2016 não foi um ano que os políticos de um modo geral queiram guardar com destaque nos seus cadernos de memória; ao contrário, a maioria dos que militam na atividade política gostaria mesmo era de esquecê-lo. Atenta aos movimentos, a Coluna Repórter Tempo fez um apanhado aleatório e sem qualquer rigor metodológico, usando tão somente a ótica jornalística para destacar 16 nomes que chamaram a atenção ao longo de 2016. Não se trata de uma relação do tipo “os melhores do ano” ou coisa parecida. A ideia foi registrar os que de alguma maneira se destacaram, mas sem lhes atribuir méritos nem apontá-los como os tais da cena política. Os nomes relacionados tiveram, de fato, ações diferenciadas no cenário político e institucional do Maranhão. O governador Flávio Dino foi, de longe, o personagem de maior destaque durante o ano, principalmente por sua ação política; assim como vereador Astro de Ogum, presidente da Câmara Municipal de São Luís, passando pela ex-governadora Roseana Sarney e o secretário Márcio Jerry. Confira a relação:
Flávio Dino (PCdoB)
O governador do Maranhão foi, de longe, a maior e mais ativa personalidade política do Maranhão 2016, por haver conseguido o que no Brasil de hoje pode-se definir como uma proeza: manteve seu governo de pé diante da crise econômica que assola o País, pagou os servidores rigorosamente em dia, realizou investimentos e não foi atingido pela crise ética; ao mesmo tempo, atuou muito fortemente na seara política, tendo sido a principal voz na defesa do mandado da presidente contra o impeachment. Com a derrocada do Governo do PT e a prisão dos seus principais líderes, entre eles José Dirceu, Dino começou a ser visto como o nome de maior expressão e credibilidade para assumir a liderança de uma eventual frente de esquerda com investimentos e programas sociais ano inteiro no cenário político do Maranhão e cresceu no plano nacional. Foi o principal suporte político da presidente Dilma Rousseff (PT) e saiu da guerra pelo voto como o maior vitorioso nas eleições municipais, tendo seu partido, o PCdoB, conquistado 46 Prefeituras no estado. E fecha o ano “pressionado” pelo PCdoB e outros setores da esquerda para ser o candidato de uma grande frente de esquerda à presidência da República, caso o ex-presidente Lula seja expurgado do processo político, como está se desenhando no contexto da Operação Lava Jato.
Roberto Rocha (PSB)
A ousadia dos seus movimentos, quase sempre na contramão do Palácio dos Leões, o transformou num político com muita visibilidade, mas também embalado pela controvérsia. Decidido a construir o seu próprio caminho, Roberto Rocha ultrapassou a fronteira do grupo liderado pelo governador Flávio Dino e abriu canais de conversação com os mais diversos segmentos, a começar pelo Grupo Sarney, o que deixou aliados o governador Flávio Dino e o seus aliados ao mesmo tempo perplexos e incomodados. Nas eleições municipais “peitou” o Palácio dos Leões ao apoiar a candidatura do deputado Wellington do Curso (PP) à Prefeitura de São Luís, indicando-lhe o vice, o vereador Roberto Rocha Jr. (PSB), e em Imperatriz, onde apoiou o empresário e ex-prefeito Ildon Marques (PSB). Fecha o ano mostrando ao mundo sua independência ao receber festivamente a deputada estadual Andrea Murad (PMDB) a mais estridente voz da Oposição ao Governo Flávio Dino, ao questionar a pesquisa em que o governador aparece com 61% de aprovação e deixando por onde passa a impressão de que será candidato a governador em 2018.
Roseana Sarney (PMDB)
Tendo iniciado ano fortemente pressionada pelo envolvimento do seu nome no esquema de corrupção da Petrobras, Roseana Sarney preferiu “mergulhar”, tendo tido inclusive participação discreta na campanha para as eleições municipais, incluindo a disputa em São Luís, onde não apoiou a candidatura o pemedebista do vereador Fábio Câmara à Prefeitura. As poucas vezes que a ex-governadora foi para responder a alguma estocada de adversários e para rebater acusações de desvio de dinheiro público na sua gestão e fazer algumas declarações política. Apontada por muitos como pré-candidata ao Senado, para não encarar uma disputa ao Governo tendo o governador Flávio Dino como adversário, Roseana, porém, vem mudando o discurso desde que o inquérito envolvendo seu nome na Lava Jato foi arquivado o falta de provas. Começa a dar sinais de que poderá, sim, ser candidata ao Governo contra o governador, que é candidato à reeleição.
Edivaldo Jr. (PDT)
O prefeito de São Luís superou todas as expectativas e saiu das urnas reeleito com margem segura, ganhando assim respaldo popular para continuar no comando político e administrativo da Capital. Com a vitória, Edivaldo Jr. abriu espaço para se movimentar no sentido de pensar um projeto estadual, de acordo, é claro, com o governador Flávio Dino, de quem é seguidor fiel. Há quem o veja como candidato a vice de Dino em 2018, de modo a sucedê-lo em 2022, quando, se reeleito, Dino deverá disputar uma vaga no Senado ou encarar o desafio de lançar sua candidatura à presidente da República, como querem os seus aliados no PCdoB. O fato é que, ao reeleger-se, o prefeito de São Luís se firmou como uma liderança de peso e souber administrar esse cacife, terá as condições que precisa para embarcar de vez na política estadual.
