Dino amplia espaço político como defensor da estabilidade e crítico da tese de impeachment

 

dino manaus
Sob o olhar de governadores, Flávio Dino defende estabilidade institucional

O governador Flávio Dino (PCdoB) ocupa espaço no cenário político nacional como uma das principais vozes entre os mandatários estaduais a defender um grande acordo pela governabilidade e também contra a tentativa de setores da oposição de viabilizar um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Na última sexta-feira, na 11ª Reunião do Fórum de Governadores da Amazônia Legal, realizada em Manaus (AM), o governador do Maranhão defendeu a articulação de um grande acordo nacional, por entender que “a estabilidade institucional exige um debate claro entre os partidos e todas as forças políticas”. E acrescentou: “Falar em impeachment é um desserviço para o Brasil”.

A ação política de Flávio Dino no sentido de garantir a estabilidade e bombardear a proposta de impeachment tem dois vieses. O primeiro deles é a sua identificação com o governo do PT e a aliança política que vem consolidando com a presidente Dilma. O outro é a sua previsão de que, se tentativa de instaurar um processo de impedimento da presidente da República vingar, o país mergulhará numa crise capaz de paralisar as instituições, o que, se ocorrer de fato, terá desdobramentos graves no campo econômico. As duas consequências seriam desastrosas para o Brasil.

A pregação do governador do Maranhão em defesa da estabilidade institucional e, por via de desdobramento, contra a proposta de impeachment vem sendo feita desde meados de abril, durante encontro de governadores realizado em João Pessoa (PB), quando ele se manifestou pela primeira vez sobre a crise e seus desdobramentos. Duas semanas depois, o governador reafirmou seu discurso em encontro de governadores realizado em Brasília. Em meados de maio, o discurso ganhou mais contundência em audiência a juízes federais que se reuniram em São Luís. Há duas semanas, Flávio Dino voltou a defender a governabilidade e a estabilidade institucional durante reunião de governadores em Teresina (PI).

A reunião de governadores em Manaus, no final da semana passada, se deu num ambiente dividido entre aliados e adversários da presidente Dilma. Enquanto Dino, Tião Viana (PT-Acre) e Marcelo Miranda (PMDB-Tocantins) defendem a estabilidade, Simão Jatene (PSDB-Pará) e Pedro Taques (PDT-Mato Grosso) são oposição, contando ainda com o aval do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, tucano de proa e um dos críticos mais ácidos do governo do PT. Os apoiadores da presidente, articulados por Dino reverteram o cenário, dando o tom dominante da Carta de Manaus, documento em que os governadores alinhavam as dificuldades e indicam prioridades a serem resolvidas com o apoio do Governo Federal, como também recomendam cuidados em relação aos desdobramentos da crise de governabilidade causada pelos desdobramentos da Operação Lava Jato, que investiga o mega esquema de corrupção na Petrobras e que alcança políticos importantes ligados ao governo, além da nata dos chefões da construção civil no Brasil.

Na avaliação feita por Flávio Dino, que recebeu o aval da maioria dos governadores que se reuniram em Manaus, a Operação Lava Jato não deve ser inibida, mas não pode pautar o país nem o governo central. No entendimento dele, a atividade política não pode ser pautada pelo Ministério Público, pela Polícia Federal nem pela Justiça. “Cada instituição tem o seu valor e deve cumprir o seu papel. Mas se a política está subordinada à polícia, então não há mais lugar para a política”, assinalou o governador do Maranhão, obtendo a concordância dos seus colegas, entre eles os governadores tucanos. E a Carta de Manaus foi aprovada sem maiores restrições.

Inicialmente visto com reservas pelo Palácio do Planalto por haver aberto espaço para o PSDB na campanha eleitoral – posição justificada pelo apoio explícito da presidente Dilma ao candidato pemedebista Lobão Filho -, Dino usou toda a sua habilidade para mostrar que é um aliado firme e destacado da presidente da República. E com suas manifestações em reuniões políticas de alto nível, como os fóruns regionais de governadores, vai consolidando posição destacada na base de sustentação do governo. E o faz porque a esquerda moderada é o seu campo de atuação política, e porque sabe que sem uma parceria forte com a presidente da República não terá como viabilizar o seu projeto de governo e de poder.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS 

Silêncio duplo

zeça-horzBoa parte do mundo político maranhense sofreu decepção na manhã de domingo quando leram os jornais O Estado do Maranhão e Jornal Pequeno. Era grande entre as principais lideranças partidárias a expectativa de que o ex-presidente José Sarney e o governador Flávio Dino se manifestassem nas colunas que assinam nas capas dos jornais em relação à proposta de pacto pelo Maranhão feita pelo deputado federal José Reinaldo Tavares (PSB). Sarney – que desde janeiro tem usado seu espaço para fazer oposição implacável ao governo de Flávio Dino – surpreendeu seus leitores ao revelar o seu fascínio pelos mistérios do Universo e pela busca de vida em outros mundos interplanetários. Por sua vez, Dino, que via de regra usa o espaço para falar do seu governo, publicou artigo tratando da força transformadora da juventude. Os dois não se animaram a dizer o que pensam da proposta do ex-governador.

 

Não desiste

jose reinaldoA Coluna conversou ontem com o deputado federal José Reinaldo Tavares e indagou-o sobre o silêncio do ex-presidente José Sarney e do governador Flavio Dino em relação à sua proposta de pacto pelo Maranhão. Exibindo tranquilidade e sólida experiência, Tavares disse que não se surpreendeu com o silêncio de Sarney e Dino, por acreditar que cada um deles tem razões para não se manifestar num primeiro momento. E perguntado se nesse caso a proposta foi para o espaço, o ex-governador foi taxativo, demonstrando determinação: “A proposta não fracassou, não. Eu acredito que há muito espaço para que isso seja viabilizado. Não vou desistir tão fácil”. José Reinaldo disse que naquele exato momento estava concluindo mais um artigo sobre o assunto, para a edição de hoje do Jornal Pequeno.

 

 

 

 

Um comentário sobre “Dino amplia espaço político como defensor da estabilidade e crítico da tese de impeachment

  1. ” Mas se a política está subordinada à polícia, então não há mais lugar para a política”,
    Meu caro Dino , a política no Brasil , por força do naipe dos políticos , vc inclusive , é , notoriamente um caso de POLÍCIA!! Vai enganar outro com essa cantilena !

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