Se depender dos seus apoiadores, o Aliança pelo Brasil, o embrião de partido de extrema-direita anunciado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro não terá futuro no Maranhão, mesmo que ele venha a vingar o plano nacional. Com exceção da deputada estadual Mical Damasceno, que já revelou enfaticamente a sua disposição de deixar o PTB, pelo qual se elegeu, para ingressar no partido bolsonarista, nenhum outro deputado estadual ou federal tornou público o propósito deixar seu atual partido e ingressar nas fileiras do Bolsonaro. Pelo que começa a ser desenhado, se conseguir emplacar 490 mil assinaturas em nove estados da Federação até maio do ano que vem, conforme a lei que regulamenta a criação de partido político, a agremiação bolsonaristas terá de ser comandada no estado pela ex-prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, que já estaria deixando o PSL. Se tudo isso se confirmar, o partido do presidente nascerá no Maranhão bem menor que o PSL, que pelo visto não o perderá espaço com a saída do presidente e sua turma.
Para começar, o senador Roberto Rocha, que desde janeiro vem se comportando como um bolsonarista de primeira linha, avisou que não deixará o PSDB para ingressar na agremiação do presidente. Isso não quer dizer que Roberto Rocha se afastará do presidente, a quem continuará apoiando com todo o seu vigor, apesar de o seu partido está posicionado contra o Governo Bolsonaro no Congresso Nacional. Além do apoio pessoal ao presidente, que o tem como aliado fiel, Roberto Rocha vai continuar inteiramente alinhado ao Palácio do Planalto.
Na esfera da Câmara Federal nenhum dos integrantes da bancada maranhense ensaiou migrar do a[partido atual para o Aliança pelo Brasil. Nenhum dos deputados que apoiam abertamente o Governo, como Aluísio Mendes (Avante), Hildo Rocha (MDB), Edilázio Jr. (PSD) e Pastor Gildenemyr (PL), nem dos que mantêm uma relação amistosa com o Palácio do Planalto, como André Fufuca (PP), Juscelino Filho (DEM), Pedro Lucas Fernandes (PTB), Josimar de Maranhãozinho (PL), Júnior Lourenço (PL), Marreca Filho (Patriota) e Gil Cutrim (PDT), se manifestou até agora interessado no Aliança. Mesmo os quatro bolsonaristas assumidos, o único que estaria pensando seriamente em migrar para o Aliança é Pastor Gildenemyr, que se elegeu pelo PMB, passou para o PL, sendo apenas uma possibilidade que sequer foi admitida pelo próprio deputado.
Na Assembleia Legislativa, o Aliança só deve contar mesmo com a deputada Mical Damasceno, que foi a única voz a ocupar a tribuna para falar do assunto e anunciar que está disposta a deixar o PTB, pelo qual se elegeu, para formar fileira na base bolsonaristas. No plano estadual, a posição mais curiosa é a do deputado Pará Figueiredo, único eleito pelo PSL, mas que até agora não disse uma só palavra, na tribuna ou fora dela, sobre o assunto. Com seu silêncio obstinado, o deputado Pará Figueiredo dá até agora a impressão de que prefere continuar no PSL. Se essa tendência for confirmada, somente a deputada Mical Damasceno migrará para o novo partido, caso ele vingue.
Em resumo: o Aliança dificilmente ocupará um espaço expressivo na política maranhense, mesmo levando em conta o fato de que há uma intensa dança partidária sendo ensaiada tendo em vista as eleições municipais. E o motivo é um só: os detentores de mandato no Maranhão têm claro em mente que a esmagadora maioria dos maranhenses não fecham com o Governo Bolsonaro, mantendo uma tendência que se cristalizou nas eleições gerais do ano passado, quando o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) foi trucidado nas urnas pelo petista Fernando Haddad nos dois turnos.
Pesa também contra o projeto de partido de Jair Bolsonaro a forte pitada religiosa dada ao Aliança, fazendo com que seja um partido conservador extremado, já que sua identificação com a corrente evangélica o afasta eleitores ligados a outras religiões.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino defende repasse de recursos da Petrobrás para estados combaterem queimadas
O governador Flávio Dino (PCdoB) defendeu o rateio imediato entre os estados que formam a Amazônia Legal de R$ 430 milhões do Fundo Petrobras destinados a ações de combate a queimadas e preservação da floresta amazônica. O posicionamento do governo ocorreu quarta-feira em Brasília, na reunião dos governadores da região com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Os recursos foram retidos em setembro, quando o Supremo Tribunal federal homologou a distribuição dos recursos, mas condicionando o rateio ao sistema de convênio da União com os estados, o que, na avaliação dos governadores prejudicaria os estados por conta da lentidão do processo. “Os nove estados irão destinar os recursos para prevenção atinente a desmatamento ilegal, queimadas, repressão de ilícitos ambientais, envolvendo, por exemplo, os Batalhões de policialmente Ambiental das Polícias Militares que atuam nas áreas estaduais e, também, regularização fundiária. Consideramos que esses aspectos são fundamentais para que haja garantia que a lei seja aplicada”, defendeu o governador Flávio Dino. O governador foi além defendendo que o repasse direto proporcionará um combate mais intenso e eficiente ás queimadas, que nos meses recentes aumentaram em 29%, gerando uma situação alarmante na Amazônia Legal.
Tadeu Palácio estuda a proposta de sair candidato a prefeito pelo PSL
Independentemente da crise causada no partido com a saída do presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e sua turma, o PSL deverá lançar candidato a prefeito de São Luís. E pelo que se fala nos bastidores, o nome do ex-prefeito Tadeu Palácio vem crescendo rapidamente. Houve também quem dissesse que Tadeu Palácio estaria pensando em migrar para o Aliança, partido que o presidente da República tenta fundar. A eventual candidatura de Tadeu Palácio à Prefeitura de São Luís não surgirá com uma ameaça aos demais candidato, mas há quem acredite que ela pode ser um fator de desequilíbrio na corrida à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr.. Fonte próxima do ex-prefeito de São Luís disse à Coluna que Tadeu Palácio a entrar na briga, sem pensar no resultado, mas nos benefícios que ele traz.
São Luís, 22 de Novembro de 2019.