Em recado ao PDT, Flávio Dino aponta tensão na aliança governista e avisa que ela será revisada

 

Recado de Flávio Dino sobre a aliança por causa das tensões entre Weverton Rocha e Carlos Brandão

O desacerto em parte das forças governistas causado pelo desfecho da eleição em São Luís, marcado pelo apoio do PDT, liderado pelo senador Weverton Rocha, ao candidato e adversário do Governo Eduardo Braide (Podemos), contra o candidato governista Duarte Jr. (Republicanos), bem como a atitude do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) de ficar neutro na disputa, se negando a fazer o que foi feito a seu favor em 2012 e 2016, produziu a primeira consequência. Ontem, o governador Flávio Dino (PCdoB) avisou, via twitter, que, por ter sido tensionada nas eleições por causa da sua sucessão em 2022, a aliança por ele construída será revista. Não foi uma declaração de ruptura, mas um recado contundente de que, por conta do não cumprimento dos acordos que possibilitaram as várias candidaturas da base governista em São Luís, e segundo os quais todos se uniriam em favor de que fosse para o 2º turno, a aliança foi fortemente afetada e precisa ser rediscutida.

Na sua postagem, Flávio Dino apontou a antecipação da corrida à sua sucessão, que envolve diretamente o senador Weverton Rocha, que levou o PDT a uma aliança com o DEM em torno do deputado Neto Evangelista (DEM), sem o aval do prefeito Edivaldo Holanda Jr., e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), que apoiou naturalmente a candidatura do deputado Duarte Jr., do seu partido. No 2º turno, quando a lógica indicava que o PDT apoiaria o candidato do Republicanos, o partido divulgou uma nota anunciando neutralidade, mas na prática se posicionou a favor do candidato do Podemos. A reação do vice-governador Carlos Brandão acusando o comando pedetista desertar da aliança, corroborando declarações feitas dias antes pelo deputado federal Rubens Jr. (PCdoB), de que quem não estivesse com Duarte Jr. estaria contra Flávio Dino, exaltou os ânimos dentro da base governista.

Vozes governistas criticam duramente o comando do PDT lembrando que as forças lideradas pelo governador Flávio Dino marcharam com o PDT em 2016 e garantiram a reeleição do prefeito Edivaldo Holanda Jr., e fizeram o mesmo em apoio à candidatura do então deputado federal Weverton Rocha para o Senado em 2018. Para essas vozes, não faz nenhum sentido a mobilização do PDT a favor de Eduardo Braide contra Duarte Jr. pelo fato de ele pertencer ao partido do vice-governador, que não esconde projeto de candidatar-se à sucessão do governador Flávio Dino. O sentimento dominante no círculo mais próximo do governador Flávio Dino é o de que, com sua postura em São Luís, o PDT colocou a aliança em xeque. E nesse sentido, aliados do governador argumentam que as bases da aliança, principalmente no que diz respeito ao PDT, foram trincadas e precisam de reparo urgente.

– Nossa aliança estadual está tensionada por conta da disputa pela vaga de governador, já que não posso ser reeleito. Esse processo de revisão das alianças estaduais exige diálogo, serenidade e prudência. Espero que os partidos políticos se dediquem a isso”, afirmou Flávio Dino, qualificando o processo como “normal e democrático”. Mesmo sendo cuidadoso para evitar o agravamento tensão, o governador deixou muito claro que não dá para continuar como está depois de tudo o que aconteceu na corrida para a Prefeitura de São Luís.

Afinal, com o aval do senador Weverton Rocha, o presidente do PDT de São Luís, vereador Osmar Filho, declarou apoio a Eduardo Braide, sendo seguido por seus colegas de partido Raimundo Penha e Nato Jr., uma iniciativa impensável sem o aval da cúpula estadual. Na visão dos governistas, a equação é simples: Eduardo Braide é um adversário do Governo e tem projeto próprio e ganhou do PDT o apoio que precisava para viabilizá-lo. A “DR” para eliminar a tensão e recompor integralmente a estabilidade da base será complicada, pontilhada de nuances e, como tudo em política, com desfecho imprevisível.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Edivaldo Holanda Jr. se isolou para não apoiar Neto Evangelista nem Duarte Jr.

