Arquivos mensais: novembro 2020

Eleito com votação densa, Eduardo Braide ganha musculatura e alguns desafios para comandar São Luís

 

Eduardo Braide e a esposa Graziela mostram confiança na vitória após o voto

Com 270.557 mil votos, o equivalente a 55.53% dos votos válidos, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) saiu das urnas ontem eleito prefeito de São Luís, vencendo a disputa com o deputado estadual Duarte Jr. (Republicanos), que recebeu 216.665, equivalentes a 44,47% dos votos válidos. O eleitorado ludovicense confirmou assim a tendência manifestada em dezenas de pesquisas feitas ao longo da pré-campanha e das campanhas do 1º e 2º turno, nas quais o candidato do Podemos apareceu na frente, com larga vantagem. Foi um resultado maiúsculo, incontestável, contra um adversário que cresceu e legitimou a disputa com uma votação digna. Eduardo Braide alcançou a vitória apoiado por uma frente formada por partidos e grupos de direita, centro – onde ele se situa – e esquerda, tendo os senadores Roberto Rocha (PSDB) e Weverton Rocha (PDT) como principais apoiadores. No contraponto, Duarte Jr. apoiado por partidos e grupos de direita, centro e esquerda da base liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), tendo como apoiadores destacados o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) e a senadora Eliziane Gama (Cidadania).

Mais do que a escolha do sucessor do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), o desfecho da corrida ao Palácio de la Ravardière rascunha o cenário político para a grande disputa de 2022, cujo objetivo maior será o Palácio dos Leões.

Com a eleição de Eduardo Braide, o governador Flávio Dino deixa de contar com um aliado forte, para ter como vizinho um adversário que dificilmente fará parte do seu projeto de poder. Primeiro porque não existe afinidades política e ideológica entre os dois, e depois, porque, aos 44 anos, Eduardo Braide pretende chegar bem mais longe, sendo a Prefeitura de São Luís a ponte por meio da qual ele pretende chegar ao Governo do Estado. Nesse sentido, o prefeito eleito também terá de administrar as diferenças que tornam frouxa e inconsistente a base partidária que lastreou a sua eleição.

Centrado e politicamente racional, Eduardo Braide sabe, mesmo ganhando musculatura política, que tem dois enormes desafios pela frente. O primeiro é cumprir, no cenário de crise desenhado para os próximos anos, os compromissos que assumiu de transformar São Luís numa cidade com um sistema de saúde sem filas e com clínicas com médicos e exames, todas as 280 escolas reformadas e com um sistema de transporte de massa eficiente. Ele tem a clareza de que todo discurso de campanha logo se revela incompatível com a realidade. E essa realidade só se mostrará por completo quando ele assumir e tiver acesso ao verdadeiro retrato fiscal do município – receita, despesa e compromissos de curto, médio e longo prazo. Correm versões diferentes sobre a situação da Prefeitura, uma dizendo que está tudo bem, outra afirmando que não é bem assim, e uma terceira prevendo que o novo prefeito receberá uma bomba de efeito retardado.

O segundo desafio será acomodar no seu projeto de gestão as forças que o apoiaram. Elas representam de cara dois projetos que visam chegar ao Palácio dos Leões em 2022, um do senador Roberto Rocha, outro do senador Weverton Rocha. Ficará com quem? Até onde se sabe, o prefeito eleito não assumiu compromisso com nenhum deles. Os dois, porém, são importantes canalizadores de recursos federais, o que torna crucial o cultivo de boas relações. E em política impera a regra da troca, e isso significa dizer que esses aliados – principalmente o PDT, que perderá o comando da Capital a partir de Janeiro -, certamente cobrarão a fatura reivindicando espaços na máquina municipal. Eduardo Braide sabe que é assim que funciona, e que para resistir ao assédio terá de ter muita força política.

A grande expectativa é sobre como será a relação do prefeito Eduardo Braide com o governador Flávio Dino, que tem se relacionado produtiva e republicanamente com o atual prefeito de São Luís. Durante a campanha, ao mesmo tempo em que fez críticas ao Governo do Estado, o candidato do Podemos disse e repetiu que vai procurar o governador em busca de parceria. Por sua vez, o governador Flávio Dino declarou em nota que está aberto “a todos os eleitos” para conversar e que está disposto a apoiar as administrações e ajudar no que estiver ao seu alcance. Flávio Dino tem mantido uma convivência republicana com prefeitos de todas as cores políticas.

Resta esperar o prefeito Eduardo Braide confirmar o que pregou na campanha e tomar a iniciativa.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Duarte Jr. surpreendeu, teve votação digna e criou lastro para eleições futuras

Junto com a esposa Karem, Duarte Jr. faz a marca do 10

O deputado estadual Duarte Jr. (Republicanos) foi um candidato à altura da corrida para a Prefeitura de São Luís: foi para a luta, formou um lastro forte e valorizou o desfecho da disputa e a eleição de Eduardo Braide. O pronunciamento das urnas de São Luís revelou ontem que o candidato do Republicanos foi além do que a maioria das pesquisas previu. No 1º turno, ele saiu das urnas com 113.430 votos (22,15%), e praticamente dobrou sua votação no 2º turno, recebendo 216.665 (44,47%) votos, 103.235 a mais, enquanto o candidato do Podemos saiu do 1º turno com 193.378 votos (37,81%) e 270.557 (55.53%) ontem, reforçando seu cacife em 70.979 votos.

O candidato do Republicanos soube capitalizar o seu potencial eleitoral. Fez uma campanha aguerrida, com os traços da sua juventude e da sua ousadia, pelos quais pagou o preço de quem se torna uma ameaça nos espaços de poder. Mesmo sob fogo cerrado de adversário, conseguiu, com seu estilo arrojado de campanha, criar uma marca política que certamente lhe servirá de identidade para eleições futuras. Teve o apoio do governador Flávio Dino e do vice-governador Carlos Brandão, mas em nenhum momento se mostrou um candidato fraco e dependente desse apoio. Ao contrário, ao invés de abusar desse apoio, foi à luta para justificá-lo. Seu adversário foi eleito com base num lastro bem maior, construído a partir da derrota de 2016, mas qualquer avaliação isenta certamente concluirá que o candidato do Republicanos saiu das urnas bem maior do que entrou.

 

Flávio Dino parabeniza os 217 prefeitos eleitos e manda recado sobre 2022

Flávio Dino votou fazendo campanha pela liberdade de do ex-presidente Lula

Apontado por muitos como perdedor nas eleições municipais, principalmente pelo resultado da disputa em São Luís, na qual apoiou o candidato Duarte Jr., o governador Flávio Dino divulgou mensagem aos 217 prefeitos e prefeitas eleitos do Maranhão, sem citar nomes. Com ar de descontração e falando com a segurança de sempre, Flávio Dino mandou três recados muito claros, dois de natureza institucional, e outro de tom político. O primeiro: não diferencia o prefeito de São Luís do de Pedro de Rosário, declarando que todos terão portas abertas no Governo, que está pronto para ouvir e ajudar no que for possível. O segundo: a chave da boa gestão está na honestidade, enfatizando que, com boas ideias, poucos recursos podem render bons resultados. E o terceiro, de teor político, ao declarar, enfaticamente, que ele “e o vice-governador Carlos Brandão, estamos à disposição para ouvir a todos”, um recado direto ao senador Weverton Rocha (PDT) de que o palácio dos Leões já fez sua escolha para 2022. Segue a íntegra da mensagem:

“Dirijo essa mensagem inicialmente a todos e todas que foram candidatos e candidatas nessas eleições. Parabéns. Vocês contribuíram para que tenhamos um país melhor. Ao colocarem seus nomes ao julgamento popular, vocês fortaleceram a base da nossa democracia. Eleições livres e periódicas.

Cumprimento especialmente os que se elegerem nas 217 cidades do Maranhão. Desejo que consigam colocar boas ideias em prática, sempre lutando pelos interesses coletivos. Todos e todas podem contar com o Governo do Maranhão. Nesses seis anos, apesar de tantas crises, já executamos milhares de obras. Ampliamos serviços públicos e marcamos presença em todas as cidades do nosso estado.

Eu, o vice-governador Carlos Brandão, secretários de Estado, presidentes de órgãos públicos, estamos à disposição para ouvir a todos, e atender no que for possível. 2021 será um ano muito difícil para o Brasil. Porém, unidos, trabalhando em convergência, podemos fazer mais. Queremos fazer parcerias, acordos convênios, para somar esforços, notadamente na temática social, que é o principal foco do nosso Governo.

