“Cumprindo compromisso que fiz com a população maranhense, informo que recebemos, às 21:50, a confirmação do primeiro caso de coronavírus em nosso estado. O homem idoso fez viagem recente a São Paulo e não apresenta sintomas graves. Todas as medidas necessárias estão sendo tomadas”.
Com essa mensagem, publicada nas redes sociais – Instagram, Twitter, etc. – logo depois das 22 horas de ontem, o governador Flávio Dino (PCdoB) deu a notícia que todos os maranhenses de alguma maneira aguardavam, mas no fundo nenhum queria tomar conhecimento: o Maranhão, até então resistindo como o último baluarte estadual brasileiro livre da covid-19, foi, infelizmente, alcançado pela pandemia de coronavírus. Num dos seus comunicados, o governador informou que a Vigilância Sanitária está tomando todas as providências para isolar o homem infectado. Mais do que isso, novas medidas para evitar a propagação da covid-19 serão anunciadas neste sábado.
O governador Flávio Dino deu a má notícia momentos depois de haver publicado nas mesmas redes uma mensagem de agradecimento à dedicação dos profissionais de Saúde. Sua manifestação se baseia principalmente no fato de que os integrantes dessa categoria têm trabalhado incansavelmente nos preparativos para enfrentar os impactos da pandemia em território maranhense. Esse trabalho tem consistido no acompanhamento de casos suspeitos, e também na assistência a doentes acometidos de outras viroses, como a H1N1, que já matou quatro no estado nos últimos dias. E ainda na preparação da estrutura hospitalar destinada a atender casos confirmados tão logo eles se manifestem.
O primeiro caso de covid-19 no Maranhão obedeceu à lógica das estatísticas. Aconteceu em São Luís, o centro mais populoso e principal portal de entrada no estado, sendo o paciente um homem idoso, que retornou recentemente ao Maranhão vindo de São Paulo, onde se encontra o maior foco da pandemia no País, com quase dez mortes confirmadas até o início da noite de ontem. Ou seja, o coronavírus chegou ao Maranhão vindo de São Paulo por via aérea, que foi a via que o trouxe da Europa, principalmente da Itália, para o Brasil. Informação de fonte não oficial, mas bem situada, diz que o homem infectado tem os sintomas, mas sua situação é estável e ainda, em princípio, não corre risco de morte. Há outros casos em monitoramento, sendo um deles um paciente de 59 anos, que esteve recentemente em São Paulo e Minas Gerais, e que está internado no Hospital Carlos Macieira com quadro grave de síndrome respiratória. O monitoramento não quer dizer que ele esteja infectado, o que só será confirmado ou não com o resultado dos exames a que foi submetido.
A julgar pelas informações que o governador Flávio Dino tem prestado aos maranhenses, num jogo aberto em que a transparência tem sido a mola-mestra, o Maranhão está preparado para enfrentar o que vier por aí. Já existe uma estrutura hospitalar, inclusive com leitos de UTI, reservada para eventuais pacientes, assim como equipes médicas em prontidão para entrar em ação. No mais, o combate efetivo ao coronavírus tem de ser feito pela sociedade, com o isolamento social e a obediência às orientações, sendo as principais ficar em casa por 15 dias, evitar contatos físicos e aglomerações e lavar as mãos sempre que possível. Com esse comportamento, o coronavírus será vencido.
Vale registrar que, apesar do tom preocupado, o anúncio feito pelo governador Flávio Dino nada tem de dramático, mas sim uma forte dose de realismo. Isso porque era penas uma questão de tempo, uma vez que seria quase impossível o Maranhão ficar imune a uma virose com espantosa velocidade de expansão e assombroso grau de letalidade, a julgar pelos exemplos da China e da Itália.
O mais importante agora é manter a serenidade, intensificar os cuidados e evitar o pânico.
PONTO & CONTRAPONTO
Em meio à crise do coronavírus, Weverton Rocha mostra atuação forte no alto clero do Senado
Com o voto “sim” de 75 senadores, o Senado da República aprovou ontem, na primeira sessão virtual dos seus 196 anos de existência, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 88/20, que reconhece o Brasil em Estado de Calamidade Pública por causa da pandemia do coronavírus. A medida, inicialmente aprovada pela Câmara Federal, permitirá que os Governos Federal, estaduais e municipais utilizem os recursos possíveis para evitar a expansão da covid-19 sem as limitações do teto de gastos nem as restrições previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Líder da bancada do PDT, o senador maranhense Weverton Rocha teve participação destacada e decisiva na histórica sessão, como relator do PDL, ao qual deu parecer favorável e, logo em seguida, votando pela sua aprovação. “A aprovação do PDL vai permitir que o governo consiga fortalecer o sistema de saúde e vai possibilitar a implantação de práticas que impeçam a expansão do vírus. É importante dar as condições para que o governo possa atender estados, municípios e a população como um todo”, declarou o parlamentar.
