“O governador Flávio Dino está no seu melhor momento. No terceiro ano de Governo. Seus projetos estão em andamento, a equipe está definida e ajustada, as finanças estão em ordem, apesar da crise que assola o Pais. E nesse momento ele caminha para a reeleição, sem adversários, porque eles até agora não se apresentaram como pré-candidatos”. Foram declarações feitas ontem pelo deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), um político jovem, mas que tem os pés fincados no chão e carrega nos ombros os cargos de vice-líder da bancada do seu partido e de coordenador da bancada maranhense na Câmara Federal, além de ser uma espécie de porta-voz avançado do governador Flávio Dino (PCdoB) nos mais diversos canais de Brasília. Apesar da pouca idade, Rubens Jr. fala como um parlamentar maduro e atua como membro titular da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, que vai analisar a denúncia contra o presidente Michel Temer e elaborar parecer para subsidiar o plenário. Ele exibiu bom senso ao não revelar o que acha da denúncia. “Se eu responder isso agora, vou estar antecipando julgamento sem ter analisado a peça tecnicamente”, diz, recorrendo à postura ética de advogado que como advogado terá de se posicionar sobre a acusação ao presidente da República. Para ele, a situação do país é grave, e se o presidente Michel Temer (PMDB) cair, o remédio para tirar o País da crise política avassaladora é a eleição direta.
Rubens Jr. avaliou à Coluna que o cenário nacional é de grave incerteza, não havendo agora condições de fazer uma projeção segura do que vem por aí. E assinalou que o Congresso nacional tem papel decisivo nesse processo, resolvendo de um lado, o imbróglio político, que é a situação do presidente da República, e de outro dando a palavra final sobre as reformas em curso, que ele considera equivocadas. Sem querer fazer previsão sobre o futuro do presidente Michel Temer, ele disse achar que o desfecho do caso na Câmara se dará logo, mas alertou que outra denúncia já estaria a caminho, o que pode complicar ainda mais a situação do presidente. Em relação às reformas, a avaliação do vice-líder do PCdoB é simples e taxativa: “A Reforma Trabalhista (ele é contra) vai passar, e rápido, mas a Reforma da Previdência não vai sair agora”.
No contexto estadual, o deputado Rubens Jr. mostrou enxergar um cenário que é o inverso do de Brasília. Avaliou que o governador Flávio Dino está realizando um governo diferente e produtivo e que, ao contrário do que acontece na maioria dos estados, as finanças estão em ordem e os compromissos sendo cumpridos nos prazos. Isso não significa um mar de rosas, mas é verdadeira a afirmação de que o estado está sob uma nova ordem administrativa e com as suas ações focadas na melhoria das condições de vida da população. Daí também a boa situação política do governador e da aliança que lidera. Na avaliação do parlamentar comunista, a oposição ao Governo Flávio Dino não consegue se articular, faz muito barulho, mas não tem o que dizer contra o Governo. E quando ataca, o Governo responde com eficácia.
Sem exibir qualquer traço de excesso de confiança ou de incoerência, o que reforça a impressão de que já é um político que faz juízo de valor sobre o que está à sua volta, e com a cabeça n o lugar, o deputado Rubens Jr. expôs uma visão crua do cenário até aqui desenhado para as eleições do ano que vem no estado. Para ele, o governador Flávio Dino já pôs sua candidatura à reeleição e está só, pois até agora nenhum outro nome se lançou, o que indica que neste momento não existe candidato definido para enfrentar o governador nas urnas: “Dizem que a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) será candidata. Mas até agora ela não disse que será candidata. Será que ele será candidata mesmo? Ninguém sabe. Então ela não existe como candidata. É o mesmo caso do senador Roberto Rocha (PSB). Ele será mesmo candidato? Isso não está claro. Então, até aqui, o governador é um candidato forte, bem articulado, bem organizado, e que não tem ainda adversários”.
E ao ser indagado se concorda que a grande disputa nas eleições do ano que vem se dará entre os candidatos às duas vagas de senador, o deputado Rubens Jr. respondeu que haverá, sim, uma boa disputa para o Senado, mas surpreendeu ao avaliar que a maior movimentação se dará pela vaga de candidato a vice-governador na chapa do governador Flávio Dino. “Essa será uma briga e tanto, pode esperar”, afirmou, acrescentando que apoiará a permanência do atual vice Carlos Brandão se a aliança com o PSDB for mantida. “Até agora deu certo, e pode continuar dando bons resultados”, avaliou parlamentar comunista. E fez questão de destacar que seu partido está focado, primeiro, no projeto de reeleger o governador Flávio Dino, eleger dois senadores do grupo e dobrar as suas bancadas na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa.
