Ainda sem partido, Roberto Rocha se movimenta para decidir se disputará o Governo ou o Senado

 

Roberto Rocha: o desafio de decidir o futuro como linha de frente de Jair Bolsonaro no Maranhão

O senador Roberto Rocha tem uma providência a tomar e uma escolha a fazer. Diretamente relacionadas com as eleições do ano que vem e, claro, com o seu futuro político, ambas estão em gestação. A providência: resolver a sua vida partidária, uma vez que continua membro do PSDB – o que lhe permitiu votar na prévia para a escolha do candidato tucano presidente, mesmo partidário declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL) – ele está inclinado a ingressar no PL, que no Maranhão é comandado de maneira quase absolutista pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho. Já decidido a disputar um mandato majoritário, cuida agora escolher entre o Governo do Estado o Senado. No momento, conversa com vozes da Oposição, provavelmente procurando pontos de amarração para uma aliança que lhe dê suporte para enfrentar o (ou os) candidato governista. Mantém silêncio pétreo sobre o assunto.

Roberto Rocha é um político experiente, nascido em berço de articulações e amadurecido exercendo mandatos, todos obtidos com boas votações. Ao mesmo tempo, sempre surpreendeu pela imprevisibilidade em relação a filiação partidária, tendo no currículo uma considerável lista de partidos pelos quais passou, já tendo transitado num raio ideológico que começa na direita conservadora, no velho PDS, passando pelo centro (PMDB e PSDB), até alcançar a esquerda moderada como membro do PSB, de onde deu meia-volta, retornou ao centro (PSDB), podendo agora retroagir ainda mais se desembarcar no PL, símbolo da direita liberal e expressão máxima do Centrão. E deve fazê-lo como aliado linha de frente do presidente Jair Bolsonaro, voz-capitã da extrema-direita.

No que diz respeito ao mandato majoritário que pretende disputar, o senador Roberto Rocha só tem duas opções, que são as únicas disponíveis: ou encara a corrida ao Palácio dos Leões medindo força com o senador Weverton Rocha (PDT), o vice-governador Carlos Brandão – que na verdade disputará a reeleição como governador -, o ex-prefeito de João Luís Edivaldo Holanda Jr. e o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PTB). E se for para outro partido, a lista de concorrentes poderá incluir Josimar de Maranhãozinho, com quem provavelmente dividirá espaço no PL. Como se vê, se a escolha for concorrer ao gabinete principal do Palácio dos Leões – onde o seu pai, Luiz Rocha, deu as cartas durante quatro anos (1983/1987) -, enfrentará um time de candidatos fortes, com chances reduzidas de chegar lá.

E se a sua opção for por pelo Senado, será candidato à reeleição para a única vaga a ser colocada em disputa, e com o desafio de enfrentar ninguém menos que o governador Flávio Dino (PSB), um adversário muito – mas muito mesmo – difícil de ser batido.

Vale registrar que as hipóteses levantadas e os cenários rascunhados são frutos das observações do momento político que o Maranhão está vivendo, que exibe certo grau de previsibilidade. É oportuno também assinalar que tais observações são feitas a 40 semanas das eleições, um espaço de tempo considerável, ao longo do qual, em tese, muita coisa pode acontecer, dependendo do grau de estabilidade do desenho político. No caso maranhense, as posições governistas são bem mais fortes e estáveis do que as oposicionistas, com margem reduzida para reveses, tanto na disputa para o Governo do Estado quanto na corrida ao Senado da República. Outro registro cabível é o desempenho mediano do senador nas pesquisas publicadas até agora.

É nesse contexto que o senador Roberto Rocha terá de se situar e se movimentar na guerra pelo voto, e ainda por cima carregando o que até aqui tem a forma e o peso de um enorme fardo, a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição, marcada por forte e, ao que parece, irreversível rejeição.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Camarão deixa a corrida aos Leões, mas sai com robusto cacife político

Felipe Camarão: projeto arrojado e efêmero produziu lucro político

O secretário Felipe Camarão (Educação) decidiu arquivar seu efêmero, mas estridente e rumoroso, projeto de sair candidato do PT ao Governo do Estado. A decisão foi tomada depois que o governador Flávio Dino bateu martelo em apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB). Com a movimentação, Felipe Camarão deu um show de argúcia política, conseguindo, em pouco tempo, criar uma situação que lhe abriu as portas para uma candidatura promissora à Câmara Federal, uma seara onde a disputa será renhida pelo poder de fogo político e eleitoral de parte dos pré-candidatos, a começar pelos atuais membros da bancada, alguns do quais são pesos pesados, e de interessados, como a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), por exemplo. Depois de surpreender ao migrar do DEM para o PT, onde foi recebido como uma estrela, Felipe Camarão surpreendeu o mundo ao se lançar candidato a candidato do PT ao Governo do Estado. Nos meses em que sustentou o projeto, ocupou todos os espaços, mexeu com os demais pré-candidatos e sacudiu o seu próprio partido, que chegou a considerar a confirmação do projeto de candidatura. A reunião do dia 29 de novembro, porém, tirou o trem neopetista dos trilhos e tornou inviável a rota pretendida. Felipe Camarão entrou forte nessa jogada e saiu mais forte ainda, tendo praticamente consolidado os espaços políticos para trabalhar sua candidatura a deputado federal, ganhando de quebra a estatura de um bom nome do PT para a vaga de candidato a vice-governador.  Coincidência ou não, sua primeira manifestação como ex-candidato a candidato foi uma declaração de apoio ao vice-governador Carlos Brandão.

 

Othelino Neto aproveitou como raposa a boa provocação de Márcio Jerry

Othelino Neto: tirando proveito da boa provocação de Márcio Jerry

Se tirou o fim de semana para descansar – o que é improvável -, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), o fez em estado de graça e com a autoestima em alta. Motivo: ele foi a personagem política da semana, tendo ocupado todos os espaços do mapa político maranhense desde que o presidente do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, sugeriu seu nome para candidato a vice na chapa liderada pelo vice-governador Carlos Brandão. Nada nesse jogo teria sido tão oportuno e estimulante ao presidente da Assembleia Legislativa nesse momento. E com muita habilidade, jogando como uma raposa tarimbada, ele transformou o fato em gás político e eleitoral. Para começar, respondeu com leveza à saudável provocação do igualmente hábil Márcio Jerry, recusando a sugestão sem dizer não nem fechar portas. Ao mesmo tempo, cuidou de reafirmar sua participação no projeto de candidatura do senador Weverton Rocha ao Governo do Estado, sinalizando claramente que ela é irreversível, aconteça o que acontecer. Mas, como sentenciam as velhas e sábias raposas, declaração política é feita para não valer muito tempo, principalmente em momentos de definição como agora. O diferencial é que, sem fazer estardalhaço, Othelino Neto usou com inteligência a provocação feita por Márcio Jerry, que também saiu por cima com a repercussão do gesto.

São Luís, 12 de Dezembro de 2021.

 

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