Arquivos mensais: outubro 2018
Flávio Dino é reeleito, faz os dois senadores, despacha de vez o Grupo Sarney, fecha a transição e dá nova cara política ao Maranhão
O resultado das urnas desenhou ontem nova cara política para o Maranhão. A reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB), com 1.867.396 votos (59,29%) em turno único e a eleição de Weverton Rocha (PDT) com 1.997.443 e Eliziane Gama (PPS) com 1.539.916 votos para o Senado da República consumaram, de maneira contundente e indiscutível, o processo de transição política com a derrocada completa do Grupo Sarney. A derrota arrasadora da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) com 947.191 votos (30,07%) e o desempenho sofrível do deputado federal e ex-ministro Sarney Filho (PV) com 752.893 votos, assim como o insucesso do senador Edison Lobão (MDB) com 752.893 votos na corrida senatorial funcionaram como ponto final no longo domínio do Grupo Sarney no cenário político estadual.
Com a vitória maiúscula que alcançou, o governador Flávio Dino consolidou sua liderança, teve seu Governo aprovado pela esmagadora maioria dos maranhenses e ganhou aval para dar prosseguimento ao projeto de poder cujo rumo será em parte definido no segundo turno da eleição presidencial. O desfecho foi desenhado e concretizado também com a vitória da coligação dinista – “Todos pelo Maranhão” – no campo proporcional, formando a maioria da bancada na Câmara Federal e reafirmando o controle da Assembleia Legislativa.
O pronunciamento das urnas neste 7 de Outubro deu forma definitiva ao ponto culminante de um processo – vale ainda lembrar – iniciado em 2006 com a histórica eleição do governador Jackson Lago (PDT), interrompida em 2009 com a derrubada do seu Governo, e retomada em 2014 com a primeira eleição de Flávio Dino. Primeiro porque em cinco décadas um Governo surgido inteiramente na Oposição e por um líder da nova geração não cumpre seu mandato e se renova derrotando o Grupo Sarney com ações políticas íntegras e lícitas e em corridas eleitorais realizadas sem rasteiras nem truques. E mais do que isso, dando espaço de liderança para maranhenses sem chefes nem padrinhos, como próprio governador Flávio Dino e os senadores eleitos Weverton Rocha e Eliziane Gama, de origem modesta nascidos políticos nas forjas do movimento estudantil.
Já abalado desde a dura derrota sofrida em 2014, que o colocou na rota de uma crescente e visível perda de poder, o ex-presidente José Sarney (MDB) apostou todas as suas fichas numa cartada definitiva ao lançar a ex-governadora Roseana Sarney à luta pelo Governo e o deputado federal Sarney Filho a uma das vagas no Senado. José Sarney montou assim uma equação que poderia eleger os dois, o que significaria a sobrevivência plena do Grupo, mas calculando que a vitória dos dois ou de apenas um deles os manteria de pé. Ela no Governo cuidaria de restaurar os instrumentos de poder para seguir em frente; a eleição do ex-ministro do Meio Ambiente daria ao sarneysismo a possibilidade de se regenerar para tentar voltar ao comando em 2022. As urnas, no entanto, mostraram que o ex-presidente não pesou nem mediu a jogada com a precisão de antes, à medida que subestimou o poder de fogo do adversário.
Certo de que, se descuidasse, enfrentaria barra pesada na corrida às urnas, o governador Flávio Dino se movimentou como um líder que cultiva princípios e mergulhou no trabalho para cumprir praticamente todos os compromissos que assumira na campanha de 2014, levando a cabo uma arrojada obra de Governo de viés fortemente social. Ao mesmo tempo atuou forte no plano da política dentro e fora do estado, transformando-se numa das vozes mais acreditadas da esquerda brasileira, principalmente na batalha do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e no confronto aberto que assumiu para salvar o ex-presidente Lula da Silva (PT) da condenação e da cadeia. Mediu cada passo e cada palavra, dando a eles o comprimento e o tom certos, respeitando principalmente a coerência, agindo como um político que tem um lado, uma linha ideológica clara e uma base doutrinária forte. Mas atua pragmaticamente quando os interesses do Maranhão e sua gente estão em jogo.
Ontem, na entrevista que concedeu logo após a confirmação da sua vitória nas urnas, Flávio Dino deu mais uma eloquente demonstração de que tem os pés no chão. Provocado por jornalistas sobre eleição presidencial, ele anunciou, sem titubear, que a partir de hoje entrará em campanha aberta pela eleição de Fernando Haddad (PT), que recebeu 2.059.583, o equivalente a 61,24% dos votos maranhenses. E perguntado sobre uma eventual vitória de Jair Bolsonaro (PHS), que foi votado por 817.070, 24,30% da votação e que tem vociferado contra a esquerda, o governador respondeu tranquilo que não tem problema e que vai dialogar em defesa dos interesses do Maranhão.
Uma das mais tranquilas e imprevisíveis dos últimos tempos, as eleições de ontem mostraram, de maneira nítida e eloquente, que o Maranhão fechou um longo ciclo da sua vida política e administrativa. O governador Flávio Dino e a aliança que comanda foram chancelados pelas urnas, que com a mesma eloquência tirou de cena, pelo visto para sempre, o mais importante, poderoso e influente político que o Maranhão já produziu e, junto com ele, a mais implacável máquina de poder que o estado já conheceu.