Nesses dois anos que ainda temos muito trabalho à frente do Governo do Estado. Até a próxima eleição estadual, podemos fazer muito. Com honestidade, escolha de prioridades justas, o dinheiro público, mesmo que escasso, gera extraordinários resultados. Desejo sorte e sucesso aos eleitos e às eleitas.

Que tenham muita fé em Deus e vontade de servir à população”.

São Luís, 30 de Novembro de 2020.

Ludovicenses vão decidir o futuro imediato de São Luís entre Eduardo Braide e Duarte Jr. Júnior  

 

Eduardo Braide e Duarte Jr. travaram debate de bom nível, mesmo com ataques

Os 699 mil eleitores de São Luís, que representam mais da metade dos seus 1,1 milhão de habitantes, têm, neste Domingo (29), uma decisão difícil para tomar nas urnas: escolher o novo prefeito da Capital entre o deputado federal Eduardo Braide (Podemos) e o deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos), que foram mandados para o 2º turno como os mais votados entre os 10 candidatos que participaram do 1º turno. São dois políticos jovens, de origens diferentes e com personalidades distintas, distanciados também no que diz respeito aos campos partidários nos quais militam. Eduardo Braide é candidato assumido desde fevereiro de 2019, quando assumiu mandato de deputado federal com uma avalanche de votos na cidade. Duarte Júnior está em campanha desde 2019, quando assumiu seu mandato de deputado estadual, tendo sido o candidato mais votado na Capital. Os dois fizeram campanhas politicamente corretas no campo das propostas, mas também com uma face pouco saudável na troca de acusações. Bons de voto, chegam ao ponto final politicamente legitimados, tecnicamente qualificados e moralmente autorizados.

Eduardo Braide, 44 anos, é advogado e tem como marca a ação calculada, bem pensada. Entrou na vida pública pelas mãos do pai, o ex-deputado Carlos Braide, que presidiu a Assembleia Legislativa na década de 1980. Com pouco mais de 30 anos, Eduardo Braide presidiu a Caema por 14 meses no Governo de José Reinaldo Tavares, e depois foi secretário de Orçamento Participativo da Prefeitura de São Luís na gestão de João Castelo (PSDB), somando dois anos e meio de experiência administrativa plena. No campo parlamentar, se elegeu deputado estadual em 2010 e se reelegeu em 2014, tendo sido líder do Governo Flávio Dino na Assembleia Legislativa. Filiado ao PMN, rompeu com o governador Flávio Dino para ser candidato a prefeito de São Luís em 2016 contra o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), que se reelegeu. Em 2018 Eduardo Braide se elegeu deputado federal com mais de 140 mil votos em São Luís.

No campo político, Eduardo Braide atua de maneira independente e faz oposição ao Governo Flávio Dino. Como candidato a prefeito, conseguiu juntar, no 1º turno, o PSDB, comandado pelo senador Roberto Rocha e as três correntes remanescentes do Grupo Sarney: o MDB, liderado pelo deputado Roberto Costa; o PSD, presidido pelo deputado federal Edilázio Júnior; e o PSC, controlado pelo deputado federal Aluízio Mendes. No 2º turno, além desses, ganhou o apoio do DEM, que teve como candidato o deputado estadual Neto Evangelista, e de parte do PDT, com o incentivo discreto, mas efetivo, do senador Weverton Rocha, que se declarou neutro. Se eleito, Eduardo Braide contará com o suporte do Governo Bolsonaro, e do apoio político desses segmentos, que lhe podem abrir portas em Brasília, mas que representam a base da oposição ao governador Flávio Dino.

Duarte Júnior, 34 anos, é advogado e professor de Direito, tendo como marca a ousadia, a disposição para enfrentar desafios. Entrou na vida pública com menos de 30 anos pelas mãos do atual secretário Felipe Camarão (Educação), ganhando o comando do Procon, onde fez uma revolução, tornando-o um órgão de fiscalização, estadualizado, atuante e eficiente. Diante do seu desempenho surpreendente, o governador Flávio Dino entregou-lhe também o Viva Cidadão. Ali, Duarte Júnior fez outra revolução: modernizou o órgão, melhorou a qualidade dos serviços e os levou a dezenas de municípios. Aplaudida por muitos e criticada por alguns, que o acusam de ser midiático, sua atuação à frente do Procon-Viva Cidadão, levada ao conhecimento de milhares e milhares pelo uso inteligente que ele faz das redes sociais, o cacifou como deputado estadual eleito em 2018 pelo PCdoB com a segunda maior votação, sendo que foi  a maior votação dada a um candidato a deputado estadual em São Luís.

Na seara política, Duarte Júnior é integrante destacado do grupo mais próximo do governador Flávio Dino. Iniciou vida partidária no PCdoB, pelo qual se elegeu deputado estadual. Na Assembleia Legislativa, teve atuação marcada por confrontos, exatamente por haver enfrentado “medalhões” da Casa, como o deputado César Pires (PV), por exemplo, e Neto Evangelista (DEM), que se tornou seu inimigo visceral durante a campanha do 1º turno. Duarte Júnior tentou ser candidato pelo PCdoB, mas o deputado federal Rubens Júnior já estava escalado. Conseguiu autorização para deixar o partido e ingressou no Republicanos com o aval do vice-governador Carlos Brandão e o apoio do governador Flávio Dino, que ficou de fora no 1º, apoiando discretamente o candidato do PCdoB. Agora, conta com o apoio aberto e expresso do ex-candidato do PSB, deputado federal Bira do Pindaré e o do governador Flávio Dino, que assumiu seu voto e fez campanha aberta. Se chegar ao Palácio de la Ravardière, terá portas abertas no Palácio dos Leões.

Com Eduardo Braide, São Luís terá uma gestão ajustada, centralizada, com o prefeito tendo o pleno controle da máquina e com foco na Saúde. Com Duarte Júnior, a Capital viverá um período de intensa movimentação, inovação, com foco na prestação de serviços.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Debate na TV Mirante: Braide e Duarte Jr. travaram o melhor combate de toda a campanha

Depois do confronto, o afago das esposas, sob o olhar do mediador Clóvis Cabalau

Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Júnior (Republicanos) travaram ontem, na TV Mirante, horas depois de a emissora haver divulgado pesquisa do Ibope dando 50% de intenções de voto para o primeiro e 42% para o segundo, o melhor embate dos realizados na campanha do 2º turno. Mais descontraídos e mais propositivos do que nos outros encontros, os dois candidatos discutiram propostas e trocaram farpas, mas nada do que não já tivesse sido dito um ao outro. Eduardo Braide manteve a serenidade de sempre. Duarte Júnior exercitou sua ousadia mais uma vez. Ambos reafirmaram suas propostas, e mantiveram a linha mesmo nos momentos de maior tensão. Nenhuma palavra ofensiva além do adjetivo “mentiroso” foi pronunciada. Os dois mostraram que estão preparados para comandar a maior e mais importante cidade do Maranhão.

Sobre as proposições para Saúde, Educação, Transporte Público, Infraestrutura e Cultura, os candidatos repetiram integralmente as propostas apresentadas durante a campanha. Eduardo Braide foi mais conservador e menos impetuoso, cuidando de passar uma imagem de equilíbrio e confiança, reforçando a imagem de benfeitor na área de Saúde, principalmente como parlamentar. Duarte Júnior foi mais impetuoso, fez um discurso mais inovador e não tergiversou, passando mais segurança do que nos debates anteriores, usando muito bem o lastro que construiu no Procon/Viva Cidadão, onde indiscutivelmente deixou uma marca forte como gestor.

Os dois coincidiram num ponto crucial. Eduardo Braide disse que se eleito for procurará o Governo do Estado e o Governo Federal em busca de parcerias. Duarte Júnior disse a mesma coisa, com a diferença de que fez questão de ressaltar a aliança que já mantém com o governador Flávio Dino, e avisou que vai usar todos caminhos, incluindo o canal do seu partido, o Republicanos, para chegar às fontes de recursos do Governo Federal.

Enfim, os dois candidatos deram seus recados da melhor maneira possível, coroando uma das campanhas mais emocionadas à Prefeitura de São Luís nos últimos tempos.

