Sem mobilização de ambos os lados, a corrida de Haddad e Bolsonaro no Maranhão está morna e resultado é até aqui imprevisível

 

Sem mobilização, Fernando Haddad e Jair Bolsonaro poderão ter campanhas mornas no Maranhão

Se depender da mobilização da classe política, como aconteceu nas eleições gerais do dia 7, o segundo turno da eleição presidencial no Maranhão será morno, sem movimentação e com a grande massa do eleitorado livre para votar sem pressão de grupos interessados no desfecho. É verdade que o governador Flávio Dino (PCdoB) e seus aliados mais próximos e o PT estão se movimentando em favor do candidato Fernando Haddad, e que a ex-candidata do PSL ao Governo, Maura Jorge, e o presidente do partido, vereador Chico Carvalho, estão se esforçando para formar algum movimento em favor do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, mas o fato visível é que não existe campanha de mobilização por nenhuma das duas candidaturas. O que tem sido visto até agora são atos isolados, uma carreata aqui, outra ali, eventos inexpressivos organizados por grupos não associados a partidos ou a lideranças partidárias. No mais, Fernando Haddad e Jair Bolsonaro estão recebendo manifestações de apoio de líderes dos seus campos políticos e ideológicos, como as declarações de apoio da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) e do senador Roberto Rocha (PSDB) ao candidato do PSL. Quase nada além disso. Para lembrar, no primeiro turno, Fernando Haddad venceu a eleição no Maranhão com 59% contra 41% de Jair Bolsonaro, com maioria em 214 dos municípios, só perdendo em três, Imperatriz, Açailândia e São Pedro dos Crentes.

O governador Flávio Dino é, de longe, o líder político maranhense mais engajado no segundo turno da eleição presidencial. Ele tem aproveitado todos os espaços disponíveis, principalmente entrevistas a emissoras de rádio e de TV e canais da internet para manifestar suas convicções em favor da candidatura de Fernando Haddad. Nessas manifestações, além de destacar a importância da candidatura do petista para o Brasil atual, o governador tem também alertado para as limitações visíveis do candidato Jair Bolsonaro, observando que o discurso dele é inconsistente, superficial e perigoso, lembrando que ele nada fez de expressivo como parlamentar nos dez mandatos que exerceu na Câmara Federal. O governador acha temerário que um político com as limitações e as convicções de Jair Bolsonaro se torne presidente da República. Por outro lado, não discute a legitimidade da candidatura do capitão reformado do Exército, enfatizando que respeitará a vontade popular.

Os apoiadores de Jair Bolsonaro são basicamente os que saíram derrotados das urnas, como é o caso da ex-candidata do PSL ao Governo, Maura Jorge, que foi inflada no dia da eleição por eleitores do presidenciável; do senador tucano Roberto Rocha, que foi humilhado nas urnas como candidato a governador, tendo recebido apenas 2% dos votos, que provavelmente já são de eleitores de Jair Bolsonaro sem fazer qualquer relação entre os dois; e a ex-governadora Roseana Sarney, que amargou o pior desempenho numa empreitada eleitoral desde que iniciou a sua carreira em 1990, quando foi eleita deputada federal.  Somadas suas votações, eles perdem para Jair Bolsonaro, o que significa dizer que eles nada representam em matéria de poder de fogo eleitoral e por isso nada têm a oferecer ao presidenciável do PSL, o que torna seus apoios inócuos em matéria eleitoral.

As campanhas de Fernando Haddad e Jair Bolsonaro no Maranhão estão se dando mais pelas redes sociais – que estão incendiadas com o que há de  mais saudável e também com o que existe de mais nojento e nocivo em matéria de propaganda política – e pelo horário eleitoral gratuito no radio e na TV. No mais, as posições dos dois candidatos evoluem pela ação de eleitores anônimos, que se mobilizam em grupos e se esforçam para divulgar seu candidato à sua maneira. E por isso as opiniões estão divididas entre os que acham que o resultado do primeiro turno se repetirá no Maranhão e os que apostam numa virada.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

José Reinaldo aponta Roberto Rocha como responsável direto pelo desastre do PSDB nas eleições

José Reinaldo avalia causas e culpas do desastre do PSDB nas eleições

Não bastasse a traumática pancada que o PSDB recebeu nas urnas no Maranhão, que praticamente fulminou as lideranças do partido, o artigo publicado ontem no JP pelo deputado federal e ex-candidato a senador José Reinaldo Tavares funcionou precisamente como uma espécie de pá de cal sobre o ninho maranhense dos tucanos. Com a franqueza de sempre, o ex-governador fez uma análise curta e precisa do destino do seu partido nestas eleições no Maranhão, apontando o senador Roberto Rocha, presidente da agremiação, como o principal responsável pelo desastre, por causa da obstinação com que manteve sua candidatura a governador, a qual, já era visível, não iria a lugar algum. José Reinaldo relata que tentou demover Roberto Rocha da candidatura e abraçar uma aliança em torno do deputado estadual  Eduardo Braide (PMN) – que se elegeu deputado federal com o equivalente a 10% da votação do governador Flávio Dino e seis vezes maior do que  a votação de Roberto Rocha-, cuja candidatura poderia se tornar competitiva, de modo a “equilibrar” a disputa com o governador Flávio Dino e a ex-governadora Roseana Sarney. Roberto Rocha não lhe deu ouvidos e manteve sua barca furada em oceano revolto. Deu no que deu: de partido forte, que saíra das eleições municipais de 2016 com 28 prefeitos, o PSDB foi dizimado e saiu das urnas sem nada em 2018, liquidando com lideranças importantes, como o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira Segue, na íntegra, o artigo de José Reinaldo Tavares:

CORAGEM, DETERMINAÇÃO E AMIGOS

José Reinaldo Tavares

O jornalista Benedito Buzar colocou em sua coluna que muita gente não entendeu a minha baixa votação nas últimas eleições. Mas, não é difícil de entender. Vamos aos fatos: a minha eleição para o Senado foi montada em outras premissas. Primeiramente, estava combinada há alguns anos que eu seria candidato em uma chapa junto com o governador Flávio Dino. Acabou não dando certo. Eu não era o candidato dele, como ficou evidente.