PONTO & CONTRAPONTO
Disputa por cadeiras na Câmara Federal produziu dois campões de voto: Josimar Maranhãozinho e Eduardo Braide
Expressiva a renovação da bancada maranhense na Câmara Federal. Primeiro porque os dois mais votados, Josimar Maranhãozinho com 195.768 votos, e Eduardo Braide com 189.843, quebraram recordes de votação na história dessa representação até aqui, entrando para os registros das eleições como verdadeiros campeões de votos. Numa corrida muito bem disputada, desembarcará na Câmara Baixa o jornalista Márcio Jerry, principal articulador político do governador Flávio Dino, com 134.223. A relação de eleitos inclui também o bem articulado deputado André Fufuca e o ativo Pedro Lucas Fernandes. De peito estufado chegam ali também o deputado estadual Edilázio Jr., que passa a ser a principal voz do que restou do Grupo Sarney. Vale anotar também a não eleição de Gastão Vieira (PROS), Victor Mendes (MDB), Sebastião Madeira, entre outros. Com esse formato, a bancada maranhense na Câmara Federal terá pelo menos 11 deputados alinhados ao governador Flávio Dino. Segue a relação dos eleitos:
Josimar Maranhãozinho (PR – 195.768 votos), Eduardo Braide (PMN – 189.843), Márcio Jerry (PCdoB – 134.223), Júnior Lourenço (PR – 117.033), Rubens Junior (PCdoB – 111.584), Pedro Lucas Fernandes (PTB – 111.538), Edilázio Jr. (PSD – 106.576), Aluísio Mendes (Podemos – 105.778), André Fufuca (PP – 105.583), Cléber Verde (PRB – 101.806), Bira do Pindaré (PSB – 99.598), Juscelino Filho (DEM – 97.075), Júnior Marreca Filho (Patriotas – 79.674), Hildo Rocha (MDB – 77.661), Zé Carlos (PT – 76.893), Gil Cutrim (PDT – 72.038), João Marcelo (MDB – 67.352) e Pastor Gildenemyr (PMN – 47.758).
Assembleia Legislativa teve boa renovação e consolidou cacife de Othelino Neto para continuar na presidência
A lista de eleitos para a Assembleia Legislativa confirmou em parte as previsões da Coluna, a começar pela posição da candidata Detinha, que como o marido, Josimar Maranhãozinho, foi a mais votada, a surpreendente votação de Duarte Jr., a volta significativa de Arnaldo Melo e Marcelo Tavares, ambos ex-presidentes da Casa, além do exemplo de mobilização política de Caxias, que mandou três representantes Cleide Coutinho, Zé Gentil e Adelmo Soares. O deputado Wellington do Curso se reelegeu, mas com uma votação inexpressiva para quem obteve quase 100 mil votos na corrida para a Prefeitura de São Luís e percorreu o estado apresentando-se como líder da Oposição ao Governo Flávio Dino. Destaque também para a reeleição de Adriano Sarney, que será a única voz da Família Sarney na política formal. Destaque maior ainda para a sólida reeleição do deputado-presidente Othelino Neto, que assim está credenciado para ser confirmado para presidir o Poder Legislativo na próxima legislatura. Seguem os eleitos para a Assembleia Legislativa:
Detinha (PR – 88.402), Cleide Coutinho (PDT – 65.438), Duarte Júnior (PCdoB – 65.144), Zé Gentil (PRB – 62.364), Othelino Neto (PCdoB – 60.386), Márcio Honaiser (PDT – 56.322), Dra. Thaiza (PP – 51.895), Adriano Sarney (PV – 50.679), Carlinhos Florêncio (PCdoB – 50.359), Neto Evangelista (DEM – 49.480), Marcelo Tavares (PSB – 48.269), Marco Aurélio (PCdoB – 47.683), Fernando Pessoa (SD – 47.343), Andreia Rezende (DEM – 47.252), Edson Araújo (PSB – 45.819), Rafael Leitoa (PDT – 45.462), Ana do Gás (PCdoB – 44.321), Adelmo Soares, (PCdoB – 43.974), Rigo Teles (PV – 43.633), Glalbert Cutrim (PDT – 42.773), Paulo Neto (DEM – 41.765), Daniella Tema (DEM – 40.541), Vinícius Louro (PR – 39.873), Dr. Yglésio (PDT – 39.804), Hélio Soares (PR – 38.555), Antonio Pereira (DEM – 37.935), Ciro Neto (PP – 36.688), Arnaldo Melo (MDB – 35.958), Roberto Costa (MDB – 35.214), Fábio Macedo (PDT – 34.873), Rildo Amaral, (SD – 33.239), Ricardo Rios, (PDT – 33.202), Dr. Leonardo Sá (PRTB – 31.682), Zé Inácio (PT – 31.603), Pará Figueiredo (PSL – 31.555), Helena Duailibe (SD – 31.147), Mical Damasceno, (PTB – 30.693), César Pires (PV – 30.091), Pastor Cavalcante (PROS – 29.366), Wellington do Curso (PSDB – 24.950), Wendell Lages (PMN -22.989) e Felipe dos Pneus (PRTB – 21.714).
São Luís, 08 de Outubro de 2018.
Maranhenses irão às urnas para consolidar a transição reelegendo Flávio Dino ou estancá-la devolvendo o poder a Roseana Sarney
Os 4,7 milhões de eleitores maranhenses se preparam para decidir neste Domingo, 7 de Outubro, o futuro político imediato do Maranhão e do Brasil. Eles irão para as urnas para completar a transição política iniciada em 2014, reelegendo o governador Flávio Dino (PCdoB) e os candidatos ao Senado da coligação “Todos pelo Maranhão”, Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), ou interrompê-la devolvendo o poder ao Grupo Sarney com a eleição da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) para um quinto mandato e os candidatos da coligação “O Maranhão quer mais”, Edison Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV), para o Senado. Escolherão também os 18 deputados federais e os 42 deputados estaduais, e tomarão a decisão eleitoral suprema de um Estado democrático: a escolha do presidente da República. A pesquisa mais recente, da Econométrica, divulgada na Sexta-Feira (05), apurou, como as outras, que 60,2% dos maranhenses preferem completar a transição reelegendo o governador Flávio Dino contra 30,9% que disseram preferir a restauração do ancien regime dando um quinto mandato à ex-governadora Roseana Sarney. Com esse posicionamento identificado pelas pesquisas, a maioria dos maranhenses responderá negativamente à aventura bolsonarista de Maura Jorge (PSL), dando-lhe alguns pontos percentuais, e rejeitará fortemente o projeto de “terceira via” proposto pelo senador Roberto Rocha (PSDB), quase na mesma medida com que deverá dizer “não” à esquerda radical representada por Odívio Neto (PSOL) e Ramon Zapata (PSTU).
