Maranhenses investigados pela Lava Jato não abrem mão de candidaturas e intensificam suas ações de campanha

 

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Flávio Dino, José Reinaldo e Weverton Rocha mantêm seus projetos políticos e eleitorais; Edison Lobão nada diz

É unânime a impressão de que as bombásticas revelações feitas pelos delatores da Odebrecht em relação à política do Maranhão causaram estragos nas imagens dos seus protagonistas, mas são igualmente numerosas as divergências a respeito de qual será a extensão dos danos e os seus efeitos na corrida eleitoral do ano que vem. Até aqui, não há sinais de que o governador Flávio Dino (PCdoB) venha a promover alterações no roteiro do seu projeto de reeleição, como também não há informação de que o senador Edison Lobão (PMDB) esteja planejando qualquer movimento no sentido de tentar se reeleger. Os deputados federais José Reinaldo Tavares (PSB) e Weverton Rocha (PDT) não alteraram um milímetro sequer das rotas das suas caminhadas visando desembarcar no Senado. O que se viu até agora foram declarações categóricas de inocência e, na esteira da autodefesa enfática, assistiu-se esses chefes de peso afirmar que são vítimas de “mentiras” e “distorções”, e confirmar – com exceção de Edison Lobão – que suas caminhadas em direção às urnas são irreversíveis.

No meio político, partidários, aliados e até mesmo adversários do governador Flavio Dino manifestam certeza de que ele não tem de se preocupar em relação à sua candidatura à reeleição. Na cuidadosa leitura que afirmam ter feito da delação do executivo José de Carvalho Filho, não existe a confirmação de que o então deputado federal Flávio Dino tenha recebido R$ 200 mil de caixa 2 da Odebrecht para sua campanha ao Governo do Estado em 2010. O delator afirma que Flávio Dino recebeu uma senha e forneceu o endereço para a entrega do dinheiro, mas o governador rebate no mesmo tom, afirmando categoricamente que não recebeu tal senha, não forneceu o tal endereço nem viu a cor do dinheiro, acrescentando que, por não haver existido, a tal “ajuda” não consta da sua prestação de contas da sua campanha. Na mesma ciranda de declarações conflitantes, Flávio Dino confirma ter recebido “doação” da Odebrecht para a campanha de 2014, mas enfatiza que ela foi dada pelos meios legais e está contabilizada na prestação de contas. Ou seja, a versão do governador parece se impor sobre a do delator.

Os que acham que o governador Flávio Dino sairá ileso da pancadaria argumentam ele levou a melhor sobre a delação, pois até aqui parece não haver prova material de que tenha de fato recebido dinheiro de caixa 2 em 2010. Isso torna difícil que a Justiça abrace o conteúdo da delação e despreze a defesa do governador e o condene sem provas. E independentemente de aparecerem ou não provas, seus adversários aplaudem o delator Carvalho Filho e torcem para que o governador se enrole de vez, seja condenado e impedido de concorrer, o que parece altamente improvável. Daí a conclusão de que o caminho de Flávio Dino seja manter sua campanha a todo vapor.

Todas as evidências surgidas até agora sinalizam que o senador Edison Lobão caminha para a aposentadoria. Alvo de seis inquéritos, todos eles baseados em delações que o apontam como favorecido com milhões e milhões de reais saídos de esquemas de corrupção no setor do petróleo (Petrobras), energia elétrica (usinas elétricas) e energia nuclear (Angra III) quando comandou o Ministério de Minas e Energia nos Governos Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). Por meio do criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, Lobão vem negando peremptoriamente as acusações, rebatendo as delações taxando-as de “mentirosas” e jurando que nunca foi favorecido com um tostão de dinheiro sujo desviados por esses esquemas. A Procuradoria geral da República, porém, garante ter reunido provas “robustas” contra o senador, que com o apoio do PMDB e outros partidos, foi recentemente eleito presidente da poderosa Comissão de Constituição e Justiça do Senado, cargo normalmente ocupado por senadores de reputação ilibada. É prematuro afirmar que Edison Lobão venha a ser declaro culpado e condenado e seja banido da vida pública. Mas nos bastidores da política não se encontra quem aposte um centavo na sua absolvição. E até por conta da sua postura discreta, avessa a embates públicos, o senador não disse até agora qual o seu próximo passo político, fomentando assim a suspeita de que encerrará com o atual mandato, com desfecho policial, uma das mais vitoriosas e brilhantes carreiras políticas do Maranhão nas últimas décadas.

