Caso do aluguel “camarada” vai dar em nada e só indica que a guerra eleitoral para as eleições de 2017 já começou

 

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Caso do aluguel deflagra a guerra eleitoral entre Flávio Dino e o Grupo Sarney, representado por Roseana Sarney

Mais do que resultante de uma postura fiscalizadora da Oposição, o “escândalo” em torno de um aluguel, pela Funac, por R$ 9 mil mensais, de uma espécie de sítio na Aurora, paras abrigar menores infratores, sendo a causa maior do imbróglio o fato de o proprietário – um engenheiro civil que trabalha da Emap – ser filiado ao PCdoB, é um indicador de que a corrida para as urnas de 2017 está de fato começando, e que pelo tom da largada, o embate terá o tom de guerra pelo tudo ou nada. Inconformado com a perda do poder e por ter vivido os últimos dois anos na defensiva, o Grupo Sarney, agora liderado diretamente pelo ex-presidente José Sarney e pelos planos de volta ao Olimpo político maranhense. E pelo que é fácil perceber, o único meio de viabilizar esse projeto é mobilizar suas forças e meios para atacar o governador Flávio Dino, seu Governo e seu grupo sem do nem piedade, com o objetivo de minar seu prestígio e formar a maior nuvem possível de suspeita sobre a integridade da sua gestão. Dado o pontapé inicial, portanto, num jogo que vai durar pouco mais de 21 meses e cujo troféu ao vencedor será o Palácio dos Leões.

Na batalha midiática e política em andamento, os adversários do Governo demonstraram competência ao inflar e dar ampla repercussão a um caso menor e sem um só traço que justifique a sua transformação em escândalo. Não há qualquer traço de irregularidade no contrato de aluguel e o prédio foi alugado porque reúne as condições para o uso pretendido. A grita da vizinhança é justa – ninguém quer uma unidade que abriga menores infratores a 300 metros da sua residência -, mas não impeditiva, à medida que o Governo se compromete a garantir a segurança comunitária. A mobilização dos vizinhos foi feita pela competente e atuante vereadora Rose Sales, ex-PCdoB, que dias depois ganhou o reforço pessoal da deputada Andrea Murad (PMDB), que dedica integralmente sua atividade política a garimpar irregularidades no Governo do PCdoB. Tanto barulho transformou o caso numa guerra midiática em que os dois lados ultrapassaram os limites da realidade.

É fato que os canais da Oposição jogaram o assunto no ar sem maiores pretensões, mas a reação das vozes governistas, lideradas pelo secretário de Articulação Politica e Comunicação, Márcio Jerry, foi tão dura, que deu aos atacantes viram nela o mote que eles precisavam para alimentar as estocadas. Sim, porque a reação não foi informativa nem explicativa, mas um rebate zangado, que surtiu efeito contrário. Isso estimulou os canais oposicionistas a seguirem em frente, engrossando o caldo, numa espécie de bateu-levou eletrizante no qual as vozes governistas não conseguiram impor uma versão com todas as informações sobre o contrato e as condições do imóvel alugado. A banda governista preferiu contrapor invocando possíveis malfeitos de governos passados, levando até o governador Flávio Dino a interromper o sossego suas curtas férias para entrar no embate como um reforço salvador, o que também não funcionou. Em determinados momentos, o enfrentamento nas redes sociais e blogs governistas e oposicionistas chegou a ficar meio sem sentido, exatamente por falta de elementos que justificassem o prolongamento do bate-boca virtual. O ataque oposicionista ganhou força quando a “denúncia” ecoou nos telejornais da Globo, com referências que desgastaram a versão governista.

O imbróglio só começou a ser desfeito quando entraram na cena dois personagens que deveriam ter sido acionados no primeiro momento: o secretário de Direitos Humanos e Mobilização Popular, Francisco Gonçalves, a quem a Funac é subordinada, e o juiz José Costa. Tardiamente, mas ainda a tempo, Francisco Gonçalves – um jornalista, professor universitário e militante político íntegro – assumiu a defesa do contrato e do uso do imóvel e chamou a vizinhança para conversar, se dispondo a atender pleitos compensatórios, mas deixando claro que o Governo vai manter a Unidade da Funac ali, o que foi confirmado com operários trabalhando até à madrugada nas melhorias. Já o juiz José Costa – conhecido pela sua correção e serenidade – visitou as instalações e declarou à imprensa que elas estão adequadas, bem melhores do que o inferno em que viviam na Maiobinha. A deputada Andrea Murad teve acesso às instalações e saiu dizendo que questionará o contrato, mas sem reclamar tanto das instalações, onde já estão abrigados sete internos. A partir dessas intervenções, o que foi publicado foi mera repetição desbotada do que fora dito.

Se o “Caso Aurora”, também chamado “Caso do Aluguel Camarada” – no qual não foi encontrado desvio, malversação, irregularidade, ou seja, que não há crime nem criminoso – produziu tanto barulho e nenhuma consequência, dá para imaginar o que vem por aí, quando a briga pela Presidência da República, Governo do Estado, duas vagas no Senado, 18 cadeiras de deputado federal e 42 de deputado estadual ganhar corpo para valer.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Eliziane Gama mira o Senado
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Eliziane Gama avisa a amigos que vai entrar na guerra pelo Senado em 2018

O que eram apenas rumores inconsistentes até duas semanas atrás dando conta de que a deputada federal Eliziane Gama (PPS) está colocando em prática um projeto de se candidatar ao Senado passou a ganhar conotações verdadeiras desde a semana passada. Ao que parece refeita da desastrosa participação na corrida para a Prefeitura de São Luís, depois de ter sido apontada como favorita, Eliziane Gama está saindo do plano das incertezas e entrando no mundo real, só que disposta a dar um passo bem maior do que suas pernas podem alcançar. Dias depois de amargar o desastre eleitoral na Capital, ele disse a pelo menos três interlocutores que estava pensando seriamente em abandonar o plano federal e tentar uma volta à Assembleia Legislativa. Agora, passados mais de três meses, ela volta ao cenário político e informa aos mesmos interlocutores para está inclinada a disputar uma das cadeiras de senador, sem dar maiores explicações para a falta de interesse em renovar o seu até agora bem exercido mandato na Câmara Federal.

Deputada vai enfrentar disputa pesada

Eliziane Gama parece não ter percebido ainda a guerra que está sendo desenhada em torno das duas cadeiras de senador. Elas estão sendo pretendidas por pesos pesados como os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e José Reinaldo Tavares (PSB), o deputado estadual Humberto Coutinho (PDT), o ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira (PSDB), e provavelmente o senador João Alberto (PMDB), o ministro do Meio Ambiente Sarney Filho (PV) ou a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), para citar apenas alguns nomes. Eles entrarão na briga por meio de fortes esquemas de dobradinha, o que criará enormes dificuldades a uma candidatura solitária como poderá ser a da deputada do PPS.

São Luís, 12 de Janeiro de 2017.

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