Em Tempo: O debate da TV Mirante foi bem sucedido. Bem planejado, deu espaço para os candidatos se enfrentarem sem restrições. E com o detalhe: o jornalista Clóvis Cabalau fez a mediação com segurança e eficiência, tornando definitivamente desnecessária a presença de medalhões globais para comandar esses eventos.

 

Gestão de Edivaldo Holanda Jr. é criticada por candidatos, mas ele faz de conta que não ouve

Poupada durante a campanha do 1º turno e em parte do 2º turno, a gestão do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) foi alvo de pancadaria verbal por parte de Eduardo Braide e Duarte Jr.. Não foram críticas  agressivas. Foram observações duras sobre a situação das quase 270 escolas do município, muitas delas sem água, sem banheiros, com problemas no teto e nas portas. Eduardo Braide disse que vai ter de conseguir dinheiro para reformá-las. Nenhuma reação, o que significa dizer que o prefeito vai continuar calado e entregar o bastão ao seu sucessor, independentemente dos ataques que vem recebendo dos candidatos.

São Luís, 28 de Novembro de 2020.

Debate TV Band: Braide se diz próximo ao Governo Bolsonaro e Duarte Jr. reafirma aliança com Flávio Dino

 

Eduardo Braide e Duarte Jr. reafirmaram suas propostas de campanha e se posicionaram claramente no campo político

Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Jr. (Republicanos) concluíram o debate da TV Band, realizado em parceria com a TV UFMA, do jeito que o iniciaram: sem nada acrescentar ao que já disseram sobre projetos em outros debates, sabatinas e programa eleitoral gratuito. Apresentaram as mesmas propostas sobre saúde, educação, mobilidade urbana, zona rural, inclusão social; pronunciaram as mesmas frases e trocaram as mesmas acusações. O diferencial do confronto foi nas suas identificações políticas. Eduardo Braide assumiu ter bom relacionamento com o Governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e deixou no ar a impressão de que, se eleito, não precisará de uma boa relação com o Governo Flávio Dino (PCdoB). Já Duarte Jr. se posicionou em sentido contrário, assumindo sua aliança com o governador do Estado, por considerá-la fundamental para uma boa gestão na Prefeitura de São Luís, mas também afirmando que usará os caminhos possíveis para buscar recursos no Governo Federal.

O confronto político foi provocado pelo candidato Duarte Jr., que tomou a iniciativa questionando atitudes e manifestações de Eduardo Braide e classificando de mentirosos os ataques da campanha do candidato do Podemos à sua candidatura. Eduardo Braide tentou evitar o pugilato verbal, argumentando que estava ali para apresentar e debater proposta, mas Duarte Jr. manteve sua estratégia de provocar o oponente, que em vários momentos teve de abandonar o discurso de campanha para se defender, às vezes com sucesso, às vezes se mostrando muito incomodado. Os dois usaram muitas vezes e com insistência o adjetivo “mentiroso”, num processo desgastante para ambos, que repetiram as mesmas e já surradas acusações.

Politicamente, Eduardo Braide deixou claro que tem afinidades e boas relações com o Governo do presidente Jair Bolsonaro, algo que relutou admitir durante toda a campanha, sem, no entanto, assumir a condição de bolsonarista. O candidato do Podemos fez críticas ao governador Flávio Dino, tentando se colocar como responsável pela fatia de recursos que o Governo do Maranhão recebeu como rateio do Pré-Sal, o que na verdade foi uma decisão do Congresso Nacional como um todo. E ao se colocar como amigo do Governo Federal, disse, enfaticamente, que o prefeito de São Luís tem de ser independente, não explicando exatamente em relação a quê e a quem.

Já o candidato do Republicanos não vacilou em se posicionar como parte da aliança do governador Flávio Dino. Duarte Jr. deixou claro que atua no campo liderado pelo governador e que, se eleito, vai ampliar as parcerias que o Governo do Estado já tem com a Prefeitura de São Luís. Ele disse ter certeza de que vai atuar fortemente para aumentar os investimentos do Governo do Estado em São Luís. Em relação ao Governo Federal, foi igualmente enfático ao afirmar que usará todos os meios para obter recursos federais, por entender que não se trata de problema político, mas um direito dos municípios e que recorrerá ao seu partido para ajudá-lo a chegar às fontes de recursos federais.

Bem planejado e comandado sem falhas pela competente e experiente jornalista Daniella Bandeira, o debate da TV Band/TV UFMA poderia ter sido melhor aproveitado pelos candidatos. O problema é que eles já apresentaram repetidamente as suas propostas e esgotaram os seus repertórios de ideias e projetos para suas eventuais gestões. O confronto político, que foi o destaque do evento, serviu para o eleitor saber, finalmente, e agora de maneira muito clara, com quem está Eduardo Braide e com quem está Duarte Jr. na seara política maior, que no fundo move esse confronto. E visto pelo ângulo da política nesse ponto, o debate valeu a pena.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Bira do Pindaré mostra coerência e consciência de grupo

Bira do Pindaré mostra coerência e noção de grupo

“Numa eleição dessas não há espaço para muro”. De todas as declarações feitas nos últimos dias da segunda e decisiva etapa da corrida para a Prefeitura de São Luís, essa foi, de longe, a que melhor definiu o quadro político em que se dá o confronto entre Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Júnior (Republicanos).

Quem a pronunciou foi o deputado federal Bira do Pindaré, que participou da disputa pelo PSB e ficou em 5º lugar. E que, numa demonstração de coerência e consciência de grupo, se posicionou ao lado de Duarte Jr., segundo a linha do governador Flávio Dino (PCdoB) e seus aliados mais fiéis. Bira do Pindaré não só declarou apoio ao candidato do Republicanos, mas também  mobilizou o PSB da Capital, se envolveu na campanha e foi para a rua pedir votos.

Vale registrar que Bira do Pindaré fez uma campanha exemplar. Apresentou propostas – entre elas um ousado projeto para desenvolver a Zona Rural de São Luís, e já incorporada por Duarte Jr. -, debateu o cenário social, econômico e cultural da Capital, defendeu enfaticamente políticas de inclusão, bem dentro da sua linha de ação como parlamentar. Além disso, ficou à margem de ataques e agressões, mantendo inalteradas sua postura e sua conduta até no dia da votação, tendo recebido o resultado das urnas com serenidade.

Seu apoio a Duarte Jr. levou em conta dois fatores. O primeiro foi o próprio candidato, que considera o melhor para comandar São Luís, e o outro, a sua noção de grupo, que o colocou na linha adotada pelo governador Flávio Dino na manutenção da grande frente político-partidária construída em 2014, da qual tem sido um dos membros mais atuantes.

 

Rigo Teles mostra habilidade ao pedir apoio ao Governo para  saúde de Barra do Corda

Carlos Lula disse que o pleito de Rigo Teles será atendido em Barra do Corda, que foi eleito prefeito

O deputado estadual Rigo Teles (PL), prefeito eleito de Barra do Corda, deu ontem uma demonstração de inteligência política. Ele procurou o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, para pedir o apoio do Governo do Estado para solucionar os problemas que afetam o Hospital Materno Infantil do município a partir do dia 1º de Janeiro, quando assumirá o comando do município. Ali ocorreram mortes de crianças que até hoje não foram satisfatoriamente explicadas. Também politicamente inteligente, o secretário Carlos Lula não pensou duas vezes e disse ao prefeito eleito a Secretaria de Saúde está pronta para fazer as parcerias necessárias com a nova gestão da Prefeitura de Barra do Corda.

A solicitação do deputado e a resposta positiva do secretário poderiam passar como um fato comum, corriqueiro, já que o Governo do Estado tem atuado de maneira republicana com os municípios. Mas no Caso de Barra do Corda, há um dado diferencial: Rigo Teles derrotou nas urnas o candidato do PCdoB, apoiado pelo atual prefeito Wellriky da Silva (PCdoB). Experiente, decano da Assembleia Legislativa, e no exercício do oitavo mandato, Rigo Teles, dá uma demonstração de habilidade política e de responsabilidade como gestor, à medida que deixa de lado as diferenças políticas e ideológicas com o Governo do Estado e cria uma ponte importante para conseguir meios para viabilizar suas ações no comando municipal.

São Luís, 26 de Novembro de 2020.

