Encontro de mulheres legisladoras discutiu questões de gênero e teve fortes marcas políticas

Iracema Vale comanda a abertura com Orleans Brandão
e aliados, com a participação de Eliziane Gama,
Thay Evangelista, Andreia Rezende, Viviane Silva,
o humor do Pão com Ovo e as legisladoras

O 1º Encontro de Mulheres Legisladoras do Maranhão, realizado ontem na Assembleia Legislativa, sob o comando da presidente Iracema Vale (PSB) e a coordenação da procuradora da Mulher, deputada Viviane Silva (PDT), cumpriu o seu objetivo formal de discutir o papel da mulher na sociedade e na política e, ao mesmo tempo, se transformou num fórum em que o tema dominante foi a violência política de gênero.  O evento ganhou forte tintura política por conta da presença do secretário de Estado de Assuntos Municipalistas, Orleans Brandão (MDB), que representou o governador Carlos Brandão (PSB), e por causa da deputada Mical Damasceno (PSD), que aproveitou o ambiente para atacar duramente o vice-governador Felipe Camarão (PT), pedido às vereadoras presentes que lhe façam uma corrente de apoio.

No discurso de abertura, feito com o lastro de ser a primeira mulher a presidir o parlamento maranhense uma em 200 anos, a presidente Iracema Vale abordou, em tom crítico, o questionamento da sua reeleição, fazendo uma crítica indireta ao deputado Othelino Filho (Solidariedade), vendo na ação uma manifestação de preconceito à sua condição de mulher. Ela fez também, uma ampla e bem construída da participação da mulher na vida política do País, assinalando que essa participação ainda é tímida devido ao preconceito machista ainda reinante no país. “As mulheres precisam ser fortes, atuantes e seguras do seu trabalho. Nunca devem ser vítimas quando não o são, mas precisam ser protagonistas de sua história”, declarou, entusiasmando as participantes do Encontro. Além da presidente, o único orador no ato da abertura foi o secretário Orleans Brandão, que não perdeu a oportunidade fez um discurso rápido, mas fortemente político, promovendo Governo e destacando o seu papel nele, reforçando o seu projeto de candidatura ao Palácio dos Leões.

Na série de palestras, o tema dominante foi a violência política de gênero. A senadora Eliziane Gama (PSD), que representa a bancada feminina na Câmara Alta, fez uma contundente defesa do papel da mulher na vida pública, que fechou afirmando que “o lugar da mulher é onde ela quiser”. Bateram na tecla a vereadora Concita Pinto (PSB), 2ª vice-presidente da Câmara Municipal de São Luís, e a vereadora Thay Evangelista, procuradora da Mulher no parlamento ludovicense, que seguindo a linha a presidente Iracema Vale, falaram das dificuldades que a mulher enfrenta na política.

Foi a deputada Andreia Rezende (PSB), que é cadeirante, após uma contundente, comovente e realista manifestação sobre as agruras da mulher com deficiência, cobrou das mulheres presentes uma manifestação de solidariedade à deputada Mical Damasceno, que sofreu violência de gênero em um print ofensivo e atribuído ao vice-governador Felipe Camarão, que tem negado a autoria. Sem citar o vice-governador, Andreia Rezende cobrou punição severa para o ou os autores da agressão. A deputada Mical Damasceno, que não estava no auditório quando Andreia Rezende falou, reapareceu e fez duro ataque ao vice-governador e pediu que as vereadoras presentes façam uma correte de apoio a ela. Provavelmente por não saberem direito do que se trata, as participantes do encontro reagiram com certa cautela. E ninguém mais falou no assunto.

Chamou a atenção o fato de das 11 deputadas estaduais no exercício do mandato, sete participaram do evento – Iracema Vale (PSB), Viviane Silva (PDT), Andreia Rezende (PSB), Cláudia Coutinho (PDT), Janaína Ramos (Republicanos), Mical Damasceno (PSD) e Solange Almeida (PL), todas da base governista, enquanto quatro – Ana do Gás (PCdoB), Daniella Gidão (PSB), da base governista Fabiana Vilar (PL) e Edna Silva (PRD), independentes, por razões diversas não participaram. Abigail Teles participou como de Estado Secretária da Mulher, mostrando as ações do Governo nessa área. Da bancada federal, apenas a senadora Eliziane Gama participou – a ausências da senadora Ana Paula Lobato (PDT) é autoexplicativa. Por outro lado, apenas nove dos 31 deputados prestigiaram o evento, sendo oito da base governista e apenas um, Wellington do Curso (Novo), da oposição – nenhum dinista compareceu. Um dos presentes, o deputado Antônio Pereira, que é 1º vice-presidente da Casa, acompanhava a esposa, Carol Duailibe (PSB), que é vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social de Imperatriz.