Ao longo da campanha eleitoral, a maioria dos eleitores do estado sinalizou com clareza solar sua preferência pela consolidação da transição, que na verdade começou em 2006, com a histórica eleição do governador Jackson Lago (PDT), foi interrompida em 2009 no tapetão judicial e nas eleições de 2010, com a reeleição de Roseana Sarney e retomada com a eleição de Flávio Dino em 2014. Nenhuma pesquisa apontou em outra direção, o que desde logo ficou cristalizado como uma tendência consistente e com todos os sinais da irreversibilidade. Houve uma prolongada indefinição em relação à corrida senatorial, causada principalmente pelo cacife político e eleitoral dos candidatos do Grupo Sarney, o bem sucedido senador Edison Lobão e o eficiente deputado federal Sarney Filho, ambos vitoriosos nas urnas desde suas primeiras eleições, em 1978. Mas têm como adversários dois bons frutos da nova geração, Weverton Rocha e Eliziane Gama, forjados nas trincheiras oposicionistas, de onde construíram até aqui carreiras recém-iniciadas, mas brilhantes. Com os resultados eleitorais previstos pelas pesquisas, a transição se completará integralmente, também pelo fato de serem fortes os sinais indicando que a coligação liderada pelo governador Flávio Dino deve sair das urnas com maioria ampla na bancada federal e na composição da Assembleia Legislativa.
Se o que está desenhado for confirmado – e é quase integral a possibilidade de confirmação , esse desfecho obedecerá à lógica que move os ciclos de poder ao longo da História, exemplificada no Maranhão recente pelo vitorinismo, liderado pelo cacique Victorino Freire a partir de 1945, que foi desbancado pelo sarneysismo em 1965, quando o então deputado federal José Sarney chegou ao poder pelas urnas, e que agora está sendo despachado pelo movimento forjado e galvanizado pelo governador Flávio Dino, já rotulado de dinismo. O recado mandado através das pesquisas e que está a caminho pela via das urnas é que o sarneysismo está cansado, defasado, exaurido, perdeu lastro e foco, estando agora lutando pela sobrevivência. Tem, claro, todo o direito de tentar reverter e evitar o tombo final da derrocada, à medida que tem um mérito indiscutível: manteve-se cinco décadas no poder pelo voto direto, independentemente do fato de que algumas dessas eleições foram ruidosamente questionadas.
Além das circunstâncias históricas, os quatro anos de Governo mostraram que o governador Flávio Dino vai muito além do uso do poder pelo poder, dando às suas ações um caráter clara e profundamente reformador, como a substituição de obras físicas e faraônicas pelo investimento direto nas pessoas, por exemplo, reforçado por uma saudável transparência e, tão ou mais importante: a condição de ficha limpa que ostenta juntamente com os que integram sua equipe e formam o seu círculo político mais próximo. Tanto que fez uma campanha mostrando suas realizações, seus critérios e sua postura. Baseada numa tentativa infrutífera de desqualificar Flávio Dino e seu Governo como um todo, a campanha de Roseana Sarney pregou um assistencialismo desregrado, algo distorcido, prometendo remédio, transporte, energia e leite de graça aos carentes, acrescentando ao pacote a promessa de pagar-lhe também o gás de cozinha.
Será uma escolha decisiva, que manterá o Maranhão na rota traçada pelo dinismo ou o devolverá ao rumo do sarneysismo.
Em Tempo: O levantamento da Econométrica está registrado no TRE/MA sob o protocolo MA-07175/2018 e tem nível de confiança de 95% e margem de erro de 2,6 pontos percentuais.
PONTO & CONTRAPONTO
Haddad terá maioria no Maranhão, mas Bolsonaro pode surpreender
O candidato da aliança PT, Fernando Haddad pode sair das urnas maranhenses com pelo menos 50,7% dos votos válidos, deixando o candidato do PSL, Jair Bolsonaro bem atrás com 23,9% dos votos, seguido de Ciro Gomes (PDT) com 8,5, Geraldo Alckmin (PSDB) com 4,1% e Marina Silva (Rede) com 1,8%. Uma tendência nascida nas eleições em que o ex-presidente Lula da Silva (PT) encantou o eleitorado local arrebanhando centenas de milhares de seguidores fiéis e compensou suas votações transformando o Maranhão num dos polos do Bolsa Família e de outros programas. Mas, diferentemente dos outros pleitos presidenciais, o lulo-petismo dominante no Maranhão tem sido duramente afetado por fatos bombásticos como a condenação e prisão do ex-presidente e a ascensão de um ex-capitão do Exército e deputado federal de vários mandatos, Jair Bolsonaro, que encarna a direita dura e antipetista, que muitos identificam como facista e com tendência golpista. Será uma luta de vida ou morte para essas correntes. O resultado dessa corrida tensa, ao longo da qual alguns fantasmas que atormentam o Brasil e sua democracia, como a ditadura militar, saíram dos porões do esquecimento, assim como os da inflação e o desemprego infernizam hoje a vida de mais de 11 milhões de brasileiros. Fernando Haddad encontra-se na defensiva, apontado como representante dos responsáveis pelo terremoto econômico que sacode o País desde 2015. Jair Bolsonaro é a consequência disso, um produto da crise política, econômica e oral. Se for uma ameaça, o Brasil poderá ter de enfrentá-la, dando à nossa incipiente democracia a oportunidade de ser testada e dar a prova de que tem condições de sobreviver intacta às essas intempéries. Afinal, uma democracia só é plena e plural quando suporta os arroubos da esquerda, a cautela do centro e os riscos da direita. Elegendo Fernando Haddad, os maranhenses estarão dizendo que topam seguir em frente com o lulo-petismo. Optando por Jair Bolsonaro, o recado será o de que não temem o afloramento de um regime com tinturas facistas. E como não há uma terceira via confiável e sedutora, é aguardar.
Se as previsões se confirmarem hoje, Adriano Sarney será o único elo formal da família Sarney com a política
A se confirmar as previsões a respeito do que sairá das urnas, a família Sarney sobreviverá pela presença de apenas um membro no cenário político formal: o jovem deputado estadual Adriano Sarney (PV), que deverá se reeleger segundo todas as listas de prováveis futuros deputados estaduais que estão circulando. Primogênito do deputado federal Sarney Filho (PV) e neto predileto do ex-presidente José Sarney, Adriano Sarney vem encarnando integralmente o sarneysismo como oposição ao governador Flávio Dino, contra quem mantém artilharia intensa na tribuna da Assembleia Legislativa. Moderado e afável e sem a malícia política do avô, o jovem parlamentar revelou-se técnica e culturalmente preparado, com estudos na área de Economia em universidades norte-americanas e francesas. Há quem diga que a carga de ser o responsável pela sobrevivência do sarneysismo será muito pesada para ele, enquanto outros acham que com a orientação do chefe maior ele poderá garantir a sobrevida política da família. A conferir.