Braide e Duarte Jr.: dois políticos com visão própria de poder e com bases de apoio diferentes

 

Duarte Jr. tem aliados mais bem definido, de grupo, como Bira do Pindaré e Carlos Brandão; por sua vez, Eduardo Braide conta agora Osmar Filho e Neto Evangelista

Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Júnior (Republicanos) partem para as últimas 80 horas de campanha com suas bases de apoio definidas. Essa definição se consolidou nas últimas 72 horas, quando o deputado Neto Evangelista (DEM), que ficou em terceiro lugar, assumiu a condição de principal apoiador visível – invisíveis não querem aparecer, mas estão agindo intensamente nos bastidores – do candidato do Podemos, liderando a sua torcida em todos os atos de campanha de rua, ao mesmo tempo em que o governador Flávio Dino (PCdoB) tomou para si a condição de principal referência política do candidato do Republicanos, com o apoio direto e visível de seus aliados e auxiliares.  A campanha está “pegando fogo” e ganhando o status de confronto cujo desfecho terá repercussões importantes no tabuleiro da política estadual nos próximos tempos. Mas com um detalhe importante: Eduardo Braide e Duarte Júnior não aceitarão sombras nas suas gestões. Serão protagonistas.

Erra quem supõe que numa eventual gestão de Eduardo Braide haverá espaço para o senador Roberto Rocha (PSDB), seu aliado de ponta, ou para o deputado Neto Evangelista, sentarem à mesa para dar as cartas. Quem conhece o candidato do Podemos sabe que ele tem personalidade forte e não tem grupo político. As forças que o apoiam agora o fazem num jogo de conveniências. Com a noção própria de poder que tem, ele dificilmente rateará sua gestão. Se vier a eleger-se, assumirá o comando pleno da máquina, não aceitando qualquer tipo de interferência. Eduardo Braide sabe que seus entusiasmados aliados de agora, como o senador Roberto Rocha (PSDB), o deputado Neto Evangelista e a banda do PDT que vai ficar sem poder a partir de 1º de Janeiro querem carona na sua gestão, o que é natural. Mas sabe também que dividir o poder é uma questão delicada e cheia de riscos. Logo, é possível prever que boa parte da turma mobilizada em torno dele dificilmente dará cartas na sua eventual gestão.

O mesmo erro comete quem imagina que eleito prefeito Duarte Júnior baixará a guarda e repartirá o poder com aliados de conveniência. Dono de personalidade forte e de uma surpreendente capacidade de trabalho, algo quase compulsivo, não tendo dia nem hora, e com uma noção de comando muito própria, Duarte Júnior será um prefeito que certamente chamará para si toda a responsabilidade da sua gestão. E como demonstrou no Procon e no Viva Cidadão, é dono de uma espantosa capacidade de ação, e com habilidade de motivar seus liderados. Mas, diferentemente de Eduardo Braide, seu ponto de referência e de aconselhamento será sempre o governador Flávio Dino, a quem deve total lealdade. E tem um grupo, o que tornará sua ação bem mais fácil. Com base no seu trabalho no Procon/Viva Cidadão, o governador Flávio Dino sabe que pode contar com ele.

No campo estritamente político, Eduardo Braide e Duarte Júnior serão diferentes, mas com um ponto comum: os dois planejam fazer boas gestões na Prefeitura de São Luís, para servir de portfólio para um projeto maior que cada um alimenta, que vai além do Palácio de la Ravardière. Ambos sonham com o Palácio dos Leões. E sabem que têm concorrentes fortes pela frente. O projeto de Eduardo Braide, que tem 44 anos, é chegar lá mais rapidamente, mesmo avaliando que tem enormes obstáculos pela frente, a começar pelo senador Weverton Rocha (PDT). O de Duarte Júnior, que tem 34 anos, pode ser mais maturado, um pouco mais na frente, já que tem um aliado importante na fila, o vice-governador Carlos Brandão, que tem tido papel importante na sua caminhada partidária.

A catapulta política que os impulsionará será a votação que cada um receberá na eleição de domingo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Othelino Neto parabeniza deputados vencedores e saúda os que não se elegeram

Othelino Neto parabenizou os deputados eleitos Felipe dos Pneus, Fernando Pessoa e Rigo Teles

Com o entusiasmo de quem saiu das urnas como vencedor, mesmo sem ter sido candidato, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) se congratulou ontem com os deputados que disputaram prefeituras e foram eleitos – Felipe dos Pneus (Republicanos) em Santa Inês, Rigo  Teles (PL) em Barra do Corda e Fernando Pessoa (Solidariedade) em Tuntum – se congratulando também com os que não lograram êxito nas urnas, mas que tiveram o mérito de dar substância ao processo político, “semeando aqui para colher mais na frente”.

– Eleição é assim: alguém ganha e outros têm que perder. Então, aqueles que participaram, todos os colegas que disputaram a eleição, merecem nossos parabéns. Evidentemente, os que venceram e, claro, também aqueles que não obtiveram o resultado almejado, mas cumpriram com seu desejo, com o seu papel – disse o presidente. Para ele, vitoriosos ou não, todos merecem reconhecimento por seus esforços e suas mensagens deixadas aos eleitores.

Se eleições municipais movimentaram intensamente a Assembleia Legislativa. A eleição de três deputados para municípios importantes e estratégicos deu bem a dimensão da ação política dos parlamentares. Rigo Teles, que é o decano da Assembleia Legislativa com oito mandatos, vai para o comando de Barra do Corda depois de ter vencido uma eleição tranquila e sem traumas. Fernando Pessoa, um jovem engenheiro recém-chegado à política, vai comandar Tuntum depois de mais de duas décadas de domínio do prefeito Cleomar Tema, o que significa um grande desafio. E Felipe dos Pneus, um empresário jovem e recém-chegado na política que chega ao comando de Santa Inês, uma das mais importantes cidades aposentando de vez a velha guarda representada pelo engenheiro Valdivino Cabral (PL), que foi novidade nos anos 80 do século passado.

O presidente saudou também os deputados que disputaram prefeituras e não conseguiram se eleger. Foram eles: Neto Evangelista (DEM) e Yglésio Moises (PROS) em São Luís, Marco Aurélio (PCdoB) em Imperatriz, Adelmo Soares (PCdoB) em Caxias, Socorro Waquim (MDB) em Timon.

Othelino Neto fez referência à reeleição do prefeito Luciano Genésio (PP) em Pinheiro, marido da deputada estadual Thaíza Hortegal (PP), que disputou o pleito tendo como companheira de chapa Ana Paula Lobato (PDT), esposa do presidente da Assembleia Legislativa. “Fizeram uma bela campanha e obtiveram a vitória. Parabéns, deputada, pela reeleição de Luciano, pelo trabalho que vem sendo feito à frente da Prefeitura de Pinheiro”, concluiu. (Com informações da Assessoria da Alema).

 

Imbróglio eleitoral de São José de Ribamar continua repercutindo no meio político

Júlio Matos venceu Eudes Sampaio e Luís Fernando 

Continua repercutindo nos bastidores políticos e fora deles o resultado da eleição majoritária em São José de Ribamar. E o ponto dos comentários é o seguinte: mesmo que a Justiça Eleitoral confirme que o ex-prefeito Júlio Matos (PL) – eleito com 36% dos votos – seja ficha suja, anule seus votos e reconheça o prefeito Eudes Sampaio (PTB) – que foi o segundo colocado com 27% da votação – como vencedor do pleito, o que ficou claro mesmo foi a derrota do atual prefeito e, por via de desdobramento, do ex-prefeito Luís Fernando Silva e seu grupo. Antes considerado imbatível, agora vai ficando claro de que essa supremacia só existiu enquanto Júlio Matos foi mantido longe das urnas de São José de Ribamar por uma controvertida condenação por supostos desvios quando ele comandou uma maternidade pública em São Luís ainda nos anos 90 do século passado.  Se por decisão da Justiça o prefeito Eudes Sampaio vier a ser brindado com a reeleição, seu mandato terá legitimidade pífia.

São Luís, 25 de Novembro de 2020.