O Encontro valeu por tudo o que representou na cruzada pelo fortalecimento das mulheres em todos os aspectos, e também pela forte conotação política que o movimentou.

PONTO & CONTRAPONTO

Iracema faz um relato da sua vida política e diz que vive conquistas e decepções

Entre Orleans Brandão, Janaina Ramos, Wellington
do Curso e Viviane Silva, Iracema Vale
conta a sua história política

De longe a participante mais destacada e mais ativa do 1º Encontro de Mulheres Legisladoras do Maranhão, realizado por sua iniciativa, a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB) transformou sua fala numa espécie de memorial da sua trajetória política. Ela fez um relato das conquistas e tropeços, mostrando às deputadas e vereadoras.

Está há 30 anos na vida pública. Formou-se enfermeira e foi trabalhar em Urbano Santos, onde, em contato com a base social, descobriu o sentido da política, “que é cuidar das pessoas”. Motivada, candidatou-se a vareadora, foi eleita com a menor votação. Na eleição seguinte, se reelegeu com a maior votação. Na eleição seguinte, tentou a prefeitura, mas não deu e ficou sem mandato. Candidatou-se de novo à Prefeitura e foi eleita e reeleita.

Deixou o segundo mandado de prefeita pelo meio e se candidatou à Assembleia Legislativa em 2022, tendo sido eleita com a maior votação: 104 mil votos, e antes de assumir entrou na briga pela presidência da Assembleia Legislativa, conseguindo o apoio do governador Carlos Brandão, tendo sido reeleita.

Relatando que nenhum desses mandatos foi fácil, tendo enfrentado muitos obstáculos e decepções, mas sem desistir, inspirada numa lição do seu pai.

No quesito presidência da Assembleia Legislativa, revelou os bastidores da disputa após as eleições de 2022, quatro meses antes do início do mandato. Conseguiu “dobrar” na conversa vários colegas a desistirem das suas candidaturas, tornando-se quase uma unanimidade.

Parte das suas mágoas políticas estão relacionadas com a sua reeleição de presidente, que foi derrubada na Justiça por ação questionando a antecipação de mais de um ano e meio. Submeteu-se ao segundo pleito, em 13 de novembro de 2024. Foi surpreendida pelo histórico e desconcertante empate de 21 1 21 na disputa com o deputado Othelino Neto (SD). Venceu pelo critério da maior idade, que é regra regimental há três décadas. Esse critério foi questionado pelo deputado Othelino Neto na Suprema Corte, que ainda não fez o julgamento completo, mas já tem quatro votos a favor da legalidade do pleito.

Nesse relato, ela admitiu ter se decepcionado com “alguns”, e disse que “é assim na política”. E orientou às legisladoras presentes, que “não se dobrem, lutem pelos seus direitos”.

Deixou no ar um aviso: está e pretende continuar firme no cargo.

Se Duarte Jr. migrar para o União Brasil, o PSB perderá um quadro de excelência

Duarte Jr. pode migrar do PSB para o União

 Se bater martelo, deixar o PSB e migrar para o União Brasil, como está sendo previsto, tendo ele próprio admitido a negociação, o deputado federal Duarte Jr., a legenda socialista perderá mais um bom quadro

Se entrar para o União Brasil atendendo a convite do líder da bancada federal Pedro Lucas, pode ser que encontre na legenda o seu pouso partidário definitivo. Mas sabe que terá de optar por uma das correntes que formam o partido, que é o resultado de uma fusão do antigo DEM, comandado pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, à qual pertence o deputado federal Juscelino Filho, e pelo grupo formado pelos os restos do PSL não bolsonarista com o que sobrou da banda mais sadia do antigo PTB, liderada por Antônio Rueda, atual presidente nacional do União, a quem Pedro Lucas Fernandes é ligado.

Se de fato migrar para o União Brasil, Duarte Jr. fragilizará o PSB, que já está perdendo o deputado Carlos Lula e deve perder outros quadros importantes por conta da crise entre dinistas e brandonistas.

Vale destacar que Duarte Jr. é hoje um nome muito respeitado na Câmara Federal, principalmente pela qualidade do mandato que exerce como defensor de causas nobres, como os direitos das pessoas deficientes, com bom desempenho também nos direitos do consumidor, questões de cidadania e temas relacionados com a cultura, a educação e o urbanismo.

Nos últimos cinco anos, ele já esteve no Republicanos, partido assumidamente conservador pelo qual disputou a Prefeitura de São Luís em 2020; esteve no PCdoB, pelo qual disputou o seu primeiro mandato federal; e finalmente desembarcou no PSB, integrando o movimento migratório liderado pelo então governador Flávio Dino, que deixou o PCdoB para se converter ao socialismo moderado.

São Luís, 30 de maio de 2025.

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