Depois, eu e amigos discutimos a possibilidade de uma chapa com Eduardo Braide, com base em pesquisas qualitativas. Quase deu certo, despertou enorme curiosidade e simpatia, levando receio do “novo” a outras candidaturas ditas mais fortes. Isso pesou tanto que fez com que Braide não conseguisse um grande partido, com tempo de televisão, levando-o a não querer se arriscar e acabou que ele, no final, preferiu concorrer a deputado federal. Essa foi a decisão dele.

Depois conversei longamente com Roberto Rocha, sugerindo a ele abraçar a candidatura de Braide no PSDB para depois construir a dele a governador, já que pelo meu modo de entender o momento não era o ideal para sua candidatura ao governo do Estado. Ele não aceitou minhas ponderações e manteve a candidatura. Ali se acabou a chance de termos no Maranhão uma eleição equilibrada ao Governo e ao Senado. Flávio tem sorte, além de ter tido competência para manobrar bem a estrutura disponível e não teve problemas para ganhar e eleger seus candidatos a senador.

Voltando à minha candidatura ao Senado, eu tinha uma chapa montada, politicamente forte, o que me dava uma chance mínima de ganhar. Mas eis que na véspera da convenção, Roberto Rocha, com apoio do partido no estado, resolveu se intrometer em minha chapa, exigindo a retirada do meu primeiro suplente de Caxias, o jovem, muito capaz, Catulé Junior. Como consequência inevitável, perdi Caxias, um dos maiores colégios eleitorais do estado que, com razão, abandonou minha candidatura causando imenso prejuízo político e eleitoral, influenciando negativamente líderes de outros municípios, tirando parte da consistência eleitoral da minha candidatura.

Ao final, as candidaturas do PSDB – tanto a de governador, quanto a de presidente do país – que, naturalmente, seriam puxadoras de voto, caso tivessem expectativa de vitória, não vingaram, o que jogou por terra as minhas chances, já que no estado o PSDB ficou isolado, com uma chapa muito fraca, elegendo apenas um deputado estadual do partido. Madeira, grande líder do nosso partido, sofreu na carne o isolamento a que foi submetido. Com poucos recursos, com apenas trinta segundos de televisão não pude mostrar o muito que fiz pelo Maranhão durante minha vida profissional e política.

Por fim, quero agradecer aos amigos que me ajudaram a buscar votos. Esses são verdadeiros amigos, pois mesmo pressionados decidiram ficar comigo, mesmo conscientes das escassas condições de vitória. São amigos de verdade, em que posso confiar. Muitos, porém, que sempre estiveram comigo me viraram as costas. Coisas da vida.

Uma coisa a meu ver marcou esse pleito. Ninguém discutiu os graves problemas do Maranhão e de sua população. Será que não os conhecem? Nada têm a propor? A eleição foi feita em cima de slogans, promessas e nada mais. Passaram por cima dos graves problemas que impedem o nosso desenvolvimento.

Agora, sem Sarney para culpar, terão que trabalhar duro, com competência, para tirar o Maranhão dos últimos lugares. Caso contrário, como explicar a nossa situação?
Eu fui uma exceção, neste deserto de ideias. Discuti muito as soluções para a pobreza, para a educação, para atração de empresas, para o emprego e o desenvolvimento do estado.

O que se pode esperar? Não sei, sinceramente, me resta torcer para dar certo. Boa sorte aos eleitos e reeleitos, sinceramente.

Obrigado, meus amigos.

 

Bancada federal pulverizada vai dificultar articulação para ações conjuntas

Josemar Maranhçaozinhi, Eduardo Braide, Mparcio Jerry, Rubens Jr., Pedro Laucar |fernandes, Edilázio Jr., Aluísio Mendes, Bira do Pindaré, Cléber Verde, Juscelinio Filho, Hildo Rocha, Zé Carlos, Gil Cutrim w João Marcelo formam a nova bancada federal.

Poucas vezes as urnas maranhenses produziram uma bancada federal tão heterogênea em termos partidários como a que ganhou forma no dia 7. Os 18 deputados federais eleitos representam nada menos que 15 partidos, numa pulverização sem paralelo nas últimas eleições. O PCdoB fez dois deputados: Márcio Jerry e Rubens Jr.; o MDB fez dois: Hildo Rocha e João Marcelo; e o PR também fez dois: Josimar Maranhãozinho e Júnior Lourenço. Os outros 12 partidos elegeram apenas um deputado cada: PMN: Eduardo Braide, Podemos: Aluísio Mendes, PP: André Fufuca: PSB: Bira do Pindaré, SD: Cléber Verde, PSD: Edilázio Jr., PDT: Gil Cutrim, Patriotas: Júnior Marreca Filho, DEM: Juscelino Filho, PMN: Pastor Glidenemyr, PDT: Pedro Lucas Fernandes e PT: Zé Carlos. Os próximos deputados federais maranhenses vão se “espalhar” nas suas bancadas, tornando difícil reuni-los para uma ação na qual necessitem funcionar como uma bancada. Uma das primeiras dificuldades será a eleição do coordenador, que via de regra deve ter boa relação com o Palácio do Planalto. Se der Fernando Haddad, haverá solução sem problemas, mas se der Jair Bolsonaro, a escolha será complicada. Vale aguardar.

São Luís, 16 de Outubro de 2018.

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