 

Flávio Dino assume liderança e vai à luta por Duarte Jr.; Edivaldo Jr. prefere se preservar à distância

 

Flávio Dino: liderança do grupo e apoio a Duarte Jr., Edivaldo Jr. sem envolvimento na sua própria sucessão

A participação do governador Flávio Dino (PCdoB) na disputa para a Prefeitura de São Luís pedindo votos para o candidato Duarte Jr. (Podemos) tem sido objeto de comentários a favor e contra, como também tem sido discussão o não envolvimento do prefeito Edivaldo Holanda Jr., que se acomodou na “neutralidade” do PDT. Uns concordam com o envolvimento direto e sem rodeios do governador, outros acham que ele deveria se manter distante da disputa. Em relação ao prefeito, muitos acham que ele está certo ao se preservar e não correr o risco de fazer uma escolha que lhe traga dores de cabeça no porvir. Sobre a neutralidade em São Luís, quase ninguém consegue entender.

O governador Flávio Dino está cumprindo exatamente o que anunciou ainda na fase de pré-campanha: que ficaria neutro no 1º turno e se posicionaria abertamente no 2º turno. Até agora, sua conduta tem sido irrepreensível. Chamou seus aliados e colaboradores para apoiar Duarte Jr., entrou na campanha dando declarações a favor do seu candidato e está mobilizando os meios políticos e partidários possíveis para respaldá-lo. Faz o que qualquer governador faria numa situação como essa. Afinal, Flávio Dino é um político por excelência, que não aceita meio-termo numa decisão desse nível. Sua estatura política foi forjada no confronto, com vitórias e derrotas, mas sem fugir da linha.

Em 2012, sem mandato, Flávio Dino articulou a grande base política e eleitoral que garantiu a vitória de Edivaldo Holanda Jr., então no nanico PTC, sobre João Castelo (PSDB), participando diretamente da campanha nos dois turnos. Em 2016, foi peça-chave no apoio a ao prefeito no 1º turno. E no segundo turno, quando Eduardo Braide (PMN) se agigantou e esteve próximo de virar o jogo, foi o governador Flávio Dino e seus aliados que entraram em campo e livraram o prefeito da derrota. Seu envolvimento na campanha de Duarte Jr. traduz fielmente a cabeça e a estatura política do governador do Maranhão, que até aqui não fugiu do embate nem deixou seus aliados no meio do caminho.

Enquanto o governador Flávio Dino assume sua condição de político militante, jogando todo o peso do seu prestígio a favor do candidato do seu grupo, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. alimenta um silêncio perturbador em relação à disputa em São Luís., como se a disputa em curso não lhe dissesse respeito. É difícil entender que um político jovem, que chegou onde chegou pela força de uma frente de aliados, que se mobilizaram e foram à luta para fortalecer sua candidatura em 2016, nos dois turnos, prefira agora a comodidade da indiferença em momento eleitoral tão especial, no qual todos os envolvidos estão fazendo história.  Independentemente do motivo do seu não envolvimento, e seja qual for o desfecho dessa disputa, em algum momento do futuro o jovem e bem avaliado prefeito de São Luís será cobrado por sua atitude. Nenhuma explicação será plausível.

Nesse cenário, se Eduardo Braide for eleito, dificilmente Edivaldo Holanda Jr. escapará da suspeita da suspeita de ter contribuído para facilitar a eventual vitória do candidato do Podemos. Se der Duarte Jr., este ficará bem à vontade para dizer que nada lhe deve.

Nesse contexto de disputa e medição de forças, o governador Flávio Dino confirma sua condição de líder político que tem um lado e vai para o enfrentamento, confirmando o aprendizado que vivenciou ainda no movimento estudantil. Enquanto o prefeito Edivaldo Holanda Jr. parece inclinado a trilhar outro caminho. Tipo “costeando o alambrado”, como dizia o genial e saudoso fundador do seu partido, o ex-governador Leonel Brizola, a casos como dessa natureza.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Braide e Duarte Jr. jogam pesado e dão à disputa um clima de confronto

Eduardo Braide e Duarte Jr. abrem confronto pesado na corrida pelo voto na Capital

Quando as urnas anunciaram o resultado do 1º turno da eleição para a Prefeitura de São Luís, ficou claro que o 2º turno seria uma batalha tensa, com Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Jr. (Republicanos) se batendo fortemente, produzindo um clima de indefinição. A pesquisa do Ibope, divulgada na sexta-feira (19) e mostrando os dois a mesma casa decimal – Eduardo Braide com 49% e Duarte Júnior com 42% das intenções de voto -, atiçou mais ainda o clima, abrindo caminho para que os dois usassem parte dos seus tempos de rádio e TV num intenso jogo de ataque e contra-ataque. No primeiro programa, Duarte Júnior jogou pesado fazendo acusações a Eduardo Braide, que ontem revidou com chumbo grosso. Ambos se dizem atacados e injustiçados e tentam justificar a pancadaria alegando que foram atacados.

Não existem inocentes, anjos nem santos numa disputa eleitoral. Todos jogam com as armas que têm para desidratar o adversário. No primeiro turno, Eduardo Braide apanhou muito, mas também bateu bastante. O mesmo aconteceu com Duarte Júnior, que foi alvo de pancadas de quase todos os concorrentes, assim como distribuiu porretadas a granel. Os dois saíram das urnas ilesos e bem votados, o que significa dizer que as pancadas que receberam não tiveram efeito destruidor. Agora, os dois trocam petardos, mesmo sabendo que o desfecho da eleição será fruto da sua capacidade de convencer o eleitor dos seus projetos e intenções.

Os próximos programas dirão o que de fato os dois pensam disso tudo.

 

Osmar, Astro e Aldir estão na briga pela presidência da Câmara Municipal

Osmar Filho, Astro de Ogum e Aldir Jr. na briga pela presidência da Câmara Municipal de São Luís

Já são intensos os movimentos que visam a eleição da Mesa da Câmara Municipal. Saído das urnas de novo como o mais votado, o vereador e atual presidente Osmar Filho (PDT), que entrou de cabeça na campanha de Eduardo Braide (Podemos), vem jogando todas as suas fichas para emplacar um novo mandato. Por sua vez, o vereador reeleito Astro de Ogum (PCdoB), que já exerceu dois mandatos presidenciais, e que está na linha de frente da campanha de Duarte Jr. (Republicanos), não esconde sua pretensão de voltar à presidência da Casa. Uma terceira via está ganhando forma, o vereador reeleito Aldir Jr. (PL), alinhado à candidatura de Duarte Jr..

Quem conhece bem as entranhas do Palácio Pedro Neiva de Santana diz que se Eduardo Braide for eleito, Osmar Filho será confirmado na presidência. Mas se Duarte Jr. sair vencedor, Astro de Ogum tem condições reais de voltar ao comando da Câmara Municipal de São Luís. A eventual eleição de Duarte Jr. também facilitará o projeto de candidatura de Aldir Filho (PL), que avisou que será um candidato viável.

Esse desenho será concluído tão logo as urnas anunciem o novo prefeito de São Luís.

São Luís, 24 de Novembro de 2020.

Segundo turno em São Luís mostra como as forças políticas vão se juntar para as eleições gerais de 2022

 

Duarte Jr. ontem, e Eduardo Braide, sexta-feira na Rua Grande

O confronto entre Eduardo Braide (Podemos) e Duarte Jr. (Republicanos) pela Prefeitura de São Luís está desenhando, com contornos nítidos, o mapa em que estarão posicionadas as forças políticas que se baterão pelo poder estadual em 2022. A candidatura de Eduardo Braide está funcionando como ponto de convergência e aglutinação de correntes que produzirão uma surpreendente colcha de retalhos partidários e ideológicos, controladas por cabeças de campos aparentemente opostos: os senadores Roberto Rocha (PSDB) e Weverton Rocha (PDT), ambos aspirantes ao Governo do Estado. Já a candidatura de Duarte Jr. concentra e galvaniza as correntes mais fiéis à aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que tem o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) como pré-candidato à sucessão no Palácio dos Leões.

O posicionamento dessas forças tem explicação lógica. Seus líderes buscam encontrar caminhos mais fáceis para viabilizarem seus projetos de poder. O senador Weverton Rocha, de longe o mais arrojado e ambicioso – e por isso mesmo o mais bem-sucedido – quadro da sua geração, poderia tranquilamente colocar a máquina pedetista no apoio a Duarte Jr., mas não o faz porque calcula que, eleito prefeito, o candidato do Republicanos certamente se posicionará pela candidatura do vice-governador Carlos Brandão. Já o alinhamento dos petistas da CNB a Eduardo Braide, que aparentemente desafia a lógica, é “sopro” da direção nacional do PT. O mesmo acontece com o MDB, que pela ótica da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) enxerga em Eduardo Braide um dos seus. Se Eduardo Braide for eleito, o Palácio de la Ravardière será o QG central das forças de oposição ao projeto do governador Flávio Dino.

