PT abre guerra doméstica pelo poder e atrai sombras ao seu projeto de poder

 

Francimar Melo (camisa verde) assumirá a presidência do PT maranhense no lugar de Augusto Lobato (camisa azul ao seu lado) a partir de 1º de Janeiro, em 20 dias

O comando nacional do PT decidiu fazer valer um acordo firmado na eleição da direção estadual do partido, que obriga o atual presidente, Augusto Lobato, a dividir o mandato de quatro anos com seu adversário na disputa, Francimar Melo, assegurando que o novo presidente assuma o comando do braço maranhense da agremiação no dia 1º de janeiro de 2022, ou seja, daqui a três semanas. A consumação dessa medida pode promover uma guinada radical na posição do PT em relação à corrida para o Governo do Estado. Isso porque, enquanto o atual presidente vem mantendo a declaração de apoio à pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB, podendo migrar para o PSB), o seu sucessor está avisando, em alto e bom som, que vai abrir discussão sobre candidaturas ao Governo do Estado, usando o argumento segundo o qual o partido tem um pré-candidato, Felipe Camarão, cujo projeto não deve ser descartado. E tudo isso com o partido sendo a base do ex-presidente Lula da Silva, o pré-candidato mais bem situado nesta fase da corrida ao Palácio do Planalto.

A verdade é a seguinte: se já vinha fervendo internamente por conta das profundas divisões que o mantêm em constante ebulição, a súbita troca de comando, com a ascensão de uma corrente então afastada do poder, pode mergulhar o PT maranhense numa crise de desfecho imprevisível no que diz respeito à corrida sucessória. Primeiro porque o novo comando pode desfazer o compromisso assumido com o vice-governador Carlos Brandão, para reabrir o debate interno sobre candidatura, colocando o projeto de Felipe Camarão na abertura da sua lista de prioridades, podendo também criar um ambiente que possa favorecer o pré-candidato do PDT, senador Weverton Rocha.

O braço maranhense do PT, que tem seu núcleo básico formado por grupos das suas diversas correntes, não é um partido der fácil relacionamento. As correntes que lhe dão vida têm posições diferentes acerca da sucessão estadual, o que torna difícil, quase impossível mesmo, uma tomada de posição unanime e tranquila sobre quem apoiar para trabalhar no Palácio dos Leões. E o caldo pode ser ainda mais entornado se prevalecer o projeto do novo presidente de reabrir o debate interno sobre candidatura ao Governo do Estado, criando o risco de prejudicar a boa articulação da agremiação em relação ao apoio à candidatura presidencial do partido. A impressão que o partido passa é de que o ex-presidente Lula da Silva não precisa de partido para manter a condição de favorito, segundo as pesquisas.

Um dos problemas internos é que não há consenso sobre a contrapartida ao seu apoio, cujo pacote o inclui, entre outros nos itens, o precioso apoio de Lula da Silva ao candidato do partido escolhido ao Governo do Estado, e um bom tempo de rádio e TV na propaganda eleitoral, que tem o valor de ouro em pó no “mercado” eleitoreiro, e a participação da sua militância, que é reconhecidamente aguerrida. Daí a voz dominante do partido pregar a indicação do vice ao candidato que vier a ter o apoio do partido. E muito provavelmente é o que pretende o novo comando petista quando mantém de pé o projeto de candidatura do secretário Felipe Camarão. Isso porque, segundo corre nos bastidores, ele teria sinalizado estar aberto a conversar nesse sentido, deixando claro que que qualquer decisão tem de passar pelo governador Flávio Dino.

Os atuais líderes do PT, incluindo o vai assumir a presidência no primeiro dia do ano que vem, sabem que tudo o que o partido não precisa agora é de uma crise que amplie e aprofunde ainda mais as diferenças que desgastam sua saúde política. O seu projeto de levar Lula da Silva de volta ao poder é grande demais para ser arranhado por uma guerrinha doméstica.

 

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Investigações sobre Maranhãozinho pode levar a prefeitos por ele apoiados

Júlio Mato

As investigações que revelaram o grande esquema financeiro do deputado federal e chefe do PL maranhense Josimar de Maranhãozinho colocaram em estado de alerta vermelho os prefeitos eleitos com sua ajuda, entre eles Júlio Matos, de São José de Ribamar. Todas as evidências sugerem que Júlio Matos estava, é certo, em condições eleitorais de vencer o pleito, mas precisava de recursos para movimentar a máquina de apoio. Josimar de Maranhãozinho foi decisivo nesse suporte, bancando parte expressiva da campanha com a sua poderosa engrenagem financeira. Pelo que está sendo revelado, é quase certo que as investigações conduzirão aos beneficiários direto das injeções financeiras na campanha, o que coloca Júlio Matos na linha de frente desse time.

 

Parte dos prefeitos do Republicanos se move para apoiar Carlos Brandão

Cléber Verde

Não seria tranquilo de todo o clima nas entranhas do Republicanos, cujo presidente, deputado federal Cléber Verde, declarou apoio ao pré-candidato a governador Weverton Rocha (PDT). Boa parte dos 25 prefeitos do partido, porém, foi eleita com o apoio do vice-governador Carlos Brandão, então filiado ao partido, tendo migrado depois para o PSDB. Agora, uma parte desses está se movimentando no sentido de apoiar o vice-governador na corrida aos Leões, a exemplo do prefeito de Caxias, Fábio Gentil, que não esconde sua posição. Não há um movimento organizado nem se sabe exatamente quantos prefeitos eleitos pelo Republicanos estão nessa situação. Mas é sem dúvidas uma fatia expressiva. Tarimbado nesse jogo e avesso a crises, o presidente Cléber Verde cuida do assunto com a máxima discrição.

São Luís, 11 de Dezembro de 2021.

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