Com a experiência de quem já comeu o pão que o diabo amassou na famosa Operação Navalha, deflagrada em 2007 em mais de uma dezena de estados e mais o Distrito Federal, na qual foi acusado de se beneficiar de um esquema montado pela construtora também baiana, o deputado federal José Reinaldo Tavares foi alcançado por tabela pela Operação Lava Jato, já que o grande vilão das investigações, Lago na Prefeitura de São Luís. No caso, o investigado é o advogado Ulisses Martins, que na condição de procurador geral do Estado no Governo de José Reinaldo, teria recebido R$ 1,2 milhão de propina para garantir que o Governo pagasse um débito de cerca de R$ 30 milhões com a Odebrecht. Todas as evidências dizem que quem está caminhando para ajustar contas com a Justiça e acabar atrás das grades é mesmo Ulisses Martins, apontado como mentor e maior beneficiário do esquema com a Odebrecht no Maranhão. O ex-governador diz e repete que nada tem a ver com a encrenca, garante que está limpo, que as investigações vão provar sua inocência e que não abre mão da candidatura ao Senado. Admite que sofreu abalos no seu prestígio político, mas garante que tem fôlego para levar o projeto em frente.

Situação idêntica vive o deputado federal e líder do PDT na Câmara Federal, Weverton Rocha. Um dos mais – se não o mais – ativo candidato ao Senado pelo Maranhão, o líder pedetista foi recentemente denunciado ao Supremo Tribunal Federal como suspeito de desviar dinheiro público na reforma do Ginásio Costa Rodrigues quando secretário de Esporte e Juventude do Governo Jackson Lago (2007-2009). Weverton Rocha garante que a denúncia pé um factóide, que vai provar sua inocência e recolocar a verdade no seu devido lugar. Sobre seu projeto senatorial, o  parlamentar reafirma categoricamente aos seus interlocutores que ele está firme, de pé e com amplas possibilidades de dar certo, não admitindo qualquer dúvida a respeito. Aos seus interlocutores, Weverton Rocha garante que não vê qualquer risco à sua candidatura. Tanto que a campanha continua em curso e intensa.

Agora é aguardar o desenrolar dos processos, que já estão em pleno movimento.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Verdades incômodas: Maranhão é tratado com deboche durante o programa Manhattan Connection

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Ricardo Amorim, Diogo Minardi, Lucas Mendes, Caio Blinder e Pedro Andrade: grandes jornalistas tratando o Maranhão com escárnio

O Maranhão foi mais uma vez alvo de deboche em programa jornalístico. Desta vez aconteceu na mais recente edição do Manhattan Connection, programa da Globo News realizado em Nova York pelos brasileiros Lucas Mendes, Caio Blinder, Diogo Minardi, Ricardo Amorim e Pedro Andrade. O deboche surgiu quando Lucas Mendes perguntou a Diogo Minardi, que mora em Veneza, Itália, se ele saberia qual a pior cidade do mundo. Minardi vacilou e Mendes respondeu por ele: “É Presidente Sarney, no Maranhão”, ao que se seguiu uma série de comentários nada abonadores. Diogo Minardi sugeriu que o Maranhão é o pior em tudo. Caio Blinder disse que “os Sarney ficam com a grana”. E Pedro Andrade aliviou declarando “amor” ao Maranhão porque a avozinha dele é maranhense. Como já é contumaz, a sequência de comentários dos “manhattazanas” teve objetivo claro de mostrar o Maranhão e suas cidades como o inferno.

Mesmo lembrados pela empáfia que exibem aqui e ali, os integrantes do programa têm um traço comum: são gigantes do jornalismo, que em conjunto produzem uma visão extraordinária do mundo, começando pelo centro dele: Manhattan. E por mais debochados e arrogantes que possam parecer pegando no pé do Maranhão, não há como negar que os seus comentários refletem uma realidade indiscutível, a de que o Maranhão continua um estado pobre, que ainda se debate com bolsões de pobreza como Presidente Sarney, que apesar de tudo não é  o pior cidade do mundo, nem está entre os lugares onde se vive bem nos itens mais elementares. A afirmação de que os Sarney “ficam com o dinheiro”, feita com aparente convicção, bem que poderia ser detalhada pelo jornalista, que pé reconhecido como um dos mais bem informados entre os  correspondentes do Brasil nos EUA.

Fica a sugestão ao programa: quando o Maranhão entrar na pauta, que seja tratado com um pouco mais de seriedade, de modo que seus problemas sejam enfocados numa perspectiva bem realista. Sem, é claro, baixar a guarda para os que pensam que está tudo bem por aqui.