São Luís, 6 de Outubro de 2018.
A Coluna será atualizada ao Meio-Dia deste Sábado, 06/10/2018.
Assembleia Legislativa terá elevado índice de reeleição, volta de experientes e chegada de novos quadros com potencial
A previsão feita pela pesquisa do Ibope, divulgada ontem (Quinta-Feira) pela TV Mirante, de que o governador Flávio Dino (PCdoB) será reeleito no primeiro turno com 59% dos votos válidos, acelerou a mais intensa de todas as corridas às urnas: a eleição dos 42 membros da Assembleia Legislativa, que terão papel importante, e em alguns casos decisivo, na vida institucional e política do Maranhão nos próximos quatro anos. Trata-se, como se sabe, de uma eleição muito disputada, que em alguns casos têm caráter “distrital” e em outros alcança pulverização surpreendente, com duros confrontos localizados e alguns regionalizados, que tornam difícil uma previsão sobre quem será eleito ou reeleito.
Nesse cenário, estão candidatos cujos desempenhos nas urnas são previsíveis, como é o caso do presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), que aumentou expressivamente a sua estatura política, e com isso o volume e a intensidade da sua campanha, sendo esperado como um dos mais votados. Há também parlamentares importantes, como Fábio Macedo (PDT), Roberto Costa (MDB), Rafael Leitoa (PDT), Ana do Gás (PCdoB), Adriano Sarney (PV) e Marco Aurélio (PCdoB), entre outros; assim como políticos consagrados que tentam voltar à Casa, como Arnaldo Melo (MDB), Marcelo Tavares (PSB) e Manoel Ribeiro (PRB), que já pontificaram no Legislativo como presidentes; políticos de prestígio nas suas regiões, como os ex-deputados Cleide Coutinho (PDT) e Zé Gentil (PRB), que medem força em Caxias; e quadros novos, com grande potencial e força regional, como a ex-prefeita Detinha (PR), Márcio Honaiser (PDT), Daniella Tema (DEM) e Duarte Jr. (PCdoB), entre outros. São nomes da Situação e da Oposição que, eleitos, poderão fazer a diferença no plenário do Palácio Manoel Beckman. (Em Tempo: os nomes citados na Coluna não formam uma lista de eleitos, mas de candidatos que, pela atuação em campanha, vêm demonstrando cacife para se elegerem.)
A maioria das previsões sobre a eleição para a Assembleia Legislativa coincide num ponto fundamental: a esmagadora maioria dos 26 deputados estaduais que concorrem à reeleição será reeleita, o que resultará, portanto, num modesto grau de renovação. Nesse contexto, há casos de desistência, como o da deputada Nina Melo (MDB), que abriu mão da candidatura para dar vaga ao pai, o ex-presidente Arnaldo Melo, e a deputada Graça Paz, que saiu para ser vice de Roberto Rocha (PSDB) e dar vez ao filho, Guilherme Paz (PSDB). Há um grande número que tentará vagas na Câmara Federal, como é o caso de Edilázio Jr. (PSD), Eduardo Braide (PMN) e Josimar Maranhãozinho (PR), e os que simplesmente desistiram por falta de condições de concorrer à reeleição.
Além dos já citados, que têm o presidente Othelino Neto como referência maior, têm grandes chances de reeleição os deputados Glaubert Cutrim (PDT), Wellington do Curso (PSDB), Neto Evangelista (DEM), Rafael Leitoa (PDT), Rogério Cafeteira (PSB), Edivaldo Holanda (PTC), Rigo Teles (PV), Leo Cunha (PSC), Vinícius Louro (PR), Andrea Murad (PRP), Jr. Verde (PRB), César Pires (PV), Edson Araújo (PSB), Levi Pontes (PCdoB), Carlinhos Florêncio (PCdoB), Raimundo Cutrim (PCdoB), Zé Inácio (PT) Antônio Pereira (DEM), Cabo Campos (PEN), Ricardo Rios (SD), Paulo Neto (DEM), Sérgio Frota (PR), Valéria Macedo (PDT) e Marcos Caldas (PTB). Difícil relacionar por ordem de poder de fogo, mas é honesto afirmar que todos eles, com maior ou menor grau de dificuldade, têm cacife para renovar seus mandatos.
Nessa grande movimentação em todos os recantos do Maranhão, estão na corrida lideranças novas, algumas com grande volume de campanha, que despontam como possíveis eleitos, enquanto outros estão na briga, podendo ou não conquistar mandato nas eleições de Domingo (7). É o caso, por exemplo, de Andrea Resende (DEM), que substitui o marido, Stênio Resende, que não pode ser candidato ao oitavo mandato por ter sido declarado ficha suja pela Justiça Eleitoral; Marcial Lima (PRTB), vereador de São Luís com forte base em Grajaú; Adelmo Soares (PCdoB), que foi secretário de Estado de Desenvolvimento Rural com base em Caxias; Helena Duailibe (SD), ex-vereadora de São Luís e ex-secretária de Estado de Saúde; Belezinha (PR), ex-prefeita de Chapadinha; Honorato Fernandes (PT) vereador de São Luís; Dra. Thaíza (PP), médica com atuação na Baixada; e Pará Figueiredo (PSL), com forte influência na Baixada Ocidental e suporte de família influente no Poder Judiciário.
Reiterando que não se trata de uma lista de eleitos, mas de nomes com potencial para alcançar a eleição, a Coluna está ciente de que há outros nomes que poderiam tranquilamente integrar essa relação informal, mas que infelizmente, por falta de comunicação, não foi possível avaliar. O resultado definitivo dessa tensa e animada corrida será conhecido na noite de Domingo.
PONTO & CONTRAPONTO
Ibope consolidou favoritismo de Flávio Dino e mostrou que os institutos maranhenses tinham razão.
O resultado da pesquisa Ibope sobre a corrida para o Governo do Maranhão apontando que o governador Flávio Dino deve ser reeleito em primeiro turno com 59% dos votos válidos, contra 30% de Roseana Sarney (MDB), 5% de Maura Jorge (PSL), 2% de Roberto Rocha (PSDB), 1% Ramon Zapata (PSTU) e 1% de Odívio Neto (PSOL), confirma uma tendência que vem sendo desenhada há meses. Em nenhum momento a liderança do governador nas preferências do eleitorado foi sequer colocada em dúvida, uma vez que todos os levantamentos feitos ao longo da pré-campanha e da campanha sinalizaram sua provável vitória e, mais do que isso, no primeiro turno. A novidade nessa informação foi a rendição do Ibope a uma realidade já consolidada.