PONTO & CONTRAPONTO
Com argúcia e boa articulação, os Rezende vão aos poucos dando musculatura ao DEM no Maranhão
No início da semana, o deputado estadual e 2º secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Maranhão, Stenio Rezende (DEM), entregou ao presidente nacional do Democratas, senador José Agripino Maia, em ato informal no plenário do Senado, o documento que concede ao parlamentar capixaba o Título de Cidadão Maranhense. “É com muita satisfação que homenageio, em nome da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, quem tanto nos ajuda e contribui com o desenvolvimento do nosso estado”, destacou Rezende. O homenageado agradeceu a cidadania: “Para mim, é uma grande honra. Estou muito lisonjeado com a honraria. Que o meu trabalho continue ajudando o Maranhão a se desenvolver”.
Concessão e mesuras à parte, o gesto do deputado Stenio Rezende é mais um passo para consolidar o controle do DEM no Maranhão e garantir a permanência do seu sobrinho, o deputado federal Juscelino Filho, que parece ter herdado a astúcia política que vem mantendo a família há décadas no centro das decisões politicas do Maranhão. Os Rezende deram um pulo de gato quando, numa ação bem articulada, tiraram o DEM do controle do suplente de senador Clóvis Fecury, devolvendo gás a uma agremiação que estava praticamente agonizando, mas que agora, reestruturada, com um deputado federal – Juscelino Filho, que o preside no estado -, três estaduais – Stênio Rezende, Antônio Pereira e Cabo Campos -, uma penca de prefeitos, outra de vices e uma terceira de vereadores, voltou a se tornar atraente.
Há alguns meses, num gesto de argúcia, ao perceberem o drama partidário do ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB) para consolidar sua candidatura ao Senado, os Rezende convidaram foram a ele e lhe ofereceram a legenda. Como já estava em tratativas com o próprio PSB e com o PSDB, José Reinaldo reservou o DEM como terceira opção, e como não se entendeu com o PSB e provavelmente não terá vez no PSDB, está a um passo de entrar no DEM. A entrada de José Reinaldo, que é um dos candidatos mais fortes ao Senado, segundo todas as pesquisas feitas até aqui, dará mais musculatura ao partido no Maranhão, a começar pelo fato de que entrarão com ele vários políticos importantes, a começar pelo atual chefe da Casa Civil, ex-deputado Marcelo Tavares. Em outro lance, mais recente, convidaram o suplente de senador Clóvis Fecury a voltar ao partido e disputar vaga na Câmara Federal, o que teria deixado o patriarca Mauro Fecury feliz da vida.
Não será surpresa, portanto, se até o prazo de filiação partidária para as eleições do ano que vem for encerrado, no início de outubro, o DEM ganhar um pouco da robustez política de outros tempos, quando foi o partido dominante no Maranhão sob o Grupo Sarney.
Proposta de CPI da Saúde poderá produzir zoada, mas dificilmente será levada à frente
É quase certo que o projeto do deputado Wellington do Curso (PP) de criar uma CPI para investigar o que aconteceu no Sistema Estadual de Saúde nos últimos tempos será objeto de muita zoada no plenário da Assembleia Legislativa nos próprios dias. Mas é igualmente provável que não passará de uma proposta sem condições parlamentares e políticas de vingar. Para começo de conversa, dificilmente o deputado Wellington do Curso conseguirá as 14 assinaturas para iniciar o processo de instalação. Se realizar tal proeza, corre quase 100% de risco de ver seu projeto engasgar na composição da Comissão, que deve reunir representante de todos os blocos. E mesmo que surpreenda meio mundo com a escolha dos integrantes, ninguém aposta um centavo que a CPI venha a ser instalada. Com a experiência já acumulada na seara parlamentar, Wellington do Curso sabe que nem a Situação nem a Oposição tem interesse nessa investigação, porque, se chegar a acontecer, poderá produzir resultados incômodos. Wellington deve saber também que, instalando ou não CPI, ele sairá ganhando como o parlamentar que ousou criá-la.
São Luís, 30 de Junho de 2017.