Humberto Coutinho (PDT)
Fecha 2016 demonstrando que, mesmo travando uma luta titânica contra um câncer no abdome e tendo visto o seu grupo perder a Prefeitura de Caxias, o deputado estadual Humberto Coutinho fecha como um dos políticos mais importantes e influentes do Maranhão neste momento. Tanto que já está reeleito para mais um mandato de presidente da Assembleia Legislativa, que será iniciado em fevereiro próximo. Sua reeleição foi fruto exatamente do papel que exerce atualmente no cenário politico maranhense. Coutinho manteve o compromisso assumido na eleição de tratar igualmente todos os deputados, independentemente da sua cor partidária, atraindo Discreto e apaixonado pela política, o presidente da Assembleia Legislativa trabalha com a possibilidade de vir a se candidatar a uma vaga no Senado em 2018.
João Alberto (PMDB)
Sem fazer alarde, o senador João Alberto encerra 2016 como o líder que evitou o naufrágio completo do PMDB no Maranhão, tornando-o uma agremiação que sobreviveu ao duro e implacável ataque do PCdoB e do PDT, que em meio a ganhos e perdas, ganhou, de surpresa a Prefeitura de Imperatriz. Em Brasília, o senador se tornou uma das referências do PMDB, primeiro como presidente do Conselho de Ética pela quinta-vez consecutiva, e depois como um dos mais ativos articuladores do PMDB, dando importante suporte ao presidente Renan Calheiros quando ele mais precisou. Considerado uma das reservas éticas do Congresso Nacional, fecha o ano pensando em rever a decisão de se aposentar, para novamente enfrentar as urnas em 2018.
Eduardo Braide (PMN)
O deputado Eduardo Braide já vinha ocupando espaço político como um dos articuladores da bancada governista na Assembleia Legislativa, ao mesmo tempo em que se consolidava no plenário legislativo como um dos deputados tecnicamente mais preparados da Casa. Seu prestígio foi largamente ampliado quando se candidatou a prefeito de São Luis e superou sete candidatos para se tornar o principal adversário do prefeito Edivaldo Jr, numa movimentação de competência como há muito não se via no Maranhão. Saído de raquíticos 2% de intenções de voto evoluiu paras se tornar o principal oponente do prefeito Edivaldo Jr., com quem disputou o 2º turno e transformou a derrota num cacife político e eleitoral quer o arremessaram pela o centro do tabuleiro político do Maranhão. Tornou-se uma das vozes mais fortes da Oposição no parlamento.
Márcio Jerry (PCdoB)
Presidente estadual do PCdoB e secretário de Estado de Articulação Política e Comunicação, o jornalista Márcio Jerry não apenas se manteve como o mais influente membro do Governo, como ampliou expressivamente o seu cacife com as eleições municipais, das quais o seu partido saiu e os da aliança que ajuda a administrar saíram amplamente vitoriosos. Fecha o ano como um dos responsáveis pela estratégia que garantiu a reeleição do prefeito Edivaldo Jr. e a eleição dos 46 prefeitos do PCdoB, quando também viu crescer a grita dos incomodados com a sua influência nos movimentos do xadrez político estadual.
Sarney Filho (PV)
No comando do Ministério do Meio Ambiente, o deputado federal Sarney Filho fecha o ano contabilizando pequenas mas importantes vitórias, entre elas o não aumento do desmatamento no País. Seu gabinete tem sido visitado pela maioria dos políticos maranhenses que desembarcam em Brasília, como prefeito eleito de Paço do Lumiar, Domingos Dutra (PCdoB), por exemplo, que o visitou, em busca de apoio, dias após confirmada a sua eleição. No meio político corre que seu projeto é ser candidato a senador.
Weverton Rocha (PDT)
Poucos políticos, principalmente da nova geração, ocuparam espaço tão grande no cenário estadual e nacional como o deputado federal Weverton Rocha. Ousado, corajoso e controvertido, o hoje maior líder do PDT no Maranhão ganhou ampliou seus espaços no estado ao conduzir o seu partido na campanha eleitoral da qual saiu com 28 prefeitos, entre eles Edivaldo Jr.. No plano nacional, esteve sempre no centro do debate e do confronto na Câmara Federal como líder da bancada do PDT: defendeu com intransigência o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) denunciando a tese do golpe; se movimentou para cassar o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e demonstrou coragem políticas quando apresentou, em nome do seu partido, a emenda constitucional propondo punições severas para juízes e procuradores cometerem erros ou abusarem das suas prerrogativas, deixando em polvorosa os envolvidos com a Operação Lava Jato. Já trabalha abertamente como pré-candidato a senador.
