Eleições municipais deram a Brandão cacife para comandar sucessão e ser senador, se quiser

Carlos Brandão tem relação afinada com Lula da Silva

O resultado das eleições municipais colocou as eleições de 2026 como tema prioritário dos líderes e dos partidos políticos em atuação no Maranhão. No novo tabuleiro político, o governador Carlos Brandão (PSB) teve ampliada a aliança partidária que lidera, obteve o apoio da esmagadora maioria dos prefeitos e, como manda a tradição, consolidou o poder de deflagrar o processo da sua sucessão. Se resolver disputar o Senado, o governador tem 17 meses para definir o seu candidato a governador; mas se, numa hipótese remota, resolver permanecer no governo até o final, o seu tempo para decidir o candidato à sua sucessão será de 20 meses. O fato concreto é que Carlos Brandão tem agora as condições políticas para comandar o processo eleitoral no qual definirá o seu próprio futuro.

O ponto fulcral da grande pauta é a escolha do candidato do Palácio dos Leões à sucessão do governador. Pelo desenho produzido pelas eleições de 2022, o candidato seria o vice-governador Felipe Camarão (PT), um projeto desenhado pelo então governador Flávio Dino, certo de que teria o aval do governador Carlos Brandão e do presidente Lula da Silva (PT). As diferenças entre o grupo dinista com a corrente brandonista desgastaram fortemente e coloraram em risco o projeto inicial.  As eleições municipais, porém, confirmaram que quem tem poder de fogo para definir o processo sucessório é o atual chefe do Poder Executivo. E nesse emaranhado, vale registrar que o governador do Maranhão mantém sintonia fina com o presidente Lula da Silva (PT).

Esse novo cenário tem atiçado os nichos de especulação. Uns acreditam que, apesar dos tremores, o governador Carlos Brandão vai apoiar a candidatura de Felipe Camarão, mas indicando o vice da sua inteira confiança, certo de que esse será governador e comandará a sucessão em 2030. Outros especulam que Carlos Brandão abrirá mão de disputar o Senado e lançará um candidato, que pode ser a presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale, que deixaria o PSB e voltaria às fileiras do PT, ou outro nome com o aval do seu grupo. O governador nada disse de concreto ou enfático sobre o assunto, mas já deixou claro que tudo dependerá da enigmática “evolução dos acontecimentos”.     

Esse novo ambiente fez com que algumas posições fossem consolidadas, como a do deputado federal e atual ministro do Esporte André Fufuca (PP), que saiu das urnas com 30 prefeitos eleitos – incluindo o de Imperatriz, Caxias e Santa Inês -, poder de fogo para se candidatar ao Senado, com a vantagem de estar integralmente alinhado ao governador. O senador Weverton Rocha (PDT), cujo cacife político emagreceu nas urnas, tenta fazer uma ponte entre o Palácio do Planalto e o Palácio dos Leões para viabilizar sua candidatura à reeleição. Vozes ligadas ao chefe pedetista vêm soprando que ele estaria conversando com o governador Carlos Brandão. Pode até ser, mas daí a garantir a reeleição do pedetista existe uma enorme distância.

Na montagem dessa equação, o problema é que, em sendo candidato ao Senado, como, como manda a lógica, o governador terá de trabalhar um espaço para acomodar a senadora Eliziane Gama (PSD), que ao se candidatar à presidência do Senado, parece estar mandando ao mundo político maranhense um recado eloquente de que está no jogo. O que facilita o desatar do nó é que o futuro de Eliziane Gama passou a ser também uma preocupação do Palácio do Planalto, que a tem em alta conta.

Os acontecimentos pós-eleitorais, como o lançamento da candidatura do prefeito eleito de Bacabal, deputado estadual Roberto Costa (MDB), à presidência da Famem, têm mostrado que o governador Carlos Brandão tem cacife para bancar o seu projeto sucessório, equacionando a grande chapa com os seus principais aliados, a começar pelo presidente Lula da Silva. E muito provavelmente deixando o cargo em abril de 2026 para disputar uma cadeira no Senado, que na atual realidade brasileira é o destino natural de governadores bem sucedidos.

PONTO & CONTRAPONTO

Roberto Costa já tem larga maioria, mas intensifica articulação por consenso

Roberto Costa: maioria
consolidada para a Famem

O deputado estadual e prefeito eleito de Bacabal Roberto Costa (MDB) já tem o apoio declarado de mais da metade dos prefeitos eleitos e reeleitos à sua candidatura a presidente da Famem.

E conta com a maioria dos 37 do MDB, dos 30 do PP, dos 26 do União Brasil, do 19 do PSB, dos 18 do PDT, os 7 do PSDB, além de seis do grupo formado por PT, PV e Podemos. Já seriam cerca de 150 apoiadores declarados, incluídos aí alguns do PL e do Republicanos que já teriam se manifestado a seu favor.

Segundo dois prefeitos aliados do emedebista, Roberto Costa já tem eleição consolidada e seria eleito com votação robusta se a eleição fosse agora. Para eles, até meados de janeiro, quando for realizada a eleição na Famem, ele poderá ser eleito por consenso. A começar pelo fato de que o seu principal apoiador é o governador Carlos Brandão.

E a explicação para a busca do consenso é simples: a Famem é uma entidade corporativa, que defende o municipalismo, ou seja, os interesses dos municípios, tornando suas ações mais fortes se definidas por consenso e conduzidas por uma presidência que tem o apoio integral dos associados.

No meio político, o palpite dominante é quer a eleição ali vai se dar por aclamação.

Roseana entra mais forte no debate político e parece empolgada para 2026

Roseana Sarney: desempenho do MDB a animou para 26

A deputada federal Roseana Sarney (MDB) parece decidida a sair de uma posição discreta para participar mais aberta e diretamente do debate político. Na semana que passou, ele se deteve por mais de uma hora sendo entrevistada na Rádio FM Mirante News, tempo em que se manifestou sobre os mais diversos temas da pauta política do momento.

Falou da sucessão no Congresso Nacional, do cenário político e econômico do País, dos caminhos da sucessão no Maranhão e do seu trabalho na Câmara Federal.

E pareceu muito empolgada com o desempenho do MDB – ela faz parte da direção nacional da legenda – nas eleições municipais no plano nacional e especialmente no Maranhão. Destacou os 37 prefeitos eleitos pelo partido, dos 30 vice-prefeitos e das mais de duas centenas de vereadores, o que o fez sair forte das urnas.

A ex-governadora fez questão de destacar a atuação do presidente Marcus Brandão, que foi, de fato, o grande arquiteto dessa vitória.

A julgar pela ênfase que deu às suas declarações, a conclusão básica é a de que ela já pensa em renovar o mandato na Câmara Federal. Ou – Quem sabe? – planejar um salto mais arrojado em 2026, como sonham nove entre nove aliados seus.

São Luís, 03 de Novembro de 2024.  

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