A aglutinação de forças em torno de Duarte Jr. se dá pela mesma motivação, com a diferença de que as correntes mobilizadas já estão na base do Governo do Estado. Não há qualquer novidade nesse sentido, a começar pelo braço do PT em São Luís, que não fecha com a CNB, e declarou apoio ao candidato do Republicanos, contando com o aval da direção estadual. Chama a atenção o fato de dois deputados do PDT, Ricardo Rios e Rafael Leitoa, ignorarem a “neutralidade” anunciada pelo partido e declararem apoio a Duarte Jr., alinhados ao governador Flávio Dino. Nessa linha, o destaque foi o Rede Sustentabilidade, que liderado por Fauzi Beydoun e pela ex-candidata a vice-prefeita, decidiu apoiar Duarte Jr., contrariando o ex-candidato a prefeito Jeisael Marx, que declarara neutralidade sem consultar o partido e recebeu o troco.

Uma avaliação isenta e mais severa dessa movimentação de forças leva a algumas conclusões, sendo a principal delas a de que mais uma vez os fatos mostram a fragilidade das alianças partidárias. Não faz o menor sentido, por exemplo, o PDT se colocar como neutro em São Luís. Em 2016, a aliança dinista, liderada pelo PCdoB, se desdobrou nos dois turnos pela candidatura de Edivaldo Holanda Jr., que esteve a um passo de ser alcançado e derrotado justamente por Eduardo Braide, então candidato do PMN. É espantoso ver o prefeito agora indiferente à disputa e mantendo um silêncio conivente em relação às adesões pedetistas ao candidato do Podemos.

Eduardo Braide e Duarte Jr. estão perfeitamente conscientes de que o novo prefeito de São Luís terá papel importante e até mesmo decisivo na movimentação dessas forças em 2022. O candidato do Podemos sabe que não existe acordo político e partidário sem acertos para o futuro e que, se for eleito, essa fatura política e eleitoral será cobrada. O mesmo acontece com Duarte Jr.. A diferença é que o candidato do Republicanos está recebendo o suporte de correntes de uma aliança já existente e que tem como referência o governador Flávio Dino, que não contava, por exemplo, com o posicionamento do PDT e “neutralidade” do senador Weverton Rocha e do prefeito Edivaldo Holanda Jr..

O desenrolar da campanha vai dizer quem apostou certo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Deputados comemoram vitórias e amargam fracassos nas urnas

Felipe dos Pneus, Fernando Pessoa, Rigo Teles e Belezinha foram vitoriosos nas urnas, enquanto Marco Aurélio, Zito Rolim, Adelmo Soares e Socorro Waquim tiveram perdas e ganhos nas urnas, e estão cacifados para tentar a reeleição

Não foi bem-sucedida a participação de deputados estaduais na disputa por prefeituras no Maranhão. Dos nove que participaram, só três lograram êxito nas urnas: Felipe dos Pneus (Republicanos), que se elegeu prefeito de Santa Inês, Rigo Teles (PL) será o prefeito de Barra do Corda, e Fernando Pessoa (Solidariedade), que vai comandar Tuntum a partir de  Janeiro, e a suplente no exercício do mandato Belezinha (PL), que se elegeu prefeita de Chapadinha. Marco Aurélio (PCdoB) não conseguiu vitória em Imperatriz, Zito Rolim (PDT) ficou em segundo em Codó; Adelmo Soares (PCdoB), que foi derrotado em Caxias, e a suplente no exercício do mandato Socorro Waquim (MDB).

A vitória mais densa foi a de Felipe dos Pneus em Santa Inês, tendo ele derrotado forças tradicionais no município, lideradas pelo ex-prefeito Valdivino Cabral (PL), que comandou o município nos anos 80 do século passado e deveria estar aposentado. Com a sua juventude e habilidade política, Felipe dos Pneus ganhou credenciais para ser uma liderança de peso no Maranhão.

Outra vitória de peso foi de Fernando Pessoa em Tuntum. Ele conseguiu o que muitos viam como impossível: derrotar o candidato apoiado pelo prefeito Cleomar Tema (PSB), que encerra agora nada menos do que o seu quinto mandato de prefeito daquele município. A vitória de Fernando Pessoa viu seu maior aliado, o prefeito de Barra do Corda, Wellryk da Silva, não conseguiu eleger seu candidato, Gil Lopes (PCdoB), derrotado pelo deputado Rigo Teles.

A eleição de Rigo Teles em Barra do Corda foi emblemática. Envolvido numa grave crise familiar, causada pela suspeita de seu irmão ser o principal suspeito de ser o mandante do assassinato do próprio pai, o ex-prefeito Nenzim. Com a eleição, Rigo Teles ganhou de novo o aval dos cordinos, mostrando ser um político de lastro.

Belezinha teve uma vitória maiúscula em Chapadinha, onde derrotou impiedosamente o prefeito Magno Bacelar (PV) e o promissor candidato do PSB, Higor.

No campo dos que não se deram bem, o deputado Marco Aurélio teve o seu projeto minado, mas com cacife político e eleitoral forte para renovar o mandato em 2022. Por sua vez, o deputado Zito Rolim, ao ser derrotado em Codó, viu seu lastro político perder consistência, que exigirá dele um grande esforço na briga para a Assembleia Legislativa de 2022. E apesar da sua derrota acachapante para o prefeito Fábio Gentil (Republicanos), o deputado Adelmo Soares não tem porque lamentar, pois, afinal ele se manteve em evidência e, sem a concorrência do ex-deputado José Gentil (Republicanos), vencido pelo novo coronavírus, tem visibilidade e campo aberto para renovar o mandato estadual em 2022. Finalmente, Socorro Waquim, que ficou em terceiro lugar na disputa para a Prefeitura de Timon, mas ganhou o mandato de deputada estadual com a eleição do titular Rigo Teles. E o deputado Leonardo Sá, que foi de novo derrotado em Pinheiro pelo prefeito Luciano Genésio (PP).

 

João Alberto se culpa por não ter sido eleito vereador de Bacabal e avisa que tentará de novo em 2024

João Alberto assume que errou em Bacabal e avisa que vai tentar de novo em 2024

Passada a borrasca da corrida às urnas no interior, o ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-prefeito, ex-vice-governador, ex-governador e ex-senador João Alberto (MDB) avaliou cuidadosamente o insucesso da sua candidatura à Câmara Municipal de Bacabal. E chegou a algumas conclusões.

A primeira: foi ele o único responsável por não ter sido eleito.

A segunda: fez campanha movido pela certeza de que os bacabalenses reconheceriam os serviços que já prestou à cidade.

A terceira: de tanto ouvir que estava eleito e que seria o mais votado, relaxou na corrida ao voto.

Em resumo: aos 86 anos, depois de inúmeras campanhas bem-sucedidas em todos os níveis, tirou do insucesso nas urnas a descoberta de que o excesso de confiança o fez esquecer de que cada eleição é como se fosse a primeira, não existindo eleição prévia, principalmente numa disputa pulverizada como para vereador.

Diz que foi surpreendido com o resultado, mas logo percebeu que ele foi fruto dos seus equívocos. E já tomou uma decisão: será candidato a vereador de Bacabal de novo em 2024.

– Não quero encerrar minha carreira com uma derrota em minha terra.

São Luís, 22 de Novembro de 2020.

Números do Ibope mostram que disputa entre Braide e Duarte Jr. será dura e com desfecho imprevisível

 

Eduardo Braide sai na frente, mas Duarte Jr. surpreende e chega perto, diz Ibope

Não surpreendeu, e está dentro da lógica que vem movendo essas eleições, o resultado da pesquisa Ibope sobre a disputa do 2º turno para a prefeitura de São Luís, divulgada ontem à noite pela TV Mirante. Como era esperado, Eduardo Braide (Podemos) apareceu com 49% das intenções de voto, podendo ter de 46% a 52%, se aplicada a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos. Duarte Jr. (Republicanos) recebeu 42%, podendo ter entre 39% a 45%, se levada em conta a margem de erro. A pesquisa também informou que 7% disseram que anularão o voto ou votarão em branco, e 2% não souberam ou não quiseram responder. Apurando-se apenas votos válidos, que não leva em conta brancos, nulos e indecisos, o resultado do Ibope revelou o seguinte: Eduardo Braide tem 54% das intenções de voto e Duarte Júnior 46%. Qualquer equação que for montada agora com esses percentuais certamente remeterá para uma conclusão realista: não há como prognosticar o desfecho dessa eleição.