Além de colocar uma pá de cal na discussão, sempre levantada por aliados da ex-governadora Roseana Sarney, que criticaram duramente as pesquisas publicadas até aqui, o levantamento do Ibope atestou, sem qualquer dúvida, que os institutos maranhenses – Econométrica, Exata, DataIlha e DataM – acertaram em cheio em todos os seus levantamentos. Por isso, além do respeito que conquistaram, estão agora, mais do que nunca, credenciados para prestar serviços estatísticos confiáveis, sem dever nada a monstros sagrados como o próprio Ibope, o Datafolha e o Vox Populi, por exemplo.
Vale, portanto, aguardar a confirmação das urnas, na noite de Domingo.
Debate da Globo deixou no ar um sentimento de incerteza
Debate entre os presidenciáveis na Rede Globo terminou como começou, sem um destaque nem declarações ou gestos que possam mudar o panorama favorável ao único ausente, Jair Bolsonaro, que alegou recomendação médica para ficar em casa. Fernando Haddad (PT) se mostrou firme, com os pés no chão e focado na realidade, e com momentos de altivez como no que enquadrou Álvaro Dias (Podemos), o mais chato e incômodo de todos. Geraldo Alckmin fez o que tinha de fazer: reafirmar sua condição de político experiente, com uma receita para tudo e o apelo para que o eleitorado abandone a polarização direita-esquerda e se posicione no centro. Ciro Gomes mostrou todo o seu talento e experiência, mas faltou-lhe mais ousadia para tirar de vez a máscara de Jair Bolsonaro, como fez Marina Silva numa frase: “Ele amarelou. Não veio porque está fugindo do debate”. Muito bem foi o candidato do MDB, Henrique Meireles, que aproveitou todas as oportunidades para pedir votos e mostrar que é um dos mais preparados candidatos, mas sem Roseana Sarney (MDB) caiu de 32% para 30%. Maura Jorge (PSL) passou de 5% para 4%. Roberto Rocha (PSDB) se manteve com 2%. Ramon Zapata (PSTU) passou de 0% para 1%. Odívio Neto (PSOL) passou de 0% para 1%. Brancos/nulos foi de 7% para 4%. Não sabe foi de 5% para 2% charme para turbinar a candidatura. O debate deixou no ar a impressão de que essa fatura pode ser liquidada por Jair Bolsonaro no primeiro turno, colocando o Brasil na rota da mais absoluta incerteza.
São Luís, 05 de Outubro de 2018.
A Coluna será atualizada às 10 horas desta Sexta-Feira, 05/10/2018.
Com quadros ativos e experientes, Maranhão pode eleger uma bancada forte para a Câmara Federal num pleito decisivo para o Brasil
Em meio à quase definição na disputa para o Governo do Maranhão e de situação parecida na confrontação pelas duas cadeiras no Senado, uma disputa de grande peso nestas eleições está sendo travada em inúmeras frentes, por várias dezenas de candidatos com o objetivo de alcançar as 18 cadeiras na Câmara Federal. No cenário dos embates pelo voto estão pesos pesados que buscam a reeleição, como o deputado federal André Fufuca (PP), por exemplo, atual vice-presidente da instituição, e o deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), destaque na bancada do seu partido; ex-integrantes desse time que tentam voltar, como o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB) e o ex-ministro do Turismo, Gastão Vieira (PROS), e novas lideranças que tentam chegar ali pela primeira vez, como é o caso do jornalista Márcio Jerry (PCdoB), principal assessor político do governador Flávio Dino (PCdoB), e os deputados estaduais da Oposição Eduardo Braide e Edilázio Jr. (PSD). Esse conjunto politicamente heterogêneo de candidatos, que vai da esquerda radical, passa pela esquerda moderada e alcança a direita democrática, faz da disputa para a Câmara Federal um enfrentamento de ideias, projetos políticos de curto, médio e longo prazo e vontade de se destacar no espetacular e temível cenário da maior Casa do Congresso Nacional, que rivaliza em pauta e movimentação com o Senado da República, o que torna as eleições proporcionais um evento de importância decisiva para o futuro imediato do Brasil.
Entre os que lutam para renovar o mandato, André Fufuca, Rubens Jr., e João Marcelo (MDB) são partes do que há de mais representativo no atual quadro político maranhense. O primeiro, ainda muito jovem, revelou-se talentoso e hábil: mudou de partido, enfronhou-se no jogo político, tornou-se vice-presidente da Casa, assumiu a presidência algumas vezes e firmou-se como figura de destaque no chamado “alto clero” e voz de peso no “Centrão”. Rubens Jr. firmou-se como o mais destacado militante da linha de ação do seu partido, tendo sido vice-líder e líder da bancada do PCdoB e, como tal, protagonizado muitos atos de importância capital no terremoto político que sacudiu o Congresso e o País nos últimos quatro anos. João Marcelo encarnou uma linha de ação política de grupo, atualizando o estilo direto de uma bem articulada política de resultados praticada pelo senador João Alberto (MDB), sua principal referência.
Entre os que já estiveram na linha de frente em Brasília e que tentam voltar, dois casos se destacam. O primeiro é o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, que lembra, com muita propriedade, que não vai aprender a ser deputado federal, pois já o foi quatro vezes, tendo acumulado uma experiência rica, já que quando exerceu, de maneira bem sucedida, os mandatos foi considerado ali um dos bons quadros do PSDB durante os Governos tucanos de FHC. Na mesma linha, Gastão Vieira movimenta-se para retormar à Câmara Baixa, onde atuou com competência e eficiência por cinco mandatos, firmando-se como um dos “especialistas” da Casa, principalmente na área de Educação, com preparo técnico que o levou ao Ministério do Turismo no primeiro Governo petista de Dilma Rousseff.