Michel Temer diz que impeachment de Dilma Rousseff foi retaliação solitária de Eduardo Cunha
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Michel temer confirma que processo de impeachment foi retaliação de Eduardo Cunha contra Dilma Rousseff

Mais cedo do que se espera caráter golpista do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) começa a se confirmar. Não que tenha sido um golpe nos moldes das repúblicas bananeiras do miolo do América Latina, mas de um caprichoso ato de retaliação do então presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E por incrível que possa parecer, o hoje sem-mandato e morador de um presídio no Paraná, já condenado em um dos vários processos a que responde. A revelação foi feita por ninguém menos que o presidente Michel Temer (PMDB), na noite de domingo, em entrevista à TV Bandeirante. Principal beneficiário do desfecho traumático ato de Eduardo Cunha, Michel Temer relatou a sua versão do episódio que mudou a História recente do País livrando a própria cara da alcunha de traidor e resumindo o processo a um gesto tresloucado do então deputado fluminense.  E o motivo, confirmado por Michel Temer, foi ridículo se verdadeiro, uma reação barata: Cunha insurgiu contra Dilma porque os três deputados petistas do Conselho de Ética que o julgou por cerca de dez meses – Léo de Brito (PT-AC), Valmir Prascidelli (PT-SP) e Zé Geraldo (PT-PA) – não aceitaram votar pela sua absolvição. Leiamos o relato do presidente à TV Bandeirante:

“Até vou contar um episódio aqui, que foi o seguinte: Em uma ocasião, ele (Cunha) foi me procurar – e isso era umas duas horas da tarde, mais ou menos – dizendo: Olha, eu hoje vou arquivar todos os pedidos de impeachment da presidente – e eram dez ou 12 pedidos –, porque prometeram-me os três votos do PT no Conselho de Ética’. Eu disse: ‘Ora, que bom. Muito bom. Assim acaba com esse história de você estar na oposição, etc. Até porque, convenhamos, eu sou o vice-presidente da República, do PMDB, e fica muito mal essa situação de você, a todo momento, estar se posicionando como oposicionista”.

Michel Temer prosseguiu:

“Naquele dia, curiosamente, tinha uma reunião dos governadores com a então senhora presidente Dilma Rousseff. Eu fui ao Palácio da Alvorada, onde se daria a reunião, e ela estava na biblioteca. Eu fui até a biblioteca e disse: ‘Presidente, pode ficar tranquila porque o presidente [da Câmara] Eduardo Cunha me disse, agora, que vai arquivar todos os processos de impedimento’. Ela disse: ‘Ô, que coisa boa.’ Até, convenhamos, ela foi muito tranquila para a reunião com os governadores. Pois bem. No dia seguinte, eu vejo logo o noticiário dizendo que o presidente do partido – o PT, naturalmente – e os três membros do PT se insurgiam contra aquela fala e votariam contra [Cunha]. Quando foi três horas da tarde, mais ou menos, ele me ligou dizendo: ‘Olha, tudo aquilo que eu disse não vale, porque agora eu vou chamar a imprensa e dar início ao processo de impedimento. Então, veja que coisa curiosa: se o PT tivesse votado nele naquela comissão de ética, é muito provável que a senhora presidente continuasse no mandato”.

Durante a entrevista, Michel Temer reiterou a ideia de que não atuou nos bastidores para derrubar a ex-presidente. Mas no Brasil inteiro todo sabem, a começar por seus aliados, que o impeachment da presidente petista foi, de fato, um caprichoso ato de retaliação.

 

São Luís, 17 de Abril de 2010.

 

Um comentário sobre “Maranhenses investigados pela Lava Jato não abrem mão de candidaturas e intensificam suas ações de campanha

  1. Amigo ,sobre os idiotas metidos a intelectuais da globo news,como o deixado de lado do núcleo da mídia nacional da emissora ,o imbecil Lucas Mendes,tenho apenas dele e deles decepção e pena. Talvez eles esqueceram que o estado ou a cidade mais pobre e pior atualmente do país ,é o Rio de janeiro deles que tem também: vários ladroes internacionais no comando do estado,hospitais falidos,insegurança em todo estado,parcelamento dos salários dos funcionários públicos ,praças e logradouros abandonados,maracanã caindo aos pedaços ,praias cheias de bosta e outras mazelas. O pau que dar em chico, da em francisco . um abraço!

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