deputada e para o ex-presidente José Sarney (MDB).

Para resolver o mal-estar que ficou com a sua não reeleição e por conta da eleição da ex-governadora com votação muito baixa para o seu status político, ela própria foi buscar a solução no MDB.

Num acordo feito com o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, que é deputado federal pelo MDB e cujo pai, senador Jader Barbalho, é amigão da família Sarney, e com o aval do presidente Lula da Silva, Hildo Rocha foi presenteado com o posto de secretário executivo do Ministério das Cidades.

Permaneceu no cargo até entrar em conflito com o ministro que, como o pai, não leva desaforo para casa e o demitiu. Roseana e José Sarney entraram em campo e garantiram a volta de Hildo Rocha ao Ministério, agora como assessor especial.

Agora, para afaga-lo de vez, a deputada decidiu se licenciar para dar ao ex-todo-poderoso homem forte do seu Governo uma oportunidade de viabilizar recursos para suas bases políticas e eleitorais.

Não é sem razão que o período da licença de Roseana Sarney coincide com os quatro meses que antecedem as eleições municipais.

Maranhãozinho pode ser prejudicado pela proibição de aliar-se com quem combate o bolsonarismo

Josimar de
Maranhãozinho pode
ser prejudicado pelo PL

 O deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) teria dito ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que não seguirá fielmente a determinação do comando partidário de punir filiados que apoiem candidatos a prefeito. A proibição foi uma exigência do ex-presidente Jair Bolsonaro ao presidente do PL.

Josimar de Maranhãozinho é um político articulado, que não reza integralmente pela cartilha do bolsonarismo no Maranhão. E poderá prejudicar seriamente o seu cacife político se não puder montar alianças com adversários, via de regra adversários do ex-presidente da República.

Um exemplo é a aliança que o PL está fazendo com o PSB em torno da candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PDB). A aliança do PL/PSB estava sendo costurada tranquilamente, quando Valdemar Costa Neto divulgou a tal regra politicamente restritiva, alegando a necessidade de preservar o bolsonarismo.

Conforme com uma fonte do PL, se o acordo formal com o PSB for inviabilizado pela medida, os seguidores de Josimar de Maranhãozinho em São Luís votarão em massa, seguindo orientação dos seus líderes.

São Luís, 23 de Maio de 2024.

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