Em meio a esses movimentos da corrida pelo voto estão os líderes da nova geração que ocuparam espaço. O mais destacado é, de longe, o jornalista Márcio Jerry, que preside o PCdoB no estado e ganhou estatura como o cérebro da política de comunicação e o principal operador político do Governo, atuando também como porta-voz e anteparo do governador Flávio Dino. Político forjado no movimento estudantil ainda nos anos 80 do século passado como opositor do Grupo Sarney, Márcio Jerry acumulou experiência mantendo coerência, o que permitiu tornar-se um político acreditado e credenciado, sob todos os aspectos, ao exercício de mandato federal. No contraponto está o Eduardo Braide (PMN), que mostrou talento excepcional, quando saiu da base governista e migrou para a Oposição, construindo, como uma espécie de outsider, um espaço político que o levou ao segundo turno na disputa pela Prefeitura de São Luís contra o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) em 2016. Nesse grupo entra o deputado estadual Edilázio Jr. (PSD), ousado e atuante, que vem se consolidando como a principal voz do sarneysismo na nova geração.
Entre os candidatos à Câmara Federal estão nomes de expressão como o deputado estadual Bira do Pindaré (PSB), integrante destacado da corrente dinista; o deputado federal Hildo Rocha (MDB), cujo mandato foi marcado pela eficiência; Zé Carlos (PT), um dos bons quadros do partido; o deputado estadual Josimar Maranhãozinho (PR), conhecido por sua forte e controvertida ação política; o deputado federal Cléber Verde (PRD), um dos mais bem sucedidos membros da bancada maranhense; Aluísio Mendes (Podemos), parlamentar ativo; Victor Mendes (PSD), um dos quadros mais preparados da nova geração; Paulo Marinho Jr. (MDB) e Simplício Araújo (SD), políticos esclarecidos e atuantes; Pedro Lucas Fernandes, uma boa revelaçãao que pode levar para a Câmara, se eleito, a experiência saudável do pai, Pedro Fernandes, e o ex-prefeito de Imperatriz e mega empresário Ildon Marques, conhecido pelo seu preparado e Luana Costa (PSB), que tenta conquistar o seu próprio mandato.
Como se vê, o eleitorado maranhense tem condições de mandar uma boa bancada para defender os seus interesses na mais agitada e decisiva Casa do Congresso Nacional.
PONTO & CONTRAPONTO
Comando da Situação está animado, mas recomenda evitar o “já ganhou”
Não é exatamente um clima de euforia, salto alto ou coisa parecida, mas é nítido o ambiente de alto astral que domina as fileiras da aliança liderada pelo governador Flávio Dino às vésperas da data decisiva do processo eleitoral em curso. Além das pesquisas, que a cada levantamento consolida o favoritismo do governador e dos seus candidatos ao Senado, Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), o otimismo ali foi reforçado pelo desempenho do governador no debate da TV Mirante, do qual saiu como entrou: inteiro e motivado para vencer a eleição em turno único. Nas contas de governistas centrados, que não se empolgam em demasia nem saem da realidade, o aliança liderada por Flávio Dino será vitoriosa nas eleições majoritárias – governador e Senado – e proporcionais – Câmara federal e Assembleia Legislativa. A dúvida que persiste é a eleição presidencial, com a candidatura de Fernando Haddad (PT) amarrada entre 20% e 25%, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), que lidera com folga, mas tende a perder a disputa num segundo turno. O problema é que já há quem aposte alto que Jair Bolsonaro seja eleito presidente já no dia 7. Mas, independente do desfecho da eleição presidencial, o Palácio dos Leões não estimula o “já ganhou” nem desmotiva o alto astral dos seus militantes e apoiadores.
Tudo pronto para uma eleição sem problemas nem traumas no Maranhão
Tudo pronto, sem qualquer atropelo, para a votação de Domingo. O Tribunal Regional Eleitoral, comandado pelo desembargador Ricardo Duailibe, vem seguindo à risca as orientações do Tribunal Superior Eleitoral, implantando a estrutura de acordo com as regras. São milhares de seções eleitorais, milhares de urnas eletrônicas e milhares de pessoas – voluntários e servidores – envolvidas no processo. O clima de tensão em alguns, municípios, que exigiu a presença de força federal para garantir a ordem, arrefeceu, reduzindo a pressão e indicando que a votação de Domingo será tranquila em todo o Maranhão. Que assim seja.
São Luís, 04 de Outubro de 2018.
Debate na TV Mirante: Flávio Dino enfrenta com segurança artilharia articulada por Roseana Sarney, Maura Jorge e Roberto Rocha
Um embate morno, nada revelador e sem um momento sequer de destaque por algum dos participantes. Foi assim o debate entre os cinco candidatos a governador travado ontem na TV Mirante, durante o qual os candidatos Roseana Sarney (MDB), Maura Jorge (PSL) e Roberto Rocha (PSDB) se juntaram contra o governador Flávio Dino (PCdoB), que não deixou pergunta sem resposta e deu o troco “dialogando” com o candidato do PSOL, Odívio Neto, que acabou beneficiado pelo maior tempo de exposição e que, tivesse se preparado, certamente sairia do evento para pontuar nas pesquisas que ainda vêm por aí. O esperado confronto entre Flávio Dino e Roseana Sarney não passou de algumas estocadas de parte a parte, e o anunciado show à parte do senador Roberto Rocha também não foi ao ar. No final, tudo analisado, pesado e medido, os cinco saíram da TV Mirante com as mesmas imagens com que entraram, registrando-se um único diferencial: Maura Jorge “vendeu” bem sua aliança com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), que foi chamado de facista pelo candidato do PSOL, que também pediu votos para o presidenciável do seu partido, Guilherme Boulos. Os demais candidatos não entraram de cabeça na disputa presidencial.
Desde o primeiro momento ficou claro que Roseana Sarney, Maura Jorge e Roberto Rocha combinaram a estratégia de fazer perguntas entre si, deixando Flávio Dino no isolamento. E quando a ele se dirigiram foi tentando desqualificar sua gestão de maneira genérica, já que ninguém formulou uma só pergunta que pudesse tirar o candidato do PCdoB do eixo ou colocá-lo em desconforto. Ao contrário, o governador, em que pese a limitação “planejada” da sua participação pela estratégia dos três adversários, mostrou-se sempre descontraído, sem alterar o seu bom humor. Roseana Sarney entrou muito tensa, com certa dificuldade de formular perguntas, mas ao longo do embate, sem ser atacada por Roberto Rocha e Maura Jorge, conseguiu mergulhar um pouco na descontração e levar o embate até o fim sem maiores problemas.