Os números do Ibope apontaram o favoritismo de Eduardo Braide, mas não foram suficientes para lhe dar a segurança e a confiança do favorito que dificilmente será alcançado. Já Duarte Júnior, mesmo aparecendo atrás, foi fortemente beneficiado, uma vez que os números do Ibope o apontam como uma ameaça concreta e indiscutível, com potencial para tornar a disputa ainda mais dura e imprevisível. Uma conta simples mostra as linhas gerais do cenário acima. Eduardo Braide saiu das urnas do 1º turno com 37% dos votos válidos, alcançando agora 54% de intenções, um ganho equivalente a 17 pontos percentuais, que pode ser mantido, aumentar ou diminuir durante a campanha. Duarte Júnior, por sua vez, saiu do 1º turno com 22% dos votos e começa o segundo com 42% de intenções, um ganho equivalente a 20 pontos percentuais, três pontos percentuais a mais do que o adversário.

Os números do Ibope sinalizam, portanto, que os dois candidatos têm potencial para chegar à Prefeitura de São Luís no dia 29. O que vai confirmar o favoritismo de Eduardo Braide ou promover uma guinada em Duarte Júnior será a capacidade de cada um de convencer o eleitorado. Isso porque essa é uma disputa decisiva, envolve muito mais do que a Prefeitura de São Luís pura e simples, estando incluída no pacote de ganhos uma expressiva carga de poder político que terá peso importante, ou até mesmo decisivo, nas eleições gerais de 2022. Eduardo Braide e Duarte Júnior sabem disso e vão se desdobrar para assumir o controle dessa máquina poderosa a partir de 1º de Janeiro do ano que vem.

A campanha começou ontem criando o clima de uma disputa renhida, voto a voto, como se os candidatos já soubessem que se enfrentarão numa parada dura. Eduardo Braide começou exibindo a manifestação de apoio de Neto Evangelista (DEM) – que foi eliminado na terceira colocação no 1º turno – e de quatro vereadores eleitos, e focando sua proposta administrativa na área da Saúde. Duarte Júnior saudou o Dia da Consciência Negra, lembrando figuras como a líder comunista Maria Aragão e o líder balaio Negro Cosme. Falou um pouco da sua trajetória e pediu uma oportunidade. E argumentando ser preciso que o eleitor “conheça bem” os candidatos, disparou chumbo grosso contra Eduardo Braide. O programa de Duarte Júnior fechou forte com o governador Flávio Dino inteiramente engajado usando o slogan do candidato: “Bora resolver?”

Ao contrário de outras disputas, a corrida de agora para a Prefeitura de São Luís tem ingredientes como juventude, ousadia, audácia e coragem impregnados nos dois candidatos, e evidenciados ontem com clareza na largada de Duarte Júnior. Isso prediz que a campanha será intensa, com muita animação e elevado nível de tensão política.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

PT de São Luís apoia Duarte Jr., mas figuras importantes do partido seguem outro rumo

Márcio Jardim avisa que não seguirá a orientação de Honorato Fernandes na corrida em  São Luís

O braço maranhense do PT, em especial seu antebraço ludovicense, mais uma vez se torna um berço de divergências, alimentando o já clássico clima de conflito que move o partido em tempos de decisão eleitoral. Ao mesmo tempo em que o PT de São Luís, comandado pelo pragmático vereador Honorato Fernandes, que foi vice de Rubens Jr. (PCdoB), declarou apoio a Duarte Jr. no 2º turno da corrida à Prefeitura de São Luís, figuras proeminentes da seara petista, como Márcio Jardim, que faz parte da direção nacional, avisam que não seguirão a posição do governador Flávio Dino. Na mesma linha, o deputado estadual Zé Inácio, único representante do PT na Assembleia Legislativa, avisou que vai se posicionar por um candidato, mas preferiu manter o nome em segredo por enquanto.

Essa falta de sintonia interna é a cara do PT maranhense. Desde os anos 80 do século passado, quando a agremiação ganhou forma no estado, todas as suas decisões foram tomadas sem consenso. Durante muito tempo, o PT teve o PDT como aliado preferencial, tendo eleito Domingos Dutra como vice de Jackson Lago em 1996. E o partido também rachou durante o longo período em que esteve aliado ao MDB e ao Grupo Sarney.  As diferenças que vieram à tona em relação à disputa deste ano em São Luís é mais um episódio que alimenta a personalidade impar do partido, que na opinião apaixonada do deputado Zé Inácio “é o único que pratica a democracia interna”.

 

Reeleito em Imperatriz, Assis Ramos revela projeto de disputar o Governo

Assis Ramos: depois de Imperatriz, São Luís

No calor da euforia com a reeleição, o prefeito de Imperatriz, Assis Ramos (DEM) teria revelado, de alto e bom som, o seu projeto de disputar o Governo do Estado. Não deixou claro se logo agora em 2022 ou em 2026. Nada impede o prefeito de Imperatriz de projetar seu futuro político com esse objetivo. Delegado de Polícia de carreira, que estreou na política em 2016 como um outsider, desbancando graúdos como Ildon Marques, e atropelando os candidatos Ribinha Cunha, apoiado pelo então prefeito Sebastião Madeira, entre outros. Agora, enfrentando o deputado Marco Aurélio (PCdoB), Sebastião Madeira em pessoa e Ildon Marques, e vencendo eleição, Assis Ramos acha que tem cacife para entrar na briga pelo Governo do Estado, na qual já medem forças o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), o senador Weverton Rocha (PDT) e o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), relação que pode aumentar com a ex-governadora Roseana Sarney (MDB).

São Luís, 21 de Novembro de 2020.

Silvio Antônio vai com Braide, Bira do Pindaré apoia Duarte Jr. e Rubens Jr. dá recado duro a Neto, Yglésio, Osmar…

 

Bira do Pindaré, Márcio Jerry e Rubens Jr. (centro) qnunciam apoio a Duarte Jr. que participou virtualmente; Wellington do Curso declara apoio a Eduardo Braide

O aval declarado do deputado federal Bira do Pindaré, ex-candidato do PSB, e a confirmação enfática do deputado federal Rubens Jr., ex-candidato do PCdoB, ao candidato Duarte Jr. (Republicanos), e as manifestações de Silvio Antônio, ex-candidato do PRTB, e do deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) a Eduardo Braide (Podemos) encerraram ontem a montagem das bases de apoio dos dois candidatos para o 2º turno da eleição para a Prefeitura de São Luís. Ambos vão para o confronto respaldados por fortes alianças, o que certamente será o grande diferencial nessa disputa. Isso porque, além do controle do maior e mais importante município do Maranhão, a vitória vale também o comando de uma carga de poder político que os mais pragmáticos apontam como decisiva para o grande embate nas urnas em 2022. As forças mobilizadas em torno de Eduardo Braide ganharam feição de oposição ao governador Flávio Dino (PCdoB), enquanto que as que formaram ao lado de Duarte Jr. passaram a serem identificadas como a base de apoio leal ao governante e a seu Governo.

“Quem não está com Duarte Jr. está contra o governador Flávio Dino”. Feita em tom enfático por Rubens Jr. na entrevista em que ele e Bira do Pindaré, ao lado do presidente do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, anunciaram formalmente seu apoio ao candidato do Republicanos, a manifestação soou como uma declaração de guerra endereçada aos ex-candidatos Neto Evangelista (DEM), Yglésio Moises (PROS), bem como a deputados e vereadores – entre eles Osmar Filho (PDT) – de partidos da base governista que declararam apoio a Eduardo Braide. No ato, Bira do Pindaré foi enfático na manifestação de apoio ao candidato do Republicanos: “A partir de hoje, o 40 é 10”. Duarte Jr., que está com Covid-19, participou do ato por meio de um telão, e foi respaldado pela presença da candidata a vice-prefeita Fabiana Vilar (PL), dos deputados Vinícius Louro (PL) e Ana do Gás (PCdoB) e do vice-prefeito de São Luís Júlio Pinheiro (PCdoB).

