Se havia alguma réstia de dúvida sobre a posição do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), entre os principais aliados do governador Carlos Brandão (PSB) na corrida eleitoral, essa foi dissipada na noite de quarta-feira, num ato político realizado na casa de eventos Palazzo, em São Luís. Ali, o deputado Othelino Neto recebeu o governador Carlos Brandão, o candidato a vice-governador Felipe Camarão (PT), os deputados federais Márcio Jerry (presidente do PCdoB), André Fufuca (presidente do PP) e Rubens Jr. (PSB e atual secretário de Articulação Política), alguns deputados estaduais, e um número expressivo de prefeitos e vereadores, para lançar sua pré-candidatura à reeleição ao parlamento estadual. Nas inúmeras manifestações – incluindo uma em vídeo do ex-governador Flávio Dino (PSB), que não pôde comparecer -, o presidente da Assembleia Legislativa foi tratado como um político de ponta no cenário atual da política maranhense, tendo sido várias vezes apontado como líder.
O governador Carlos Brandão saudou o presidente da Assembleia Legislativa como um destacado líder no atual cenário político do Maranhão, ressaltando o seu envolvimento de com os grandes desafios do estado e com o trabalho que está realizando pela unidade do grupo. “Ele é um grande aliado da nossa gestão. Estamos juntos também neste momento para fazermos com que o Maranhão continue nessa trajetória de desenvolvimento e tenha dias melhores”, declarou o governador Carlos Brandão. Nessa linha se manifestou o deputado federal Márcio Jerry, presidente do PCdoB: “Othelino se consolidou como um importante líder e, mais uma vez, vai colocar o seu nome para ajudar a liderar esse processo de continuidade da mudança em nosso estado”.
O economista, jornalista e auditor concursado do Tribunal de Contas do Estado Othelino Neto não chegou onde chegou por um passe de mágica nem pelas boas graças de um líder político maior. Ele começou a construir sua estrada nos anos 90, como um dos primeiros militantes do PV. Foi secretário de Meio Ambiente no Governo José Reinaldo. Tentou a Assembleia Legislativa em 2010, pelo PPS, tendo se tornado suplente, o que lhe permitiu assumir como titular em 2013; se reelegeu em 2014 e 2018 pelo PCdoB. Foi eleito vice-presidente da Assembleia Legislativa em 2016; foi reeleito e assumiu com a morte do presidente Humberto Coutinho, em janeiro de 2018; e conseguiu novo mandato presidencial, que foi renovado em 2020.
Discreto, mas eficiente no exercício do mandato parlamentar, o deputado Othelino Neto revelou-se um ativo articulador, que ganhou estatura à medida que foi se consolidando na presidência do Poder Legislativo. Ao mesmo tempo, exibiu uma personalidade política forte, chegando a se afastar da linha do PCdoB para participar do projeto de poder do senador Weverton Rocha (PDT), que começou nas eleições municipais de 2020. O diferencial foi que em nenhum momento colocou em dúvida seu alinhamento ao governador Flávio Dino, sempre deixando claro que sua posição jamais colocaria em risco a unidade do grupo. E confirmou isso quando, após avalizar a pré-candidatura do senador Weverton ao Governo do Estado, admitindo até migrar do PCdoB para o PDT, concluiu que não era o rumo certo. Tentou convencer o senador a somar esforços numa candidatura única do grupo, no caso a do governador Carlos Brandão, que já estava consolidada. Com a recusa do pedetista, ele deixou o grupo, sustou sua migração partidária e declarou apoio ao candidato do PSB.
O ato de quarta-feira no Palazzo reforçou sua estatura política, consolidou seu espaço de liderança no cenário maranhense, desenhou seu potencial eleitoral para o pleito de outubro. Isso sem falar na boa convivência que, sob seu comando, a Assembleia Legislativa terá com o Poder Executivo nos próximos oito meses. E em tempos futuros, dependendo, claro, do pronunciamento das urnas.
PONTO & CONTRAPONTO
Após compor a nova direção, Tribunal de Justiça escolherá novos desembargadores
Depois de completar a escolha do futuro comando – que terá o desembargador Paulo Velten como presidente -, quarta-feira, com a eleição para o cargo de 2º vice-presidente, o Tribunal de Justiça agendou para a próxima semana a escolha de quatro novos desembargadores. Três serão escolhidos pelo com a promoção de juízes de quarta entrância que puderem se candidatar, e um sairá do quinto constitucional, ou seja, sairá da advocacia indicado pela OAB, por meio de lista sêxtupla, da qual o TJ extrairá três nomes, cabendo ao governador Carlos Brandão escolher um e nomear. Já é grande a movimentação nos bastidores do TJ por conta por conta dos juízes interessados nas vagas. Tão ou mais intensa é a correria no meio advocatício e nos bastidores da OAB, que escolherá os seis nomes que enviará ao TJ. O processo de escolha será comandado pelo presidente Lourival, que só passará o bastão no final do mês.
Deputados federais não querem dizer o que pensam sobre a condenação de colega bolsonarista
Os deputados federais do Maranhão preferiram, de um modo geral, não entrar na polêmica sobre a condenação, pelo Supremo Tribunal Federal, do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ), por atos contra a democracia, e o indulto decretado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para livrá-lo da cadeia. Entre os deputados há os que concordam com a condenação, por considerarem que o parlamentar bolsonarista exorbitou e tem de responder pelo que disse. Há os que avaliam que o assunto deveria ser resolvido pela Câmara Federal. E os que discordam da sentença, argumentando que ele não extrapolou os limites da liberdade de expressão, e que está protegido pela imunidade parlamentar. E além dos que não querem tornar público o que pensam, há os deputados que se recusam a falar do assunto.
São Luís, 22 de Abril de 2022.