Ainda faltando pouco mais de 600 dias para o grande embate eleitoral de 2022 e em meio a agitada onda de especulações a respeito de quem será quem na disputa dos cargos majoritários, os últimos dias surpreenderam pela movimentação de candidatos a candidato à sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB). A onda ganhou volume em Imperatriz, onde o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PSL), surpreendeu o meio mundo ao se lançar candidato a governador, e logo em seguida o deputado federal Hildo Rocha avisou que, se o senador Roberto Rocha (ainda no PSDB) não for candidato ao Governo, o MDB lançará candidato, podendo ser ele próprio. Se esses episódios de desdobramentos improváveis animaram a seara política e partidária, agitação mais intensa, mesmo que sem grande alarde, foi causada pelos movimentos dos dois principais pré-candidatos ao Palácio dos Leões até aqui, o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) e o senador Weverton Rocha (PDT). Ambos, cada um a seu modo, reforçaram seus projetos de candidatura.
O vice-governador Carlos Brandão, entre um e outro compromisso formal representando o governador Flávio Dino, vem cumprindo agenda política cheia, recebendo prefeitos, vereadores e líderes municipais para conversas que avançam pela noite no Palácio Henrique de la Rocque. Cuidadoso, atua de maneira discreta, usando a experiência de quem foi chefe da Casa Civil no Governo intensamente político de José Reinaldo Tavares, e com a segurança de vice-governador reeleito e sem ter criado qualquer incômodo para o governador Flávio Dino, que o tem como um aliado eficiente e confiável. Seu partido saiu das urnas com 25 prefeitos e 213 mil votos majoritários em São Luís.
Na semana que passou, Carlos Brandão conversou com dezenas de líderes de diversas regiões, entre eles o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo, apoiador assumido do seu projeto de candidatura, que foi visitá-lo acompanhado de vereadores e líderes daquela região. Não bastasse isso, o vice-governador viu nascer na Assembleia Legislativa o Bloco Democrático, formado por sete deputados – Duarte Júnior (Republicanos), Ariston Ribeiro (Republicanos), Fábio Macedo (Republicanos), Detinha (PL), Daniella Tema (DEM), Vinícius Louro (PL) e Leonardo Sá (PL) -, visto por todos os observadores como um suporte do seu projeto de candidatura. No início da noite de quinta-feira (25), ao responder a uma ligação da Coluna, revelou seu estado de ânimo: “As coisas vão indo muito bem, melhorando a cada dia”.
O senador Weverton Rocha, por sua vez, não para. Ele se desdobra para ser o parlamentar produtivo no Senado, o presidente do PDT no Maranhão e o arrojado e determinado candidato a candidato a governador. Sobre esse último item, ele tem respondido às indagações afirmando que nunca deu qualquer declaração se dizendo candidato, o que é verdade. Mas é verdade também que nunca disse que não o será. Para o resto do mundo é tão ou mais candidato do que seu principal oponente, com quem trava no momento uma guerra sem trégua por corações e mentes na seara política maranhense. Seu gabinete em Brasília é ponto de referência para praticamente todos os líderes políticos maranhenses. Seu partido elegeu 42 prefeitos, mas sem um só voto majoritário em São Luís
Além da máquina partidária que comanda e do poder de fogo que usa com a distribuição dos recursos de emendas ao Orçamento da União – agora mesmo, por exemplo, conseguiu garantir alguns milhões de reais para dois hospitais, um para Imperatriz, na Região Tocantina, e outro para Pinheiro, na região da Baixada, conta ainda na Assembleia Legislativa com um grupo informal que tem o presidente Othelino neto (PCdoB) como referência principal. Também dispõe de uma megaestrutura de divulgação, com aliados na blogosfera, em dois programas de rádio, além da poderosa e ramificada estrutura municipalista da Famem, comandada por Erlânio Xavier (PDT), prefeito de Igarapé Grande e seu fiel escudeiro e coordenador-mor das suas campanhas.
Carlos Brandão e Weverton Rocha representam claramente dois modos de fazer política. O primeiro investindo no discreto mais eficiente trabalho nos bastidores, na conversa ao pé do ouvido, nos acordos sem alarde. O segundo atua mais abertamente, conversando muito e usando o seu poder senatorial para beneficiar municípios, onde prefeitos aliados embalam seu projeto. É quase certo que os dois serão testados nas urnas em Outubro do ano que vem.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino responde a declaração sem lastro de Bolsonaro
O governador Flávio Dino (PCdoB) reagiu com realismo e ironia à declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segundo a qual “os governadores que fecharam seus estados devem custear a nova rodada do auxílio emergencial”. Implacável, o dirigente maranhense devolveu: “Se os governadores tiverem que bancar até o auxílio emergencial, aí mesmo é que o presidente da República vai provar sua total inutilidade”.
A reação do governador Flávio Dino às patacoadas verbais do presidente Jair Bolsonaro tem sido coerentes e absolutamente dentro do limite do aceitável num ambiente civilizado. Bem diferentes do que faz costumeiramente o chefe da Nação, que diz uma asneira atrás da outra, como essa de criticar o uso de máscara no dia em que o País, já com mais de 250 mil mortos por Covid-19, registrou o maior número de óbitos em 24 horas.
Falando sério, o presidente Jair Bolsonaro parece não ter noção do que fala quando faz esse tipo de ameaça aos governadores. Primeiro porque qualquer atitude que ele tomar no sentido de suspender o pagamento do auxílio emergencial para um ou mais estados, estará rompendo os princípios federativo e da isonomia, o que significará meter-se numa encrenca que produzirá motivo indiscutível para um processo de impeachment.
Jair Bolsonaro sente pavor de ter de enfrentar Flávio Dino num cara-a-cara, exatamente pela certeza que tem de que seria triturado. Isso porque, mesmo que recorresse ao xingamento, passaria à opinião pública como um presidente despreparado, o que não é mais nenhuma novidade.
Especuladores erraram sobre o futuro de Edivaldo Holanda Jr. no PDT
Andaram especulando sobre o futuro partidário do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr., hoje filiado ao PDT. Os especuladores, mais afoitos o “filiaram” a diferentes partidos, mas sem qualquer informação segura sobre sua permanência ou não no arraial brizolista.
Até o impassível busto de bronze de la Ravardière em frente à Prefeitura sabe que não é boa a relação do ex-prefeito com o presidente do PDT, senador Weverton Rocha, que passaram bom tempo sem sequer trocar cumprimentos. Mas sabe também nem Edivaldo Holanda Jr. tem interesse em deixar o PDT nem Weverton Rocha quer que ele deixe o partido.
E é exatamente pelo interesse que move cada um que, pelo menos por enquanto, o ex-prefeito de São Luís tende a permanecer onde está, para agrado do chefe pedetista.
São Luís, 28 de Fevereiro de 2021.
Edivaldo Holanda deveria procurar um emprego na iniciativa privada, o que ele espera agora? Uma vaga no legislativo? Sua passagem pelo legislativo municipal e federal foi um fiasco porque nunca foi um parlamentar atuante ou com projetos arrojados. Qd era vereador, seu mandato ficou marcado apenas por ter votado contra a taxa de lixo sugerida pelo então prefeito Tadeu Palácio, como deputado ñ lembro de nada relevante; como prefeito fez um mandato sustentado na terceirização dos serviços públicos municipal deixou quase tudo terceirizado e só quem ganha com este tipo de serviço é a classe política e os empresários porque os trabalhadores só ficam com o serviço e um salário baixíssimo.