Nas vezes em que teve direito à palavra, o governador Flávio Dino exibiu confiança e segurança, foi propositivo destacando as conquistas do seu Governo e avisando que se for reeleito vai “fazer muito mais”. Além da segurança com que se manifestou, o governador não escorregou em nenhuma casca de banana, até mesmo porque seus adversários não souberam provocá-lo, talvez por falta de interesse mesmo. O senador Roberto Rocha tentou desqualificar o atual Governo, mas o governador Flávio Dino segurou o “veneno” e inibiu o ataque do candidato tucano. Da mesma maneira fez com as investidas da candidata Maura Jorge, deixando-a a repetir frases de efeito, mas sem apresentar um dado numérico ou estatístico as questões levantadas.
No jogo de isolar o governador Flávio Dino, Roseana Sarney, Roberto Rocha e Maura Jorge deixaram um espaço imenso para que Odívio Neto vendesse o seu peixe. Inicialmente inibido e vacilante, o candidato do PSOL foi aos poucos soltando a língua e aproveitando para bater nos adversários. Chegou mesmo a anunciar algumas de suas metas de Governo, fazendo com que o mundo viesse saber que todas elas estão fundadas na educação. Nesse ambiente de ação articulada, Roberto Rocha tentou fazer um discurso de nível elevado, mas sem nenhuma objetividade para alcançar o que deveria interessá-lo: o eleitor de todos os níveis, objetivo que o governador Flávio Dino mirou com cuidado e eficiência, seguido de Roseana Sarney, que apesar da tensão e de algumas frases atravessadas, conseguiu dar alguns recados.
Mas o fato é que, no geral e apesar do engessamento do formato, o debate da TV Mirante não produziu vencedores nem vencidos. O governador Flávio Dino saiu do jeito que entrou, na condição de favorito e sem qualquer rasura. A ex-governadora Roseana Sarney recebeu algumas estocadas, devolveu umas e foi para casa certa de que nada acrescentou à sua condição de candidata. O senador Roberto Rocha discursou para uma plateia que certamente não era a grande massa de eleitores do Maranhão. A candidata Maura Jorge não apresentou uma só proposta concreta de Governo e usou o debate para propagar a sua aliança com o presidenciável Jair Bolsonaro. E o candidato do PSOL, em que pese sua dificuldade discursiva, aproveitou as oportunidades que lhe foram dadas e estocou os adversários, fazendo o papel de anticandidato.
PONTO & CONTRAPONTO
Debate passou ao largo da disputa presidencial
Salvo pela festa bolsonarista da candidata Maura Jorge (PSL) e da manifestação do candidato do PSOL, Odívio Neto, sobre o presidenciável Guilherme Boulos, o debate na TV Mirante passou ao largo da corrida para a presidência da República. O governador Flávio Dino não teve oportunidade para falar do assunto, embora tenha feito referências aos seus aliados do PT. Já o senador Roberto Rocha não deu uma só palavra sobre Geraldo Alckmin, que é o presidenciável do seu partido e se encontra numa situação extremamente delicada, com potencial para vencer Jair Bolsonaro no segundo turno, mas sem condições de chegar lá. A ex-governadora Roseana Sarney, por sua vez, mesmo sendo provocada sobre o assunto, ignorou solenemente a provocação e não deu uma palavra sobre o presidenciável emedebista Henrique Meirelles, esquivando-se também de se manifestar em relação ao presidente Michel Temer (MDB). O destaque nesse quesito foi mesmo para a candidata Maura Jorge, que foi fantasiada de “bolsonarista”, tendo inclusive enfrentado a militância de esquerda ao chegar à TV Mirante. Maura Jorge disse ter certeza de que “cada voto em Bolsonaro será também um voto em mim”.
Candidatos elogiam companheiros de chapa e candidatos ao Senado; Roberto Rocha comete ato falho
Os candidatos usaram o espaço do debate na TV Mirante para propagar também seus candidatos a vice e a senador. O candidato do PSOL, Odívio Neto, usou boa parte das suas considerações finais para exaltar sua candidata a vice Gigia Helena e os seus candidatos a senador, Saulo Pinto e Iego Bruno, tecendo rasgados elogios sobre cada um deles. Nessa linha, o governador Flávio Dino fez elogios ao vice-governador Carlos Brandão e pediu votos para os seus candidatos a senador, Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), os quais, aliás, o acompanharam ao Sistema Mirante. Maura Jorge também exaltou seu candidato a vice, coronel Roberto Filho e o candidato a senador, Josué de Itapecuru. Provavelmente por falha de memória, Roseana Sarney não se referiu nem ao vice Ribinha Cunha (PSC) nem aos seus candidatos a senador, Edison Lobão (MDB) e Sarney Filho (PV). Mas o ato mais falho nesse detalhe ficou por conta do tucano Roberto Rocha, que fez rasgados elogios à vice Graça Paz, mas ignorou os candidatos do PSDB ao Senado José Reinaldo e Alexandre Almeida. E para completar o ato falho, Roberto Rocha fez rasgados elogios ao senador Edison Lobão ao informar que ele o apoiou na aprovação do projeto da ZPE, provavelmente no momento esquecido de que Edison Lobão é o alvo direto da violenta campanha do tucano Alexandre Almeida contra o que ele chama de “políticos profissionais…”
São Luís, 03 de Outubro de 2018.
Grupo Sarney joga pesado para evitar derrocada e salvar pelo menos a candidatura de Sarney Filho ao Senado
Estava escrito nas estrelas que, se os sintomas de derrota de Roseana Sarney (MDB ao Governo e do deputado federal Sarney Filho (PV) na corrida a uma das vagas no Senado se tornassem muito fortes, o Grupo Sarney lançaria mão de armas política e eleitoralmente letais para reverter a tendência, disparando chumbo de grosso calibre contra o governador Flávio Dino (PCdoB) e, principalmente, contra os deputados federais Eliziane Gama (PPS) e Weverton Rocha (PDT). Essa pedra, cantada desde o início da campanha, começou a se confirmar na semana passada, quando, diante dos números incontestáveis encontrados por várias pesquisas, apontando os candidatos apoiados pelo governador Flávio Dino como virtuais vencedores da disputa, a máquina sarneysista de triturar adversários entrou em operação, acrescentando forte dose de tensão à disputa na reta final. Faltando dois programas de TV e mais algumas inserções para governador, senador e deputado estadual para terminar a campanha no Rádio e na TV, a aliança comandada no caso por Roseana Sarney (MDB) parece estar se dando conta de que sua situação é dramática, e com o risco de encarar a ausência de sarneysistas nos mandatos majoritários desde que o próprio ex-presidente José Sarney tornou-se governsdor em 1965 e senador em 1970.
