Magno Bacelar viveu uma trajetória empresarial e política de estridentes sucessos e retumbantes reveses

 

Magno Bacelar: uma trajetória rica, movimentada, com muitas conquistas e reveses

Morreu ontem, de infarto, aos 83 anos, o advogado e empresário, secretário de Estado da Educação, deputado estadual, deputado federal, senador da República, vice-prefeito de São Luís e prefeito de Coelho Neto Carlos Magno Duque Bacelar. Poucos homens da sua geração viveram tão intensamente, em diferentes planos, e protagonizaram tantas situações de altos e baixos. Militou fortemente na política, foi um dos principais responsáveis pelo maior empreendimento agroindustrial implantado no Maranhão nos anos 60, a Cepalma, em Coelho Neto, e revolucionou a comunicação no Maranhão com a implantação da TV Difusora e da Rádio Difusora AM. Foi uma figura destacada da vida maranhense ao longo de décadas. E terminou seus dias distante das câmeras, sem o traço da riqueza nem a marca da pobreza,

São raras as biografias como a de Magno Bacelar. Foi um dos líderes do megaprojeto Celulose e Papel do Maranhão (Cepalma), localizado em Coelho Neto, nascido em 1967 e só inaugurado em 1973 e que sacudiu o Maranhão naquela década com a capacidade de produzir toneladas de papel a cada dia. Seria também um projeto inovador, que investiria em estradas, escolas, hospital e residência para operários. Então no auge, a Sudene derramou milhões e milhões no projeto industrial idealizado pelos irmãos Raimundo e Magno Bacelar, que impressionou os maranhenses pelo gigantismo e pela possibilidade de vir a ser a base do desenvolvimento econômico do estado. Assim como seu irmão, Magno Bacelar passou a ser visto como empresário genial, empreendedor fenomenal, motivando a crença de que o espantoso empreendimento que produziria papel e celulose em Coelho Neto revolucionaria, ampla e definitivamente, a vida econômica estadual. Passados alguns anos, tempo em que Magno Bacelar e seu irmão viveram como verdadeiros Midas, o megaempreendimento faliu, produzindo o maior desastre empresarial da história econômica recente do Maranhão, gerando um escândalo monumental e um calote bilionário nas contas da Sudene e uma onda de desalento em Coelho Neto e região.

Magno Bacelar e seus irmãos Raimundo e Afonso Bacelar revolucionaram as comunicações no Maranhão com a implantação, em 1963, da TV Difusora e da Rádio Difusora AM, duas emissoras que se tornaram potências e ajudaram a colocar os maranhenses na era das comunicações. Além das novelas e dos grandes programas de auditório, a TV Difusora trouxe o mundo para os maranhenses com um Jornalismo inovador, ganhando estatura de poderosa fonte de informação e entretenimento, mudando de vez a rotina da provinciana São Luís dos anos 50, e ganhando força nos anos 60 como a primeira afiliada da Rede Globo. A Rádio Difusora AM foi igualmente inovadora, com seu influente jornalismo e sua rica grade diária de musicais, firmando-se como elo entre a Capital e o resto do Maranhão e fonte de poder. Em meados dos anos 80, a família vendeu o complexo Difusora para um grupo liderado pelo político e empresário de Balsas, Chico Coelho, ligado ao então governador Luiz Rocha, e que quatro anos mais tarde transferiu o controle para o então governador Epitácio Cafeteira, que também quatro anos depois repassou o complexo para o empresário Lobão Filho.

No campo político, Magno Bacelar foi quase tudo o que almejou, menos vereador e governador. Foi deputado estadual influente, foi deputado federal igualmente influente. Assumiu a cadeira de senador em 1991, quando Edison Lobão renunciou ao mandato para assumir o Governo do Estado.  (Vale registrar que Magno Bacelar disputou a vaga de senador em 1986 com Edison Lobão e Américo de Souza, iniciando como favorito. Foi literalmente atropelado por Américo de Souza, que entrou no páreo gastando milhões de cruzeiros com o objetivo de fragilizar a candidatura de Magno Bacelar, para e assegurar a vitória de Edison Lobão, o que acabou acontecendo. E como o País era mais sério, o suplente de senador era o imediatamente mais votado. Segundo colocado na disputa, assumiu a vaga com a saída de Edison Lobão). Após deixar o Senado, foi vice-prefeito de São Luís num dos mandatos de Jackson Lago e depois se elegeu prefeito de Coelho Neto, sua cidade natal. Sua última atuação na vida pública foi como chefe de gabinete do então ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Aposentado, vivia discretamente., sempre afável e aberto a uma boa conversa.

Mais do que qualquer outro maranhense do seu tempo, Magno Bacelar viveu todo poder e prestígio que um rico industrial, um poderoso empresário da comunicação e um influente político podem viver. Mas também amargou duros reveses, que muitos não suportariam. Protagonizou uma biografia rica, que, cedo ou tarde, despertará interesse em pesquisadores.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Flávio Dino não acredita na postura “paz e amor” de Jair Bolsonaro

Flávio Dino não  vê Jair Bolsonaro sem confronto 

Ao contrário de muitos políticos experientes, tanto da situação quanto da oposição, o governador Flávio Dino (PSB) não acredita que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mantenha por muito tempo essa postura de “paz e amor” que adotou depois que seu projeto de golpe fracassou no dia 7 de setembro com a dura reação do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral. Para o governador, não há sinceridade em nenhuma frase da carta de autoria do ex-presidente Michel Temer, que o presidente assinou se desculpando e prometendo entrar nos eixos. Numa avaliação sem paixão, o governador enxerga o presidente Jair Bolsonaro como um político sem projeto econômico ou social, sem uma agenda política, sendo focado sempre no confronto, que é o meio que usa para se manter em evidência. E não vai mudar. Ou seja, vai continuar atacando, porque é esse o meio com que alimenta sua imagem política. Flávio Dino diz ter convicção de que o presidente Jair Bolsonaro mantém de pé a ideia de golpe e está tramando o próximo ataque. Faz sentido.

 

Edivaldo Jr. cumpre agenda intensa de conversa com lideranças

Edivaldo Jr. vê candidatura viável

O ex-prefeito de São Luís e pré-candidato do PSD a governador Edivaldo Holanda Jr. ainda não definiu sua agenda de incursões no interior para consolidar seu projeto de candidatura e se posicionar no eleitorado. Por enquanto, cumpre intensa agenda de gabinete, onde trabalha o dia inteiro recebendo lideranças de São Luís e do interior, incluindo prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, ex-prefeitos, líderes comunitários. Quem o conhece informa que o ex-prefeito de São Luís se encontra dominado pelo entusiasmo com as conversas que manteve até agora. Acha que seu projeto de candidatura é viável e vai ganhar volume e consistência quando ele iniciar a maratona de visitas a municípios. É esse o estado de ânimo do presidente do PSD e principal fiador do projeto, deputado federal Edilázio Jr..

São Luís, 15 de Setembro de 2021.

 

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