A menos que aja um entendimento urgente na cúpula do ninho maranhense, uma crise de largas proporções poderá eclodir no PSDB e resultar na revisão da candidatura do ex-governador e atual deputado federal José Reinaldo Tavares ao Senado. O presidente estadual do partido e candidato a governador, senador Roberto Rocha, e o secretário geral e candidato a deputado federal, Sebastião Madeira, não estão mais escondendo o desconforto com a insistência com que o ex-governador continua fomentando o projeto de candidatura do deputado estadual Eduardo Braide (PMN) ao Governo do Estado, criando assim, segundo o entendimento deles, dificuldades para o candidato do partido. Roberto Rocha e Sebastião Madeira já mandaram seguidos recados a José Reinaldo com o objetivo de fazer com que ele “largue Braide de mão” e se envolva com o projeto eleitoral e político do PSDB, mas têm sido surpreendidos pela movimentação do ex-governador no sentido de viabilizar a candidatura do deputado do PMN. Nas conversas reservadas no comando do tucanato maranhense, já se fala até em rever a candidatura de José Reinaldo Tavares e entregar a vaga de candidato a senador por ele ocupada ao deputado federal Waldir Maranhão.
– Nós abrimos as portas e garantimos a entrada do ex-governador José Reinaldo no PSDB quando ele não tinha mais para onde ir. Criamos as condições para ele entrar no PSDB e ser candidato a senador. O que faz ele? Afronta a todos nós com essa história de apoiar também candidatura do deputado Eduardo Braide. Isso não é correto, o PSDB tem um candidato a governador, o senador Roberto Rocha, e é por ele que nós temos que lutar. Quem não quiser abraçar o nosso projeto, não tem problema, pode sair do partido. Mas ninguém vai continuar agindo assim, porque se isso continuar, nós vamos tirar a vaga de candidato e entregar para outro. E não haverá ninguém que mude essa decisão – disse à Coluna Sebastião Madeira, com a autoridade de secretário geral do partido e de ter sido um dos articuladores que possibilitaram a conversão do ex-governdor. Em sintonia com o presidente e candidato a governador Roberto Rocha, Sebastião Madeira avisou: “Ainda há tempo de ele concertar as coisas e evitar um problemas maior para ele mesmo”.
Essa situação começou a se desenhar quando, depois de viver semanas de incertezas, com vários partidos lhe fechando as portas, o ex-governador José Reinaldo desembarcou no PSDB, ganhou a vaga de candidato a senador, mas logo surpreendeu o mundo político ao anunciar sua desconcertante estratégia de apoiar dois candidatos a governador ao mesmo tempo, o do seu partido, Roberto Rocha, e Eduardo Braide, que ainda nem decidiu se será mesmo candidato. Suas declarações causaram fortes reações dentro do PSDB. Diante do mal-estar, José Reinado andou dando algumas declarações apaziguadoras, mas logo em seguida retomou esse movimento, gerando o clima de forte tensão que hoje move o braço maranhense do PSDB.
A julgar pelas pelo que está posto dentro do partido, o comando regional do PSDB não vai mesmo aceitar a movimentação do ex-governador José Reinaldo Tavares. Primeiro porque, mesmo que, após deixar o PSB, onde não havia mais clima para permanecer e já estava quase sendo “convidado” a se retirar, tenha contado com o aval do então governador Geraldo Alckmin (SP) e do senador Tasso Jereissati (CE), o seu futuro no PSDB dependeria do comando local. E é exatamente o que está acontecendo agora: se Roberto Rocha e Sebastião Madeira, que o acolheram no PSDB e têm controle total sobre o partido, decidirem mesmo substituir José Reinaldo por Waldir Maranhão, por exemplo, farão a mudança, e ponto final. Até porque a direção não comprará uma briga com um dos seus senadores e candidato a governador, para manter um ex-governador que, segundo a avaliação da cúpula tucana, está se movimentando na contramão da orientação do partido.