A metralha disparada impiedosamente contra Weverton Rocha e Eliziane Gama, com o objetivo explícito de desestabilizar suas campanhas e fragilizar suas candidaturas, tornou-se tão intensa que os roseanistas encarregados de executá-la acabaram tropeçando e tombando feio, nesta segunda-feira, caindo nas garras da Polícia Federal, com a prisão dos responsáveis pela produção e divulgação de um pasquim destinado a desidratar os aliados do governador Flávio Dino e ele próprio. Com o episódio, que surpreendeu pelo primarismo da artimanha, o Grupo Sarney, mais especificamente a candidatura do ex-ministro Sarney Filho, sofreu um revés amargo e inesperado, correndo o sério risco de ter consumado aí a sua própria queda no resultado final da corrida. Isso porque as digitais do Grupo no caso são muito nítidas, coisa do tipo batom no colarinho, devendo resultar no mínimo num enorme e insuportável dissabor.
A verdade é que o Grupo Sarney vem dando seguidas demonstrações de que agora, quando se desdobra para driblar a decadência e tendo de se virar nos trinta sem o poder politicamente milagroso da máquina pública, não consegue gás natural para enfrentar o movimento liderado pelo governador Flávio Dino. Os fortes sinais dessa tormenta estão em fatos antes inimagináveis, como a decisão do deputado Souza Neto (PRP), genro e homem de confiança do ex-deputado Ricardo Murad (PRP), e do ex-deputado Carlos Filho (PRTB), ex-genro da ex-governadora Roseana Sarney, de sair da corrida à Assembleia Legislativa, com o objetivo de garantir pelo menos a reeleição de Andrea Murad (PRP) e Adriano Sarney (PV). Em outros tempos, as duas candidaturas seriam mantidas, e com a certeza de que sairiam vitoriosas das urnas.
O que chama a atenção é que um político do quilate do Sarney Filho, com uma dezena de mandatos, com pelo menos uma década no comando da coordenação da bancada maranhense, com participação ativa em todas as legislaturas, e duas bem sucedidas passagens pelo Ministério do Meio Ambiente, seja suspeito de lançar mão do recurso da desconstrução de adversários.
O problema é que o Grupo Sarney enfrenta nestas eleições duas situações se completam em seu desfavor. A primeira é o seu já óbvio e indiscutível desgaste histórico como um todo, e que não mostrou capacidade de se renovar. A outra é a força e a consistência política de Weverton Rocha, que tem feito a diferença na Câmara Federal, e Eliziane Gama, que, além do bom desempenho parlamentar, é dona de um carisma político excepcional. A essas credenciais se somam a liderança firme e o aval decidido do governador Flávio Dino, um dos políticos mais acreditados da atualidade em todo o País, e que caminha a passos largos para se reeleger e consolidar o seu projeto de poder.
É quase certo que a natureza de combatente do ex-presidente Jose Sarney fará com que o seu Grupo não se conforme com o rumo que a corrida às urnas tomou e nas horas que restam de campanha, e vai usar todas as armas que puder para evitar a derrocada e emplacar pelo menos Sarney Filho no Senado, já que a guerra pelo Palácio dos Leões parece irremediavelmente resolvida a favor do candidato do PCdoB.
PONTO & CONTRAPONTO
Econométrica aponta consolidação da tendência de reeleição de Flávio Dino no primeiro turno
Mais uma informação indicativa de que o governador Flávio Dino (PCdoB), candidato da coligação “Todos pelo Maranhão”, seria reeleito em turno único, com 61,1% dos votos válidos. É o que informa a nova pesquisa do instituto Econométrica, divulgada ontem. Em segundo lugar viria a candidata da coligação “O Maranhão quer Mais”, Roseana Sarney (PMDB), com 29,9%, seguida de Maura Jorge com 5,3%, Roberto Rocha com 2,5%, Ramon Zapata com 0,4% e Odívio Neto com 0,1%.
A pesquisa, foi feita entre os dias 27 e 30 de setembro, com 1.411 entrevistados em todas as regiões do Maranhão, confirma todos os demais levantamentos realizado nas últimas duas semanas. O levantamento tem margem de erro de 2,6 pontos para mais ou para menos e está registrado sob o número MA-01075/2018.
Com cinco candidatos, debate de hoje na TV Mirante será o ponto alto da campanha ao Palácio dos Leões
Tudo pronto, conforme anunciado em telejornal, para o debate de hoje na TV Mirante entre cinco dos seis candidatos a governador. Participarão Flávio Dino (PCdoB), Roseana Sarney (MDB), Maura Jorge (PSL), Roberto Costa (PSDB) e Odívio Neto (PSOL). Será um momento importante e decisivo na campanha eleitoral, a começar pelo fato de que será o único em que os candidatos estarão frente a frente. É evidente que a grande expectativa será o embate entre Flávio Dino e Roseana Sarney. Com a experiência de quem nasceu político nos embates do movimento estudantil e ampliou sua vivência como juiz federal e deputado federal, o governador sabe que será o alvo principal e preferencial de todos os seus adversários, e por isso deve ir para o enfrentamento com um arsenal cartas na manga. Roseana Sarney, que não tem muita habilidade com as palavras, vai jogar com frases de efeito e perguntas bem elaboradas para desestabilizar o governador, correndo, porém, o risco de ser apanhada no contrapé da réplica ou da tréplica, podendo também ser colocada contra a parede com perguntas incômodas. Hábil com as palavras, Roberto Rocha vai usar todo o seu malabarismo verbal para tirar o governador do eixo, podendo também jogar pesado contra Roseana Sarney, apostando no sonho de substituí-la como adversário principal na reta final. Maura Jorge poderá soltar alguns petardos incômodos na direção de Flávio Dino ou Roseana Sarney, mas poderá também ser alvejada com questionamentos ácidos. Odívio Neto poderá, se jogar com habilidade, sair do debate sendo olhado com respeito.
O debate dificilmente mudará o cenário da disputa desenhado até agora, mas será importante para resolver alguma dúvida sobre esse ou aquele candidato.
São Luís, 01 de Outubro de 2018.