Domingos Dutra (PCdoB)
Um dos políticos mais emblemáticos do Maranhão, com trajetória marcada pela atuação implacável como voz de oposição, principalmente ao Grupo Sarney, Domingos Dutra deu uma guinada radical ao se eleger prefeito de Paço do Lumiar, sétimo maior município do Maranhão, deixando a condição de “pedra” para assumir a de “vidraça”. Dono de uma carreira vitoriosa como fundador do PT, vereador de São Luís, deputado estadual, vice-prefeito de São Luís e deputado federal, Dutra fecha o ano com a bandeira da vitória nas urnas, mas também com o imenso desafio de mostrar ao mundo que pode ser um bom gestor.
Luiz Fernando Silva (PSDB)
De longe o maior fenômeno saído das urnas no dia 3 de outubro, quando foi eleito prefeito de São José de Ribamar, o quarto maior município do Maranhão, quase por aclamação, já que ninguém se dispôs a enfrentá-lo nas urnas, o ex-prefeito Luiz Fernando Silva retorna consagrado ao comando da segunda maior Prefeitura da Ilha de Upaon Açu. Homem público respeitado, Luiz Fernando Silva fecha o ano renascendo com força no cenário político estadual, depois de um período de recolhimento a que se submeteu após desistir da disputa pelo Governo do Estado em 2014. Visto por muitos como nome forte no cenário estadual, assumirá a Prefeitura de São José de Ribamar sem saber ao certo se cumprirá todo o mandato, já que são muitos os rumores de que pode vir a mudar de curso em 2018.
Hilton Gonçalo (PCdoB)
Poucos integrantes da classe política do Maranhão se mostraram tão arrojados e articulados como o médico Hilton Gonçalo, que voltou à Prefeitura de Santa Rita com uma vitória retumbante. Além da própria eleição, na verdade uma consagração eleitoral, Hilton Gonçalo administrou a eleição da sua mulher, Fernanda Gonçalo (PMN), para a Prefeitura de Bacabeira, vizinho de Santa Rita, e da irmã, Irene Gonçalo (SD), para comandar o município de Pastos Bons, no distante sertão, tendo o seu prestígio sido decisivo para os dois resultados positivos. Destacou-se ainda ao entrar em rota de colisão com o Palácio dos Leões ao declarar seu apoio e assumir a coordenação política da campanha de Eduardo Braide em São Luís. Fecha o ano como um nome a ser levado em conta nas articulações para 2018.
Roberto Costa (PMDB)
O deputado estadual Roberto Costa (PMDB) dividiu o seu tempo entre as atividades parlamentares e partidárias como uma campanha de extrema dificuldade pela Prefeitura de Bacabal, enfrentando o pecuarista e ex-prefeito Zé Vieira (PR), que teve o apoio de um poderoso grupo político e empresarial, a começar pelo prefeito Zé Alberto, que rompera com o grupo do senador João Alberto (PMDB). Ao longo da campanha, o deputado pemedebista “sentou praça” em Bacabal, pois sabia que qualquer descuído seria fatal. Foi uma luta desigual dadas as condições do adversário, que dispunha de muitos recursos. e com a desvantagem de que o adversário não poderia ter participado da eleição por ter sido condenado como gestos público, situação que corre na Justiça. Zé Vieira será empossado por uma liminar. Roberto Costa aguarda, pacientemente, o pronunciamento final da Justiça Eleitoral, acreditando que os votos do oponente serão anulados.
Fábio Braga (SD)
O deputado Fábio Braga faz um mandato correto, ocupa sempre a tribuna e participa das articulações de plenário e de bastidores. Um pouco mais de atenção mostra ao observador um deputado se tornou uma referência para o setor produtivo. Ao longo do ano, Fábio Braga fez pronunciamentos densos e muito bem embasados a respeito agricultura, agroindústria, pecuária, o grande e o pequeno produtor, a agricultura familiar e todas as áreas afins, batendo forte em defesa da classe produtora, criticando omissões do Governo e aplaudindo as intervenções que considera corretas.
Astro de Ogum (PR)
Os registros ensinam que não é fácil chegar ao comando da Câmara Municipal de São Luís. O vereador Astro de Ogum (PR) vem mostrando que o segredo é conhecer as filigranas do ambiente e jogar com as pedras certas. Demonstrou essa habilidade quando se elegera vice-presidente em 2013 e se tornou presidente interino devido a um problema de saúde do titular Isaías Pereirinha (PSL). De lá para cá, Astro de Ogum dominou completamente o ambiente político no Palácio Pedro Neiva de Santana, construindo uma base de apoio sólida. Foi para a reeleição com a certeza de que se fosse reeleito, seria de novo presidente da Casa. Não deu outra: num trabalho intenso de articulação, Astro de Ogum foi derrubando um a um os obstáculos e consolidou de tal maneira sua posição que deve ser reeleito neste dia 1º de janeiro com pelo menos 27 dos 31 votos, isso se não conseguir o novo mandato de presidente por aclamação.
São Luís, 30 de Dezembro de 2016.