Por mais que alguns observadores tentem manifestar surpresa em relação à declaração de Rubens Jr., ela está dentro da lógica e do pragmatismo que movem a política em tempo de confronto eleitoral. O governador Flávio Dino e seus aliados se posicionaram a favor do candidato do grupo que foi para o 2º turno, e não há dúvidas de que teriam feito o mesmo se fosse Neto Evangelista, Bira do Pindaré, Jeisael Marx ou Yglésio Moises. Eduardo Braide faz oposição ao Governo, e por isso mesmo não faz o menor sentido, por exemplo, o deputado Carlos Florêncio, que é do PCdoB, não tem um voto em São Luís e teve seu grupo fragorosamente derrotado na sua base, Bacabal, declarar apoio ao candidato do Podemos enquanto o seu partido declara apoio ao candidato do Republicanos.

A declaração de Rubens Jr. vai colocar as coisas nos seus devidos lugares, funcionando como um recado político direto também para o braço municipal do Solidariedade, comandado por Carlos Madeira, um cristão novo na política ludovicense e inexplicavelmente alçado à condição de chefe partidário com autonomia para tomar uma decisão desse quilate. Isso pode criar fissuras graves na aliança liderada pelo governador Flávio Dino? Pode sim, mas não dá para imaginar o governador cruzando os braços enquanto aliados seus tentam colocar um importante oponente no comando político e administrativo da Capital. Se concordasse com a atitude do deputado Neto Evangelista, sua liderança seria gravemente desidratada.

Por outro lado, Eduardo Braide joga com habilidade para fortalecer sua candidatura. A conversa com Wellington do Curso, que o xingou quando foi rifado pelo PSDB, foi uma demonstração de que nesses momentos o pragmatismo fala mais alto do que certos brios. Wellington do Curso sequer pediu desculpas pelas palavras duras de antes, mas Eduardo Braide aceitou o seu apoio adjetivando o ex-adversário de “deputado valoroso”. Algo errado nisso? Claro que não. Eduardo Braide chegou onde chegou usando a cabeça, e não o fígado. Para ele, não é momento de escolher aliado, e quanto maior for o número de adesões ao seu projeto, melhor. Daí não titubear em aceitar a declaração de apoio de Silvio Antônio, um político de extrema direita, consciente e orgulhoso da sua posição ideológica, e propagador do bolsonarismo no Maranhão. Para o candidato do Podemos, o que importa são os mais de 3% que votaram no candidato do PRTB e que podem lhe dar o voto agora.

É esse o jogo que está em curso, valendo para a candidatura de Duarte Jr. a regra de que grupo é grupo, e para a de Eduardo Braide a ideia de que o que vale é o voto, venha de onde vier.

 

PONTO E CONTRAPONTO

 

Posição do PDT em São Luís tem a ver com o projeto de Weverton Rocha para chegar aos Leões

Weverton Rocha (c) jogou todas as suas fichas em Neto Evangelista e agora anuncia neutralidade

A manifestação da direção nacional do PDT sobre a posição de neutralidade que o partido assumiu no 2º turno da disputa em São Luís só tem uma motivação, e esta não é assumida: o projeto do senador Weverton Rocha de chegar ao Governo do Estado em 2022.

A eventual eleição do candidato do Podemos, Eduardo Braide, fortalecerá o projeto do senador Roberto Rocha (PSDB) de tentar a sucessão do governador Flávio Dino, podendo também, numa outra perspectiva, abrir caminho para uma eventual candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), ou, ainda, numa hipótese remota, mas possível, um projeto do próprio Eduardo Braide, numa repetição do que aconteceu com João Doria em São Paulo. Qualquer uma delas é encarada como “enfrentável” pelo líder do PDT no Maranhão.

Já a eventual eleição de Duarte Jr. significa o fortalecimento automático do vice-governador Carlos Brandão, que assim terá um braço forte no principal colégio eleitoral do estado. Pode também impulsionar, de maneira indireta, o projeto do deputado Josimar de Maranhãozinho (PL), que está se propondo a ser uma opção a mais na corrida ao Palácio dos Leões. Duarte Jr. prefeito dificilmente optará pela candidatura de Weverton Rocha se Carlos Brandão estiver no páreo. Nesse cenário, Duarte Jr. sempre ouvirá a recomendação do governador Flávio Dino, que não trata do assunto, mas é sabido que ele incentiva o projeto de Carlos Brandão.

O argumento de o Republicanos ser “bolsonarista” e de “a maioria” do PDT optar “espontaneamente” pela candidatura de Eduardo Braide é apenas uma alegoria retórica, que nada tem a ver com a realidade. O fato verdadeiro é que, com o arrojo de sempre e decidido a pavimentar o seu caminho rumo aos Leões,  o senador Weverton Rocha jogou todas as suas fichas na candidatura de Neto Evangelista, porque tinha a garantia, dada pela cúpula nacional do DEM, de que, eleito prefeito, ele seria o seu braço forte em São Luís.

Nada mais que isso.

 

Memória

Há 20 anos, São Luís produziu um fenômeno eleitoral, que foi triturado pelo jogo do poder

Pedro Celestino hoje, novamente candidato

A eleição da nova composição da Câmara Municipal de São Luís trouxe à tona nada menos que 20 anos de memória dessa sempre disputada refrega eleitoral. Entre os mais de 900 candidatos que brigaram pelas 31 vagas no plenário do Palácio Pedro Neiva de Santana aparece Pedro Celestino, identificado por uma fotografia que denuncia o peso da idade. Candidato pelo Democracia Cristã (DC), o Pedro Celestino de agora saiu das urnas com magros 106 votos, atrás de mais de sete centenas de concorrentes.

Para quem não sabe, Pedro Celestino foi o grande fenômeno da eleição para a Câmara Municipal de São Luís em 2000, quando Jackson Lago (PDT) se elegeu prefeito pela terceira vez. Naquela disputa, na qual o PDT, então coligado com o PFL por força de um acordo do prefeito Jackson Lago com a governadora Roseana Sarney, todos os prognósticos diziam que o PDT teria os vereadores mais votados. Mas isso não aconteceu.

Entre os candidatos, surgiu Pedro Celestino, um jovem negro, de origem muito humilde, servidor federal. Filiado ao Partido Verde, que havia chegado ao Maranhão no início da década de 1990 e começava a ganhar como canal do discurso ambientalista e de defesa das minorias, Pedro Celestino protagonizou uma campanha que fez história com o slogan “O pequeno que incomoda”, com o qual se referia a ele próprio e ao seu partido. Inteligente, carismático e muito comunicativo, aquele candidato do PV a vereador seduziu o eleitorado ludovicense, arrastou multidões no centro da cidade, numa identificação plena com os mais humildes, os desvalidos. Uma campanha revolucionária, sem nenhum recurso financeiro, nada parecida com outras campanhas.

O resultado da ousadia politicamente inovadora foi que, concorrendo com nomes de peso da época, entre eles o engenheiro Pádua Nazareno (PDT), um dos azes de ouro da equipe do prefeito e do veterano líder oposicionista Haroldo Sabóia (PT), Pedro Celestino saiu das urnas como o segundo mais votado, com inacreditáveis 7.447 votos, só perdendo para o campeão daquela eleição, o pedetista Pádua Nazareno, que recebeu nada menos que 10.035 votos, mas deixando muito atrás o experiente e respeitado Haroldo Sabóia, que se elegeu com 3.330 votos.

Bom na arte de seduzir eleitores, Pedro Celestino revelou-se parlamentar ingênuo, politicamente despreparado, tendo se deixado envolver pelas teias traiçoeiras do poder. Chegara à Câmara por seus próprios meios, sem padrinho, e com autoridade política para exercer um mandato rico como porta-voz daqueles que lhe deram a impagável oportunidade. Sentindo que aquele vereador jovem e envolvente poderia se tornar uma voz incômoda, crítica e cobradora, o prefeito Jackson Lago jogou o laço fatal: convidou o adversário potencial para ser líder do seu Governo. Inebriado pela ideia de poder, Pedro Celestino aceitou. Como líder, foi obrigado a sufocar o discurso de cobrança e assumir a defesa do Governo. Foi o seu fim como político que fez tudo certo, mas cometeu o erro fatal de trair suas origens. Foi varrido do cenário político ludovicense.

São Luís, 20 de Novembro de 2020.