Independentemente do resultado da reunião de hoje, na qual a banda ludovicense do PT maranhense se alinhará oficialmente à pré-candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado, na contramão do PT estadual e nacional, que já declararam o apoio do partido à pré-candidatura do governador Carlos Brandão (PSB) à reeleição e do ex-governador Flávio Dino (PSB) ao Senado, o comando da chapa socialista decidiu que não vai se manifestar. O propósito é consolidar a aliança PSB/PT, sem levar em conta a dissidência comandada pelo presidente do PT de São Luís, ex-vereador Honorato Fernandes. O argumento de alguns socialistas é o de que a dissidência faz muita zoada, mas não tem maior peso político e nem expressão eleitoral. Os aliados do senador Weverton Rocha, por sua vez, apostam alto que o alinhamento do PT ao PDT em São Luís pode fortalecer a pré-candidatura do chefe pedetista.
Os desdobramentos da aliança PT/PDT em São Luís são diversos, criando um emaranhado de situações conflitantes, que os articuladores da operação terão de administrar. Para começar, o PT ludovicense vai se alinhar ao senador Weverton Rocha, um pré-candidato a governador cujo partido, o PDT, tem um candidato a presidente, o ex-governador cearense Ciro Gomes, que na sua pré-campanha vem disparando munição pesada contra o pré-candidato do PT ao Planalto, ninguém menos que o ex-presidente Lula da Silva. E para tornar ainda mais complicada a equação, o interesse do senador Weverton Rocha é exatamente atrair o apoio de Lula da Silva ao seu projeto de candidatura, torcendo para que o líder petista rompa o acordo nacional com o PSB, já oficialmente consumado em torno das pré-candidaturas de Carlos Brandão e Flávio Dino. (Deu para entender? É complicado mesmo, mas é exatamente esse o rascunho da situação motivadora da reunião de hoje).
A banda dissidente do PT em relação ao acordo com o PSB não tem muita afinidade com a corrente lulista do partido. Ela defende aliança com o PDT, cujo comando nacional não teve nem força para frear a pré-candidatura de Ciro Gomes, menos ainda interesse de contê-lo na artilharia verbal que vem disparando contra o líder petista. Ou seja, a fatia do PT que não quer apoiar a chapa encabeçada por Carlos Brandão – que tem como vice o neopetista Felipe Camarão – para o Governo, e Flávio Dino para o Senado, é a mesma que entra na base da candidatura do senador pedetista sem qualquer espaço, já que não poderá fazê-lo, de vez que oficial e formalmente PT/PSB estão “juntos e misturados” nessa corrida eleitoral. A consequência mais danosa é que a banda ludovicense do PT irá para as urnas como agregada à chapa a ser encabeçada pelo senador Weverton Rocha.
Articulada pelo presidente municipal do partido, ex-vereador Honorato Fernandes, e com a participação de petistas de proa, como Márcio Jardim, a banda do PT que se reúne nesta quarta-feira com o senador Weverton Rocha vai repetir um roteiro já conhecido. Foi assim em 2006, quando confrontou a direção nacional, que apoiava o acerto com os Sarney, e apoiou Jackson Lago (PDT), enquanto Lula da Silva apoiava Roseana Sarney (MDB), em 2010 e em 2014 pelo mesmo motivo, ficando contra Flávio Dino e apoiando o então suplente de senador Lobão Filho (MDB). O PT só voltou ao eixo em 2018, depois que o governador Flávio Dino, então no PCdoB, se destacou como um dos líderes da reação contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Se confirmar o apoio à pré-candidatura do senador Weverton Rocha, como está previsto, a banda menor do PT e seus militantes se juntarão ao PDT e seus militantes, formando um bloco capaz de fazer muita zoada, e levando o PSB e o PCdoB a convocarem seus militantes para o embate na Capital, já que a influência dessa corrente petista não alcança São José de Ribamar.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana confirma o que o MDB já havia decidido
A ex-governadora Roseana Sarney disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a tendência da família Sarney é apoiar a pré-candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição. Nenhuma surpresa, uma vez que ela e seus familiares e boa parte do MDB jamais declarariam apoio à pré-candidatura do senador Weverton Rocha, não havendo também rumo para apoiar o ex-prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PSD), e menos ainda a eventual pré-candidatura do senador Roberto Rocha. A decisão não tomada agora. Ela começou a ganhar forma desde que, em novembro do ano passado, o então governador Flávio Dino bateu martelo pelo projeto de candidatura do vice-governador. Com a habilidade política de sempre, os Sarney se fecharam em copas, deixando as articulações do MDB a critério do vice o presidente do partido, deputado Roberto Costa, que estreitou relação com Flávio Dino e abriu os caminhos para o MDB, articulando para consolidar a escolha.
Cléber Verde vai coordenar a Bancada Federal durante a corrida eleitoral
O deputado federal Cléber Verde (Republicanos) assumiu ontem o posto de coordenador da bancada federal. Parlamentar experiente, ainda que controverso em alguns aspectos, ele pode dar mais dinâmica a essa coordenação. Caminhando para o quarto mandato, o parlamentar é profundo conhecedor das entranhas da Câmara federal e conhece todos os caminhos que levam aos ministérios e ao Palácio do Planalto. Considerado por muitos como um dos deputados que melhor conhecem a Câmara Baixa e com maior trânsito nos ministérios, conhecedor que é de cada palmo na esplanada, o que o torna um quadro diferenciado.
São Luís, 20 de Abril de 2022.