A senador Weverton Rocha fechou a semana no epicentro da vida parlamentar nacional, com participação efetiva e decisiva no grande debate que vem sendo travado por causa da pandemia de coronavírus e da assombrosa ameaça à qual estão sendo submetidos os mais de 200 milhões de brasileiros. Isso porque, além da relatoria do PDL que reconheceu o Estado de Calamidade Pública no País, que o transformou na figura central do Senado nas últimas 72 horas, o parlamentar maranhense também se destacou dias antes com a apresentação de três projetos de lei propondo medidas de natureza econômica para combater o coronavírus em território brasileiro. O parecer que assegurou o reconhecimento do estado de calamidade pública no Brasil, aprovado pela unanimidade dos senadores que participaram da sessão virtual, deu-lhe argumentos fortes para defender os projetos que apresentou em relação à crise sanitária que vem abalando o Brasil.
O Estado de Calamidade Pública vai permitir que o Governo Federal gaste mais do que o previsto e desobedeça às metas fiscais para custear ações de combate à pandemia. Assim, o rombo nas contas públicas poderá ser superior a R$ 124,1 bilhões, podendo chegar a R$ 200 bilhões para além da meta fiscal definida pelo Palácio do Planalto no Orçamento para este ano.
No seu parecer, o senador Weverton Rocha contrariou algumas vozes governistas que defendiam liberdade total do Governo Federal para o uso de recursos. Ele acatou a versão aprovada pela Câmara Federal, que prevê a criação de uma comissão formada por seis deputados e seis senadores para acompanhar, na forma de controle externo, os gastos do Governo, realizando reuniões mensais com o ministro da Economia, Paulo Guedes: “As restrições apresentadas pela Câmara, quanto à necessidade de controle e acompanhamento do que vai ser feito, são válidas para que o Executivo tenha sempre em mente a necessidade de acolher o povo brasileiro, mas sem se distanciar dos fundamentos fiscais que foram, são e continuarão sendo essenciais”, defendeu.
No início da semana, antes de ser escalado relator do PDL da Calamidade Pública, o senador Weverton Rocha entrou forte na crise do coronavírus apresentando, de uma tacada, três projetos de lei relacionados com prováveis consequências da pandemia no Brasil. O foco dos projetos é a redução dos custos dos insumos utilizados em larga escala no combate ao coronavírus. Um deles propõe o tabelamento de produtos de segurança e prevenção à covid-19, como jalecos, álcool em gel, máscaras cirúrgicas e outros itens necessários até que a pandemia seja controlada. Outro projeto propõe a isenção de tributos sobre esses produtos, durante o período em que o território nacional for acometido pela pandemia. De acordo com o parlamentar, a chegada do Covid-19 tem provocado o aumento da procura por álcool em gel e máscaras. Com a expectativa de que o vírus alcance o pico de casos no país até o fim do mês, a procura tende a disparar, assim como os preços. No terceiro projeto, o senador Weverton Rocha propõe a realização de um concurso especial da Mega-Sena com a finalidade de destinar 47% do valor arrecadado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para atendimento às vítimas do coronavírus.
“Apresentei estes projetos para dar minha contribuição neste momento difícil que o Brasil está vivendo. Vamos todos fazer a diferença”, finalizou.
A crise causada pelo coronavírus serviu, enfim, para mostrar que o senador Weverton Rocha atua fortemente no nível que representa o alto clero do Senado da República.
Proposta de Carlos Madeira de adiar eleições não foi levada a sério por pré-candidatos
A proposta do pré-candidato do Solidariedade à Prefeitura de São Luís, Carlos Madeira, de adiar as eleições municipais para o primeiro semestre do ano que vem, prorrogando em seis meses o mandato dos atuais prefeitos e vereadores foi fulminada ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral, que numa decisão unânime descartou a possibilidade de alteração do Calendário Eleitoral deste ano. A proposta não ecoou de maneira simpática entre os demais pré-candidatos, pois nenhum deles manifestou opinião a respeito do assunto, e o silêncio, nesse caso, é uma maneira de manifestar discordância. Na contramão do que propõe o pré-candidato do Solidariedade, os demais pré-candidatos estão em estado de pré-campanha, cada um cuidando de fortalecer seu projeto de poder. Eduardo Braide (Podemos) tem feito pressão para ampliar a vacinação do H1N1, Rubens Júnior (PCdoB) adotou medidas para evitar a chegada do coronavírus na equipe que comanda na Secretaria das Cidades, Duarte Júnior (Republicanos) sugere medidas do Código do Consumidor para proteger direitos de eventuais infectados pela covid-19, Neto Evangelista (DEM) se solidarizou com vítimas de enchentes, e Bira do Pindaré (PSB) defendeu direitos trabalhistas amealhados por medidas governistas em Brasília. Todos com foco na corrida eleitoral agendada para Outubro.
São Luís, 21 de Março de 2020.