Se essa crise eclodir como está se anunciando, o maior prejudicado será o próprio ex-governador José Reinaldo Tavares, que poderá perder a única possibilidade de disputar o Senado da República.
PONTO & CONTRAPONTO
Caxias: se eleições fossem agora, Dino teria 67% dos votos e Lobão e Weverton venceriam para o Senado
Pesquisas para medir as tendências do eleitorado para as eleições de Outubro vão aos poucos desenhando o cenário de possibilidades. E nesse contexto, um levantamento interessante do instituto Datailha apurou que, se eleições fossem agora, a maioria do eleitorado de Caxias, que é o terceiro maior do Maranhão, renovaria o mandato do governador Flávio Dino, que sairia das urnas reeleito em turno único com 67,58% dos votos, contra 29,05% da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), 1,68% de Maura Jorge (Podemos), 0,63% de Roberto Rocha (PSDB), 0,63% de Ricardo Murad (PRP) e 0,43% de Eduardo Braide (PMN).
Ao mesmo tempo em que os caxienses confirmariam o prestígio político e eleitoral do governador Flávio Dino na Princesa do Sertão, transformariam a corrida ao Senado numa peleja dificílima. O senador Edison Lobão (MDB) seria reeleito com 14% dos votos, mas a segunda vaga seria alvo de uma verdadeira guerra entre os deputados federais Weverton Rocha (PDT), que seria eleito com 10,5%, batendo o deputado federal e ex-ministro Sarney Filho (PV), que teria 10,1%, uma diferença de apenas 0,4%.
A pesquisa do Datailha surpreende pelo desempenho da deputada federal Eliziane Gama (PPS), que teria 6,6%, José Reinaldo (PSDB),4,9%, e pelo rigoroso empate entre o deputado estadual Alexandre Almeida (PSDB) 1,0%, e o ex-secretário Márcio Jardim (PT) 1,0%.
Não surpreende que o senador Edison Lobão leve a melhor numa pesquisas de intenção de voto em Caxias, já que ele tem raízes políticas e eleitorais muito fortes na Princesa do Sertão. Surpreende, sim, o fato de deputado federal Weverton Rocha leve a melhor disputando naquele município com Sarney Filho, Eliziane Gama, José Reinaldo e Alexandre Almeida.
Em Tempo: A pesquisa do Instituto Datailha ouviu 529 eleitores caxienses no período de 17 a 19 de Maio, tem margem de confiança de 95% e está registrada no TSE sob o protocolo Nº 01129/2018.
Eliziane Gama sinaliza que vai desarquivar a Refinaria Premium durante a campanha
Numa reunião de pré-campanha ao Senado que realizou ontem em Codó, a deputada federal Eliziane Gama (PPS) tocou num assunto delicado e que certamente será tema insistente no debate entre os candidatos ao Senado: a Refinaria Premium I prometida para o Maranhão em 2010 e que terminou se transformando no maior fiasco da história recente do estado, com a agravante de que o contribuinte viu serem enterrados mais de R$ 1 bilhão numa obra de desmatamento e algumas estruturas de concreto numa área de Bacabeira. O assunto vai render, disso ninguém duvida, porque as marcas do monumental engodo permanecem muito fortes na memória dos maranhenses. Na sua fala em Codó, Eliziane Gama – que participou da CPI da Petrobras – disse o cancelamento da construção da Premium I causou graves ao equilíbrio financeiro do País, uma vez que foram retirados os recursos já investidos por meio de uma nova peça orçamentária. Segundo ela, se no período os senadores tivessem brigado por esse recurso, talvez o Brasil não estivesse vivendo esta crise. “O Brasil com as refinarias do Maranhão e Ceará seria mais independente no refino do petróleo podendo vender combustível mais barato aqui e revender para outros países também”, destacou a pré-candidata ao Senado. Não há, portanto, qualquer dúvida de que os embates sobre o projeto arquivado será forte e intenso.
São Luís, 28 de Maio de 2018.