Edivaldo Holanda Jr.: só

Ao contrário do que muita gente está imaginando, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. não participou do movimento do PDT para apoiar a candidatura de Eduardo Braide no 2º turno da disputa em São Luís. Nem sua neutralidade na disputa se deu em atenção à posição formal adotada pelo PDT por orientação do comando nacional do partido. O prefeito se isolou por vontade própria, não tendo sua atitude qualquer relação com a movimentação da cúpula da agremiação pedetista.

Já era sabido que Edivaldo Holanda Jr. avisara ao senador Weverton Rocha que não apoiaria a aliança do seu partido com o DEM em torno da candidatura do deputado Neto Evangelista (DEM). O recado foi dado em meados de 2019, quando Edivaldo Holanda Jr. não compareceu ao ato em que presidente nacional do DEM, o seu colega prefeito de Salvador ACM Neto, esteve em São Luís declarar apoio à candidatura de Neto Evangelista em aliança com o PDT. A rusga entre os dois surgiu nos idos de 2012, quando o agora candidato do DEM disputou a Prefeitura como vice do prefeito João Castelo (PSDB). Houve troca de acusações, restaram mágoas. Weverton Rocha e Neto Evangelista articularam a aliança sabendo que ela não seria apoiada pelo prefeito. Houve sondagens para reverter a posição no 2º turno em apoio a Eduardo Braide, mas o prefeito se manteve irredutível.

O mesmo movimento foi feito pelo presidente do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry – que coordenou suas duas campanhas vitoriosas para a Prefeitura – em busca do apoio do Palácio de la Ravardière à candidatura de Duarte Jr. (Republicanos) no 2º turno, mas Edivaldo Holanda Jr. se mostrou inflexível. O próprio governador Flávio Dino o sondou sobre o assunto, mas o prefeito prometeu fazer consultas à sua consciência e às suas conveniências, e não retornou. Outros aliados dele tentaram, mas ele não abriu espaço para conversa.

Não há, na base governista e no próprio entorno dele, quem tenha uma explicação lógica e convincente para o isolamento do prefeito Edivaldo Holanda Jr.. Afinal, trata-se de um político jovem, que apoiado por muitos, principalmente pelo governador Flávio Dino, construiu um bom lastro nos oito anos de Prefeitura de São Luís, e tem futuro amplo pela frente. E como em política ninguém vai longe sozinho, a pergunta do momento é: como ele pretende alçar novos voos sem uma base de apoio? Só ele pode responder.

 

Eduardo Braide vai montar equipe técnica, com pouco espaço para indicação política

Eduardo Braide

É grande a expectativa em relação à equipe que o prefeito eleito Eduardo Braide (Podemos) vai montar para assumir o comando da Prefeitura de São Luís a partir de 1º de Janeiro. Uma fonte próxima do prefeito eleito disse à Coluna que ele está determinado a formar um time rigorosamente técnico, no qual não haverá muito espaço para indicações políticas. Revela também que ele é exigente com relação a desempenho e que não admitirá equívocos nem corpo-mole na sua gestão. Os que toparem o desafio terão de estar preparados para trabalhar quase sem folga nos primeiros 100 dias, período  ao qual será imposto ritmo de maratona. O futuro prefeito tem dito que  trabalhará todos os dias, e que dividirá seu tempo entre despachos no Palácio de la Ravardière, inspeções a obras e “incertas” em hospitais, prontos-socorros e escolas. “Quem for convidado para entrar na equipe é bom pensar duas vezes antes de aceitar”, diz a fonte, que preferiu manter o anonimato.

São Luís, 01 de Dezembro de 2020.

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